EIS ABAIXO O PRIMEIRO CAPÍTULO (atualizado 14 de outubro)
do livro "Uma Comparação Entre Bíblias Protestantes na Língua Portuguesa"
Prefácio
Prezados
leitores, esse livro corresponde à minha opinião sobre Bíblias protestantes na
Língua Portuguesa na introdução do mesmo, e no corpo deste livro comparo
aproximadamente cento e cinquenta versículos entre a Bíblia Nova Versão
Internacional, da Editora Vida (2001), baseada em uma compilação de manuscritos
para o Novo Testamento chamada de Texto Crítico, e a Bíblia Almeida Corrigida
Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil (2011), baseada em uma
compilação de manuscritos para o Novo Testamento chamada de Texto Recebido.
Acredito que o leitor pode chegar a conclusões acuradas depois de ver a
comparação dos versículos por si mesmo.
Nesta
versão substituí a minha recomendação da Bíblia NTLH (Nova Tradução na
Linguagem de Hoje) pela NVT (Nova Versão Transformadora, 2016, Mundo Cristão,
que é bem mais precisa na tradução do que a NTLH) para o cristão novo
convertido, ou para evangelizar, ou para aquele que não é fluente em português.
Paz.
Roberto
Introdução
Antes de
responder isso, devo dizer ao leitor que existem duas grandes fontes em grego para
a tradução do nosso Novo Testamento em português: A Bíblia ACF (2011) e King
James (pelo menos a de 1611, não conheço as novas de hoje no Brasil) são
baseadas na compilação de manuscritos, que formam juntos o Novo Testamento em
grego, chamada de Texto Recebido, ou Textus Receptus. Já o Novo Testamento da
Bíblia NVT, NTLH, ARA, NVI são baseadas no Texto Crítico, também em grego. A
Bíblia ARC até 1995 tinha pouca influência do Texto Crítico, era mais Texto
Recebido. Em 2009 aumentou-se um pouco a influência do Texto Crítico na ARC e,
mesmo que eu não goste desse Texto Crítico, melhorou um pouco na minha opinião
por causa das revisões feitas para esclarecer o conteúdo.
As diferenças
entre o Texto Crítico e o Texto Recebido, em todos os sentidos, são gritantes.
Não as abordarei neste livro.
Enfim, gosto da
ACF porque usa 100% do Texto Recebido no Novo Testamento (faz com que a Bíblia,
simplesmente, esteja mais completa de palavras e expressões, ou seja, os
versículos são mais cheios), que foi largamente usado pelos reformadores, com
várias correções nesta versão de 2011, de modo a esclarecer alguns assuntos,
diferente de outras antigas, como a King James (1611) e a Almeida Revista e
Corrigida (ARC, 1995), que não esclarecem pontos doutrinários importantes.
Ainda, deixarei registrado porque prefiro a ACF à NVI (Nova Versão
Internacional).
Dê-me um
exemplo. Tudo bem. Listemos tópicos:
1. ACF: Deus provou Abraão em Gn 22.1-2;
2. ACF: Falso profeta de João 10:12,13 é mercenário;
NVI: Falso
profeta de João é assalariado (porém, Paulo disse que é lícito daqueles que
anunciam o evangelho, que vivam do evangelho – recebendo apoio financeiro ou
salário da igreja).
3. ACF (apenas 2011): 1Jo 3.6 unido a 1Jo 3.9 O nascido de Deus
não permanece na prática do pecado;
ARC (1995) e KJV (1611): O nascido de
novo não peca (isso é um erro doutrinário que não está no original, pois nós
pecamos. 1João 1.10 fala que aquele que diz que não comete pecado é mentiroso.
Isso induz o crente ao erro, ele vai entender que é santo, que é falho, mas que
não comete pecados!). ARC (2009), NVT e ARA estão adequadas neste versículo (ARA/ARC: Todo
aquele que permanece nele não vive pecando; NVT: Aquele que é nascido de Deus
não vive no pecado).
4.
A Bíblia ACF, baseada no Texto Recebido, é mais detalhada, com considerável
mais informação do que Bíblias que são baseadas no Texto Crítico.
Veja centenas
de omissões e mudanças modernas no Novo Testamento das Bíblias modernas:
Anderson, G.W. e D.E. (2002). A Textual Key of the New Testament. List
of Omissions and Changes. Disponível em:
<https://dep-israel.nl/wp-content/uploads/2020/10/1.-Textual-Key-to-the-New-Testament.pdf>.
Acesso em: Mar. 2021.
Se você
consultar pelo menos umas 200 passagens bíblicas dessas 650, e comparar a ACF e
a NVI, vai ficar impressionado com o que você verá! Eu já o fiz, gastei uma
hora comparando as versões em sites de pesquisa da Bíblia, e fiquei chocado (o
estudo está mais pra frente nesse ebook)! Eu realmente não quero uma Bíblia
incompleta! Ah, é a Palavra? Sim, não há diferença doutrinária, é a Palavra,
mas as Bíblias baseadas no Texto Crítico são Bíblias incompletas, com milhares
de palavras a menos, incluindo “Cristo”, “Senhor”, expressões, etc.!
Outra maneira
de perceber isso na NVI: Basta só notar que a primeira edição dela (Novo
Testamento de 1991) tem muito menos palavras do que a segunda edição. Foram
enxertadas posteriormente, inclusive na Almeida Atualizada (ARA) para se ter
uma Bíblia uniforme usada pela Igreja, visto que a numeração de versículos originalmente
foi com uma Bíblia numa versão muito literal, assim como é o Texto Recebido.
5. Há muitos versos que não existem no manuscrito da NVI e ARA,
e, já que foram enxertados do Texto Recebido a essas Bíblias, ocorre que fica
ou entre colchetes, ou com uma nota de rodapé dizendo: “Não encontrado nos
manuscritos mais antigos.” Tal feito pode levar muitos a crer que a Bíblia
é uma colcha de retalhos erroneamente, se afastando do cristianismo. A Bíblia
ACF não tem isso.
7. Gosto também que todas as palavras na ACF que não estão no
texto grego compilado e copiado dos originais há muito tempo (Texto Recebido em
grego) ficam em itálico, para que o leitor habitual saiba que aquela expressão
não está no original em grego, mesmo só sabendo português.
8.
Gosto,
na maioria dos livros (não em Provérbios!), que as palavras são traduzidas
literalmente, palavra a palavra (embora eu reconheça que alguns poucos versos são
melhores na Almeida Revista e Atualizada do que na ACF, tais como Eclesiastes
3.11), o que dá a sensação de que o leitor está lendo os próprios autógrafos
traduzidos (originais), sem alguém que já interpretou a Bíblia para você e deu
o significado que ele quis (você nem ficaria sabendo do original), como a NTLH,
que é uma tradução baseada na
“equivalência funcional” (por isso, não recomendo nem para novo convertido),
embora não existam diversas vezes palavras em português com mesmo significado
do grego, seria para isso necessário colocar, às vezes, uma expressão de duas
palavras no lugar de uma.
9. O que eu gosto? Texto difícil de ler – foi assim,
complicado, que os apóstolos escreveram – em cada versículo aprendo mais!
10. O que fazer se não entendi o versículo, se está muito
arcaico ou formal (por exemplo, os provérbios curtos de Salomão)? Sim, desta
vez, com alegria lerei na Bíblia ARA, NVI ou NVT, e entenderemos, e
aprenderemos.
11. A ACF é ideal para crianças? Ideal não, mas é possível, se
um adulto ler um capítulo por dia com ela desde a infância. O ideal para uma
criança sem a supervisão de um adulto, a NVT ou alguma outra bíblia moderna.
12. Essa Bíblia não é utilizada na minha igreja! Eu não me
importo com isso (muitos da minha igreja usam a NVI), porém, se você está
habituado e acostumado com a Bíblia que a sua igreja usa, fique com ela, não
mude – exceto para estudos em casa. É importante ficar com a Bíblia que você
está acostumado, para que você se sinta à vontade para ler mais!
13. Outra desvantagem da ACF: Colocaram a palavra Lúcifer em
Isaías 14 (não estava na versão anterior da ACF), uma tradução errada.
Paciência.
14. Dúvida: Colocaram na oração do Pai Nosso: “Não nos conduzas
à tentação”. Creio ser normal, pois é o Pai, com sua providência, quem permite
ou não que sejamos tentados por algum mal, vindo seja dos homens maus ou dos
demônios. E é, confirmando tal feito, o Pai quem não permite prova ou tentação
maior do que possamos suportar.
15. O Texto Recebido é 100% inspirado pelo Espírito Santo? Não! Ocorreram
várias revisões.
16. Para novos convertidos, ou para evangelizar? NVT, não há
dúvidas! Mas para estudar, uma bíblia que traduz palavra a palavra, com
manuscritos mais confiáveis, como a ACF.
17. O Texto Recebido, assim como o Texto Crítico, ou seja, os manuscritos
que temos hoje em hebraico e grego são mais de 99% inerrantes. Originalmente
Grudem, como reformado, disse isso apenas dos textos acadêmicos de publicação
recente, mas pode-se dizer com propriedade, visto que conheço a Bíblia ACF há
muitos anos, que ela também é 99% inerrante!
Pode-se declarar que
sabemos o que o manuscrito original dizia em 99% das palavras da Bíblia
[comparando-se os manuscritos disponíveis hoje]. Mesmo em muitos dos versículos
em que existem variantes textuais, a decisão correta é muitas vezes bem clara.
Na pequena porcentagem de casos em que existe incerteza significativa quando ao
conteúdo do texto original, o sentido geral da frase é, via de regra, bem claro
pelo contexto. Desse modo, para propósitos bem práticos, os textos acadêmicos
de publicação recente do Antigo Testamento hebraico ou do Novo Testamento grego
são iguais aos originais. Assim, quando dizemos que os manuscritos originais
eram inerrantes, estamos também subentendendo que mais de 99% das palavras de
nossos manuscritos de hoje são também inerrantes, pois são cópias exatas dos
originais. Além disso, sabemos onde estão as leituras incertas. Assim, os
manuscritos de hoje são, para quase todos os fins, iguais aos manuscritos
originais, e, portanto, a doutrina de inerrância também diz respeito
diretamente aos manuscritos de hoje. (Grudem, Wayne. Teologia Sistemática:
Atual e Exaustiva. 2ª Ed. Vida Nova. 2010).
18. 100% inspirado pelo Espírito Santo, apenas o original, que
não existe mais. Suponha que alguém pense assim “Eu acredito que as Bíblias
baseadas no Texto Recebido, como a King James em inglês, são 100% inspiradas,
perfeitas e foram guardadas por Deus: tanto é que acredito que só as Bíblias do
“TR” (Texto Recebido) são a Palavra de Deus”. Ah, acredita? Imagine que você é
um missionário que traduz sua Bíblia para uma língua indígena e, obviamente,
demora dezenas de anos para a versão ficar quase perfeita como as que temos do
texto crítico e recebido: quem ousará falar, contra a Obra de Deus, que aquele
NT traduzido não é a Palavra de Deus pois não é tradução exata da King James ou
ACF (Texto Recebido), embora a King James esteja com algumas inconsistências
(isso se a pessoa não souber interpretar corretamente!) citados anteriormente
da Almeida Revista e Corrigida? Seria uma blasfêmia e desfavor ao evangelho afirmar
isso, que o trecho traduzido do Novo Testamento para a língua indígena não é a
Palavra de Deus pois não está 100% conforme o Texto Recebido, mas o Crítico.
19. Enfim, vivamos sabendo que, como Wayne Grudem afirmou, os
textos conceituados baseados nos manuscritos são mais de 99% iguais aos
originais, portanto, mais de 99% inerrantes: sabemos onde estão as palavras com
variações, e o contexto clarifica essas palavras, e sabemos onde estão os
pouquíssimos e raríssimos erros de copistas.
Conclusão
Enfim, ainda
que minhas convicções defendam mais a ACF, seja NVT, NVI, ARA, ACF, ARC, seja
SBB (Sociedade Bíblica do Brasil), Editora Vida, Mundo Cristão, ou SBTB
(Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil), etc., Deus preservou sua Palavra a
nós.
Existem, sim, erros de copistas na Bíblia. E um só no Novo Testamento. Querem entender, e abrir a
vossa mente? Há um caso no Novo Testamento em que um copista copiou o nome
Cainã duas vezes (Lucas 3), sendo que seria só uma (é um erro de copista de
acréscimo de duas palavras apenas). Mas no manuscrito original, assim como nos
manuscritos antigos que temos hoje, esse Cainã só se encontra uma vez em Lucas
3. Portanto, esse erro está nas nossas traduções, mas não no original
(autógrafo), que é isento de erros, pois a Escritura é inspirada e inerrante. Esses
erros são raríssimos e pouquíssimos. Os cristãos experientes sabem onde ficam.
Porém, pode-se notar que a doutrina defendida pela Palavra, a doutrina
encontrada na Bíblia, mesmo com esses erros de copistas, nunca foi afetada por
nenhum destes erros, e nunca será. Deus preservou Sua Palavra, e continuará a
preservando, pois a Sua Palavra contém a Sã Doutrina, que é a doutrina ensinada
pelos apóstolos (Atos 2.42), a doutrina do Novo Testamento, que deve ser crida
e defendida por cada um de nós para a nossa salvação (1Co 15.2-4):
Por meio deste
evangelho vocês são salvos, desde que se apeguem firmemente à palavra que lhes
preguei; caso contrário, vocês têm crido em vão. Pois o que primeiramente lhes
transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as
Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras (1 Coríntios 15:2-4, NVI). Amém.