quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Uma Comparação Entre Bíblias Protestantes na Língua Portuguesa - Nova Versão de 14 de Outubro

EIS ABAIXO O PRIMEIRO CAPÍTULO (atualizado 14 de outubro)

do livro "Uma Comparação Entre Bíblias Protestantes na Língua Portuguesa"


Prefácio

Prezados leitores, esse livro corresponde à minha opinião sobre Bíblias protestantes na Língua Portuguesa na introdução do mesmo, e no corpo deste livro comparo aproximadamente cento e cinquenta versículos entre a Bíblia Nova Versão Internacional, da Editora Vida (2001), baseada em uma compilação de manuscritos para o Novo Testamento chamada de Texto Crítico, e a Bíblia Almeida Corrigida Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil (2011), baseada em uma compilação de manuscritos para o Novo Testamento chamada de Texto Recebido. Acredito que o leitor pode chegar a conclusões acuradas depois de ver a comparação dos versículos por si mesmo.

 

Nesta versão substituí a minha recomendação da Bíblia NTLH (Nova Tradução na Linguagem de Hoje) pela NVT (Nova Versão Transformadora, 2016, Mundo Cristão, que é bem mais precisa na tradução do que a NTLH) para o cristão novo convertido, ou para evangelizar, ou para aquele que não é fluente em português.

 

Paz.

 

Roberto



Introdução

Em qual Bíblia protestante na língua portuguesa eu confio mais? Vou comparar a ACF (Almeida Corrigida Fiel, da SBTB – Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, 2011), NVI (Nova Versão Internacional, da Editora Vida, 2001), NVT (Nova Versão Transformadora, da Mundo Cristão, 2016), NTLH (Nova Tradução na Linguagem de Hoje, da Sociedade Bíblica do Brasil, 2000), ARA (Almeida Revisada e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), KJV (King James de 1611, originalmente do inglês), e ARC (Almeida Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil, 1995 e 2009), que são as Bíblias mais tradicionais ou clássicas (exceto a NVT), compará-las-ei em alguns poucos pontos. Pessoalmente confio mais na Bíblia Almeida Corrigida Fiel da SBTB, Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil (2011). Mas ela é inerrante? Não, inerrante apenas os manuscritos originais que não existem mais. Por que você gosta dessa?

Antes de responder isso, devo dizer ao leitor que existem duas grandes fontes em grego para a tradução do nosso Novo Testamento em português: A Bíblia ACF (2011) e King James (pelo menos a de 1611, não conheço as novas de hoje no Brasil) são baseadas na compilação de manuscritos, que formam juntos o Novo Testamento em grego, chamada de Texto Recebido, ou Textus Receptus. Já o Novo Testamento da Bíblia NVT, NTLH, ARA, NVI são baseadas no Texto Crítico, também em grego. A Bíblia ARC até 1995 tinha pouca influência do Texto Crítico, era mais Texto Recebido. Em 2009 aumentou-se um pouco a influência do Texto Crítico na ARC e, mesmo que eu não goste desse Texto Crítico, melhorou um pouco na minha opinião por causa das revisões feitas para esclarecer o conteúdo.

As diferenças entre o Texto Crítico e o Texto Recebido, em todos os sentidos, são gritantes. Não as abordarei neste livro.

Enfim, gosto da ACF porque usa 100% do Texto Recebido no Novo Testamento (faz com que a Bíblia, simplesmente, esteja mais completa de palavras e expressões, ou seja, os versículos são mais cheios), que foi largamente usado pelos reformadores, com várias correções nesta versão de 2011, de modo a esclarecer alguns assuntos, diferente de outras antigas, como a King James (1611) e a Almeida Revista e Corrigida (ARC, 1995), que não esclarecem pontos doutrinários importantes. Ainda, deixarei registrado porque prefiro a ACF à NVI (Nova Versão Internacional).

Dê-me um exemplo. Tudo bem. Listemos tópicos:

1.      ACF: Deus provou Abraão em Gn 22.1-2;

ARC e KJV: Deus tentou Abraão (mas Tiago fala que Deus não tenta ninguém; Hebreus 11, em grego, mais preciso, diz que Abraão foi provado).

2.      ACF: Falso profeta de João 10:12,13 é mercenário;

NVI: Falso profeta de João é assalariado (porém, Paulo disse que é lícito daqueles que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho – recebendo apoio financeiro ou salário da igreja).

3.      ACF (apenas 2011): 1Jo 3.6 unido a 1Jo 3.9 O nascido de Deus não permanece na prática do pecado;

ARC (1995) e KJV (1611): O nascido de novo não peca (isso é um erro doutrinário que não está no original, pois nós pecamos. 1João 1.10 fala que aquele que diz que não comete pecado é mentiroso. Isso induz o crente ao erro, ele vai entender que é santo, que é falho, mas que não comete pecados!). ARC (2009), NVT e ARA estão adequadas neste versículo (ARA/ARC: Todo aquele que permanece nele não vive pecando; NVT: Aquele que é nascido de Deus não vive no pecado).

4. A Bíblia ACF, baseada no Texto Recebido, é mais detalhada, com considerável mais informação do que Bíblias que são baseadas no Texto Crítico.

Veja centenas de omissões e mudanças modernas no Novo Testamento das Bíblias modernas:

Anderson, G.W. e D.E. (2002). A Textual Key of the New Testament. List of Omissions and Changes. Disponível em: <https://dep-israel.nl/wp-content/uploads/2020/10/1.-Textual-Key-to-the-New-Testament.pdf>. Acesso em: Mar. 2021.

Se você consultar pelo menos umas 200 passagens bíblicas dessas 650, e comparar a ACF e a NVI, vai ficar impressionado com o que você verá! Eu já o fiz, gastei uma hora comparando as versões em sites de pesquisa da Bíblia, e fiquei chocado (o estudo está mais pra frente nesse ebook)! Eu realmente não quero uma Bíblia incompleta! Ah, é a Palavra? Sim, não há diferença doutrinária, é a Palavra, mas as Bíblias baseadas no Texto Crítico são Bíblias incompletas, com milhares de palavras a menos, incluindo “Cristo”, “Senhor”, expressões, etc.!

Outra maneira de perceber isso na NVI: Basta só notar que a primeira edição dela (Novo Testamento de 1991) tem muito menos palavras do que a segunda edição. Foram enxertadas posteriormente, inclusive na Almeida Atualizada (ARA) para se ter uma Bíblia uniforme usada pela Igreja, visto que a numeração de versículos originalmente foi com uma Bíblia numa versão muito literal, assim como é o Texto Recebido.

5.      Há muitos versos que não existem no manuscrito da NVI e ARA, e, já que foram enxertados do Texto Recebido a essas Bíblias, ocorre que fica ou entre colchetes, ou com uma nota de rodapé dizendo: “Não encontrado nos manuscritos mais antigos.” Tal feito pode levar muitos a crer que a Bíblia é uma colcha de retalhos erroneamente, se afastando do cristianismo. A Bíblia ACF não tem isso.

6.      Gosto da ACF pois tem expressões, como essa que Jesus disse a Pedro no caminho de Damasco: “Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões...”; Também esta acerca da ceia do Senhor em 1Co 11: “Tomai, comei...”. Outra, ACF: “PORTANTO, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito”. ARA e NVI só possuem o começo do versículo: “Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus”, não esclarecendo se são todos os que estão em Cristo que não tem condenação ou se seria só os obedientes (ou, na verdade, como é, que aquele que está em Cristo tem como característica não andar segundo a carne, mas segundo o Espírito)! A ARA e a NVI não possuem estas expressões que enriquecem o texto, e muitas outras.

7.      Gosto também que todas as palavras na ACF que não estão no texto grego compilado e copiado dos originais há muito tempo (Texto Recebido em grego) ficam em itálico, para que o leitor habitual saiba que aquela expressão não está no original em grego, mesmo só sabendo português.

8.      Gosto, na maioria dos livros (não em Provérbios!), que as palavras são traduzidas literalmente, palavra a palavra (embora eu reconheça que alguns poucos versos são melhores na Almeida Revista e Atualizada do que na ACF, tais como Eclesiastes 3.11), o que dá a sensação de que o leitor está lendo os próprios autógrafos traduzidos (originais), sem alguém que já interpretou a Bíblia para você e deu o significado que ele quis (você nem ficaria sabendo do original), como a NTLH, que é uma tradução baseada na “equivalência funcional” (por isso, não recomendo nem para novo convertido), embora não existam diversas vezes palavras em português com mesmo significado do grego, seria para isso necessário colocar, às vezes, uma expressão de duas palavras no lugar de uma.

9.      O que eu gosto? Texto difícil de ler – foi assim, complicado, que os apóstolos escreveram – em cada versículo aprendo mais!

10.   O que fazer se não entendi o versículo, se está muito arcaico ou formal (por exemplo, os provérbios curtos de Salomão)? Sim, desta vez, com alegria lerei na Bíblia ARA, NVI ou NVT, e entenderemos, e aprenderemos.

11.   A ACF é ideal para crianças? Ideal não, mas é possível, se um adulto ler um capítulo por dia com ela desde a infância. O ideal para uma criança sem a supervisão de um adulto, a NVT ou alguma outra bíblia moderna.

12.   Essa Bíblia não é utilizada na minha igreja! Eu não me importo com isso (muitos da minha igreja usam a NVI), porém, se você está habituado e acostumado com a Bíblia que a sua igreja usa, fique com ela, não mude – exceto para estudos em casa. É importante ficar com a Bíblia que você está acostumado, para que você se sinta à vontade para ler mais!

13.   Outra desvantagem da ACF: Colocaram a palavra Lúcifer em Isaías 14 (não estava na versão anterior da ACF), uma tradução errada. Paciência.

14.   Dúvida: Colocaram na oração do Pai Nosso: “Não nos conduzas à tentação”. Creio ser normal, pois é o Pai, com sua providência, quem permite ou não que sejamos tentados por algum mal, vindo seja dos homens maus ou dos demônios. E é, confirmando tal feito, o Pai quem não permite prova ou tentação maior do que possamos suportar.

15.   O Texto Recebido é 100% inspirado pelo Espírito Santo? Não! Ocorreram várias revisões.

16.   Para novos convertidos, ou para evangelizar? NVT, não há dúvidas! Mas para estudar, uma bíblia que traduz palavra a palavra, com manuscritos mais confiáveis, como a ACF.

17.   O Texto Recebido, assim como o Texto Crítico, ou seja, os manuscritos que temos hoje em hebraico e grego são mais de 99% inerrantes. Originalmente Grudem, como reformado, disse isso apenas dos textos acadêmicos de publicação recente, mas pode-se dizer com propriedade, visto que conheço a Bíblia ACF há muitos anos, que ela também é 99% inerrante!

Pode-se declarar que sabemos o que o manuscrito original dizia em 99% das palavras da Bíblia [comparando-se os manuscritos disponíveis hoje]. Mesmo em muitos dos versículos em que existem variantes textuais, a decisão correta é muitas vezes bem clara. Na pequena porcentagem de casos em que existe incerteza significativa quando ao conteúdo do texto original, o sentido geral da frase é, via de regra, bem claro pelo contexto. Desse modo, para propósitos bem práticos, os textos acadêmicos de publicação recente do Antigo Testamento hebraico ou do Novo Testamento grego são iguais aos originais. Assim, quando dizemos que os manuscritos originais eram inerrantes, estamos também subentendendo que mais de 99% das palavras de nossos manuscritos de hoje são também inerrantes, pois são cópias exatas dos originais. Além disso, sabemos onde estão as leituras incertas. Assim, os manuscritos de hoje são, para quase todos os fins, iguais aos manuscritos originais, e, portanto, a doutrina de inerrância também diz respeito diretamente aos manuscritos de hoje. (Grudem, Wayne. Teologia Sistemática: Atual e Exaustiva. 2ª Ed. Vida Nova. 2010).

18.   100% inspirado pelo Espírito Santo, apenas o original, que não existe mais. Suponha que alguém pense assim “Eu acredito que as Bíblias baseadas no Texto Recebido, como a King James em inglês, são 100% inspiradas, perfeitas e foram guardadas por Deus: tanto é que acredito que só as Bíblias do “TR” (Texto Recebido) são a Palavra de Deus”. Ah, acredita? Imagine que você é um missionário que traduz sua Bíblia para uma língua indígena e, obviamente, demora dezenas de anos para a versão ficar quase perfeita como as que temos do texto crítico e recebido: quem ousará falar, contra a Obra de Deus, que aquele NT traduzido não é a Palavra de Deus pois não é tradução exata da King James ou ACF (Texto Recebido), embora a King James esteja com algumas inconsistências (isso se a pessoa não souber interpretar corretamente!) citados anteriormente da Almeida Revista e Corrigida? Seria uma blasfêmia e desfavor ao evangelho afirmar isso, que o trecho traduzido do Novo Testamento para a língua indígena não é a Palavra de Deus pois não está 100% conforme o Texto Recebido, mas o Crítico.

19.   Enfim, vivamos sabendo que, como Wayne Grudem afirmou, os textos conceituados baseados nos manuscritos são mais de 99% iguais aos originais, portanto, mais de 99% inerrantes: sabemos onde estão as palavras com variações, e o contexto clarifica essas palavras, e sabemos onde estão os pouquíssimos e raríssimos erros de copistas.

 

 

Conclusão

 

Enfim, ainda que minhas convicções defendam mais a ACF, seja NVT, NVI, ARA, ACF, ARC, seja SBB (Sociedade Bíblica do Brasil), Editora Vida, Mundo Cristão, ou SBTB (Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil), etc., Deus preservou sua Palavra a nós.

O próprio Espírito Santo faz uns 2 anos me mostrou, num sonho, a Jesus de costas recitando uma Bíblia moderna na mão e a glória de Deus numa luz azul ao seu redor: Deus preservou sua Palavra a nós!

Existem, sim, erros de copistas na Bíblia. E um só no Novo Testamento. Querem entender, e abrir a vossa mente? Há um caso no Novo Testamento em que um copista copiou o nome Cainã duas vezes (Lucas 3), sendo que seria só uma (é um erro de copista de acréscimo de duas palavras apenas). Mas no manuscrito original, assim como nos manuscritos antigos que temos hoje, esse Cainã só se encontra uma vez em Lucas 3. Portanto, esse erro está nas nossas traduções, mas não no original (autógrafo), que é isento de erros, pois a Escritura é inspirada e inerrante. Esses erros são raríssimos e pouquíssimos. Os cristãos experientes sabem onde ficam. Porém, pode-se notar que a doutrina defendida pela Palavra, a doutrina encontrada na Bíblia, mesmo com esses erros de copistas, nunca foi afetada por nenhum destes erros, e nunca será. Deus preservou Sua Palavra, e continuará a preservando, pois a Sua Palavra contém a Sã Doutrina, que é a doutrina ensinada pelos apóstolos (Atos 2.42), a doutrina do Novo Testamento, que deve ser crida e defendida por cada um de nós para a nossa salvação (1Co 15.2-4):

Por meio deste evangelho vocês são salvos, desde que se apeguem firmemente à palavra que lhes preguei; caso contrário, vocês têm crido em vão. Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras (1 Coríntios 15:2-4, NVI). Amém.

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