sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Teologia Sistemática 4º edição grandemente lapidada

7/11/25    23h50

Apresentação:

"Teologia Sistemática Interdenominacional de Roberto Fiedler Rossi, teólogo e pesquisador independente, em sua quarta edição (7 de novembro de 2025). 


Soteriologia: parte calvinista, parte luterana, parte arminiana e parte wesleyana (teoria única, sem acróstico, atualizada em 7/nov/25): Expiação de dois aspectos (um substitutivo e um universal), Depravação total arminiana/calvinista, Perseverança bíblica, Eleição luterana, apostasia bíblica.

Teologia e Cristologia: Clássica, porém aprimorada, baseada nos Credos e Confissões

Angelologia e Demonologia: Clássica, não enfatizada

Pneumatologia: Continuismo, união entre conceitos Reformados e Pentecostais

Antropologia: Unidade entre corpo e alma

Hamartiologia: Inovadora, unindo conceitos de diversas linhas teológicas, especialmente na transmissão do pecado;

Criacionismo: Dias Literais (apoiado pela Palavra); consequentemente, terra jovem.

Escatologia: Amilenista (milênio realizado) principalmente preterista-parcial com um toque historicista (secundário frente à soteriologia).

Eclesiologia: entre a doutrina reformada, batista e pentecostal;

Capítulo extra: Como Deus lida com o futuro: Liberdade humana versus Soberania Divina


Temos também:

Ética Cristã; Teologia Filosófica (Argumentos para a existência de Deus e da Trindade); Teologia Prática (Casamento, Divórcio, Submissão Conjugal e Sacrifício: papéis no casamento: parte complementarista, parte igualitarista.); Mensagens de aplicação das doutrinas na vida cristã;  Apologética contra 100 questões de ateus; Anexos e Apêndices: Flávio Josefo e a guerra de 70 d.C.; Aliancismo versus Dispensacionalismo (debate finalizador); Xeque-mate contra a perda da salvação; Reflexão: A Verdade Existe? Existe vida inteligente fora da Terra? O Espírito Santo e o Amor, por Agostinho de Hipona; Minha conversão; 13 páginas de referências bibliográficas.


Atualizações e complementos a essa obra após o prefácio no livro e / ou no blog (de nome antigo): http://pontosdefeedoutrina.blogspot.com.br/


Para a glória de Deus e a edificação do Seu Reino.

Deus abençoe

Roberto Fiedler Rossi"


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Teologia Sistemática aprimorada segundo o que Deus iluminou a partir da Palavra.

Fiz tudo o que pude, só hoje foram 6 horas sem parar consertando mais de 100 parágrafos do livro, incluindo vários que diziam "não resistir, mas crer" para "pela Palavra".

7/11/25

PDF (mesmo link de antes)

https://www.mediafire.com/file/ai729bfvlz6m1t0/Teologia_Sistem%25C3%25A1tica_Interdenominacional_%25287_de_novembro_de_2025%2529_-_Roberto_Fiedler_Rossi.pdf/file

Roberto Fiedler Rossi


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Principais atualizações:


9.9 Apostasia (parágrafo que foi corrigido)

É possível segundo a Bíblia que uma pessoa apostate da fé (como a parábola do semeador de Lucas 8.13 diz, crendo temporariamente). É possível apostatar (Hebreus 6.4-6; 10.26-31) da fé não salvadora, como apenas acreditar sem confiar, uma vez que esta fé inicial iria levar ela gradativamente, crescendo de fé em fé (Rm 1.17), pela graça de Deus, pelo contato com a Palavra (Romanos 10.17), até uma fé justificadora, a ser um verdadeiro salvo em Cristo, mas isso não se tornou uma realidade na vida da pessoa por culpa dela. O pecado para morte, imperdoável, a blasfêmia contra o Espírito Santo, a apostasia, é cometida quando qualquer homem, com determinada malícia, resiste à verdade divina, ou seja, a verdade contida no Evangelho – contra a fé em Cristo e a conversão a Deus. Portanto, o tipo de pecado é uma repulsa e rejeição a Cristo, em oposição à consciência (Armínio, Jacó, 2015). Um exemplo de apostasia é aquele que creu que Cristo é Senhor, mas não se arrependeu dos seus pecados de verdade, e deixa de crer que Cristo verdadeiramente viveu nesta terra, existiu, e foi crucificado. Outro exemplo é o crente (ainda não salvo, claro) que deixa de crer em Deus e vira ateu ou agnóstico. A estes, Deus mesmo endurece o coração. Ora, a ira de Deus não dura para sempre nesta terra conforme falou o salmista, e enquanto há vida, há esperança, além de que Deus é um Deus perdoador e de amor, que não desiste facilmente de uma alma. Se há verdadeiro arrependimento, mesmo depois de ter tido o coração endurecido, ele veio pelo Espírito Santo, e Deus Triuno quer dar a oportunidade de reconciliação do homem com Deus por Cristo. Deus é Soberano.


10.7.2 TULIP, FACTS ou o quê? Como Resumir Teologicamente esta Soteriologia? (totalmente revisado)

A TULIP calvinista é uma sigla em inglês que engloba o calvinismo do Sínodo de Dort em diante. Ela engloba o T, depravação total (em inglês, total depravity); U, eleição incondicional (unconditional election); L, expiação limitada (Cristo morreu apenas pelos eleitos), limited atonement; I, graça irresistível (irresistible grace); P, perseverança dos santos (perseverance of the saints).

A depravação total (das seções 9.3 e 9.4) calvinista, mais rígida que a arminiana (pois a arminiana não considera a culpa herdada), e a perseverança dos santos calvinista (seção 10.6) são explicadas neste livro e usadas na minha soteriologia.

O FACTS arminiano, é outra sigla em inglês, que engloba o arminianismo dos remonstrantes em diante. Não cabe aqui explicar com detalhes, porém o F é livre pela graça (para crer), ou freed by grace to believe; A, expiação ilimitada (Cristo morreu por todos), atonement to all; C, eleição condicional, conditional election; T, depravação total, total depravity; S, segurança eterna, eternal security.

Neste livro, compartilho parcialmente do arminianismo no F, livre pela graça para crer (embora com menos liberdade do que prega o arminianismo), mas como diz a Bíblia, e baseando-me também na teologia luterana clássica, embora essa pessoa deseja de verdade o bem depois do primeiro contato com a palavra e antes do novo nascimento (ainda que faça o mal cf. Rm 7), isso não pode conduzi-lo ou salvá-lo, mas a fé e a não resistência da liberdade são operadas pela Palavra de Deus, que liberta (conforme a seção 10.3 inteira – Conversão, especialmente 10.3.1). Jesus é o salvador.

Não compartilho da eleição arminiana e, apesar de estar escrito segurança eterna, o arminianismo, em geral, acredita que alguém pode perder a sua salvação, argumento que combato na seção 10.6.

Adotei a eleição luterana à salvação. A calvinista e a arminiana chegam a conclusões que não são bíblicas:

Eleição luterana: Há um critério em Deus para a escolha de Deus desde a eternidade de indivíduos para Sua Glória, mas que a Escritura não revela especificamente, portanto a eleição é incondicional à revelação, mas condicional a Deus;

Para linkar tudo, “expiação de dois aspectos”: expiação substitutiva limitada (Cristo tomou os pecados dos eleitos apenas sobre si, o que ocasiona sempre justificação de vida); Expiação ilimitada em outro aspecto - Graça preveniente irresistível - Cristo tomou sobre si toda a culpa Adâmica; a expiação de Cristo no seu sentido amplo, não substitutivo, nos trouxe a graça preveniente irresistível, que tira-lhe a culpa herdada e começa a iluminar o pecador e mostra-lhe a verdade do evangelho;

Deixo abaixo uma figura ilustrativa sobre o processo de salvação:

 


 Figura 10.1 – Ordo Salutis (A Ordem da Salvação)

Essa soteriologia tem como base a Escritura Sagrada e a teologia ortodoxa: um pouco arminiana, wesleyana, luterana e calvinista.

Pode-se observar que outras bases dessa soteriologia compreendem a total incapacidade, inabilidade (etc.) e depravação humana; e a salvação, e perseverança (ou preservação) de todos os verdadeiros nascidos de novo apenas pela graça de Deus. Nascido de Deus, em geral, faz a vontade de Deus. Nasceu ímpio, mas teve transformação, um antes e depois na sua vida. Não é mais um espinheiro ou árvore daninha, mas é uma árvore frutífera que dá bons frutos para Deus. Em geral, o nascido de novo faz o bem, naturalmente. Em geral, ímpio faz o mal, naturalmente.

Além disso, essa soteriologia faz jus ao caráter amoroso de Deus encontrado na Escritura que diz que Deus que quer que todos sejam salvos (não como um decreto impositivo, claro), e, portanto, logicamente Deus não cria nenhuma pessoa sem dar-lhe oportunidade de salvação. Também faz jus à grande abundância de versículos na Escritura acerca da doutrina da perseverança dos santos, onde os poucos versículos que indicam a perda da salvação são entendidos quando o homem regenerado parcialmente (ainda não nascido de novo – ainda pratica o mal), parcialmente iluminado, eventualmente também parcialmente capacitado com dons espirituais e virtude (etc.) não se rende ao Senhor dos dons, virtude e iluminação recebida para receber a gloriosa salvação, mas resiste ao Espírito Santo e perde a oportunidade da salvação, se tornando um ímpio sem arrependimento ou um tipo de anticristo (saíram de nós mas não eram de nós; a porca voltou ao espojadouro de lama etc.). Mas, graças a Deus, enquanto há vida cremos que, na grande maioria dos casos, há esperança, e Deus é longânimo e paciente com todos, portanto, se há verdadeiro arrependimento da pessoa que está num estado lastimável, Deus é quem está lhe levando ao arrependimento e a fé... Deus é o dono da sua obra.

A queda de Adão tirou toda a salvação do homem, e o homem não nasce com bem algum ou capacidade alguma, mas Cristo obteve a salvação que se havia perdido pelos seus méritos e a disponibilizou a todo aquele que crê. Todo o mal da humanidade vem pelo pecado de Adão, e todo bem vem pela graça de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Nenhum bem tem origem no homem, pois todo bem vem de Deus, o único Bom.


10.7.4 Dedicatória: Sobre os Ombros de Gigantes

Como foi escrita a Teologia Sistemática Interdenominacional? Porventura não foi sobre os ombros de teólogos do passado?

Na doutrina da salvação e pecado, não uni partes do calvinismo, com partes do arminianismo e com partes da expiação calvinista moderada? Essas teorias não existem por mais de 300 anos? Ora, não teria calvinismo sem Calvino, mas muito evoluiu até Bavinck, Berkhof e Grudem, e algo foi destacado em Peterson e Williams. Não haveria arminianismo sem Armínio, mas alguma coisa foi aperfeiçoada por Wesley, Roger Olson, Jerry Walls e Dongell, Forlines e Stanley Grenz. Não haveria reforma sem Lutero, e nem Fórmula de Concórdia sem Filipe Melâncton. Não conheceria o calvinismo moderado sem as pregações de Spurgeon, e sem Iain Murray. De onde vieram as teologias de Calvino e Armínio, e muita coisa de Lutero? De Agostinho, seja jovem (arminianismo) ou velho (calvinismo). Agostinho baseou-se em quem? Paulo (A Bíblia) e Platão, no que não contradiz a Escritura (Agostinho “cristianizou” Platão). E os credos da Igreja? E Paulo? Baseou-se na doutrina dos apóstolos, que veio de Jesus Cristo, além da revelação de Cristo pessoal a ele, e pela inspiração do Espírito escreveu. E eu? Só orei e fiz algumas ligações teológicas, o que não significa nada sozinho.

Na doutrina das últimas coisas, já dando uma antecipada no raciocínio, criei tudo da minha cabeça? Ou não me baseei no amilenismo preterista-parcial de Jay Adams complementando com os escritos de Kenneth Gentry? Conheceria Jay Adams se não fosse pelos grupos amilenistas do Facebook (confesso)? Como também conheceria Jim Gibson e suas citações de Flávio Josefo? Conheceria Kenneth Gentry se não fosse pelo André Galvão Soares, que também escreveu o prefácio com a autoridade que Deus lhe deu? Só fiz algumas ligações teológicas, mas as grandes teorias existem há décadas. E se não fosse o Espírito Santo para me iluminar nas Escrituras para sair do pré-milenismo dispensacionalista, e depois sair do pós-tribulacionismo entendendo Mateus 24 e um pouco de história da igreja?

Como não cresceria se o Senhor não nos guiasse, eu e minha família, de denominação em denominação pelo seu poder?

Nasci católico, fiz primeira comunhão, mas não me acrescentou pelo que me lembro.

Aos 19 anos, em crise, fui à denominação de meu avô, a Congregação Cristã no Brasil, que frequentei por sete anos, e após vários anos sem saber de nada da Bíblia e não conseguir ser salvo, o Senhor me mandou por divina revelação a estudar as Escrituras e me ensinou pessoalmente pela Palavra que a salvação é pela fé, pela graça e por Cristo sem eu ter livro algum, contato algum ou ter feito pesquisa alguma além da Bíblia.

Aos 26 eu e minha esposa casamos e frequentamos por um ano a Igreja Batista do Povo.

Aos 27, frequentei por seis anos a Assembleia de Deus, ministério Ipiranga, na qual tive o primeiro contato sólido com a teologia, mesmo que a pentecostal.

Após seis anos, o Senhor nos levou à Igreja Cristã da Trindade, do Pr. Paulo Romeiro, na qual cursei meu primeiro seminário teológico (em parte reformado) por um ano e meio, que paralisou na pandemia, e não existe mais como era. O Senhor continuou nos iluminando e permanecemos, eu e minha família, por seis ou sete anos nessa denominação, onde passamos muitas alegrias.

Em 2024, frequentamos por um ano uma igreja de bairro da Igreja Pentecostal Deus é Amor, na qual conhecemos que ainda existe o poder de Deus, mesmo com conhecimento bíblico deixando a desejar.

Em 2025 o Senhor nos conduziu à Livres Church (Igreja Livres) do cantor e pastor Juliano Son, e o Senhor está nos iluminando mais e mais.

Também em 2025, o Senhor também me guiou a cursar mestrado em Teologia Sistemática no Seminário Teológico Jonathan Edwards, o que está sendo uma bênção.

Também em 2025, confirmando que o Senhor é quem guia, o Senhor me levou a ter contato em meu trabalho com um pastor anglicano de linha reformada e conservadora que tem sido uma bênção, e que foi usado pelo Senhor para me abençoar e ensinar em detalhes para atualizações dessa teologia sistemática.

Desde 2004 busco a Deus e, em oração, através do Espírito e pela Palavra, Deus nos ilumina. Até hoje. Fico maravilhado! Tudo isso tem influenciado essa Teologia Sistemática Interdenominacional. Como o Senhor nos surpreende!

Voltando mais, como seria completamente realizado e agraciado sem minha esposa e companheira Suzi Ariel e meu filho João Marcos? Como seria salvo se a minha esposa, enquanto era minha noiva, não me ganhasse verdadeiramente ao Senhor quando retirou de mim uma heresia de perdição na qual eu acreditava? Como teria o primeiro contato com a Bíblia na infância se não fosse pelos meus avós maternos? E assim por diante.

Não sei. Mas a obra de Deus é linda, complexa e perfeita. Glória a Deus!

 

10.7.5 APÊNDICE – Uma Tentativa de Sintetizar, Transmitir e Explicar mais brevemente a Doutrina da Salvação Desenvolvida neste Livro e neste Capítulo

Graça e Paz a todos. Escrevo isso em novembro de 2025.

Talvez eu tenha escrito muito neste livro, e o assunto (em especial a soteriologia) tenha ficado muito pouco didático ou difícil de se explicar em menos de uma hora de conversa. Portanto, vou tentar resumir para efeitos mais práticos.

Algumas linhas arminianas reconheço serem semipelagianas, especialmente as contemporâneas, visto que o homem nasce com habilidade de crer ou de não resistir a graça que não perdeu na queda de Adão, pelo menos na minha visão. A visão que sigo antes da justificação (onde segue-se a perseverança dos santos), é (como a calvinista nisso) que Deus regenera/restaura o pecador irresistivelmente pela graça preveniente. Aos calvinistas, a graça preveniente é apenas aos eleitos, e a regeneração irresistível é o novo nascimento. Na minha visão, existem duas regenerações ou renovações (não que eu concorde com duas, mais para efeito didático falo isso): a graça preveniente é destinada a todos segundo o arminianismo de coração (Armínio/Wesley), e segundo Armínio pelo contato com a Palavra somos restaurados. Esse efeito, segundo Wesley, de ser restaurado ou renovado ou regenerado parcialmente, é irresistível (embora Wesley ligasse esse efeito da graça preveniente desde o nascimento que não concordo, e Armínio pelo contato com Palavra, fico com Armínio, pois isto é bíblico). É também chamado de regeneração parcial, no qual recebe-se de Deus a liberdade de escolha às coisas espirituais cf. Rm 7 (deve ter ficado claro que não nascemos com isso senão não há Soli Deo Gloria). Segundo o luteranismo clássico que adotei, pois fica só com o que a Escritura diz, continuando o processo anterior da renovação parcial, todos são chamados interiormente pelo Espírito, mas aquele que resiste ao Espírito e à Palavra não é salvo por seu próprio pecado, mas condenado. Aquele que tem contato com a Palavra eficazmente, a Palavra concede a fé salvadora e, ao mesmo tempo, conduz sua liberdade de escolha em amor voluntário a Deus – sinais de sua eleição. O querer e efetuar de todo bem é Dele.

A justificação, regeneração (que ocorrem juntas segundo Wesley) e a adoção (também ao mesmo tempo) após a conversão, são de aspecto monergista - Deus sozinho age (isto é, Deus é quem justifica, regenera e adota), mas há uma condição, vencida pelo adequado e eficaz com a Palavra ou, como dizem os profetas do Antigo Testamento, não endurecer o coração nem tampar os ouvidos à mensagem do Senhor. A Palavra transforma. A Palavra salva. A Palavra é o poder de Deus. A Palavra na íntegra é Jesus.

Creio na depravação total antes do contato com a Palavra na qual o pecador nasce culpado e corrompido pelo pecado. Neste estado está em ignorância (assim como Paulo perseguiu a Igreja em ignorância), porém culpado e, como Lutero disse, “em coisas espirituais e divinas, que dizem respeito à salvação da alma, é como coluna de sal, como a mulher de Ló, sim, qual tronco e pedra”. Depois, após a regeneração/renovação parcial pelos primeiros contatos com a Palavra, o ímpio ainda morto no pecado é parcialmente iluminado, pode receber dons como no tempo apostólico antes da salvação (Deus é imutável e a nova aliança do tempo apostólico é a mesma nova aliança que temos hoje, com o mesmo impacto, mesmos dons, exceto produção da Palavra inspirada), recebe fé de servo (nomenclatura de Wesley), que ainda não é a fé salvadora etc.

E nesse estágio dá para apostatar como falam vários trechos: perder a graça (preveniente), fé de servo (não salvadora) e perder o Espírito, quando não se é morada permanente ainda, mas sim, o Espírito visita até os que estão no meio de um longo processo de conversão e renúncia, que pode levar anos como o de John Bunyan.

Não se perde justificação nem salvação, adoção ou eleição, não é bíblico.

Embasamento: Deus encerrou a todos na desobediência para com todos exercer [verdadeira] misericórdia... Rm 11.

Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida (Romanos 5:18 acf).

Digo, são todos justificados? Não, heresia, universalismo, é contrário à Escritura. Portanto, podem vir a ser justificados e a graça alcança a todos. Mas o homem mesmo com o Espírito convidando prefere muitas vezes o seu pecado de estimação com seus ídolos. 

João 1 nos diz: os homens não quiseram ir à luz pois suas obras eram/são más.

Deve-se enfatizar que a Bíblia diz que a graça pode ser resistida, o amor é voluntário:

Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste! (Mateus 23:37 acf).

Apenas os pecados dos eleitos foram imputados a Cristo (em seu aspecto substitutivo, que leva sempre à justificação) e Jesus, na cruz, retirou toda a culpa adâmica dos pecados de toda humanidade que constitui os impedimentos legais da lei que impediria alguém de crer (aspecto não substitutivo), aplicado pela graça preveniente a todos ao contato com a Palavra. E a graça preveniente vem justamente desse último aspecto não substitutivo da expiação: a graça vem da Cruz de Cristo e da bondade do Pai.

A culpa vem a todos, e a graça preveniente vem a todos pela Palavra, meio ordinário, que retira a culpa adâmica.

A liberdade que creio é bem mais limitada do que no arminianismo, mas não é determinista, afinal obedecemos a Deus naturalmente de tal modo que não podemos ir com nossa liberdade contra Suas leis criadas, física, química, biologia, semeadura, morais etc. Além disso, nem tudo Deus decreta forçadamente (Ele não precisa), mas sim, Ele é Soberano em tudo e age nos mínimos detalhes sem forçar pensamentos, movimentos e intenções do coração como dá a entender Peterson e Williams, irmãos calvinistas, em sua citação no final dessa seção.

Deus não força um salvo a pecar com compatibilismo, é contra Sua natureza (os mandamentos refletem com efeito o caráter de Deus). Todavia, Deus pode controlar qualquer ímpio não arrependido como quiser para um bom propósito, como Judas, Pilatos ou Farão... enviou um espírito de mentira aos já maus falsos profetas em Reis etc., ainda que seja raro.

Falando disto, existe o lado bom do calvinismo que aprecio, mas Calvino estava errado em algumas coisas. Não é porque Deus usou ímpios não arrependidos como Judas e Faraó para um bom propósito, que não é coisa que ocorre frequentemente, que decreta tudo e governa o mundo como se tudo fosse decreto divino! Não, Deus não decretou a fome, nem a morte, nem a mentira na humanidade. Isso foi culpa do pecado adâmico, ou seja, um homem fez isso, corrompido por Satanás. O mais grave erro que conheço, que é uma completa mentira no meio de suas institutas, é o determinismo divino de Calvino (talvez por falta de opções de uma cosmovisão melhor, como a do capítulo 13 desse livro etc.):

[Calvino] “Eu concedo mais: os ladrões e os homicidas e os demais malfeitores são instrumentos da divina providência, dos quais o próprio Senhor se utiliza para executar os juízos que ele mesmo determinou. Nego, no entanto, que daí se deva permitir-lhes qualquer escusa por seus maus feitos”. João Calvino, As Institutas, Livro I, Capítulo XVII, seção 5.

Não, os ladrões, os homicidas e os malfeitores NÃO são instrumentos da divina providência em nome de Jesus. São instrumentos de Satanás, o pai da mentira e o autor do pecado e do mal. Ainda devo dizer que não é por isso que o calvinismo não pode ser saudável, especialmente com teólogos contemporâneos como Augustus Nicodemus e Hernandes Dias Lopes usando em vídeos e livros que presenciei a expressão “Deus permite/permitiu”, “permissão divina” etc.

Concluindo, o salvo não faz bem de si mesmo, é Deus quem o usa, é vaso de Deus, todo o bem vem de Deus e todo o mal dos homens e demônios.

Voltando à Escritura, “Deus quer que todos sejam salvos e venham ao conhecimento da verdade.” (1Timóteo 2:3-4).

Não gosto muito de usar a palavra livre-arbítrio (uso pouco), prefiro servo-arbítrio (mais real e bonito), livre-agência etc. Quando uso livre-arbítrio, faço com cuidado.

Comentário final dos irmãos Peterson e Williams defendendo um calvinismo equilibrado em Why I am not an arminian (Por que não sou arminiano?), 2004.

"As Escrituras nos levam à afirmação de que a soberania divina – Deus sempre prevalece – não é incompatível com a verdadeira liberdade humana. Deus não fica ocioso por um mundo governado pela liberdade humana, e nem é o homem uma marionete, uma criatura da qual todos os pensamentos, intenções e movimentos foram programados por forças externas a si mesma. Richard Muller afirma a posição calvinista assim (Muller, “Arminius’s Gambit and the Reformed Response”, p. 270. In: Schreiner, Tomas; Ware, Bruce. The Grace of God, the Bondage of the Will: Historical and Theological Perspectives on Calvinism. Vol. 2. 1995. 27 p.): "A divina ordenação de todas as coisas [não incluindo aqui todos os pensamentos, intenções e movimentos, colchetes meus] não é apenas consistente com a liberdade humana; ela torna a liberdade humana possível". É Deus quem estabeleceu o próprio espaço no qual a liberdade humana pode existir. E mesmo quando fazemos escolhas significativas e responsáveis no mundo de Deus, é "nele que vivemos, nos movemos e existimos" (Atos 17:28). Somos criaturas de Deus e, como tal, sempre somos ligados por sua pessoa, sua lei e, sim, seu decreto. Longe de denunciar o livre-arbítrio das criaturas, essa perspectiva demanda que afirmemos tanto um Deus soberano como a liberdade humana de escolha. Pois apenas um absolutamente soberano Deus poderia criar um ser humano livre." Peterson and Williams (2004).

 

Resumão

Então, uno teologicamente a depravação total calvinista, com efeitos do pecado por culpa e corrupção (homem natural), até que o evangelho atinja essa pessoa e restaure a sua liberdade de escolha cf. Rm 7 (o bem que quero isso não faço - agora homem carnal, não salvo, parcialmente iluminado, que pode apostatar se resistir a Deus cf. Hb 6.4-6 (se apostatar perde a fé não salvadora, o Espírito e a graça, com os quais todo ser humano que escuta a Palavra tem contato), mas cuja liberdade de escolha não pode salvá-lo). Deus seriamente quer salvar a todos (ou seja, a Bíblia reforça a graça/revelação especial a todos), mas não salva o que endurece o coração e tampa os ouvidos à Palavra. Mediante o contato com a PALAVRA (Rm 10.17) o coração e a vontade são quebrantados (cessa a resistência) segundo a predestinação ou eleição de cada pessoa individualmente, que é antes da justificação (pois esta ocorre junto com o novo nascimento), e a pessoa recebe fé salvadora e consequentemente justificação, adoção, regeneração, santificação inicial e depois perseverança junto com santificação progressiva, vindo após isso a glorificação. Não existe predestinação individual à condenação desde a fundação do mundo segundo a Bíblia, só à Glória. Expiação de Cristo: aos eleitos, cujos pecados Jesus tomou, substituição penal, que sempre leva à justificação. A todo o mundo, Jesus tomou sobre si a culpa adâmica, retirada da pessoa ao contato com o evangelho antes da salvação, aspecto da expiação não substitutivo, pela qual vem a graça que chama interiormente a todos e cada uma das pessoas, mas a maioria recusa as bodas e resiste à Palavra e ao Espírito. A eleição é incondicional segundo a revelação, mas Deus, em sua Mente deve ter um critério para a eleição, oculto, senão apenas pela lógica seria arbitrária e aleatória. A eleição não é pelo não resistir ou crer, isso é a salvação em vida, mas antes dela, somos salvos pela graça, pela Palavra, por Cristo, pelo Espírito, na preparação de Deus, que constrange nossa liberdade de escolha e vontade com amor, de modo que cessa a resistência e amamos a Deus voluntariamente, nunca forçadamente. 1Pe 1.2 somos eleitos para a obediência, não pela obediência, mas Deus não recusa ninguém que vem a Ele! A porta da graça está aberta a todos! Amém.

Não use isso para discussões acaloradas, mas para a glória de Deus, para crescer em amor, humildade, e chegar um passo mais perto da Palavra, além de servir melhor a Deus e ao próximo em nome de Jesus.

Amém.



13.9 Conclusão: A Soberania de Deus

Na conclusão deste capítulo cito Norman Geisler:

“Apesar de a liberdade ser boa em si mesma, ela também proporcionou o potencial para fazermos o mal. Assim, o livre-arbítrio tornou possível o mal. Porém, apesar de Deus ser responsável pela liberdade (o qual tornou possível o surgimento do mal), as criaturas livres são, por si mesmas (por exemplo, “Lúcifer” e Adão), responsáveis pelos seus atos de liberdade (os quais tornam o mal algo real). Deus deu às criaturas livres o poder de escolher, e em vez de escolher obedecer a Deus e seguir o bem, [algumas delas] desobedeceram e utilizaram a liberdade de escolha para dar vazão ao pecado. Como vemos, o mal surgiu do livre-arbítrio das boas criaturas que Deus havia criado.” [Geisler, Norman, Teologia Sistemática, 2010, vol. 2, p. 81].

Deus é Soberano. Tudo Ele pode fazer, e Ele é por Natureza perfeitamente Bom. Consequentemente só faz coisas boas. Deus, eterno e incriado, criou todas as coisas visíveis e invisíveis, mas com anjos e homens criou o potencial de escolha para o mal (Deus requer amor voluntário, lembre-se, amor forçado não é amor), que por si mesmo é uma coisa boa, pois tudo o que Deus faz é perfeito. Com esse potencial, ou seja, livre-arbítrio dos anjos e de Adão e Eva, pode e pôde realmente testar os corações na sua presença. Deus permitiu a queda de Satanás com seus anjos, de onde originou-se o mal, mas nisso Deus teve um propósito. Deus criou o homem reto, mas, assim como o adversário (que também foi criado perfeito), pecou e trouxe o mal à humanidade, à natureza e ao mundo. Não foi Deus que desejou que Satanás e que o homem pecassem, isto é, Deus não desejou os atos maus (Deus é luz, não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta), mas Deus teve um propósito nisso. Satanás e seus anjos, Adão e Eva, pelo pecado, receberam a morte, mas Deus o permitiu para algo maior. Com esse cenário montado, num mundo regido sob as leis de Deus, ele exaltou a Cristo Jesus dentre a humanidade a um patamar em honra mais elevado que os homens e do que os anjos, pois é Deus. Nele fez um meio de salvação, pelo seu sangue. Deus, neste cenário, desde a eternidade, já ‘conhecia’ a todos os seres humanos futuros e sabia o que estaria no íntimo deles (para que os seres humanos ficassem inescusáveis e para que a eleição fosse imparcial), não limitamos o poder, conhecimento, onisciência e presciência de Deus, que por graça, conhecendo a todos segundo sua onisciência, elegeu alguns desses (conhecidos, estes sim, de modo íntimo e salvífico por Jesus desde a fundação do mundo) aos quais decidiu se revelar segundo Seu critério em Sua Mente (que é incondicional segundo a revelação), pela Graça somente, por Cristo somente, pela Palavra somente, através do Espírito Santo, pela providência de Deus Pai, que sabe, forma o futuro e já está lá.

Logo Deus finalizará o seu trabalho, chegando à conclusão, isto é, eternidade. A queda trouxe morte, sofrimento e pecado a nós. Quem pecou foi Adão, e nós somos responsáveis pelos nossos pecados no mundo com a liberdade que Deus deu. Mas, nesse cenário de morte, doenças e tristeza, Deus tem um propósito de fazer uma colheita, de separar as ovelhas e os bodes, o trigo e o joio pelo Seu poder. Nesse cenário de morte e pecado, também existe a Graça e o Amor de Deus. Neste cenário de luto, também existe a vida de Cristo em nós pelo Espírito. Neste cenário de tristeza, existe esperança, e alegria com o nascimento de mais um bebê, alegria ao contemplar os pássaros nas árvores, ao contemplar a lua cheia, ao contemplar uma linda flor. O bebê pode chegar a morrer, mas viverá para Deus. Se viver, ainda que morrerá de velhice, estando no Senhor, sua vida inteira estará repleta de alegria e superação. Os pássaros podem perecer, mas não cai um passarinho por terra sem que seja a vontade do Pai. Essa vida engloba morte, mas há nela muita vida, linda vida, vida vinda da mão de Deus, cuja vontade é boa, perfeita e agradável. Deus permite essa vida com provações, e cada um é responsável pelo mal que faz: o que o homem semear, isto colherá. Nem todos os pensamentos, motivações e intenções do coração são decretados por Deus, mas no Seu mundo vivemos e existimos, com suas leis e a liberdade recebida. Liberdade de escolha limitada, sim, mas real. Deus permitiu a queda, mas com isso tinha o propósito principal de exaltar a Cristo e trazer o perdão e a reconciliação. Deus permitiu que o mal e o pecado entrassem no mundo, mas Deus é o único que, mesmo sendo Bom, está acima do nosso bem e do nosso mal. Permitiu a queda e criou o potencial para o mal, mas não autor deles. O fim de todas essas coisas na vida dos que amam a Deus é viver em sua vida toda a própria vontade do Senhor Deus, pois todas as coisas, boas e ruins, fáceis e difíceis, belas e feias, vida e morte, paz e guerra cooperam para o bem dos que amam a Deus. Deus está no controle! Ele usa o bem e o mal como quer, pois rege a criação, o seu reino está sobre tudo, e Ele está acima do bem e do mal, e permanece assim sem se contaminar, mas para que só as sementes boas fiquem na peneira através desse teste e sofrimento que às vezes é esta vida. Deus reina sobre toda a sua vida! Até Satanás teve que pedir permissão a Deus para tocar Jó. O Senhor tem estabelecido o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo (Salmo 103.19). Agora, descanse no Senhor se você ama a Deus e permanece fiel no seu caminho, sendo chamado segundo o Seu propósito, que não é simplesmente glorificar todos os eleitos de Deus em Cristo segundo a presciência de Deus Pai, mas, conforme Romanos 8.28-29 (E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque [o apóstolo aqui explica o propósito divino] os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos) e Gênesis 1.27 (E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou), o propósito último de Deus (assim como era no Éden, pois o propósito não foi frustrado) é ter uma família com filhos como Jesus, o que é alcançado em parte já na terra após a justificação e pela santificação, e em plenitude apenas na glorificação. Assim, tal propósito diz que ser salvo não é o fim último da humanidade, não é o objetivo final do ser humano, mas sim ser como Jesus, ser uma família em que Jesus é o irmão mais velho de todos os eleitos e na qual todos são como Ele (respeitando, claro, a personalidade de cada um), portanto não devemos nos contentar em apenas sermos justificados, mas devemos imitá-lo sempre, começando em vida, ou seja, fazer, como Cristo fez em vida, tudo à glória de Deus Pai, Filho e Espírito Santo. A vida daquele que é fiel é a vontade do Senhor, Soberano sobre o bem e o mal, que é o Eu Sou, ser Absoluto e Subsistente, que está, como o tempo é relativo e criação de Deus, no passado, presente e futuro ao mesmo tempo! Deus é DEUS. Isaías 55:8,9 Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.




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