Graça e paz
Estou compartilhando o que estou aprimorando abaixo.
PDFs:
O nome de Deus em hebraico (sem fonte heterodoxa):
https://www.mediafire.com/file/0wkmzvh5q9vrw5v/O+Nome+Pessoal+de+Deus+em+Hebraico.pdf/file
Teologia Sistemática Interdenominacional, 800p., 2/abril/2024:
https://www.mediafire.com/file/h3vhvb3vyjf96wm/Teologia+Sistemática+Interdenominacional+-+Roberto+F.+Rossi+-+800p+abril+2ª+ed.+clubedeautores.pdf/file
Diversas coisas atualizadas, inclusive referências bibliográficas, substituído wikipedia etc. as principais atualizações ficam neste blog. Atualizações de abril e final de março abaixo.
3.6 Deus
É Amor. A Essência de Deus: Podemos Conhecer a Deus?
Stanley Grenz, 2000, em sua obra Theology for the Community of God, faz uma explanação sobre o Amor de Deus,
complementando a seção sobre a Doutrina de Deus. O raciocínio abaixo não exclui
nenhum outro atributo divino citado anteriormente:
A doutrina da Trindade constitui
a base para a concepção cristã da essência de Deus. Por esta razão, carrega
profundas implicações para nossa compreensão da realidade divina.
Como o
apóstolo indica, a essência de Deus é Amor (1Jo 4.8). Por toda a eternidade a
vida divina - a vida do Pai, Filho e Espírito - é melhor caracterizada pela
nossa palavra "amor". O amor, portanto, isto é, a autodedicação
recíproca dos membros trinitários, constrói a unidade do único Deus. Não há
outro Deus além do Pai, Filho e Espírito, ligados juntos por toda a eternidade.
Quando
visto em termos do seu papel na doutrina da Trindade, o termo “amor” oferece
uma janela na profundidade da realidade de Deus como entendido pela tradição
cristã. O Amor trinitariano descreve a vida interna de Deus – Deus como Deus
fora de qualquer referência à Criação.
A
explicação de como o amor pode ser a essência de Deus permanece na natureza
triuna de Deus como Pai, Filho e Espírito. Amor é um termo relacional, que
requer tanto o sujeito como o objeto (alguém ama algum outro). Se Deus fosse um
sujeito de ação solitário, uma pessoa separada do Pai, do Filho e do Espírito,
Deus exigiria o mundo como objeto de seu amor para ser quem ele é, ou seja, o
Amado. Mas porque Deus é triuno, a realidade divina já compreende tanto o
sujeito quanto o objeto do amor.
[Assim, o
Pai ama o Filho e o Espírito. O Filho ama o Pai e o Espírito. O Espírito ama o
Pai e o Filho].
De um
modo teológico, então, a afirmação de João de que Deus é Amor, refere-se
primeiramente à relação intratrinitariana dentro do eterno Deus. Deus está em
amor consigo mesmo. Em suma, por toda a eternidade Deus é a Trindade social, a
comunidade de amor.
Visto que
Deus é amor à parte da criação do mundo, o amor caracteriza Deus. O amor é a
essência eterna do único Deus. Mas isso significa que o amor trinitário não é
apenas um atributo de Deus entre muitos. Em vez disso, o amor é o
"atributo" fundamental de Deus. "Deus é amor" é a
declaração ontológica fundamental que podemos declarar a respeito da essência
divina.
Porque
por toda a eternidade e à parte do mundo, o único Deus é amor, o Deus que é
amor não pode deixar de responder ao mundo de acordo com sua própria essência
eterna, que é o amor. Assim, esta característica essencial de Deus também
descreve a maneira como Deus interage com o seu mundo. O "amor",
portanto, não é apenas a descrição do Deus eterno em si mesmo, é também a
característica fundamental de Deus na relação com a criação. Com profunda visão
teológica, portanto, João irrompe: "Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu..." (João 3:16).
O
atributo fundamental de Deus, a declaração central e básica que podemos afirmar
sobre a essência de Deus, é "Deus é amor". Não há Deus senão o
Pai e o Filho [e o Espírito Santo] por toda a eternidade unidos pelo amor... É
apenas dentro desse contexto que podemos entender as supostas afirmações
"obscuras" a respeito de Deus, incluindo sua santidade, natureza
ciumenta e ira.
No século
vinte, muitos teólogos afirmaram que a santidade, que inclui a disposição
resoluta de Deus contra o pecado - e não apenas o amor - deve ser classificada
entre os atributos morais fundamentais de Deus. Brunner (Brunner, The Christian Doctrine of God, pág. 163,
167, 183), por
exemplo, falou de uma "dialética" ou "dualismo paradoxal"
de santidade e amor. Louis Berkhof listou três atribuições morais, que ele viu
como "as mais gloriosas das perfeições divinas": bondade (sob a qual
ele incluiu o amor), santidade e justiça (Louis Berkhof, Systematic Theology, revised
edition, Grand Rapids: Eerdmans, 1953, pág. 70-76). E o grande pensador batista
Augustus Hopkins Strong elevou a santidade a "o atributo fundamental em
Deus" (Augustus Hopkins Strong,
Systematic Theology, three volumes, Philadelphia: Griffith and Rowland, 1907,
1:296).
Em parte,
essa ampliação da santidade como atributo divino central é motivada pelo desejo
de proteger a prerrogativa de Deus de condenar pecadores impenitentes e, por
sua vez, tornar palatável a doutrina do inferno. Bem compreendido, porém, o
amor inclui dentro dele o que esse interesse busca preservar. Em termos
simples, a presença do pecado transforma a experiência do amor divino da
bem-aventurança pretendida por Deus em ira.
A
possibilidade de experimentar o amor como ira surge da própria natureza do
amor. Vinculado ao amor está um ciúme protetor. Como observou James I. Packer (James I. Packer, Knowing God, Downers Grove,
InterVarsity, 1973, pág. 154), além da atitude pecaminosa e viciosa que geralmente
associamos ao termo, os humanos também exibem outro ciúme, o "zelo para
proteger um relacionamento de amor ou para vingá-lo quando rompido".
Packer então aplicou isso a Deus: "Agora, as Escrituras consistentemente veem
o ciúme de Deus como sendo deste último tipo, isto é, como um aspecto de sua
aliança de amor por seu próprio povo."
O amor
genuíno, portanto, é positivamente ciumento. É protetor, pois o verdadeiro
amante procura manter, até mesmo defender, o relacionamento amoroso sempre que
ele é ameaçado de ruptura, destruição ou intrusão externa. Sempre que outra
pessoa procura ferir ou minar o relacionamento amoroso, ela experimenta o ciúme
do amor, que chamamos de "ira". Quando falta essa dimensão, o amor
degenera em mero sentimentalismo.
É assim
que podemos entender que o Amado é um Deus de zelo e de ira. Aqueles que querem
minar o amor que Deus derrama pelo mundo, experimentam seu amor na forma de
ira.
A
santidade, o ciúme e a ira de Deus diante do pecado também podem ser vistos de
outra maneira. O amor de Deus pela criação significa que ele deseja que cada
pessoa se torne tudo o que Deus planejou para a humanidade [1Tm 2.4]. Isso
forma o plano de fundo teológico para a repetida ordenação bíblica de que
sejamos santos (por exemplo, Êxodo 20:3-6). Mas, à medida que os humanos
rejeitam o desígnio divino, eles sofrem a realização de seu curso de ação
rebelde escolhido. Eles continuam sendo os recipientes do amor de Deus, mas
experimentam esse amor na forma de ira.
A
manifestação final da rejeição do amor de Deus é uma experiência sem fim da ira
do Amante eterno. O inferno, portanto, não é a experiência da ausência do amor
de Deus. Deus ama sua criação com um amor eterno. Portanto, o amor de Deus está
presente até no inferno. Mas no inferno as pessoas experimentam a presença do
amor divino na forma de ira. [Porque Deus não odeia ninguém, ainda que seja no
inferno, do mesmo modo que uma pessoa má faria, pois Deus é Amor, colchetes
meus].
A
declaração "Deus é amor" constitui a base para a nossa compreensão
dos chamados atributos morais de Deus. Estes incluem termos como
"graça", "misericórdia" e "longanimidade" –
termos que falam da bondade de Deus. Todas essas palavras, no entanto, são mais
bem vistas como várias tentativas de descrever as dimensões do caráter
fundamental de Deus – o amor – conforme é experimentado por sua criação. Porque
Deus é amor, Deus é bom – isto é, gracioso, misericordioso e longânimo – em
tudo o que faz. Acima de tudo, porque Deus ama, ele busca a salvação e a
renovação da criação caída.” Grenz,
Stanley (2000).
O Espírito
Santo e o Amor
Para se aprofundar no amor de
Deus, vamos ver a relação do Espírito com o Amor Perfeito de Deus.
A Bíblia dá a entender que o Pai é a fonte da Divindade, que gerou
eternamente o Filho e Dele procede eternamente o Espírito. A Bíblia diz também
que o Filho é Sabedoria e Poder de Deus pelo apóstolo Paulo. Nessa mesma linha,
também dá a entender que o Espírito Santo é Amor: Leia o ANEXO E – O
ESPÍRITO SANTO E O AMOR, POR AGOSTINHO DE HIPONA.
Se ainda não ficou esclarecido com Agostinho,
deixe-me tentar:
Alguém pode
dizer que não se pode chamar o Espírito Santo de Amor pois Agostinho usava a
tradução conhecida como Vulgata, e, porque, penso eu, como era a doutrina da
salvação de alguns, “o amor precede a fé salvadora”. Portanto, vou explicar
isso usando a ACF (Almeida Corrigida Fiel) com a ótica protestante da doutrina
da salvação, em breves palavras, baseado no raciocínio de Agostinho, para
mostrar que vale sim dizer que o Espírito Santo pode ser chamado de Amor:
1 João 4:7,8 “Amados,
amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido
de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é
amor.”
Explicação.
Qualquer que ama, como Deus é amor, é nascido de Deus, conhece a Deus, e
recebeu esse amor de Deus.
1 João 4:12,13
“Ninguém jamais viu a Deus; se nos amamos uns aos outros, Deus está em nós,
e em nós é perfeito o seu amor. Nisto conhecemos que estamos nele, e ele em
nós, pois que nos deu do seu Espírito.”
Explicação.
Como ninguém jamais viu a Deus, sabemos de outra forma (no caso,
palpável e visível) que Deus está em nós, como? “Se nos amamos uns
aos outros”. Se Deus está em nós, somos nascidos de novo e amamos os irmãos
(1Jo 4.7,8 “qualquer que ama [já] é nascido de Deus e conhece a Deus”).
“Em nós é
perfeito o seu amor”: Como é Deus que está em nós, e Deus é amor, segue que
o Amor que o nascido de novo tem dentro dele, que é Deus, é perfeito. Se o amor
com que amamos os irmãos fosse um fruto imperfeito, não seria perfeito, mas o
amor que é Deus, que está em nós, é perfeito (manifestado como fruto perfeito
em 1Co 13) porque senão não seria Deus, que é absolutamente Perfeito e cuja
essência é o Amor.
Leia 1Jo
4.12,13: “Nisto conhecemos que estamos nele, e ele em nós, pois que nos deu
do seu Espírito”. Agora voltemos um pouco no raciocínio: Como conhecemos
que estamos nele (e ele em nós)?
1. 1. Conhecemos que estamos nele, e ele em nós ao amarmos os irmãos (1Jo 4.8 “Qualquer
que ama é nascido de Deus e conhece a Deus”; 1Jo 4.12 “Se nos amamos uns
aos outros, Deus está em nós”), amor de natureza perfeita.
2. 2. E o que o apóstolo João complementa? Que sabemos que Deus está em nós, e
nós Nele não só por Deus-Amor Perfeito estar em nós, e não só por manifestar o
amor aos outros, mas: “nisto conhecemos que estamos nele, e ele em nós, pois
que nos deu do seu Espírito.” Então também conhecemos que estamos nele e
ele em nós por causa do Espírito Santo que habita em nós! Portanto, o Espírito
Santo, que é Deus, é Amor. Pelo contexto, João relaciona claramente o Espírito
Santo com o Amor perfeito de Deus, pois é por ambos que conhecemos que estamos
nele e ele em nós! Sendo Deus (tanto o Pai, como o Filho, como o Espírito, como
os Três juntos) Amor, quem mais propriamente seria chamado de Amor senão o
Espírito Santo, pois o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo
Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5:5)?
3. Concluímos que
o apóstolo diz que estamos em Deus e Deus em nós por causa do Seu Amor Perfeito
em nós; estamos também em Deus, e Deus em nós, por causa do Seu Espírito.
Portanto, o Espírito Santo em essência, é Amor, e não vejo problema em chamá-lo,
humildemente e respeitosamente, assim.
Outros versículos que relacionam a forte
relação do Espírito com o Amor:
Romanos 5:5 "E a esperança não traz
confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo
Espírito Santo que nos foi dado."
Romanos 15:30 "E rogo-vos, irmãos, por
nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que combatais comigo
nas vossas orações por mim a Deus;"
Gálatas 5:22a "Mas o fruto do
Espírito é: amor... "
Colossenses 1:8 "O qual nos declarou
também o vosso amor no Espírito."
II Timóteo 1:7 “Pois Deus não
nos deu um Espírito que produz temor e covardia, mas sim [...] amor [...].”
(Nova Versão Transformadora, 2016).
I Pedro 1:22 "Purificando as vossas
almas pelo Espírito na obediência à verdade, para o amor fraternal, não
fingido; amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro;"
Ainda, se alguém pecar/blasfemar contra o Pai
e o Filho pode-lhe ser perdoado, mas contra o Espírito Santo (que é Amor), não
lhe será perdoado nem nesta vida, nem na vindoura. E por que isso? Justamente
que aquele que pisa no amor de Deus, mesmo sendo também o Pai e o Filho também
amor, recebe sua justa condenação.
Inclusive quem tem um relacionamento há
muitos e muitos anos com o Espírito Santo, pois somos templos dele, sabe que
Ele é Amor, e, seja nos abençoando diretamente e diariamente, seja nos guiando
no coração, seja nos repreendendo quando pisamos fora do caminho, sabe que o
Espírito nunca desistiu de nós, mas sempre nos envolve com Sua doce Presença.
Amém.
O Amor de Deus em Jacó Armínio
Continuando, Armínio, nas suas Obras de
Armínio, Vol. 2 (2015), considera que um dos afetos primitivos de Deus é o amor, afeto de união
em Deus. O amor é logicamente oposto ao ódio, afeto de separação em Deus, que
flui do amor: “Uma vez que Deus ama, propriamente, a si mesmo e o bem da
justiça e, pelo mesmo impulso, detesta a iniquidade; e uma vez que Ele ama, em
segundo lugar, a criatura e a sua bem-aventurança e, nesse impulso, detesta a
desgraça da criatura, isto é, deseja que ela seja removida da criatura,
consequentemente, Ele detesta a criatura que persevera na injustiça e que ama a
sua infelicidade.”
Unindo os
conceitos de Stanley Grenz com Jacó Armínio, no qual o primeiro fala que Deus
ama a todos, seja com amor ou com o ciúme do amor ou ira, e o último fala que
Deus detesta ou “odeia” [odeia segundo Armínio significa estar separado Dele] a
criatura que persevera na injustiça e que ama a sua infelicidade, concluo que o
ciúme do amor ou ira de que fala Grenz pode ser identificado com o conceito de
separação [“ódio”] de Deus para com o homem, segundo Armínio. Nesse livro
trataremos que Deus ama a todos, seja com o amor íntimo, ou com o amor
incondicional, ou com o amor em forma de ira.
Veja também a subseção “O Amor
e Propósito de Deus versus a Eleição Calvinista” na doutrina da Salvação,
seção “da Eterna Eleição de Deus”.
Os Atributos e a Essência de Deus
Depois de todos esses complexos
raciocínios na doutrina de Deus, vale a pena refletirmos sobre a relação entre
os atributos conhecidos e a essência/substância/natureza de Deus. Sabemos que a
Bíblia com suas afirmações/atributos de Deus é a verdade absoluta pois foi
inspirada pelo Espírito, e que a teologia, por sua vez, é limitada pela mente
humana. Deste modo, o quanto podemos conhecer, de fato, na nossa mente
limitada, a essência e o ser absoluto de Deus com absoluta certeza, pelos seus
atributos? De acordo com Stanley Grenz (2000),
Em vez de
afirmações estritas [de atributos] que pretendem representar um conhecimento
objetivo e “científico” sobre Deus, os atributos são expressões que surgem da
nossa experiência do Deus que se relaciona com os humanos e o mundo.
Consequentemente, as descrições na forma de atributos são projetadas para
facilitar e evocar louvores da comunidade de fé. Eles facilitam o louvor
daqueles que conhecem a Deus de maneira pessoal. As afirmações atributivas não
transmitem conhecimento da essência de Deus como uma realidade estática ou
isolada do mundo [porém, se os atributos estão na
Palavra (em contradição aos raciocínios e atributos construídos racionalmente
por teólogos), que é inspirada, são verdade absoluta e pura realidade em Deus,
colchetes meus, Roberto]. Em vez disso, as nossas descrições do Deus que
conhecemos são tentativas de descrever o Deus em relacionamento. Através de
tais declarações [baseadas na teologia e filosofia, colchetes meus],
falamos sobre as relações eternas do Deus Triuno e a realidade de Deus no
relacionamento com a criação, principalmente conosco. Deus não pode ser
conhecido meramente por meio de uma compreensão intelectual de várias
afirmações que pretendem descrever a sua natureza eterna. Assim, os vários
atributos que os teólogos tradicionalmente atribuem a Deus não medeiam
[de mediar, transmitir] o conhecimento de Deus. Deus é conhecido pessoalmente –
como uma pessoa é conhecida – através do encontro pessoal, e nunca como um
objeto que examinamos. Os atributos tradicionais de Deus funcionam como um
lembrete útil da perfeição de Deus em comparação com seres humanos e o
universo. Eles servem para mostrar a grandeza de Deus, quando comparamos Deus
com o universo que ele criou. Grenz
(2000).
Entretanto,
a Escritura afirma e testifica que parte de Deus pode ser conhecido com certeza
absoluta, mesmo na nossa mente limitada, pois Deus se revelou a nós de diversas
maneiras. Por exemplo: Romanos 1:19-21a Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus
lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo,
tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas
coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus,
nem lhe deram graças...
As
afirmações, atributos e pensamentos de Deus declarados por Ele mesmo na Bíblia
são verdade absoluta (Deus não pode mentir e a Escritura é inerrante), e por
eles realmente conhecemos, mesmo na nossa mente limitada, parte da essência e da verdade
absoluta de Deus em Si mesmo, como Ele é fora da criação, pois somos imagem
Dele.
Mas,
claro, como a Bíblia é verdade absoluta e a teologia não, afirmações concebidas
racionalmente, de fora da bíblia, por seres humanos como nós – como as da
teologia – não nos fazem compreender a essência de Deus em Si mesmo, como
escreveu Stanley Grenz (2000) acima, mas foram concebidas
racionalmente para edificação e para louvor da glória de Deus na terra. Porém,
conhecemos o Senhor nosso Deus, de fato, não através de afirmações de atributos
descritivos, mas através de um relacionamento pessoal com Jesus Cristo, pelo
Espírito de amor.
Se uma
criança não compreende com maestria as conversas de adultos com seus
raciocínios, assim também nós não compreendemos plenamente o Senhor nosso Deus nesta vida,
mas em parte - a Bíblia afirma que
verdadeiramente conhecemos em parte, e isso não é ilusão, nem relativo
(1Coríntios 13:12 Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então
[na eternidade] veremos face a face; agora conheço em parte, mas então [na eternidade] conhecerei
como também sou conhecido). A verdade absoluta é a Palavra de Deus. E ela
também diz que devemos ser humildes como meninos para entrarmos no Reino dos
céus.
Veja
também a conclusão da subseção 10.5.2.2 Os Decretos de Deus, da relação
do nosso conhecimento atual com a Mente de Deus.
Para
olhar para a plenitude de Deus, basta olhar para Cristo, o resplendor da Glória
de Deus e a expressa imagem do Pai. Cristo nos revelou tudo o que ouviu do Pai,
pelo Espírito, conforme a Escritura.
A Essência de Deus
Depois de tudo isso, podemos concluir e avançar
um pouco no raciocínio. Assim como uma pessoa qualquer (como eu e você) não
pode ser conhecida meramente por afirmações, ainda que sejam verdadeiras afirmações de nossa pessoa, assim também não conhecemos a Deus verdadeiramente e intensamente
apenas com afirmações de atributos, mas conhecemos o que de Deus se pode
conhecer (o que Ele se revelou Dele mesmo) com um relacionamento pessoal com Jesus
Cristo pelo Espírito Santo na preparação de Deus Pai.
O nome Yahweh em Êxodo 3 dito por Deus mesmo
(que é Ehyeh) significa EU SOU (lembre-se de que o nome de Deus dito por uma
criatura, Yahweh, significa Ele É). Desta maneira, a essência de Deus também reside no fato de que Deus é o
Ser Absoluto,
a própria “Realidade Absoluta” (Piper, John, 2020, Who Is Yahweh?), compartilhada entre
as três Pessoas da Trindade. Deus é criador de tudo, causador de tudo; tudo o
que existe existe Nele. O apóstolo Paulo disse em Atos 17 que “nele [em
Deus] vivemos, e nos movemos, e existimos”, “pois ele [Deus] mesmo
é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas”.
A essência de Deus, além do significado de
Ser Absoluto – o Eu Sou (do qual todas as coisas, substâncias e seres derivam)
– conforme João indica, conforme a Pessoa e o sacrifício de Cristo, conforme o
relacionamento com o Espírito diariamente, e conforme o relacionamento com o
Pai em oração claramente indicam é o AMOR (1João 4).
Mas eu discordo de Agostinho que isso
signifique com todas as letras que o Espírito é o amor em que o Pai ama o Filho
e o Filho ama o Pai conforme escreveu Agostinho, pois o Espírito é uma Pessoa
também, e para mim também faz sentido que, sendo três Pessoas (e baseado na
teoria social da Trindade), o Pai também ama o Espírito e vice-versa e o Filho
também ama o Espírito e vice-versa.
É claro que o Espírito é Amor também, como o
Pai é a fonte da Divindade e como o Filho é o Poder, Sabedoria e Palavra de
Deus, mas não podemos extrapolar com isso, pois, acima de tudo, o Pai, Filho e
Espírito são três Pessoas, que falam, pensam, agem, interagem etc. que se
relacionam entre Si e conosco e que são ligados pela essência divina de Deus
que se chama Yahweh - a realidade absoluta, o Eu Sou, o ser Absoluto em Amor (sem rejeitar o ciúme
benigno do amor de Deus).
Portanto, em contradição com a realidade do mundo longe de Deus, o que vejo e creio que é possível de se afirmar com precisão, olhando toda a Bíblia, toda a cosmovisão cristã, todo o histórico da Igreja, e todo o relacionamento de Deus com seu povo por Cristo e pelo Espírito Santo, unindo o significado do nome de Deus, Yahweh (de Êxodo 3), com o Novo Testamento, que trouxe luz ao Antigo, é que Deus Triuno é a Realidade Absoluta (da qual originalmente todas as outras realidades derivam) regida por Amor e que permanece eternamente em Amor.
Amém!
atualizado 16h25 horário de Brasília, 2/abr/24.