O Cristão e o Preconceito, um Estudo
(talvez
depois vire um livreto, não sei)
Roberto
Fiedler Rossi
Versão
de 17 de Maio de 2024
Prefácio
Queridos
leitores, neste estudo pretende-se esclarecer e colocar algumas coisas em
ordem:
O
crente ou cristão deve ser separado das práticas mundanas sim, mas para isso
será que devemos deixar de ter contato com pessoas de outras religiões e de
outras práticas que nos rodeiam? Devemos, em nossa mente, como falava Davi, nos
separarmos desses “incircuncisos filisteus”, ou, como mostrava Jesus na Terra,
estarmos no meio de todos e todas, inclusive de pecadores não arrependidos?
Introdução
A
Bíblia é fascinante, e é a inspirada Palavra de Deus. Ela abrange períodos
distintos da humanidade, como o estado original no Éden, a civilização avançada
antediluviana, pós-dilúvio (antiguidade) com os semitas, passando pela
Mesopotâmia e pelo Egito antigo, Hebreus (posteriormente chamados de judeus, com
os quais Deus fez uma aliança) e povos da região, impérios da Assíria,
Babilônico, Medos e Persas, Grego/Macedônico e Romanos (durante o qual veio o
Novo Testamento, e a nova aliança), e o Reino de Deus, fundado por Cristo,
Reino Universal que depois destronou o Romano.
Hoje,
no século 21, lemos a Bíblia e, curiosamente, alguns cristãos não sabem quais
mandamentos obedecer, ou seja, se de toda a Bíblia (imitando exemplos do antigo
e do novo testamentos, como Davi através dos Salmos e Jesus, através dos
evangelhos), se apenas o Novo Testamento (sob o qual a inspiração e revelação
chegou ao auge), ou outro esquema.
Por
exemplo, em Mateus 5.43 Jesus cita o que era feito no antigo testamento:
“Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo.”
Davi
diversas vezes fala nos Salmos do ódio que sentia pelos que odiavam o Senhor.
É
isso modelo para nós hoje?
Cap.
1 – Mandamentos da Nova Aliança
Respondendo,
claro que não.
Deus
nunca ordenou que alguém odiasse quem odeia o Senhor, ou quem o odeia.
MAS,
a moral de Deus não muda, portanto tudo o que Deus mandou obedecer
(mandamentos) com respeito à moral, inclusive no Antigo Testamento, hoje
devemos obedecer.
E,
como estamos na Nova Aliança, tudo o que se diz no Novo Testamento para
obedecer, que não seja baseado na cultura da época (como o véu, o ósculo e o
lava-pés), pois a cultura muda, devemos obedecer.
Mas
nenhum cristão deve obedecer atualmente mandamento algum do Antigo Testamento
que seja referente à lei civil e cerimonial dada a Moisés, pois eram apenas
para aquela época antiga, e para Israel na antiga aliança: Jesus os cumpriu perfeitamente
e os aboliu, pois eram sombras e tipos do que viria no futuro, sombras e tipos
das coisas celestes, da nova aliança.
O
que ocorre é que Jesus, na nova aliança, mudou algumas práticas e aperfeiçoou a
lei mosaica, nos dando a lei do reino de Deus no sermão da montanha (Mateus
5-7):
Se
antigamente o pecado era matar e adulterar, hoje Jesus disse que quem odeia
também está matando, e quem olha cobiçando (ex. desejo ilícito aprovado) já
está adulterando!
Se
antigamente o costume era jurar em nome do Senhor, Jesus disse para nunca mais
fazermos tal, pois o homem não consegue sempre cumprir seus juramentos;
Se
antigamente o costume era amar os que nos amam, Jesus disse que isso era
costume dos publicanos, que não conheciam a Deus, e os filhos de Deus devem
amar também aos que não os amam!
Sobre
esse último tópico continuaremos nosso raciocínio.
Cap.
2 – Billy Graham (Billy Graham Responde, 2012, CPAD) explica como Jesus
transformou o conceito de amor de uma vez por todas:
Antes que as Boas-Novas de Jesus
Cristo chegassem ao cenário humano [exemplo, época de Davi, colchetes meus], a
palavra amor era interpretada principalmente em termos de cada um buscar o
próprio benefício. Amar os desagradáveis e difíceis de amar era algo
incompreensível. Um Deus amoroso que se inclinava para alcançar seres humanos
pecadores era algo inimaginável.
Os autores do Novo Testamento
escolheram uma palavra grega pouco usada para expressar o amor, ágape, para
expressar o que Deus desejava revelar sobre si mesmo em Cristo, e como Ele
desejava que os cristãos se relacionassem uns com os outros: “Nisto conhecemos
o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos
irmãos” (1 Jo 3.16, ARA).
Este novo vínculo de amor recebeu a
sua mais completa expressão no Calvário. Os redimidos pela morte de Cristo
seriam capazes de alcançar Deus, e uns aos outros, em uma dimensão nunca antes
entendida ou vivenciada. Ágape seria agora o “caminho ainda mais excelente”
para a vida (1 Co 12.31). Esse novo tipo de amor rapidamente se tornou a
característica que distinguiria a Igreja Primitiva. Jesus havia dito: “Um novo
mandamento vos dou... como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos
ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos
outros” (Jo 13.34,35).
Mas, com o passar dos anos, grande
parte da verdadeira força de ágape desapareceu. A igreja de hoje está na
posição de ter que redescobrir o seu significado. Ágape não é um mero
sentimento: o amor adormecido ou inativo é impotente. O amor só é dinâmico quando
ama a Deus ativamente, da mesma maneira como Ele nos amou; somente quando ele
emerge, irrestrito e desimpedido – o amor por irmãos, irmãs, vizinhos e o mundo
pelo qual Cristo morreu (1 Jo 4.10-12; 2 Co 5.14).
No plano humano, como no divino, o
amor diz: “Eu respeito você. Eu me interesso por você. Sou responsável por
você”.
Eu respeito você: Vejo você como
você é, um indivíduo singular – como todos nós somos. Eu o aceito como você é,
e permitirei que se desenvolva da maneira como Deus lhe propõe. Não vou
explorá-lo para meu próprio benefício. Tentarei conhece-lo tão bem quanto eu
puder, porque sei que a comunicação e o conhecimento aumentarão o meu respeito
por você.
Eu me interesso por você: O que
acontece com você me interessa. Eu me preocupo com a sua vida e crescimento.
Desejo promover os seus interesses, ainda que isso signifique sacrificar os
meus próprios.
Sou responsável por você: Eu lhe
responderei, não por um sentimento de dever, mas voluntariamente. As suas
necessidades espirituais me levarão a orar por você. Eu o protegerei, mas
evitarei a superproteção. Irei corrigi-lo com amor, mas tentarei não corrigir
em excesso. Não encontrarei nenhum prazer em suas fraquezas ou fracassos, e não
me lembrarei de nenhum deles. Pela graça de Deus, serei paciente e não falharei
com você (1 Co 13).
Nós entendemos o amor de Deus
somente quando respondemos a ele, em Cristo. O mais importante momento na vida
de qualquer indivíduo é o momento da decisão de receber esse amor que não
merecemos e ao qual não temos direito, pelo qual aprendemos a amá-lo e transmitir
o seu amor aos outros.
“... Deus é amor. Nisto se
manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito
ao mundo, para vivermos por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós
tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como
propiciação pelos nossos pecados” (1 Jo 4.8-10, ARA).
Cap.
3 – O Trato de Deus com um Salvo da Antiga Aliança era o mesmo do Trato de Deus
conosco, na Nova Aliança?
Na
antiga aliança Deus nos deu Sua lei, e ainda disse (com minhas palavras): “Maldito
todo o homem que não viver por estas coisas, e não obedecê-las...” Se alguém
cometer algum deslize podia facilmente ser morto. E se alguém cometer algum
pecado horrendo, sua família inteira podia ser condenada e morta. Nessa aliança
Deus disse: “Escolhe a bênção ou a maldição...”. E costumeiramente as pessoas
eram abençoadas ou amaldiçoadas pela obediência às leis, no caso, leis divinas.
Como Israel foi desobediente, toda a maldição da lei de Deuteronômio 28 caiu a
ele: primeiro com o reino do norte com a Assíria, e depois com Judá no sul
pelos babilônios, e depois toda a nação caiu em 70 d.C. conforme previu Jesus.
Só recentemente está se reerguendo, mas agora no regime da nova aliança.
Na
nova aliança, Jesus se fez maldição por nós, em nosso lugar! Aquele que está em
Cristo é abençoado, e não está mais sob maldição! Aquele, entretanto, que não
está em Cristo, está sob a maldição da lei mosaica, da qual não falarei
propriamente aqui. Quem está em Cristo, aquele que é de Deus, que por natureza
é obediente (1Jo 3, vivendo uma vida de arrependimento), o maligno não lhe toca
(1Jo 5), nenhuma condenação há para aquele que está em Cristo!
Então,
Deus não trata da mesma maneira uma pessoa agora na nova aliança do que uma
pessoa na antiga aliança, pois o mundo era outro, as pessoas eram outras, a
cultura era outra, e os mandamentos eram outros!
E
por que estou falando tudo isso?
É
porque eis que alguns, que leem muito o Antigo Testamento (mas não entendem o
Novo) não se relacionam, não tem contato com pessoas de outras religiões ou
práticas (ou até igrejas e linhas teológicas) achando que Deus os amaldiçoará!
Achando que estão dando brecha ao diabo! Achando que só tem que ter contato com
família de sangue e irmãos na fé (e alguns, pior, desprezam a sua própria
família)! Achando que Deus vai cobrar! – Mas é mentira! Não somos como Davi e
os de outra religião como Golias! Nosso modelo e exemplo é Jesus, que se relacionava
com todos! Estamos na Nova Aliança, e não na Antiga! Assim, não seremos
amaldiçoados, nem abriremos brechas, nem Deus vai cobrar se tivermos um mínimo
contato com algumas pessoas de outras práticas. Não devemos odiar a ninguém,
mas amar o próximo! Tenhamos como bom exemplo os piedosos missionários do
Senhor em países com perseguição que, apanhando, não blasfemam nem amaldiçoam, mas
abençoam e evangelizam, como fez Jesus e Estêvão na morte: “Perdoa-lhes, Pai,
pois não sabem o que fazem”!
Conclusão
- “Amai a vossos inimigos, orai pelos que vos perseguem”
O
verdadeiro cristão, se obediente, e se entende a Palavra, não deve se isolar
numa redoma ou aquário de peixinhos do seu tipo, nem numa panelinha, nem o
calvinista despreze o arminiano, mas amemo-nos uns aos outros, usando-se de
comunicação (contato) e beneficência (fazer bem), pois com tais sacrifícios
Deus se agrada (cf. Hebreus 13.16). Se alguém, ainda que seja pastor, te diz
para fazer isso – se isolar – ignore-o pois é ignorante da Palavra: fique com a
Bíblia, ela diz a verdade!
Não
deve, realmente, o salvo ter amizades íntimas com aquele que pratica o mal, mas
devemos sempre ter contato (como por exemplo. cumprimentar, conversar) com
aqueles que estão ao nosso redor, como conhecidos, vizinhos, colegas de
trabalho, escola, faculdade, não importa de qual religião, filosofia, ideologia
ou prática sexual eles são – às vezes nem pergunte – pois mesmo que for
satanista, não perca a oportunidade e fale de Jesus quando Deus preparar!
O
salvo nunca deve desprezar a família de sangue (com a qual deve ter um
relacionamento mais íntimo e profundo), tampouco a família de irmãos na fé. Mas
deve saber que Deus encerrou a todos na desobediência para com todos exercer
misericórdia cf. Romanos 11, ou seja, você não é melhor do que o ímpio por ser
salvo, pois um dia você também era filho das trevas, como foi também Paulo! Se
você tem algum bem e alguma virtude hoje, isso veio da Graça, do Favor
Imerecido de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo!
Não
importa se aquela pessoa próxima de você é de alguma religião oriental, ou
espírita, ou islâmica, ou ateia, ou religião ocultista. Não importa se é de uma
panelinha do cristianismo que não é a sua. Importa é que você deve dar bom
testemunho com sua vida e com suas palavras, testemunho de Jesus Cristo
(Apocalipse 1.2, 1.9, 12.18., 19.10, 20.4)! Isso se você já tem Jesus Cristo na
sua vida.
Tem
pessoas das quais realmente devemos nos afastar, pois influenciam-nos para o
mal e nos fazem pecar. Disso Deus não se agrada. Mas não são dessas que estou
me referindo. O cristão não deve ser influenciado nem conformado com o mundo
(não deve tomar a forma do mundo), mas ser um influenciador de Jesus Cristo,
ESPECIALMENTE com seu testemunho de vida, sem acepção de pessoas, mas
respeitando a todos!
Se
você se isola, como poderia evangelizar ou ser exemplo para outros? Como
poderia Deus te usar para falar com alguém que tem sede de Deus e está
desesperado e perdido no mundo, pensando em como a vida dele não faz sentido,
naquele instante, do teu mesmo lado?
Não,
não é para você frequentar o local da prática antibíblica dele, da religião,
ideologia, prática ou filosofia dele (pois isso seria pecado), mas, por
exemplo, se você está na sua vizinhança, como poderia ter inimizade com algum
vizinho se o mandamento é “se possível, tende paz com todos os homens”? Como
poderia esquecer-se de que, se Deus realmente te tocar naquela hora para falar
algo, você vai realmente deixar de lado teu preconceito e ter que falar? Você
vai ter que amar! Vai ter que compartilhar teu tesouro na hora em que Deus te
tocar, pois eis que quando Deus toca, o milagre acontece! Não é para jogar
“pérolas aos porcos” (evangelizar excessivamente sem o Espírito), mas sim,
quando Deus cobrar de você e chegar sua hora, dar o Testemunho de Jesus Cristo
(Apocalipse 1.2, 1.9, 12.18., 19.10, 20.4) custe o que custar!
Importa
viver pelo Senhor e morrer pelo Senhor, mas que seja em obediência! Se pelo
nome de Jesus Cristo sofreis, bem-aventurados sois (o mundo não entende como é
isso)! Quão felizes são os que são de Cristo, que sofrem com Ele! E: Que amam
como Ele ama!
Ele
nos ensinou o amor verdadeiro, e não o preconceito! Ele nos ensinou a perdoar
todos os pecados, todas as ofensas, senão o Pai não nos perdoa! Aquele que foi
perdoado em Cristo, como não perdoaria o próximo? Devemos perdoar, não importa
quão grave isso for, pois Dele é a vingança, “Eu recompensarei” – diz o Senhor
em Hebreus. Uma característica do cristão nascido de novo é o perdão, uma vida
em arrependimento. Se não perdoa o próximo, ainda que demore algum tempo, tem
que se converter ou voltar ao primeiro amor!
Como
poderia também tu entrar na justiça por bobagem diante de Deus, querendo o mal
do próximo, não perdoando o teu próximo, se Deus é teu vingador? O que o
homem/mulher semear, colherá. A justiça terrena é imperfeita! Quer colher
espinhos?
A
nossa parte é amar sem acepção de pessoas. Deus faz seu sol e chuva cair sobre
todos. Deus dá o início e o fim da vida de todos, e é Ele quem enriquece e
empobrece cf. o cântico de Ana em 1Samuel 2. Deus oferece a salvação a todos em
Cristo, e usa o sofrimento para o nosso crescimento e para nos levar à
salvação, para mais próximo Dele. Deus quer que todos sejam salvos igualmente
conforme a Escritura, Deus não tem acepção de pessoas, e quem é você que tem
preconceito / acepção de pessoas? Quem é você diante de Deus? É maior? É
melhor? É mais perfeito? Mais sábio? Eis que Deus disse que as próprias nações
são menos do que nada para Ele, e como a gota dum balde (conforme Isaías).
Portanto, que amemos aos inimigos, aos amigos, aos conhecidos, aos
desconhecidos, e a todos intercedamos ao Pai, pois todos os seres humanos são
iguais, pequenininhos diante de Deus como recém-nascidos, e todos têm
necessidade da mesma salvação, que só se encontra em Cristo Jesus, o Senhor.
Concluindo,
toda a Escritura é inspirada, e devemos ler ela toda, pois é registro da
revelação de Deus aos homens; é Palavra de Deus em linguagem humana. Mas um
conselho para os que costumam ler Salmos (Antigo Testamento) seria:
Alguns
deles, como Salmo 139.21-22 de Davi, não são exemplos perfeitos para os
cristãos da nova aliança: “Não odeio eu, ó Senhor, aqueles que te odeiam, e
não me aflijo por causa dos que se levantam contra ti? Odeio-os com ódio
perfeito; tenho-os por inimigos.”
Siga,
porém, as Palavras de Jesus, pois Ele é o Perfeito Deus: Ouvistes que foi
dito: “Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo.” Eu [JESUS],
porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei
bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para
que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; Porque faz que o seu sol
se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se
amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o
mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não
fazem os publicanos também assim? Sede vós pois perfeitos, como é perfeito
o vosso Pai que está nos céus.
Espero
que esse estudo tenha sido de edificação.
Amém.
Mensagem
final:
“Espero
que todos oremos mais para que possamos amar mais a nosso próximo, seja lá quem
for, e para que sempre estejamos obedientes, vigilantes e perseverantes no
Senhor. Somos julgados pelo Senhor e pela Escritura para não sermos condenados
com o mundo. Já aquele que não se deixa mais admoestar, que futuro haverá para
ele?”
Roberto