Trecho/coração da TEOLOGIA SISTEMÁTICA INTERDENOMINACIONAL (2ª edição de 2 de março de 2024), disponível em sua totalidade em: clubedeautores.com.br (físico), amazon kindle, smashwords.com (epub, mobi (kindle), PDF).
10 DOUTRINA DA SALVAÇÃO (autor: Roberto Fiedler Rossi)
10.1 INTRODUÇÃO
Capítulo
complexo, em que escrevo para trazer a teologia às Escrituras, e não moldar a
Escritura conforme a nossa teologia.
A salvação é a
maior de todas as bênçãos:
Colossenses 1.13,14
[O Pai] nos tirou da potestade das
trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; Em quem temos a
redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados;
A salvação foi
conquistada na cruz por Jesus Cristo, nosso Senhor, onde Cristo, através do seu
sangue, cobre o custo do nosso resgate, que inclui corpo e alma, e nos compra, satisfazendo
a justiça de Deus, para a libertação e salvação eterna em santificação, unidos
com Deus e com Cristo pelo Espírito Santo para sempre nesta vida e por toda a
eternidade.
O ANEXO B – CATECISMO DE HEIDELBERG. No
catecismo citado, em poucas páginas, pode-se entender um pouco mais a lógica (a
justiça e vontade de Deus revelada) e a graça de Deus para prover um Salvador.
Enfim, cabe
aqui na introdução uma mensagem central:
Um comportamento
correto não é o bastante para alcançar a salvação. Deus nos deu Sua lei, o
padrão de Deus é a perfeição (Tg 2.10), e cada um de nós já desobedeceu a sua
lei, merecendo condenação (Rm 3.10ss). Todos somos pecadores. A pena por um só
pecado é a condenação eterna (Tg 2.10). Deus não nos condena pelo bem que fazemos,
mas por algum mal, e todos somos rebeldes. Um juiz não vai ver se somos bons,
mas falaria: cometeu tal crime, tem que receber uma sentença. Deus é o supremo
e justo juiz, e quem é que poderia, quando encontrar o Senhor, dizer que é bom
o suficiente para merecer a vida eterna pelos méritos próprios? Só se fosse
realmente perfeito! A pena para os pecados é a morte (Rm 6.23), e todos nós
temos a natureza pecaminosa (carne), que recebemos por causa da desobediência
de Adão: ele morreu espiritualmente e nós nascemos na morte espiritual: como
disse Deus, se comerdes desse fruto morrereis. A carne nos impede de sermos
perfeitos. Porém, há um que conseguiu obedecer a lei pelos méritos próprios:
Jesus (Mt 5.17), que não nasceu como nós, mas nasceu sem pecado, sem corrupção,
sem natureza pecaminosa, sem desejo de pecar, nasceu imaculado, perfeito. Foi
concebido pelo Espírito Santo. Deus Pai o enviou por amor por todos nós (Jo
3.16). Ele é o Salvador. Ele sofreu a pena de morte no nosso lugar (1Pe 3.18),
ele sofreu a pena de morte que cada um de nós merecia! Ele é o único Caminho
que leva a Deus, a única Verdade e a própria vida eterna (Jo 14.6). Jesus é o
autor da nossa fé (Hb 12.2). A fé, que vem de Cristo, foi o meio que Deus
escolheu para a salvação, porque pelos méritos próprios ninguém consegue
cumprir a lei, ninguém pode chegar diante de Deus e falar que é bom (Romanos
3.10-25). Deus – Pai, Filho e Espírito Santo – é o único bom, e a fonte de todo
o bem. Assim, todo aquele que nele crê tem a vida (Jo 3.16). Portanto, ninguém
será justificado (declarado justo) diante de Deus pelas obras da lei (boas
obras, rituais, sacrifícios, religião), mas pela fé, pois Cristo carregou nosso
pecado na cruz, pagando a penalidade dos pecados de todo o mundo, e a sua justiça
é imputada aos que creem (em linguagem mais simples, quem crê recebe em si a
justiça do Filho de Deus). Deus nos considera e declara justos por causa do
Filho, embora ainda sejamos pecadores. Deste modo somos salvos apenas e
totalmente por Cristo, por seus méritos (tudo o que ele fez de bom), pela graça
de Deus, e nem 1% por algo que possamos fazer (ainda que vivêssemos cinco vidas
seguidas tentando conseguir ir para o céu através da prática de boas obras).
Rótulo.
Como nos rotularemos nessa época baseado nas nossas doutrinas? Não que eu já
tenha apresentado ao leitor a doutrina da salvação, pois está nas 150 próximas
páginas. Mas, antecipando a conclusão, não me chamo de calvinista, luterano ou
arminiano, não sou pentecostal, renovado, tradicional, nem me chamo de
continuísta (embora eu seja) ou cessacionista; nem credobatista (embora eu o
seja) ou pedobatista; não me chamo de reformado nem avivado (embora eu seja
ambos, avivado e reformado de reforma); não sou luterano, batista,
presbiteriano nem metodista. Não sou de Paulo, nem de Apolo, nem de Armínio,
nem de Calvino, Wesley, Agostinho ou Lutero. Não sou de Pedro nem de João.
Chamo-me de cristão, pois somos de Cristo, carregamos a cruz com Cristo, somos
perseguidos e temos o prazer de sofrer um pouco do que Cristo sofreu. Chamo-me
de cristão nascido de novo - e é isso que faz a diferença, visto que existem
milhões de igrejas, mas aparentemente poucos nascidos de novo dentro delas.
10.2 EXPIAÇÃO DE CRISTO
Primeiramente falaremos de tópicos bíblicos (10.2.1),
causa e necessidade da expiação de Jesus, depois, em 10.2.2 até 10.2.8, da extensão
da expiação de Cristo, se foi de alcance para alguns ou para toda a humanidade.
10.2.1 Introdução à Expiação: Causa, Necessidade
e Termos Bíblicos, por Wayne Grudem
Citação de “Grudem,
Wayne. Teologia Sistemática: Atual e Exaustiva. 2ª Ed. Vida Nova (2010)”:
Definição
“Podemos
definir a expiação como segue: expiação é a obra que Cristo realizou em sua
vida e morte para obter nossa salvação.
Causa
da Expiação
Qual
foi a causa última que levou Cristo a vir para esse mundo e morrer pelos nossos
pecados? Para encontra-la, devemos pesquisar o assunto em alguma coisa no
caráter do próprio Deus. E aqui as Escrituras apontam: o amor e a justiça de
Deus.
O
amor de Deus como uma das causas da expiação é descrito na passagem mais
conhecida da Bíblia: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho
Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”
(Jo 3.16). Mas a justiça de Deus também exigia que ele encontrasse um meio pelo
qual a pena pelos nossos pecados fosse paga (pois ele não podia aceitar-nos em
comunhão consigo mesmo a menos que a penalidade fosse paga). Paulo explica que
essa é a razão pela qual Deus enviou Cristo para ser “propiciação” (Rm 3.25),
ou seja, um sacrifício que sofre a ira de Deus de modo que este se torne
“propício” ou com disposição favorável a nós: foi “para manifestar a sua
justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados
anteriormente cometidos” (Rm 3.25). Aqui Paulo diz que Deus perdoava os pecados
no Antigo Testamento, mas nenhuma pena havia sido paga – fato que poderia fazer
as pessoas perguntarem se Deus era mesmo justo. Será que um Deus que fosse
justo de verdade poderia fazer isso? Mas quando ele enviou Cristo para morrer e
receber o castigo pelos nossos pecados, fez isso “tendo em vista a
manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o
justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm 3.26).
Tanto
o amor como a justiça de Deus foram igualmente importantes. [Mas,] sem o amor
de Deus ele nunca teria dado nenhum passo para nos redimir.
Necessidade
de Expiação
Deus
não tinha nenhuma necessidade de salvar ninguém. Quando nos conscientizamos de
que “porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os
lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados
para o juízo” (2 Pedro 2:4), percebemos que Deus poderia também ter
escolhido com perfeita justiça deixar-nos em nossos pecados, esperando o
julgamento; ele poderia ter escolhido não salvar ninguém, assim como fez com os
anjos pecaminosos.
Mas
uma vez que Deus, em seu amor, decidiu salvar alguns seres humanos [dentre os
que creem, obviamente], então várias passagens nas Escrituras indicam que não
havia outra maneira de Deus fazê-lo a não ser pela morte de seu Filho.
[O
que prova isso?] Jesus entendia que o plano divino de redenção (que ele
explicou aos discípulos a partir de muitas passagens do Antigo Testamento, Lc
24.27) tornava necessário que o Messias morresse pelos pecados do seu povo[.
Jesus disse:] E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer
tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse
estas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os
profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.
(Lucas 24:25-27).
O
autor de Hebreus argumenta também que por ser “impossível que o sangue de
touros e de bodes remova pecados” (Hb 10.4), exige-se um sacrifício superior
(Hb 9.23). Somente o sangue de Cristo, ou seja, na sua morte, seria realmente
capaz de remover os pecados (Hb 9.25-26).
Termos
do Novo Testamento que descrevem diferentes aspectos da expiação
Merecemos
morrer como castigo pelo pecado. (Sacrifício);
Merecemos
receber a ira de Deus contra o pecado. (Propiciação);
Estamos
separados de Deus pelos nossos pecados. (Reconciliação);
Estamos
escravizados ao pecado e ao reino de Satanás. (Redenção).
Sacrifício
Para
pagar a pena de morte que merecemos por causa de nossos pecados, Cristo morreu
como sacrifício por nós. Ele “se manifestou uma vez por todas, para
aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado” (Hb 9.26).
Propiciação
Para
nos livrar da ira de Deus que merecemos, Cristo morreu como propiciação pelos
nossos pecados. “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus,
mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos
pecados.” (1 João 4:10).
Reconciliação
Para
vencer a nossa separação de Deus, precisávamos de alguém que proporcionasse
reconciliação [entre Deus e os homens] e dessa forma nos trouxesse de volta à
comunhão com Deus. Paulo diz que Deus “nos reconciliou consigo mesmo por
meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação” (2Co 5.18,19).
Redenção
Uma
vez que como pecadores estamos escravizados ao pecado e a Satanás, precisamos
de alguém que nos proporcione redenção e, dessa forma, nos “redima” de nossa
escravidão. Quando falamos em redenção, entra em foco a ideia de “resgate”.
Resgate é o preço pago para redimir alguém da escravidão ou cativeiro. Jesus
disse: “Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para
servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Marcos 10:45). Quanto à
libertação da escravidão do pecado, Paulo diz: “Assim também vós
considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. [...]
Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei,
e sim da graça” (Rm 6.11,14). Fomos libertados da escravidão da culpa do
pecado e do cativeiro de seu poder dominador em nossa vida.”
Grudem
(2010).
10.2.2 Extensão da Expiação de Cristo. Reflexão
Como os cinco
pontos do Calvinismo e do Arminianismo, sendo doutrinas da salvação, englobam
os termos expiação limitada ou ilimitada, ou seja, morte de Cristo para alguns
ou para todos, o capítulo sobre a Expiação de Cristo não será colocado na
Cristologia (doutrina de Cristo), mas na doutrina da Salvação.
Cremos que Deus experimenta a
todos com a graça de Cristo para a salvação cf. Rm 5.15-18 (em que Cristo é o
segundo Adão) e Jo 12.32 (em que Cristo atraiu pela cruz a todo o mundo), ainda
que porventura seja na sua onisciência e não na nossa realidade, e ainda que
seja a partir da eternidade, para provar os corações, pois sabe-se que o
evangelho não chega a todas as pessoas na terra, nem todos os outros são
chamados por meios sobrenaturais, como sonhos, anjos e visões com a mensagem da
Palavra de Deus. O que quero dizer é que o Deus soberano das Escrituras dá
chance para todos receberem a redenção pela Palavra pela fé no Cordeiro, que
foi morto antes da fundação do mundo, ainda que seja desde a eternidade, ou
ainda que seja na Sua Mente, pois Deus sabe todas as coisas antes delas
acontecerem, e o nosso Deus não rejeita ninguém, pois é Amor.
Há um sentido
em que Cristo morreu por todos e cada um, e há um sentido em que Cristo morreu
apenas pelos que são dele – morreu pelas ovelhas, Jo 10.15 (Assim como o Pai
me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas),
morreu pela igreja, Ef 5.25 (Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também
Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela). Vamos estudar.
10.2.3 Próximas
Subseções
Primeiro, como
Deus sabe tudo, Ele sabe que, mesmo ofertando a salvação para todos, dando
chance para todos aceitarem o sacrifício de Cristo, poucos irão aceitar o seu convite.
Assim, como
Deus sabe tudo, Ele sabe a totalidade de todos os que escolheu. Quando nós
preparamos uma festa de casamento para 100 pessoas, e 50 confirmam, nós
compramos comida apenas para 50 pessoas, e não para mais. Isto é planejamento,
e não haverá desperdício. Ora, Deus sabe exatamente quantos aceitarão o seu
chamado e descobrirão que são escolhidos de Deus. Por que Deus imputaria em
Cristo os pecados daqueles que Ele sabia desde a fundação do mundo que
rejeitariam a sua Palavra e não receberiam a salvação? Isto podemos verificar
com a lógica.
Segundo,
sabemos que a Queda de Adão afetou a todos e cada um dos homens, trazendo também
culpa, e barreiras jurídicas que se colocam no caminho para qualquer pessoa ser
perdoada por Deus. O Senhor quis que a morte de Cristo fosse uma provisão
universal para toda a humanidade, a fim de que todos os homens pudessem ser
salvos, mas Deus quis que o caminho da salvação fosse estreito, que existisse
um critério, e quem não obedecesse a esse critério não poderia entrar pela
porta. Ora, Cristo é o Caminho, e quem não renuncia a tudo quanto tem pela
graça do Espírito Santo, não pode ser discípulo de Jesus, conforme as próprias
palavras dele na Bíblia.
10.2.4 Apenas os Pecados dos Eleitos foram
Imputados a Cristo. Cristo Morreu uma Expiação Substitutiva Apenas pelos Eleitos
1 João 4, o
capítulo que exprime que Deus é Amor, mostra que Cristo recebeu sobre si apenas
os nossos pecados, e não todos os pecados de toda a humanidade:
1Jo 4.9 Nisto se manifesta o amor de Deus para
conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele
vivamos.
1 Jo 4.10 Nisto está o amor, não em que nós tenhamos
amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para
propiciação pelos nossos pecados.
Pedro diz que o
fato de Cristo levar nossos pecados sobre o madeiro (tomar os pecados dos
eleitos sobre si) leva à certa consequência de morrer para os pecados e viver
para a justiça, o que mostra que aqueles que Cristo tomou os pecados certamente
são justificados:
1Pe 2.24 Ele mesmo levou em seu corpo os nossos
pecados sobre o madeiro, a fim de que morrêssemos para os pecados e vivêssemos
para a justiça; por suas feridas vocês foram curados.
Isaías 53, o
capítulo profético sobre o Messias, mostra que Jesus justificará a muitos (e
não a todos), e mostra que Cristo levou sobre si o pecado de muitos (e não de
todos), ou seja, de todos os que justificou:
11 Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará
satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos;
porque as iniquidades deles levará sobre si.
12 Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos
repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado
com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu
pelos transgressores.
Se Cristo tivesse tomado o pecado de todo o mundo na cruz, então todo o
mundo seria justificado segundo esses três versos anteriores. Isso leva ao
universalismo, que é heresia, que é a crença de que todos vão ao céu, e ninguém
será condenado ao inferno. A verdade é que os pecados dos eleitos foram
imputados a Cristo, e a justiça de Cristo é imputada a esses eleitos – aos
crentes (todo aquele que crê).
10.2.5 A relação entre a Queda de Adão e o
Sacrifício de Cristo a Todos e a Cada Um. Cristo, a Justiça de Deus!
Deixo algumas citações. “A culpa dos pecados de toda a humanidade foi imputada a
Cristo quando Ele morreu. A imputação corresponde às exigências da lei no que
diz respeito a cada pessoa. Cristo, em sua morte, remove as barreiras jurídicas
que se colocam no caminho para qualquer pessoa ser perdoada por Deus. O Senhor
quis que esta morte fosse uma provisão universal para toda a humanidade, a fim
de que todos possam ser salvos, mas não desejou igualmente que todos sejam
salvos [esta
última parte significa que Deus não desejou forçar todos, como um decreto
forçado, para a salvação, mas existe uma condição, um critério para ser salvo,
que é Cristo e a fé].
O comando para indiscriminadamente oferecer o evangelho a todos por meio do
evangelho é baseado na disponibilidade real dessa suficiente satisfação para
todo homem. Cristo realmente sofreu e morreu em Sua pessoa infinita a morte que
era devida a todo homem. Esta visão é a associada com o calvinismo moderado”. (Tony
Byrne apud Pinheiro, Emerson, 2018). Cristãos
devem evangelizar porque Deus deseja que todos os homens sejam salvos [Deus deseja que todos creiam em Seu Filho] e fez expiação por todos eles, assim
removendo as barreiras legais que exigem sua condenação (Allen, David e
Lemke, Steve, 2010). Cristo, neste sentido, morreu por todos os homens,
incluindo os ímpios e injustos, segundo a Escritura (Romanos 5.6, 1Pedro 3.18).
As barreiras jurídicas que se colocam no caminho para qualquer pessoa ser
perdoada por Deus foram removidas por Cristo, visto que por esse mesmo aspecto
de sua morte, a todas as pessoas, veio a graça preveniente (Jo 12.32).
Vamos explicar
melhor. Citemos novamente Grudem. Como nós nascemos mortos em delitos e
pecados, nascemos com a culpa e corrupção do pecado. Acerca da culpa herdada:
Culpa herdada –
Segundo as Sagradas Escrituras somos considerados culpados perante Deus por
causa do pecado de Adão. E o apóstolo Paulo nos explica dizendo: “Portanto… por um só homem entrou o pecado no
mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens
porque todos pecaram” (Romanos 5.12). Ao observarmos o contexto, veremos
que Paulo não está tratando dos pecados que as pessoas cometem efetivamente no
seu dia a dia, pois todo o parágrafo (Romanos 5.12-21) trata exatamente da
comparação entre Adão e Cristo, portanto quando Paulo diz “assim passou a todos os homens, porque todos pecaram”, ele está
dizendo que por meio do pecado de Adão, “todos
(os homens) pecaram”. Herdamos em
Adão a culpa do pecado. Quando Adão pecou, o Senhor Deus considerou todos os
futuros descendentes de Adão como pecadores. Mesmo que ainda não existíssemos,
Deus que sabe quer o futuro quer o presente, Ele sabia que iríamos existir e
passou a nos considerar culpados em Adão. E ele afirma mais: Ele diz que Cristo
morreu “por nós, sendo nós ainda
pecadores” (Romanos 5.8), mesmo que muitos de nós nem existíssemos, mas Ele
nos considerou pecadores necessitados de salvação. Adão pecou, e Deus nos
considerou tão culpados tanto quanto Adão. Isto se chamar imputar, isto é,
“considerar pertencente a alguém, e assim fazer pertencer a esse alguém”.
Grudem (2001).
A expiação
calvinista moderada, usada neste livro, diz que Cristo tomou sobre si a culpa
de Adão (essa culpa de que Grudem fala acima), que englobava os impedimentos
legais para que cada pessoa pudesse ser salva por Deus. Como assim?
Como Adão
pecou, e por ele veio a morte, era necessário que, quem quisesse ser salvo,
devia cumprir plenamente a lei mosaica, ou seja, desfazer os efeitos da queda
de Adão nessa pessoa. Todos os seres humanos, em teoria, nasceriam sob essa
pena, e assim, sem um Salvador, deveriam por si mesmos cumprir a lei para conquistarem
a salvação para si. Mas isso é impossível, visto que a lei exigia perfeição, e
como nós nascemos mortos, imperfeitos e com a carne (natureza pecaminosa),
somos pecadores, não conseguimos cumprir a lei, sendo nós impedidos de sermos
salvos sem cumprir a lei (exceto se outro a conquistar por nós).
MAS veio um,
Cristo Jesus, que cumpriu a lei por nós, TODOS os mandamentos, adquiriu a
salvação pelos próprios méritos, e disponibilizou a salvação, que se havia
perdido, a todo homem. É o Salvador.
Se fosse
possível que um de nós conseguisse obedecer toda a lei pelas obras, só
conquistaria a salvação para si mesmo, pois já nasceu com a culpa do pecado de
Adão, já nasceu pecadora. Mas Cristo não só obedeceu toda a exigência de Deus,
como, por ser imaculado (por ter nascido sem pecado), ainda disponibilizou a
salvação para todos, segundo o critério escolhido por Deus, a fé nele.
Como Adão, um
homem pecou, era necessário que outro homem conquistasse a salvação, por isso
Cristo veio, que não é só Deus, mas também homem (tornou-se homem, o Verbo se
fez carne, João 1). Com a morte de Cristo a nosso favor, nós não precisamos mais
cumprir a lei para sermos salvos (o que seria impossível), pois Cristo já a
cumpriu, ele reconquistou a salvação por nós na aliança da graça. A exigência
do cumprimento da lei Mosaica (lei de Deus) era um impedimento à salvação de
todo homem, pois todo homem nasce culpado do pecado de Adão, mas Cristo removeu
as barreiras jurídicas (a imputação do pecado / culpa de Adão de
Romanos 5.12-13), e, por isso, nós não precisamos mais cumprir a lei, não temos
mais essas barreiras jurídicas, mas a salvação recebemos por um NOVO meio,
segundo a justiça de Deus. Qual meio? A fé. Ver o ANEXO B – CATECISMO DE
HEIDELBERG. É disso que fala.
Falando novo
meio, alguém há que foi salvo segundo as obras? Não, nenhum. Todos somos
pecadores, ímpios, depravados. Mas Cristo não morreu aproximadamente no ano 30
d.C.? Sim. E a salvação das pessoas anteriores a Cristo na história, não era
pela fé, ou era pelas obras? Sim, também era pela fé. Abraão, em
aproximadamente 2100 a.C., foi salvo pela fé (Gênesis 15.6 E creu ele no
Senhor, e imputou-lhe isto por justiça). Como, isso? Ocorre que Cristo é
verdadeiro Deus, e Deus não está sujeito ao tempo (mas fora do tempo), por isso
o seu sacrifício, o sacrifício de Cristo (Cordeiro de Deus), verdadeiro homem e
Deus foi de alcance ATEMPORAL e UNIVERSAL, ou seja, abrange todas as pessoas de
todas as épocas e lugares do tempo humano. Como o sacrifício de Cristo é
atemporal, não só abrange todo o tempo das coisas criadas (passado, presente e
futuro), mas suas consequências duram até a eternidade. Como é universal,
abrange todas as pessoas de todo o universo (mesmo que estejam no espaço). Quem
me ensinou que o sacrifício de Cristo foi atemporal e universal foi o teólogo
arminiano Jamierson Oliveira num debate antigo sobre arminianismo na internet.
Por isso, ainda
que a justiça de Deus demandasse que quem quisesse ser salvo devia cumprir a
lei de Deus, isso era impossível, mas Deus fez assim para que Cristo fizesse o
impossível para nós, sendo também homem perfeito. Deus Pai colocou esse
critério, segundo a justiça de Deus para exaltar Deus Filho, Jesus Cristo,
sobre tudo e sobre todos.
Assim, a
justiça de Deus foi cumprida em Cristo, pois era necessário que o Salvador
morresse pelo povo, e vertesse seu sangue a favor de quem fosse salvar, assim
como os bodes e touros, sacrifícios do antigo testamento, eram sacrificados
como meio de santificação do povo judeu na antiga aliança. Mas Cristo verteu
seu sangue por nós, o sangue do Novo Testamento, de uma nova aliança. POR SEU
SANGUE SOMOS SALVOS. Depois de Cristo não é necessário mais nenhum sacrifício
de animal, nem outro sacrifício humano como o Dele, pois o sacrifício de Cristo
foi cabal, terminado, vicário, completo, perfeito, único, celeste, e não
precisa ser repetido. Sobre isso fala a epístola aos Hebreus.
Romanos 10.4 Porque
o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê.
O fim de tudo
isso que falamos da lei mosaica, é Cristo! Para quê? Para justiça (para salvar,
justificar, declarar justo) de todo aquele que crê. Amém.
Agora, quem é
salvo, justificado e regenerado, pela fé, andando em Espírito, cumpre em si
mesmo a lei de Deus: Gálatas 5.14 Porque toda
a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu
próximo como a ti mesmo. Não precisamos cumprir os mandamentos cerimoniais,
nem os da lei civil da teocracia de Israel, mas Cristo nos deixou a parte moral
da lei mosaica a ser cumprida por nós, ou seja, em linhas gerais, tudo o que
foi escrito no Novo Testamento, se adequado. A lei moral deve ser cumprida por
nós, escrita no Antigo Testamento e repetida e ampliada no Novo Testamento.
Voltando ao
assunto, leiamos Romanos 5:
17 Porque,
se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a
abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus
Cristo. 18 Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os
homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça
sobre todos os homens para justificação de vida.
Por uma só
ofensa, de Adão, veio o juízo sobre todos e cada um dos homens para condenação
(veja que isso tem o sentido de ser de sentido jurídico, legal, pois Romanos
5.12-13 usa a palavra “imputação”), pois sabemos que toda humanidade, cada
um deles foi afetado pela Queda. Assim também por um só ato de justiça, de
Cristo, veio a graça sobre todos e cada um dos homens, abrindo caminho para
justificação de vida de todas as pessoas do mundo, se elas crerem (pela fé).
Assim, a Graça sobre todos os homens é a Graça de Deus que retira todo
impedimento legal, jurídico, para que todos quantos crerem possam alcançar a
vida eterna, segundo o critério Bíblico, que é Cristo.
Cristo morreu
por todos os homens, dando chance a todos, por isso todo aquele que ouvir a mensagem
do evangelho e crer é salvo. O sacrifício de Cristo não é limitado a alguns,
como se só alguns pudessem ser salvos, mas a porta da graça está aberta. Já a
eficácia e aplicação do sacrifício de Cristo no quesito e ato de salvar,
justificar, de tomar os pecados das pessoas para Si e transmitir Sua justiça é
apenas aos crentes, apenas aos que creem.
10.2.6 Textos para
Esclarecimento: 1Timóteo 4:10 e 1João 2:2
1 Timóteo 4.10
Porque para isto trabalhamos e lutamos, pois esperamos no
Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens,
principalmente dos fiéis.
Paulo não
precisa ficar repetindo toda a complexidade da doutrina da salvação em todas as
Epístolas. Assim, resumidamente, Paulo, pelo Espírito Santo, fala que Deus quer
salvar a todos os homens, e deu chance a todos. Mas aos fiéis, Deus realmente
salva e realmente ama intimamente. A porta da graça está aberta. Deus amou a
todos e a cada um. Eis que é importante evangelizar pregando o Amor de Deus e a
morte de Cristo a todos!
1 João 4 e 1
João 2
O próprio
apóstolo João falou: 1Jo 4.10 Nisto está
o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e
enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados. Deus não é Deus de
contradição. A Escritura é inerrante. A Escritura inteira fala de Cristo dando
a oportunidade para salvação a todos, como oferecendo, se fosse necessário,
perdão dos pecados para todas as pessoas, e assim, como Deus é Amor, Ele não
recusaria imputar os pecados de cada uma das pessoas do mundo em Cristo, se
todos e cada um aceitasse a Cristo, renunciasse a tudo quanto tem, levasse a
sua cruz, e seguisse o Senhor. Todavia, a prática não é essa, nem todas as
pessoas têm os pecados perdoados e imputados em Cristo. Nesta luz, deve ser
interpretado 1Jo 2.1-2:
1 João 2.1-2 MEUS filhinhos, estas coisas vos escrevo,
para que não pequeis; e, se alguém pecar [1], temos um Advogado [2] para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. 2 E ele [“se alguém pecar”, 1] é a propiciação pelos nossos pecados, e não
somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo [3].
Vejam que
Cristo, nesses versos, é colocado como o Advogado para todos os que aceitarem o
seu sacrifício. Advogado está ligado com a parte legal, jurídica, assim como
Romanos 5.18 (página anterior). E sabemos que na parte legal, Cristo abriu a
porta para todos, retirando todas as barreiras legais e jurídicas que impediriam
o perdão dos pecados hipoteticamente a todos, mas como nem todos creem, nem
todos tem seus pecados imputados em Cristo. Se todas as pessoas do mundo
reconhecessem que são pecadoras [1], e clamassem ao Advogado [2] Jesus, Cristo
perdoaria toda a humanidade, e Jesus teria recebido a imputação dos pecados de
todo o mundo na cruz [3].
Nem todos são
salvos porque nem todos aceitam sua oferta (fato verificável diariamente), e
apenas os pecados dos eleitos são imputados a Cristo. Como foi dito seções
atrás, Deus convida toda a humanidade ao arrependimento (às bodas do Cordeiro),
mas muitos recusam, e alguns aceitam. As bodas serão preparadas apenas aos
convidados que aceitaram vir, e não haverá desperdício algum: somente os
pecados dos crentes são imputados a Cristo, pois somente a eles a justiça de
Cristo é imputada. É nessa luz que interpretamos 1Jo 2.2, e não achando
erroneamente que todos os pecados de cada uma das pessoas do mundo foram
imputados a Cristo (a não ser se pensarmos na culpa dos pecados de toda a
humanidade), pois a Escritura, como explicamos por toda essa seção, não é
contraditória, e nem todos são salvos, pois a porta é estreita, e apertado o
caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem. Deus fez assim e é
maravilhoso aos nossos olhos:
Mateus 11.25 Naquele tempo, respondendo Jesus, disse:
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas
aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.
A
linha defendida aqui sobre a expiação de Cristo, a qual acredito que seja a
mais fiel à Escritura, resumidamente, fala que em um sentido Cristo morreu por
todos e amou a todos, dando chance a todos, e em outro sentido, Cristo morreu
apenas pelos que creem e são justificados (porque Deus não erra o cálculo).
Propiciação
Posso
dizer mais. O que confirma que Cristo não tomou todos os pecados de toda a
humanidade na cruz? O que confirma que Cristo não se tornou, de fato, a propiciação
dos pecados de todo o mundo? A propiciação é o fato de Cristo na cruz ter
levado e sofrido a ira de Deus pelos nossos pecados, a isentar todos esses da
ira de Deus.
Dicionário
do Google, acessado em Mar. 2021. Propiciar: “tentar obter de (alguém)
sua boa vontade, torná-lo favorável, aplacar a sua ira”.
Mas
agora eu digo, quem tem os pecados perdoados? Só os que creem. Ainda digo, quem
ficou isento da ira de Deus, ou seja, a quem foi aplicado o efeito da
propiciação de Cristo? Só aos crentes.
Se
Jesus tivesse sido, de fato, a propiciação dos pecados de todo o mundo, ninguém
mais no mundo estaria sob a ira de Deus, ou significa que todos iriam crer em
alguma época de suas vidas, e estariam assim em paz com Deus. Mas nós nascemos
na ira de Deus, e nem todos creem:
Efésios
2.3 Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa
carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza
filhos da ira [Paulo se incluiu nisso], como os outros também.
João
3:36 Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no
Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece.
Todo
aquele que não crê no Filho de Deus está na ira de Deus! Se uma pessoa durante
sua vida inteira não crer em Jesus, será condenada, a ira de Deus sobre ela
permanece. Com certeza Jesus não se tornou na cruz a propiciação pelos pecados
dessa pessoa, pois ela permaneceu na terra sob a ira de Deus, e depois da morte
foi ao inferno, foi condenada à ira eterna de Deus.
Leia
novamente:
1 João 2.1-2 MEUS filhinhos, estas coisas vos escrevo,
para que não pequeis; e, se alguém pecar [1], temos um Advogado [2] para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. 2 E ele [“se alguém pecar”, 1] é a propiciação pelos nossos pecados, e não
somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo [3].
Então,
esclarecido está que Jesus seria a propiciação dos pecados de todo o mundo [3]
se cada pessoa reconhecesse o seu pecado [1] e cresse no Advogado Jesus [2]. Entretanto,
é claro que Jesus é a propiciação hipotética disponível para todo
o mundo, uma vez que a salvação está disponível a todos, ou seja, Jesus é a
propiciação em potencial para todo o mundo. Mas como todos nascemos
na ira de Deus e como nem todos são salvos, o raciocínio dessa seção está
claramente correto, e Jesus efetivamente, eficazmente, é a propiciação
para todos os eleitos, os que creem.
Além
disso, esse versículo também mostra com precisão (mas também pelos pecados
de todo o mundo) que a porta da graça está aberta a todo o mundo, ninguém
está impedido de ser salvo [3], não importa a sua situação nem a gravidade do
seu pecado: só basta reconhecer os seus pecados [1] e clamar confiando em
Jesus, seu Advogado [2] fiel.
10.2.7 Charles Spurgeon
Para finalizar
a seção sobre expiação, deixo trechos de uma pregação de Spurgeon. Ele foi pregador
batista, calvinista, e os trechos abaixo podem ser encontrados em um sermão
publicado em PTM, Vol. 26, pp. 49-52 apud Murray (2006) sobre 1Timóteo 2.3-4:
‘Deus nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos, e que
cheguem ao conhecimento da verdade’: É bem certo que quando lemos que Deus
deseja que todos os homens sejam salvos, não significa que Ele o quer com a
força de um decreto ou de um propósito divino, pois, se fosse isso, então todos
os homens seriam salvos. Ele não quis desse modo a salvação de todos os homens,
pois sabemos que nem todos os homens serão salvos. [...] Terrível é que há
homens que, em consequência do seu pecado e da sua rejeição do Salvador, irão
para o castigo eterno.
Spurgeon continua: E
então? Tentaremos substituir por outro o sentido que o texto apresenta com
tanta clareza? Nem pensar! Vocês, muitos de vocês, conhecem bem o método geral
pelo qual os nossos velhos amigos calvinistas tratam esse texto. ‘Todos os homens’,
dizem eles – ‘isto é, alguns homens’; como se o Espírito Santo não fosse capaz
de dizer ‘alguns homens’, se quisesse dizer alguns homens. ‘Todos os homens’,
dizem eles; ‘isto é, alguns de todos os tipos de homens’; como se o Senhor não
pudesse dizer ‘Todos os tipos de homens’, se Ele quisesse dizer isso. O
Espírito Santo, por meio do apóstolo, escreveu ‘todos os homens’ e,
inquestionavelmente, Ele quer dizer todos os homens. Tenho grande respeito pela
ortodoxia, porém a minha reverência pela inspiração é muito maior. Prefiro cem
vezes ou mais parecer incoerente comigo mesmo a ser incoerente com a Palavra de
Deus. [...]. Há na Palavra de Deus algumas coisas que indubitavelmente são
esforço de fé, e que não devemos chupar [como algumas tolas pessoas doentes
chupam pílulas] com questionamentos perpétuos. [...]. ‘Por que eu deveria saber
a razão por quê? Quem sou eu, e o que sou, que deva exigir explicações do meu
Deus?’. [...]. Prefiro confiar em meu Deus. [...]. Às vezes Deus diz: ‘Meu
filho, assim é: contente-se em crer’. ‘Ora’, nós chamamos loucamente, ‘Senhor,
por que é assim?’ ‘É assim, meu filho’, diz Ele. ‘Mas Pai, por que é assim?’ ‘É
assim, meu filho, creia em mim’. [...]. Aí está o texto, e eu acredito que é
desejo do meu Pai que ‘todos os homens sejam salvos, e venham ao conhecimento
da verdade’. Mas sei também que Ele não quer isso, de modo que não salvará
nenhum deles, a não ser que eles creiam em Seu Filho amado.
10.2.8 Conclusão
Existem versos
na Escritura que apontam para o sacrifício de Cristo apenas para os eleitos, o
que invalida a expiação ilimitada arminiana. Existem versos na Escritura que
apontam para o sacrifício de Cristo a todos, em outro aspecto, o que invalida a
expiação limitada calvinista rígida. Portanto, o que permanece mais próximo da
Bíblia é uma expiação limitada calvinista moderada (também pode-se perceber que
faço uma ponte entre o calvinismo moderado e o conceito arminiano de graça
preveniente), em que Cristo morreu no lugar dos eleitos, todavia a Deus aprouve
que a morte de Cristo tirasse a barreira e a culpa colocada pela Queda,
universalmente, de modo que todos e cada um pudesse ser salvos pela graça, pois
Cristo é o cabeça da humanidade no lugar de Adão, e sua morte fez provisão por
toda a humanidade.
Se o Espírito
Santo inspirou os autores a escreverem a palavra “muitos justos, muitas
iniquidades”, ou “nossos pecados”, isso certamente não significa “todos os
justos, todos os pecados”. Se Ele inspirou a escrever “todos”, são todos e
ponto final. Se Ele inspirou a escrever “mundo”, sim, são cada um dos homens de
todo o mundo, e não mundo dos eleitos!
Ainda que a
morte de Cristo fez provisão por toda a humanidade, como o homem tem coração
incrédulo e obstinado, resistindo ao Espírito Santo, muitos não são salvos, e só
aos crentes eleitos Cristo morreu de modo substitutivo, tomando seus pecados, o
que ocasiona justificação de vida. Além disso, Cristo é a propiciação pelos
pecados de todos os que creem (propiciar é aplacar a ira de Deus), e não de
toda a humanidade, porque aqueles que não creem permanecem na ira de Deus (Jo
3.36). Porém, obviamente, a salvação está hipoteticamente disponível a
todos, e assim a propiciação de 1Jo 2.2 está hipoteticamente disponível a todos.
Assim, deixo um comentário de Iain Murray:
Se a expiação fosse ilimitada e substitutiva, enfraquece-se
a realidade da substituição (Goodwin,
Thomas, Works of Thomas Goodwin, Sovereign Grace Publishers POD, Vol. 2, 1861),
subestimando o significado da propiciação. Não é a fé que torna a expiação
eficaz para nós, antes foi a expiação que garantiu a justificação e a justiça
dos pecadores, e até a fé, é um dom do qual Cristo é o autor e o adquirente. Murray,
Iain (2004).
Murray, além de
tudo, nesse comentário, parece mostrar um bom caminho, defendido na seção 10.5
Da Eterna Eleição de Deus, colocando em ordem as coisas: Deus nos escolhe primeiramente
por Cristo, e pelo Seu plano, e não por causa da nossa aceitação a Ele (o que é
secundário). Não adianta eu crer e me arrepender, não resistir, sem Cristo
morrer na cruz por mim anteriormente ou sem o Espírito Santo nos regenerar
depois, pois nada aconteceria. Primeiro Cristo, primeiro a expiação, feita na
cruz, é que torna a expiação eficaz. Secundariamente a nossa fé é que aplica
essa expiação, já eficaz, a nós.
10.3.1 O Processo de Conversão e a Graça
Preveniente
Conversão
significa mudança de direção, do pecado para a santidade, do mundo para Deus.
Ela demanda arrependimento e fé. Sabe-se que arrependimento e fé são dádivas de
Deus. O homem, antes do novo nascimento, ainda não faz o bem, não dando fruto
com perfeição (Lc 8.14): ocorre o que está em Romanos 7.7-23, por exemplo: ‘morri’, ‘eu sou carnal’, ‘mas não
consigo realizar o bem’ mostram que o trecho fala de não regenerados (antes
de Agostinho se converter, assim como em todos nós, haviam duras batalhas da
sua alma e do seu corpo, da sua razão e da sua vontade, ou seja, era
“dilacerado” entre duas vontades contrastantes, Confissões / Santo Agostinho,
1997). Num nascido de novo maduro na fé isso melhora bastante. Enfim, aquele
que se arrepende dos seus pecados e crê, confiando em Cristo, é nascido de
novo, salvo, regenerado. Ainda que nascido de novo, o salvo precisa da graça de
Deus para praticar as boas obras, que não salvam, mas emanam de um coração
salvo.
Resumindo o chamado de Deus na
visão arminiana clássica: Os arminianos clássicos veem o pecador como já preso
no mais profundo canto de um campo terrorista. Amarrado, amordaçado, vendado e
drogado, o prisioneiro está fraco e tendo visões. Os calvinistas e os
arminianos clássicos sabem que o pregador no portão não pode alcançar o
prisioneiro através das camadas do enclausuramento e distorção sensorial. O
prisioneiro não pode sequer começar a pedir ajuda ou planejar uma fuga. Na
verdade, o prisioneiro se sente em casa na abafada imundície da cela; o
prisioneiro se identificou com seus capturadores e tentará lutar contra
qualquer tentativa de resgate. Somente uma invasão divina será bem-sucedida. O
arminiano clássico acredita que Deus invade a prisão e se aproxima da cabeceira
da vítima. Deus injeta um soro que começa a limpar a mente do prisioneiro das
ilusões e que reprime suas reações hostis. Deus remove a mordaça da boca do
prisioneiro e liga uma lanterna e mostra a sala completamente escura. O
prisioneiro continua mudo enquanto a voz do Resgatador sussurra: “Sabe onde
você está? Deixa eu lhe dizer! Sabe quem você é? Deixa eu lhe contar!” E ao
passo em que a persuasão se inicia, a verdade divina começa a nascer no coração
e mente do prisioneiro; o Salvador segura um pequeno espelho para mostrar ao
prisioneiro seus olhos fundos e seu corpo débil. “Está vendo o que fizeram com
você e como você se entregou a eles?” Mesmo com a luz fraca, os olhos
enfraquecidos do prisioneiro estão começando a focalizar. O Resgatador
continua: “Sabe quem Eu sou, e que quero você para Mim?” Talvez o prisioneiro
não dê nenhum passo à frente, mas também não se vira. As perguntas continuam:
“Posso lhe mostrar algumas fotos suas de quem você era, e dos maravilhosos
planos que tenho para você para o futuro?” A batida do coração do prisioneiro
aumenta enquanto o Salvador prosseguia: “Sei que parte de você suspeita que Eu
vim aqui para lhe machucar. Mas permita-Me lhe mostrar algo – Minhas mãos, elas
estão um pouco sujas de sangue. Precisei passar por meio de um horrível
emaranhado de cerca de arame farpado para chegar até você”. Agora aqui nesse
recém-criado espaço sagrado, nesse momento de nova possibilidade, o Salvador
sussurra: “Eu quero lhe tirar daqui agora mesmo! Dê-Me seu coração! Confie em
mim"! Esse cenário, nós acreditamos, captura a riqueza da mensagem
bíblica: a glória da Criação original, a devastação do pecado, e busca amorosa
de Deus por pecadores incapazes, e a natureza de amor com o consentimento livre
das pessoas. Walls e Dongell. Por que não sou Calvinista. 2014.
A conversão é mudança tal, no intelecto, na vontade e no
coração do homem pela operação do Espírito Santo que o homem, por essa operação
do Espírito Santo, pode aceitar a graça oferecida
(Livro de Concórdia, 2016). Ainda que Deus tenha que operar anos em nós para
nos salvar, desde a concepção Ele o faz, pelo Espírito, que manifesta o seu
amor. Enfim, acerca da conversão, a Escritura permite pensarmos que existe um
meio termo entre o ‘início e o fim’ da conversão, um processo de conversão que
pode levar até anos, como o de John Bunyan e o meu, no qual Deus concede uma
medida de graça, tal como uma graça anterior, preveniente, que nos sustenta
através do Espírito Santo, através do sacrifício de Cristo, e da bondade do
Pai. Essa graça é anterior à regeneração, desde a nossa concepção.
Armínio nos
esclarece pontos importantes:
“Porque o termo
‘não-regenerado’ pode ser entendido em dois sentidos:
(1)
Ou indica aqueles que
não sentiram nenhuma inspiração do Espírito de regeneração, ou da sua tendência
ou preparação para a regeneração, e que são, portanto, destituídos do primeiro
princípio da regeneração.
[São descrentes sem
contato nenhum com o evangelho, que é o instrumento do Espírito Santo para
convencer do pecado, justiça e juízo, colchetes meus.]
(2)
Ou pode indicar
aqueles que estão no processo do novo nascimento, e que sentem aquelas
inspirações do Espírito Santo, que pertencem ao preparativo ou à própria
essência da regeneração, mas que ainda não são regenerados; isto é, são
levados, por Ele, a confessar os seus pecados, a lamentar por causa deles, a
desejar a libertação e a buscar o Libertador que lhes foi indicado; mas ainda
não estão dotados daquele poder do Espírito pelo qual a carne, ou o velho
homem, é mortificado, e pelo qual um homem, sendo transformado para a novidade
da vida, é considerado capaz de realizar obras de justiça.
[São descrentes que já
tiveram contato adequado com o evangelho, e que foram renovados pela graça
preveniente. Estão no meio do processo de conversão, e ainda não alcançaram o
novo nascimento, ou seja, ainda não foram transformados. Também não são capazes
de realizar obras de justiça, ou seja, não praticam o bem ainda, colchetes meus.]
Armínio. Obras de
Armínio. CPAD. Vol. 1, pág. 296.
Eu havia dito,
na edição de 2018, que essa graça preveniente não está nas Escrituras, falando
que em nenhum lugar na Bíblia existe a ideia de uma graça preveniente que
regenera as faculdades mentais (intelecto, afeições e desejos) de uma pessoa
antes da conversão. Todavia, o Senhor acordou-me de noite e me deu a entender imediatamente
que Romanos 7 mostra um estado pré-conversão (não regenerado) de um cristão,
todavia, sendo iluminado no seu entendimento, pois o bem que quero isso não faço (Rm 7.19), ou seja, o pecador não
regenerado pouco antes da conversão, como todos nós éramos, quer ser salvo,
busca a Cristo e a sua salvação, mas Deus ainda não o salvou! Se o pecador quer
ser salvo, mas não consegue (o bem que
quero isso não faço), quer dizer que algo dentro dele é contra a sua
natureza pecaminosa, e esse algo é gerado pelo Espírito Santo pela graça
anterior (preveniente), renovando o seu intelecto, afeições e desejos, o que
alguns chamam de regeneração parcial, que restaura seu livre-arbítrio
libertário, na qual o Espírito lhe ilumina e lhe dá um desejo de ser salvo, de
fazer o bem. Porém, ele não pode fazer o bem, pois nascido de novo não é. Não é
heresia falar que Deus restaura o nosso livre-arbítrio libertário justamente
porque o livre-arbítrio era doutrina defendida e pregada entre a grande maioria
dos pais da Igreja.
Acerca
da graça preveniente, pode-se compará-la com a doutrina da Trindade. A Trindade
e a graça preveniente são bíblicas e, uma vez que são bíblicas, são verdadeiras
– e não apenas concepções lógicas (!) – pois a Palavra é inspirada, sem erro
doutrinário, e Deus não pode mentir! São realidades vivas, o conceito de
Trindade na teologia é uma realidade em Deus! O conceito de graça preveniente é
o favor imerecido, vindo de Deus, antes do novo nascimento (precede a
conversão), e é uma realidade na vida do crente! Você não vai achar em um
versículo, ou em um trecho a graça preveniente, nem a concepção plena da
Trindade na teologia. A graça preveniente e a doutrina da Trindade, doutrinas
verdadeiras, podem apenas ser visualizadas pela Bíblia como um todo, e são
muito mais perceptíveis no Novo Testamento do que no Antigo Testamento, já que
a revelação de Deus é progressiva. Pode-se dizer que Jo 1.9 e Jo 12.32 falam da
graça preveniente corretamente. Mas falam de um modo indireto. Como a ortodoxia
cristã verdadeiramente e de modo correto considerou a doutrina da Trindade
verdadeira, dessa mesma maneira o arminianismo e eu, tão arminiano quanto
calvinista, consideramos a doutrina da graça preveniente verdadeira e a
enxergamos na Escritura como um todo.
Uma maneira de
enxergar a graça preveniente na Escritura é por Romanos 5.18:
Rm 5.18 Pois assim como por uma só ofensa veio o
juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de
justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida.
Esse verso diz
que:
1. Pelo pecado
/ ofensa de Adão TODOS os homens ficaram sob uma sentença de morte espiritual e,
consequente morte eterna se não houver conversão ao Senhor;
2. Por um só
ato de justiça de Cristo veio a graça sobre TODOS os homens, que os leva para
justificação de vida, pois não são todos justificados.
Porém, são
todos justificados? Não, pois muitos são resistentes. Por isso cremos que pelo
sacrifício de Cristo veio a graça preveniente, que capacita a todos os homens,
sem exceção, para eventual justificação de vida, se não resistirem ao Espírito,
mas crerem.
Se todos
morreram (depravação total), e nem todos são justificados/salvos (seria um
universalismo - heresia), consequentemente o verso, logicamente, dá a entender
que todos podem vir a ser justificados pela graça preveniente.
Além disso, vale
sublinhar que o pecador, antes de ser alcançado pelo primeiro contato com o
Espírito Santo, não deseja a Deus, não busca a Deus. Quando o Espírito o busca,
e o convence do seu pecado, da justiça apenas satisfeita na cruz de Cristo e do
juízo (Jo 16.8), esse temor é criado no seu coração, que o leva a Deus: Como já
dito anteriormente, depois da pregação de Paulo a Felix, sobre a justiça, a
temperança e do juízo vindouro, Felix ficou espavorido (ARC) ou teve medo (NVI)
em Atos 24.25, gerado pelo Espírito pela pregação da Palavra. Felix não foi
regenerado (salvo) nesse momento, mas certamente foi renovado em seu interior
pela graça preveniente.
De acordo com John
Wesley apud Collins (2010, p. 108), a ação da graça preveniente para retirar um
depravado de sua depravação total é irresistível: Não obstante, de acordo com Wesley, pelo fato de homens e mulheres na
condição natural não terem nem mesmo a liberdade de aceitar nem de rejeitar
nenhuma graça oferecida, então esse dom, em si mesmo, tem de ser restaurado de
forma graciosa e irresistível. É verdade que essa notação de irresistível
veio no arminianismo de Wesley, não de Armínio. Porém, o arminianismo clássico
(de Armínio) também abarca esse entendimento, sem mencioná-lo assim.
Através da
graça anterior à salvação (preveniente), o Espírito convence do pecado, da
justiça e do juízo. Mas nós não podemos afirmar que o Espírito convence o mundo
disso à parte da Palavra. Ora, então, como o pecado é conhecido pela Lei
mosaica (não conheci o pecado senão pela
lei), como a justiça é conhecida através de Cristo (Cristo é a nossa justiça), e como o juízo é conhecido pela
Escritura (Ec 12:14), conhecemos todas estas coisas PELA PALAVRA, seja ouvida,
falada, sonhos, etc. A graça preveniente leva as pessoas à Palavra de
Deus, pela qual devemos ser salvos (Tg 1.18, gerados pela Palavra – Sola
Scriptura). O Espírito Santo quer ser eficaz a todos pela Palavra, e seriamente
quer salvar a todos. Repetindo, a graça preveniente leva à Palavra. E a fé vem
pela Palavra no tempo de Deus (Rm 10.17). Aquele que resiste e endurece os
corações e ouvidos ao Espírito de Deus que leva à Palavra, não se pode
confortar com a salvação eterna, mas o Senhor nos salva não pelo nosso
não-resistir, mas pelos méritos de Cristo, pela bondade e misericórdia de Deus.
Parte
superior do formulárioDeus seriamente quer salvar a
todos. Às vezes, os eleitos passam por muitas dificuldades para chegar à
verdadeira regeneração, ainda que esses caminhos incompreendidos sejam
misteriosos para nós. Porém, sabemos que o Espírito sustenta e preserva os
corações, mentes e espíritos de todos que buscam ao Senhor nosso Deus, para
que, ainda que demore, cheguem à plena salvação. Realmente não é fácil chegar
ao estágio de um nascido de novo, geralmente importa por muitas tribulações
entrar no Reino de Deus.
Baseado em Romanos 5.15-19, Wesley acreditava que a morte de
Cristo absolveu a posterioridade de Adão de qualquer eterna culpa do pecado
adâmico (Works of John Wesley, 9:253-54
apud Combs, W. 2019). Wesley argumentou
que a graça preveniente era estritamente devida à graça de Deus como um
primeiro benefício da expiação universal de Cristo (Wiley, H. Orton.
Christian Theology. Beacon Hill Press, 1940, 2:108 apud Combs, W., 2019).
Na seção "9.4
A Culpa e Corrupção Herdadas pela Queda, a Aliança das Obras feita no Éden e a
Relação de Adão com a Humanidade", este autor disse que “A culpa
imputada a nós é transmitida pelo ex-representante ou cabeça da humanidade,
Adão, a todos os seus descendentes, por causa da Queda. Como Cristo é o novo
cabeça da humanidade, depois da sua ressurreição, ele removeu tal culpa
imputada por Adão, ou seja, tirou todos os impedimentos legais à salvação a
todo aquele que crê, pela Graça (preveniente).”
Então, ligando
estes diversos pontos, da morte expiatória de Cristo a todas as pessoas, pela
qual Ele é o novo cabeça da humanidade (Segundo/último Adão, 1Co 15.45-47),
veio a graça preveniente – João 12.32 E,
quando foi levantado da terra (cruz), todos
atrairei a mim (graça pela morte de Cristo a todas as pessoas) – que
removeu (ou remove) a culpa de Adão em nós. De algum modo Cristo atrai todos a
Ele pela cruz (cf. Jo 12.32). E essa atuação de Deus está incluída no
entendimento teológico de graça anterior / preveniente / preventiva. Assim como
pela graça comum Deus age com todos, pela graça preveniente Deus age com todos,
originária do sacrifício de Cristo por nós, e atuante pelo Espírito Santo. Assim
também testifica João 1.9 Ali estava a
luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo. De alguma
forma a luz ilumina a todos os homens. E Deus opera pela sua graça. Da mesma
maneira, como Cristo foi morto antes da fundação do mundo, a graça de Deus não
se estende apenas aos santos do Novo Testamento, pois o sacrifício de Cristo
foi atemporal (...no livro da vida do
Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo Ap 13.8b), então a graça
de Deus se estende a todas as pessoas de todas as épocas.
Enfim, ainda
que a graça preveniente nos ilumine, e o Espírito Santo renove as faculdades
mentais pela Palavra pregada, ouvida, sonhos, etc., nada o homem pode fazer
para salvar-se (Sola Gratia). Ainda que o homem não esteja mais totalmente depravado, e tenha seu livre-arbítrio
restaurado (mas ainda é depravado em todas as outras áreas afetadas pelo pecado,
exceto o seu entendimento, emoções e vontade cf. Rom 7 – o bem que quero isso não faço), e ainda que esse homem irregenerado
não cessa de pecar, ainda que renovado parcialmente pela graça e esteja
querendo o bem, pois não recebeu a natureza de Cristo pela salvação (não é
salvo, mas sim renovado no seu entendimento), o homem não recebeu capacidade
ALGUMA de crer no evangelho de si mesmo (fora da graça de Deus), mas toda a
capacidade deve ser atribuída como recebida pelo Espírito Santo. Enfatizando,
ainda que a graça tenha renovado o homem em seu intelecto, emoções e vontade
cf. Rm 7, nesse processo de conversão, o intelecto, emoções e vontade renovados
e iluminados não devem ser consideradas capacidades nossas, pelas quais cremos
(com sua origem no homem), mas boas dádivas de Deus recebidas pelo Espírito: ainda
que são parte do ser humano, têm sua origem em Deus, em que Ele nos reveste com
esse dom pela Palavra, quando opera em nós. Isto digo, pois a conversão pode
ser comparada a um processo, em que Deus trabalha em nós em diversas áreas
diferentes, retirando diversas heresias, nos iluminando em diversos assuntos
diferentes da Escritura, e não é algo instantâneo, como um arrependimento e fé
salvadores que são desenvolvidas num instante. Deus tem paciência, e precisamos
ter também, pois o Espírito opera em nós passo-a-passo, rumo à regeneração, e
depois rumo à glorificação.
Resumindo o
processo de conversão, primeiramente somos ímpios completamente, sem temor e
sem conhecimento, sob a ira de Deus (Rm 1.18 Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e
injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça; Rm 3.10-18 não há um justo,
nem um sequer; não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus),
mortos em ofensas e pecados (Ef 2.1, totalmente depravados), com uma fé morta,
sem liberdade de escolha às coisas espirituais e sem capacidade para crer ou fazer
o bem. Depois, o Espírito Santo, pela Palavra pregada (acerca da lei, pecado,
justiça, juízo e graça cf. Jo 16.8), começa a iluminar este ímpio (Ef 1.18, Jo
1.9), e renova sua mente e restaura-lhe o livre-arbítrio (liberdade de escolha)
que, por causa da Queda, foi perdido (Rm 7, onde tem sua mente, emoções e
vontades renovados pelo contato com a Palavra), além de, se necessário,
derramar-lhe seus dons (Mt 7.22 fala de pessoas que tinham dons de Deus e não
eram salvas). Esta pessoa ainda é ímpia, ainda que convencida pelo Espírito cf.
Jo 16.8, e pratica o mal, porém deseja o bem (ver Cap. 7 de Romanos). Tudo isso
é operação da graça de Deus, sem mérito. Esta pessoa pode estar na igreja
trinta anos ou mais neste estado, achando-se salva, falando sobre as coisas de
Deus, louvando e pregando, mas ainda não ser salva-nascida de novo, pois pelos
seus frutos os conhecereis (Mt 7.18,20). Ela possui uma fé de servo, sob o
espírito da escravidão (Rm 8.15), morta pela lei mosaica que a mostrou seu
pecado (Rm 7.7). Esta pessoa convencida, e não convertida, pode perceber que
não consegue deixar diversos hábitos pecaminosos ao longo dos anos (1Jo 3.6,9 Quem é nascido de Deus não permanece na
prática do pecado), e nem produzir um fruto do Espírito doce habitualmente
(Lc 8.14 não dá fruto com perfeição).
Esses são alguns sinais de que não nasceu de novo. Entrando em contato com a
Palavra pregada adequadamente, sendo atraída (Jo 12.32), e crescendo de fé em
fé (Rm 1.17) na graça do Senhor, em constante arrependimento (Lc 13.3,5; 2Co
7.10), ou seja, renunciando sua vida pecaminosa (Lc 14.33) ao não resistir à
Palavra pelo Espírito que a quer converter (Mt 23.37), cedo ou tarde – no
momento certo (1Pe 5.6) – Deus gera nessa pessoa uma fé salvadora (a fé vem pelo ouvir a Palavra Rm 10.17, somos
gerados pela Palavra Tg 1.18), uma fé sob o Espírito de adoção de filhos
(Rm 8.15), um dom de Deus (Ef 2.8-9, At 13.48), com imensa paz (Rm 5.1) e
inteira certeza (não duvida Tg 1.6) que Cristo se deu pela sua vida em especial
(morreu no seu lugar Is 53.5), e que o Espírito Santo testifica com o seu
espírito que é filha de Deus (Rm 8.16). Além disso, essa pessoa nascida de novo
produz frutos mais doces do Espírito (Lc 8.15 E a que caiu em boa terra, esses são os que, ouvindo a palavra, a
conservam num coração honesto e bom, e dão fruto com perseverança) a Deus e
ao próximo, se apaixonando mais e mais pelo Senhor e, com o entendimento cativo
por Cristo (2Co 10.4-5 ...e levando
cativo todo o entendimento à obediência de Cristo), quando o Espírito a
constrange para deixar algum pecado que antes não conseguia, a pessoa consegue
com perseverança, depois de algum tempo, deixar a prática pecaminosa (1Jo 3.6,9
acima), ou seja, renunciar a todas as coisas que Deus requer que atrapalha sua
vida (santificação), e vencer as tentações que antes não conseguia (1Jo 5.4 Porque todo o que é nascido de Deus vence o
mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé), pois não tinha a
natureza de Cristo que supera a carne / natureza pecaminosa, ainda que fosse
convencida e/ou renovada no seu interior. Desta maneira, a pessoa é salva e
chega até o fim, onde nenhuma criatura a poderá separar do amor de Deus que
está em Cristo Jesus, o Senhor (Rm 8.31-39). E nem o pecado pode nos separar de
Cristo (pois não é mencionado em Rm 8.31-39), e também porque o nascido de novo,
o verdadeiro novo homem, já deixou (já vos despistes do velho homem com seus
feitos, e vos vestistes do novo Cl 3.9-11), ou está deixando (vos
despojeis do velho homem, e vos revistais do novo homem Ef 4.22-24) o velho
homem com seus pecados imundos. Amém.
10.3.2 Adão Teve Livre-Arbítrio Após a
Queda?
Vamos juntar
seções anteriores para um raciocínio ímpar. Seção 8.5 (Livre-Arbítrio do
Homem Natural?); seção 9.7 (Boas Obras), e a seção anterior a
esta (10.3.1 O Processo de Conversão e a Graça Preveniente).
Será que
Gênesis 3 fala de um certo livre-arbítrio que Adão não perdeu – como defendeu Geisler,
Norman (2010) – depois que Adão pecou e morreu, exercido quando Adão fez um ato
honroso: nomear a sua mulher como Eva, mãe de todos os viventes; e conversar
com Deus? Será que o homem natural pode fazer coisas boas diante de Deus e
conversar com Deus como Adão fez em Gênesis 3?
Neste trecho
defenderei a graça preveniente de Deus em Cristo Jesus para Adão e para Eva, e
não, como Norman Geisler, que Adão e Eva não perderam livre-arbítrio mesmo após
terem pecado e morrido (o que faria com que todos nós também nascêssemos com
livre-arbítrio, e não totalmente depravados, o que é diferente do que a
Escritura diz).
Sou arminiano
no processo de conversão (seção 10.3.1 O Processo de Conversão e a Graça
Preveniente). No arminianismo, todas as pessoas nascem totalmente
depravadas e incapazes de crer, fazer o bem ou aceitar a salvação. Depois, pela
Palavra de Deus, o Senhor restaura pela graça somente, irresistivelmente, o
livre-arbítrio da pessoa através de uma mente, emoção e vontade renovados, onde
ocorre o estado de Rm 7:18-19 (e com efeito o querer está em mim, mas não
consigo realizar o bem), mostrando que, ainda que essa pessoa parcialmente
renovada ou parcialmente regenerada seja ímpia e morta [1] no pecado, Deus
renovou sua mente, emoções e vontade - essa pessoa deseja o bem [2] (Rm 7.19 Porque
não faço o bem que quero [2], mas o mal que não quero esse faço [1]),
E depois, pela graça somente (100%) essa pessoa é salva, com a fé e o
livre-arbítrio como meios (e não como fins em si mesmos), o que ainda será
explicado em 10.5 Da Eterna Eleição De Deus.
O que podemos
ver em Gênesis 3 não é ainda a salvação de Adão, mas pode-se ver:
Genesis 3.6-8
(Depravação total, como explica a seção 9.3 Consequências Da Queda e
Depravação Total): E viu a mulher que aquela árvore era boa para se
comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou
do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. [3]
Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram
folhas de figueira, e fizeram para si aventais. E ouviram a voz do Senhor Deus,
que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher
da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim.
Esse trecho
fala da Queda, da depravação total de Adão e Eva, e com eles de toda a
humanidade, pois Adão e Eva comeram a fruta, e [3] morreram espiritualmente
([Deus disse] Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não
comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás. Gênesis
2:17);
O verso
seguinte, Gênesis 3:9, mostra a Palavra renovando as faculdades interiores de
Adão: DEUS FALOU com Adão, buscando-o, assim como Deus faz conosco! Deus
dirigiu Sua Palavra a Adão:
"E chamou
o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás?"
Agora Adão teve
seu livre-arbítrio renovado, pois não está mais escondido e fugindo da presença
de Deus, mas ocorre um debate entre Deus, e com Adão e Eva mortos no pecado,
porém renovados em seu entendimento, mente e forças (livre-arbítrio), e, claro
no debate está incluída a serpente, Satanás.
Resumindo, nos
versos que se seguem, Gênesis 3:10-13, ocorre um debate sincero entre Adão, Eva
– que receberam a capacidade de responder a Deus pela graça do Espírito Santo –
e entre Deus Pai):
E ele disse:
Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me. E Deus
disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei
que não comesses? Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela
me deu da árvore, e comi. E disse o Senhor Deus à mulher: Por que fizeste isto?
E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.
Veja que Adão e
Eva, ainda que renovados pela graça, são ímpios. Por quê? É porque Adão não
assume sua culpa, mas passa a culpa para "a mulher que Deus me deu":
culpa para Deus e culpa para a mulher; A mulher passa a culpa para a serpente.
E a serpente fica calada sabendo que vai "apanhar".
Em Gênesis
3:16,17 Deus condena e amaldiçoa Adão e Eva como pecadores, ímpios e
merecedores de julgamento (o que realmente sofreram, e levaram a raça humana
inteira junto), porém Deus lhes dá uma sementinha de esperança (Gênesis 3:15):
Gênesis 3:15
[Deus falando à serpente, a Satanás, com Adão e Eva ouvindo]: E porei
inimizade entre ti [Serpente, Satanás] e a mulher [Eva], e entre
a tua semente [filhos do diabo] e a sua semente [descendentes
piedosos de Eva]; esta [descendente de Eva, Jesus vencerá Satanás] te
ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar [Jesus será ferido, ou seja,
morrerá, entregará sua vida].
Alguma
semelhança com a lei de Deus e o evangelho? A Lei de Deus nos condena como
pecadores (Deus condenou Adão e Eva), e para esses pecadores que sabem que
estão indo ao inferno, Deus lhes oferece a salvação e a graça no Filho de Deus,
o Salvador!
Assim, coube a
Adão e Eva, depois de terem sido expulsos do jardim do Éden, serem fiéis e
confiarem na promessa de Deus para sua salvação, que, apesar de terem ficado
mortos espiritualmente, é da semente desses mortos espiritualmente que Deus
levantaria o Salvador que venceria a Antiga Serpente. Além disso, Deus, que é
tão bom, deu-lhes casacos de peles e mostrou que eles eram, ainda que pecadores
e mortos, importantes para Deus, especialmente por causa do futuro nascimento
de Cristo dos lombos de Eva, o que fez Adão, capacitado pela graça, chamar a
mulher de Eva, que significa mãe de todos os viventes. Assim, todas as pessoas
da terra são importantes (até as mais depravadas), pois são imagem de Deus.
Então esse
trecho não fala que Adão permaneceu com livre-arbítrio depois que pecou (o que
daria a entender que todos os homens nascem com livre-arbítrio), mas fala da
graça preveniente que veio da bondade de Deus e da cruz de Cristo, através da
própria Palavra que Saiu da Boca de Deus (Mateus 4.4) para Adão e Eva, visando
a salvação deles e a propagação da Palavra via oral para seus fiéis
descendentes, de Abel e da linhagem de Sete. E assim começou a propagação da
Palavra, via tradição oral, a Palavra inerrante, que Deus guardou até hoje,
pois Deus é fiel. Amém.
10.3.3 Como Faço a
Ligação Teológica entre a Depravação Total Calvinista, a Expiação Calvinista Moderada
e a Graça Preveniente Armínio-Wesleyana acerca da Culpa Herdada?
Este tópico é
para os teólogos. Quem não se interessa por isso, pode seguir em frente para
partes mais práticas, e menos teóricas.
Acerca do
calvinismo rígido, embora eu não o apresente neste livro, nem falo com muitas
palavras acerca da TULIP (nem o FACTS arminiano), creio que Deus, nesta teoria,
remove a culpa de Adão de uma pessoa quando Deus a salva irresistivelmente,
visto que nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8). A
depravação total calvinista rígida, como eu defendo neste livro, afirma tanto a
corrupção como a culpa herdada da queda de Adão. Esse parágrafo comporta a
seção 9.4 A Culpa e Corrupção Herdadas
pela Queda, a Aliança das Obras feita no Éden e a Relação de Adão com a
Humanidade.
Acerca do
arminianismo, Armínio e Wesley simplesmente creem que o homem não nasce culpado
da culpa de Adão, pois foi removida pela expiação de Cristo. É como se fosse
uma depravação total menos intensa. Falo um pouco sobre isso na extensa
subseção anterior, 10.3.1 O Processo de
Conversão e a Graça Preveniente.
Acerca do
calvinismo moderado, ele é igual ao calvinismo rígido (e então é igual na
depravação total), exceto na expiação (reconciliação do homem com Deus pela
morte de Cristo). Falo sobre isso em diversas subseções da seção 10.2 Expiação de Cristo, e especialmente
sobre a culpa na subseção 10.2.5 A
relação entre a Queda de Adão e do Sacrifício de Cristo a Todos e a Cada Um.
Sobre esta linha, a culpa de Adão de toda a humanidade, como impedimento legal
que impede uma pessoa de ser salva, foi removida através da morte de Cristo, e
isso é aplicado em algum momento aos crentes. Porém, como fiel à depravação
total calvinista rígida, as pessoas ainda nascem culpadas pela teoria
calvinista moderada.
Como eu tento
fazer uma ponte entre o calvinismo e o arminianismo, uso esses conceitos para
dizer que o ser humano nasce com a corrupção e culpa de Adão (depravação total
calvinista com todas as letras). Porém, como uso a expiação calvinista moderada
unida ao arminianismo, digo que a graça preveniente tira a culpa adâmica da
humanidade em certo estágio da vida delas, quando são renovadas pela graça
preveniente, que é quando as habilita a crer pela graça ao estilo arminiano.
Pois o que há em comum com a remoção da culpa calvinista moderada e a graça
preveniente armínio-wesleyana é que são irresistíveis, e ambas são para toda a
humanidade, cada um dos seres humanos.
Não posso dizer
que Deus remove a culpa de *toda* a humanidade no ato da conquista da salvação
por Cristo, pois apenas *alguns* são salvos, pois isso implicaria
inconsistência. E também não posso dizer que a culpa de Adão não é imputada a
todos, como fazem os arminianos, pois para mim, as fontes reformadas fazem
muito sentido, e as uso abundantemente neste livro.
Portanto, num
equilíbrio entre o arminianismo e o calvinismo, creio que faz sentido que a
graça preveniente, que vem da expiação de Cristo, remove a culpa herdada de
Adão sobre toda a humanidade na regeneração parcial, que é geralmente quando a
graça do Espírito Santo, com a mensagem do evangelho da salvação, tem um
primeiro contato eficaz com a pessoa.
Já antecipando
algumas coisas da seção 10.6 Perseverança
dos Santos, que é uma das minhas favoritas seções, o calvinismo diz que a
graça é irresistível tanto antes, como depois da regeneração, ou seja, o homem
não a pode resistir, nem perder a salvação. Em contrapartida, o arminianismo
diz que a graça é sempre resistível, ou seja, Deus não impõe sua vontade sobre
ninguém, e também o salvo pode perder a fé. Neste livro, neste equilíbrio,
antes do novo nascimento, a operação da graça no ser humano pode ser resistida
(e assim, muitos não são salvos, pois resistem ao Espírito Santo), e, depois do
novo nascimento, a operação da graça no ser humano salvo não pode mais ser
resistida, mas na vida do salvo, em geral, o que ocorre é a vontade de Deus,
pois é cativo por Cristo. Eu acredito que o modelo que mais se aproxima da Bíblia
é este, ao mesmo tempo em que é fiel ao caráter de Deus de amor. Peço paciência
para o leitor examinar com cuidado para ver se realmente esse modelo faz
sentido e pode ser aplicado em sua vida (e não ficar só em teoria).
10.3.4 Impedimentos
à Salvação
Como dito, cremos
na salvação que há em Cristo Jesus para todo aquele que escuta a mensagem do
evangelho, arrepende-se dos seus pecados para mudança de vida e crê em Cristo
Jesus vivo e ressurreto como Deus e Senhor/Salvador (quem o salva, e a quem a
pessoa obedece e serve), crendo pela graça de Deus, e não de si mesmo. Esta
seção é espelhada na minha difícil conversão: ver APÊNDICE D – Dura Conversão de Roberto Rossi. Mesmo que a pessoa
creia em Cristo, sem arrependimento – com sincera tristeza pelo pecado – e
mudança de vida, não é salva! Isso totalizaria uma ‘conversão incompleta’, em
que não há salvação para perdão dos pecados (Lc 13.3). Na verdade, na conversão
incompleta, o servo ainda não possui a fé justificadora (confiança inteira na
Obra e méritos de Cristo para a salvação). Assim, podem ocorrer diversas maneiras
do inimigo não deixar uma alma que está no "caminho para a salvação"
(buscando a Deus na igreja é um exemplo) ser efetivamente salva, ainda que seja
crente em Deus, mesmo que seja revestida pelo poder através de dons espirituais,
mas não seja salva ou regenerada (Mateus 7.21-23, Hebreus 6.4-6, 1Coríntios
13.1-3):
1. Não mostrou
verdadeiro arrependimento de todos os seus pecados com mudança de vida, talvez
amando o mundo ou o pecado, talvez acomodado, ou seja, se uma pessoa, crente ou
não, permanecer em qualquer semelhança destes pecados contidos em 1Corintios
6.10, Gálatas 5.19-21 e Apocalipse 22.15, sem pedir ajuda ao Espírito Santo,
pois Ele é o Santificador, a pessoa não herda o reino de Deus, e não chega à
salvação (quero dizer não nasce de novo), pois resiste ao Espírito que a quer
salvar;
2. Não se
deixou convencer de que é pecador, de que há um juízo para todos da parte de
Deus, e do padrão elevado de Deus para o julgamento, satisfeito na cruz por
Cristo, mas resiste ao Espírito (Jo 16.8 convencerá
o mundo do pecado, e da justiça e do juízo);
3. Não crê nas
coisas que a Bíblia fala de Cristo, que ele é Deus, veio em carne, viveu sem
pecado, morreu na cruz, ressuscitou, ascendeu aos céus, e voltará. A
ressurreição de Cristo é o cerne do cristianismo;
4. Não crê que
Deus perdoa os pecados pelo sangue de Jesus (Efésios 1.7 Nele temos a redenção por meio de seu sangue, o perdão dos pecados, de
acordo com as riquezas da graça de Deus; 1João 1.7 Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com
os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado), mas crê que a pessoa tem que pagar
um preço pelo que fez. Não crê que Deus perdoa por seu favor imerecido, por
amor, pelos méritos de Jesus, sem acepção de pessoas (ainda que a Bíblia o
tenha dito), como por exemplo a um assassino e estuprador, e ainda que esteja
no fim da vida, Cristo morreu por ele também (Deus quer dar a salvação para
você, que se acha justo, e também para o pior pecador do mundo. Ou não me é lícito fazer o que quiser do que
é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom? – diz o Senhor em Mateus
20.15);
5. Não creu que
é apenas o sangue de Cristo que lava/redime a pessoa do pecado, mas alguma obra
ou batismo ou heresia como reencarnação ou uma justiça que não seja a de
Cristo;
6. Não crê que
a salvação é recebida pela fé em Cristo, mas por alguma boa obra, ritual, batismo,
símbolo, experiência, etc.;
7. Está
tentando se justificar pelas obras ou sacrifícios ou méritos quaisquer que não
sejam os conquistados por Cristo na sua vida e pela sua morte;
8. Não se
integrou na comunidade do corpo de Cristo que é geralmente canal para a obra de
Deus, mas tenta ser um cristão sozinho que não confessa Jesus em suas obras,
louvor, testemunho e com sua boca;
9. Se você não
se enquadra em nenhuma situação acima, talvez você simplesmente não tenha
aceitado o dom da salvação, gratuito, disponível a todos pelo sacrifício de
Cristo. Rm 6.23: Porque o salário do
pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por
Cristo Jesus nosso Senhor. Por isso, ore a Deus em nome de Jesus, converse
com Deus a respeito disso, e se entregue a Ele: APÊNDICE A – Oração para Salvação.
E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo
o vosso coração. Jeremias 29.13.
Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da
terra; porque eu sou Deus, e não há outro. Isaías
45.22.
O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã. Salmos
30.5.
10.3.5 Acerca do
Mistério da Fé
O homem natural
possui uma necessidade de crer. O matemático Blaise Pascal afirmou: "há no homem um buraco na forma de Deus".
O homem natural é capaz de crer no que quiser, e quase sempre crê em algo para
tentar suprir sua necessidade de adorar. Mas, originalmente, o homem foi criado
para adorar a Deus. Todavia, não é capaz de crer uma fé verdadeira, pois a fé [verdadeira] vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Romanos 10.17). Nós cremos uma fé
de servo, uma fé inicial, mas o verdadeiro dom de Deus, a fé justificadora vem
do alto dos céus, pela Palavra de Deus que vai de encontro a todo homem.
O pecador é
chamado por Deus e é convencido e iluminado pelo Espírito que em nós habita. O
Senhor ilumina a todos quantos forem chamados para que não sejam salvos sem
provar, antes da regeneração, qual é a boa, perfeita e agradável vontade de
Deus, e não aceitar a Cristo com uma fé cega, mas Deus é quem dá a prova da
nossa fé – e aumenta a nossa confiança em Cristo – a todos aqueles que se
achegam a Ele. Simplesmente, Deus ilumina as pessoas para que elas aceitem o
evangelho com uma fé verdadeira, que vêm de Deus, e que confia e depende
inteiramente de Cristo para a salvação: A
fé é a prova das coisas que não se veem (Hb 11.1). Clamem a Deus, se o
Senhor é Deus, e se Deus é Deus, sirva-O. Se Baal é Deus, sirva-O. Deus é
verdadeiro e confirma a sua fé, quando buscamos, batemos e pedimos em
humildade, com coração quebrantado, até que Ele dê uma fé justificadora, uma fé
inabalável firmada na rocha que é Cristo, completando sua obra.
Cremos que uma
vez que Deus regenera o ímpio de acordo com Sua Boa vontade, e a mensagem do
evangelho demanda se arrepender e crer, tanto o arrependimento como a fé são
boas dádivas de Deus, de modo que o mérito é de Cristo pela graça do Espírito
Santo (Jo 3.27 O homem não pode receber
coisa alguma, se não lhe for dada do céu; Tg 1.17 Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai
das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação).
O Livro de
Concórdia (2016 apud Hodge, Charles, Teologia Sistemática, Hagnos, 2001) diz
que “Uns são salvos e outros não porque
alguns resistem e rejeitam a graça que é oferecida a todos, e outros não”.
Sabemos que o ímpio é sempre resistente em vida antes da regeneração parcial do
Espírito (pois antes da renovação do Espírito pela graça preveniente o homem é
como coluna de sal, como a mulher de ló, como pedra dura), e o eleito é aquele
que durante sua vida irá aceitar a Cristo e permanecer pelo Espírito Nele.
Sobre o dom
puro da fé, a Fórmula de Concórdia encontrada no Livro de Concórdia (2016), nos
esclarece:
Cremos, ensinamos e confessamos que
essa fé não é mero conhecimento da história de Cristo, mas uma espécie de dom
de Deus por meio de que reconhecemos retamente a Cristo nosso Salvador, na
palavra do evangelho e nele confiamos que somente por causa da sua obediência
temos, de graça, perdão dos pecados, somos considerados santos e justos por
Deus e somos eternamente salvos.
Armínio
considerava que a fé é o dom puro de Deus! (Armínio, Obras de Armínio, CPAD,
2015). Encontra-se no Volume I, Apologia contra Trinta e Um Artigos
Difamatórios, página 410.
John Wesley, que
também acreditava que a fé é um dom de Deus, baseado em Romanos 8.15 (Porque não recebestes
o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas
recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba,
Pai), parece nos indicar o processo da fé não salvífica, uma fé não
justificadora, uma fé anterior:
Romanos 1.17 (A justiça de Deus se revela no
evangelho, de fé em fé, como está escrito: o justo viverá por fé). O servo
de Deus que possui uma fé de servo, está sob o Espírito de Escravidão, não tem
o testemunho do Espírito Santo por causa do pecado, e não é justificado nem
nascido de Deus. Esse servo está sob o temor de Deus, sob o espírito do medo.
Wesley fala: Ele não é o precursor do
Espírito de adoção? Ele não está muito distante. Está perto de justificar!
Ou seja, falta fé justificadora aos que estão sob o espírito de escravidão, ou
seja, esse cristão ainda não recebeu o perdão dos pecados. Wesley continua: Exorte-o a insistir de todas as maneiras
possíveis até que passe de fé em fé, da fé de servo para a fé de filho; do
espírito de escravidão para o medo, e daí para o espírito de amor inocente. Ocorre
neste período da vida do crente o que está em Romanos 7, debaixo da lei, com a
dinâmica espiritual e psicológica apresentada. Todavia, um cristão verdadeiro
crê em Cristo de modo que o pecado não o domina mais. Quando Deus dá o
crescimento da fé, a fé de servo se torna a fé de um Filho de Deus
(cristianismo verdadeiro), de um servo que está sob o Espírito de Adoção, tem o
testemunho do Espírito Santo, é justificado e nascido de Deus. Esse servo não
possui mais dúvida nem medo (1Jo 4.18). A certeza é um componente integral da
fé cristã apropriada: Portanto, a fé de um filho é própria e diretamente uma
convicção divina por meio da qual todo filho de Deus é capacitado a testificar:
‘Agora vivo pela fé no Filho de Deus que me ama e se deu por mim’. E para quem
quer que tenha isso, ‘o Espírito de Deus testemunha em seu espírito que ele é
filho de Deus’. Collins, Kenneth, Teologia de John Wesley, 2010.
Baseado nos
escritos de John Bunyan, em Graça Abundante (2013) apud Torchlighters (2006). A
salvação é pela graça de Deus, pela bondade de Cristo, e não pela nossa. Nós podemos
não resistir e crer pela graça, mas Deus não nos salva porque nós não
resistimos e cremos (o que seria isso sem a Obra de Cristo?). A salvação é de
Deus! Deus nos salva pela bondade e pelo amor de Cristo, pela Sua Graça
Abundante! Ele é o Salvador! O que significa que Ele salva aqueles que não
podem se salvar. Cristo disse: “Venham a mim todos os que trabalham e tem um
fardo pesado, e eu lhes darei o descanso”. Se nós simplesmente pensamos que
podemos contribuir em alguma forma para a salvação, nós estamos dando estes
méritos, que levam à salvação, para nós ou para qualquer outro, mas não ao
Senhor. Assim, o Senhor não salva, pois uma parte de nós não dá toda a glória
da Obra da salvação ao Filho, ao Senhor Jesus, o autor e consumador da nossa
fé. Mas os méritos são do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Do Pai, pois
enviou o Filho, e nos levou ao Filho. Do Filho, pois conquistou a salvação. Do
Espírito Santo, pois aplicou esta salvação em nós.
Hernandes
Dias Lopes (2017) fala sobre a fé (Sola Fide):
A salvação não pode
ser pelas obras, pois se assim fosse, o homem precisaria ser perfeito. A lei
exige obediência completa (Lc 10.28). O padrão para entrar no céu é perfeição
(Mt 5.48). A Bíblia, entretanto, diz que não há justo, nenhum sequer (Rm 3.10).
Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3.23). A Escritura
chega a dizer que se você guardar toda a lei e tropeçar num único ponto, você
se torna culpado de toda a lei (Tg 2.10). Logo, pelas obras da lei é impossível
que o homem pecador seja salvo. De igual modo, a ideia de que o homem é salvo
pela fé associada às obras é um contrassenso. A salvação não é uma realização
do homem nem mesmo um esforço conjunto de Deus e do homem. O apóstolo Paulo é
enfático: “O homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei”
(Rm 3.28). E ainda: “Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de
vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9).
Em primeiro
lugar, somos salvos pela fé independentemente das obras (Rm 3.28).
Somos salvos não pela obra que realizamos para Deus, mas pela obra que Deus fez
por nós. Deus entregou o seu Filho. Ele morreu pelos nossos pecados. Sua morte
substitutiva satisfez as demandas da lei e cumpriu os reclamos da justiça
divina. Portanto, a base meritória da nossa salvação é o sacrifício de Cristo
em nosso favor. Tomamos posse da oferta da graça pela fé. Recebemos essa
salvação gratuita pela fé. A fé é a mão de um mendigo a receber o presente do
Rei.
Em segundo
lugar, somos salvos pela fé em Cristo e nele somente (At
16.31). A salvação não nos é dada pela fé na igreja, mas pela fé em
Cristo. Essa fé não é apenas assentimento intelectual. Até os demônios creem e
tremem (Tg 2.19) e eles não estão salvos. Também não é uma fé temporária,
apenas para as coisas do aqui e do agora. Muitos confiam em Deus quando
precisam de um socorro, mas terminado o problema, voltam novamente as costas
para Deus [ex. os dez leprosos de Lucas 17.12-19: dez curados, e apenas um
salvo]. Essa fé se dissipa como uma neblina, por isso, não é a fé salvadora. A
fé salvadora é uma confiança exclusiva na pessoa e na obra de Cristo. É confiar
somente nele para a redenção. A Bíblia é enfática: “E não há salvação em nenhum
outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens,
pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12).
Hernandes Dias Lopes
(2017).
10.3.6 Acerca dos
que Resistem ao Espírito Santo
Apesar de
Cristo ter morrido também por todos os homens (pois em um aspecto morreu por
todos, e em outro aspecto morreu pelos crentes eleitos), muitos não querem
aceitá-lo, mas resistem ao Espírito, de modo que a perdição é culpa do desprezo
do homem a Cristo, que oferece a sua graça a todos os homens pela Sua Palavra,
Evangelho que deve ser pregado a todos, para que muitos sejam salvos! Jesus deu
a vida pelos ímpios e pelos pecadores também (Rom 5.6)! Existem ainda aqueles
que possuem dons do Espírito e não foram salvos por serem resistentes. O
Espírito de Deus chama a todos para Cristo, ou seja, o Espírito testifica a
todos acerca do evangelho para que ninguém tenha desculpa no último dia, mesmo
os não eleitos.
Se o homem, contudo, não quer ouvir
a pregação nem ler a palavra de Deus, mas despreza a palavra e a congregação de
Deus e, assim, morre e perece em seus pecados, não pode confortar-se com a
eleição eterna de Deus, nem alcançar a sua misericórdia. Pois Cristo, no qual
somos eleitos, oferece a sua graça a todos os homens na palavra e santos sacramentos
[1] e, seriamente, quer que a ouçamos, e prometeu que onde ‘dois ou três’ ‘se
reunirem’ em seu nome e se ocuparem com sua santa palavra, haveria de querer
estar ‘no meio deles’. Livro de Concórdia, 2016.
Acerca da
citação acima, vale ressaltar que a Bíblia nos dá a entender com certeza que os
sacramentos não salvam (o que salva é a Palavra, pela qual vem a fé salvadora,
Romanos 10.17), por isso não cremos que os sacramentos salvam [1], como os
luteranos com seu batismo regenerador, mas cremos que somos claramente, sim, abençoados
pela obediência aos sacramentos, que são mandamentos do Senhor (ver as seções
11.1, 11.2 e 11.3 do livro, na 11 Doutrina da Igreja).
Todavia, quando tal pessoa despreza
o instrumento do Espírito Santo e não quer ouvir, não se lhe faz injustiça, se
o Espírito Santo não a ilumina, mas a deixa na escuridão de sua incredulidade e
permite que se perca. A esse respeito está escrito: “Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os
seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!”, Mt 23.37. Livro
de Concórdia, 2016.
O livro de
Concórdia (2016) afirma a mecânica da conversão, comentando Romanos 10.17, João
17.17,20 e Atos 11.14:
O Pai eterno clama do céu a
respeito de seu amado Filho e quanto a todos os que, em seu nome, pregam
arrependimento e perdão dos pecados: “a ele ouvi”, Mt 17.5.
Todos os que querem ser salvos
devem ouvir essa pregação, pois a pregação e a audição da palavra de Deus são o
instrumento do Espírito Santo, no qual, com o qual e por intermédio do qual ele
quer operar eficazmente, converter os homens a Deus e neles operar tanto o
querer como o efetuar.
A fé vem do ouvir a palavra de Deus
quando é pregada em sua “genuinidade e pureza”, ou pregada de modo “impermista
[genuíno, puro, simples, que não foi misturado] e puramente”.
Por esse meio, a
saber, a pregação e a audição de sua palavra, Deus opera, quebranta-nos o
coração e atrai o homem, de modo que, pela pregação da lei, chega ao
conhecimento de seus pecados e da ira de Deus e experimenta, no coração,
terror, contrição e pesar verdadeiros e, pela pregação e meditação do santo
evangelho do gracioso perdão dos pecados em Cristo, acende-se nele uma
centelhazinha de fé que aceita o perdão dos pecados por amor de Cristo e se
consola com a promessa do evangelho. E assim, o Espírito Santo (que opera tudo
isso [2]) é introduzido no coração. Livro de Concórdia (2016)
Deve-se
notar, quando a Fórmula de Concórdia diz que o Espírito Santo opera tudo isso
[2], que cremos numa sinergia acerca da fé salvadora. Deus nos dá o dom da fé pela
Palavra (ao que não resiste cf. Mateus 23.37), e nós cremos através desse dom,
conforme a própria outra seção do mesmo livro:
Cremos,
ensinamos e confessamos que essa fé não é mero conhecimento da história de
Cristo, mas uma espécie de dom de Deus por meio de que [nós]
reconhecemos retamente a Cristo nosso Salvador, na palavra do evangelho e nele
confiamos que somente por causa da sua obediência temos, de graça, perdão dos
pecados, somos considerados santos e justos por Deus e somos eternamente
salvos. Livro de Concórdia (2016).
Cremos que a
salvação engloba, depois da conversão, a regeneração ou novo nascimento (Tt
3.5, Jo 3), instantânea e uma só vez, pela nova vida de Cristo pelo Espírito
Santo em nós; e a justificação ao pecador (Rm 3.24) diante do tribunal de Deus,
instantânea e junto com a regeneração, pelos méritos de Cristo conquistados na
sua vida e na sua morte, pelo seu sangue (Rm 5.9), pela graça (Rm 3.24), tendo
a fé como meio (Rm 5.1), e não as obras da lei (Gl 2.16), quando o pecador
recebe o perdão dos pecados com declaração de inocência diante de Deus por
receber a imputação da justiça de Cristo em nós sem as obras (Rm 4.3-8), e
assim o Pai nos vê através de Cristo (somos revestidos de Cristo), resultando
em paz com Deus (Rm 5.1). A doutrina da dupla imputação fala que os nossos
pecados são imputados em Cristo, na cruz, e a justiça de Cristo é imputada a
nós, pecadores, quando cremos, tornando-nos justos e santos aos olhos de Deus. Não
somos justificados pelas obras para a nossa salvação. As nossas obras nada
alteram a nossa justiça. Baseado em Don Kistler (MacArthur
et al.), 2013, Justificação pela Fé Somente, com minhas palavras, “a nossa fé
em si não tem mérito, ela é apenas o meio. A própria fé se esvazia, para não
possuir nenhum mérito em si mesma, mas confiar inteiramente no Salvador.” O
mérito é de Cristo. Jesus é o Salvador!
Romanos 4.16 Portanto, a promessa vem pela fé, para que
seja de acordo com a graça...
Romanos 11.6 Mas se é por graça, já não é pelas obras; de
outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais
graça; de outra maneira a obra já não é obra.
Bunyan, em Graça
Abundante (2013), nos parágrafos 229 e 230, foi salvo quando Deus lhe deu uma
frase:
‘Tua justiça está no
céu’. E pensei assim ter visto, com os olhos da alma, Jesus Cristo à direita de
Deus; ali, afirmo, está a minha justiça. De modo que, qualquer que fosse o meu
lugar ou a minha ação, Deus não podia dizer que carecia da minha justiça.
Porque ela estava bem diante dele. Também vi, além disso, que não era a boa
atitude do meu coração que tornava melhor a minha justiça, nem a minha má
atitude que a tornava pior, pois a minha justiça era o próprio Jesus Cristo, o
mesmo ontem, hoje e para sempre (Hebreus 13.8). Então as minhas cadeias caíram
de fato dos meus pés, fui livrado da minha aflição e das minhas algemas, as
minhas tentações sumiram [...]. Voltei para casa exultante pela graça e pelo
amor de Deus. Bunyan, 2013.
Após a
regeneração e a justificação, ocorre, num verdadeiro salvo, que é um novo homem
criado em verdadeira justiça e santidade (Ef 4.24), uma santificação eficaz e gradual
(separação do pecado) que aumenta progressivamente, segundo o Espírito
santifica a pessoa não resistente (pois o Espírito a quer santificar!) ao longo
da vida (e assim a pessoa acha graça aos outros dando bom testemunho cf. Mt
5.16). Tiago, no cap. 2, complementa o fato de que, uma vez salvo, uma vez que Abraão
foi justificado pela fé (salvo), Abraão também foi, depois, justificado pelas
obras (obras após a salvação), uma vez que as obras são o fruto da fé, pois o
salvo pratica boas obras produzindo o fruto do Espírito Santo (Gl 5.22), as
quais o salvo não praticava antes de ser salvo (antes de ser regenerado e
justificado pela fé), pois apenas praticava o mal, e porque não possuía a
natureza de Cristo pelo Espírito.
Paulo e Tiago,
falando sobre justificação, escrevem sobre eventos diferentes na vida de Abraão:
Paulo, nas suas cartas, fala da justificação pela fé, em que ocorreu a salvação
de Abraão, acerca do evento de Gênesis 15.6 (E creu ele no Senhor, e imputou-lhe isto por justiça). Já Tiago
fala da justificação pelas obras em Tg 2.21-24, e escreve do evento de Gênesis
22, quando Abraão ofereceu a Isaque, obra que Abraão praticou depois de salvo!
Paulo combate e refuta
o erro dos que confiavam nas obras da lei mosaica como meio da justificação e
rechaçavam a fé em Cristo. Já Tiago combate o erro de alguns desordenados que
se contentavam com uma fé imaginária, descuidando das boas obras e se opondo a
elas. Por isso, Paulo trata da justificação pessoal diante de Deus, enquanto
Tiago se ocupa da justificação pelas obras diante dos homens. Lund e Nelson,
2007.
Uma vez salvo
(nascido de novo – regenerado, e declarado justo diante de Deus – justificado),
o salvo, como dito, passa por uma santificação inicial no ato da salvação e
começa a praticar o bem, ou seja, dar bons frutos para Deus. Desta forma,
depois de salvos, já tendo sido declarados justos e justificados pela fé para a
salvação eterna (o que é um ato e não um processo), nós somos justificados
continuamente pelas nossas obras de justiça (as quais não acrescentam em nada a
nossa salvação, mas recompensas eternas), e assim obtemos o favor e a aprovação
dos homens descrentes, que irão glorificar a Deus pelas boas obras dos crentes
(Mt 5.16). Todavia, nem por isso devemos nos gloriar diante de Deus. A
santificação é aperfeiçoada mediante a obra de Deus na vida de cada um até nos
tornarmos verdadeiros justos na glorificação na glória de Deus junto com Cristo,
onde receberemos corpos glorificados (Rm 8.17) na ressurreição do corpo (explicado
no capítulo de 1Co 15). Assim estaremos salvos, para sempre com o Senhor (1Ts
4.17-18).
O salvo é ainda
pecador pois continua tendo a natureza pecaminosa (1João 1.8 Se dissermos que não temos pecado,
enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós), porém é também justo
pois é revestido da justiça de Cristo (Gl 3.27). Assim, como disse Martinho
Lutero, o salvo é simultaneamente justo e pecador.
Veja que não é
fácil ou simples ser salvo, pois vemos que muitos estão na igreja há inúmeros
anos, e acham que são salvos, mas negligenciam a salvação, e não nasceram de
novo, pois percebe-se que não praticam o fruto do Espírito (Gl 5.22, Ef 5.9),
ou nem perseveram, uma vez que perseverança é a marca que define os verdadeiros
cristãos:
Cremos que só são crentes
verdadeiros aqueles que perseveram até o fim; que a sua ligação perseverante
com Cristo é o grande sinal que os distingue dos que professam
superficialmente; que uma Providência especial vela pelo seu bem-estar e que
são guardados pelo poder de Deus mediante a fé para a salvação. Convenção
Batista Nacional (2018).
Cremos que os pecadores são tidos
por justos unicamente pela obediência de Cristo; e que a justiça de Cristo é a
única causa meritória por conta da qual Deus perdoa os pecados dos crentes e os
considera justos como se tais tivessem perfeitamente cumprido a lei. Jacó
Armínio, Declaração de Sentimentos de Armínio, Obras de Armínio, 2015.
Prezados, a respeito da ordem da justificação e
regeneração, se primeiro ocorre a regeneração e depois a justificação, ou
vice-versa, decidi prudentemente ficar com a opinião de John Wesley nisto.
A respeito das pessoas que acreditam que a
justificação precede a regeneração, deixo as palavras de John Wesley e de
Collins, Kenneth (Teologia de John Wesley, 2010), que mostram o motivo pelo
qual a justificação não precede a regeneração:
Os cristãos “não devem
pensar na justificação nem falar dela como um substituto da santificação
[segundo Wesley, regeneração] nem devem pensar na santificação nem falar dela
como substituta da justificação” (Outler, Sermons,
p. 3:507). Por conseguinte, se esses dons da graça forem separados de tal forma
que, afinal, alguém pudesse ser justificado na ausência permanente da regeneração ou da santificação inicial, então, na
verdade, emergiriam problemas relevantes como o próprio Wesley percebeu à
medida que criticou, de forma precisa, Thomas Maxfield nestas linhas:
Não gosto de sua
depreciação da justificação, quer direta quer indireta, dizendo que uma pessoa justificada não está em Cristo nem nasceu de
Deus, não é uma nova criatura nem tem um novo coração, não é santificada
nem é o templo do Espírito Santo, que não pode agradar a Deus nem crescer em
graça. [Telford, Letters, p. 4:192].
A justificação, para
falar de forma apropriada, sempre ocorre com a regeneração, nunca ocorre uma
sem a outra. Collins (2010, p. 242).
Ou seja, os pecadores
são justificados e regenerados por meio da graça apenas pela fé. Collins (2010,
p. 266).
Já, outros, como o calvinista Wayne Grudem, dizem o
contrário: que primeiro os crentes são regenerados por Deus, e logo creem e são
justificados. Grudem (2010, p. 586-587): “É
natural entender que a regeneração vem antes da fé salvífica. De fato, é essa
obra de Deus que nos dá capacidade espiritual para responder a Deus com fé.”
E, depois da regeneração, ele, como bom calvinista, crê que ocorre a
justificação. Pode-se perceber que essa “ordo salutis” (ordem da salvação)
regeneração-fé-justificação é necessária para o calvinismo, mas no arminianismo
e nesta soteriologia a graça preveniente já capacita o pecador espiritualmente
para responder a Deus com fé de modo adequado, a saber, através da regeneração
parcial e da graça do Espírito Santo.
Concluindo, vejo que não preciso falar de justificação
nem um segundo antes da regeneração, nem de regeneração um segundo antes da
justificação, mas sim, como creu John Wesley, que a justificação e a
regeneração (novo nascimento) ocorrem sempre juntas: nunca ocorre uma sem a outra, e os
pecadores são justificados e regenerados por meio da graça apenas pela fé (Collins,
2010, p. 242 e 266).
10.4.2 Sobre a Graça de Deus
A palavra “graça” significa a pura misericórdia e bondade de
Deus manifestadas aos crentes sem mérito nenhum da parte deles
(Lund e Nelson, 2007).
A Graça de Deus,
em poucas palavras, é uma Graça Maravilhosa:
Graça Maravilhosa, quão doce é o
som
Que salvou um miserável como eu!
Eu estava perdido, mas agora fui
encontrado.
Eu era cego, mas agora eu vejo.
Foi a graça que disse ao meu
coração [começar a] sentir
E a graça aliviou meu medo
Quão preciosa foi que essa graça
apareceu [a mim]
[Na] hora que eu primeiro acreditei
Armínio (2015) diz:
Em referência à Graça Divina,
acredito que: (1.) É uma afeição gratuita pela qual Deus, tocado pelo amor, vai
em direção a um pecador miserável e, em primeiro lugar, dá o seu Filho, “para
que todo aquele que nele crê... tenha a vida eterna”, e, depois, Ele o
justifica em Cristo Jesus e por causa dele, o adota, concedendo-lhe direito dos
filhos, para a salvação.
Que esta graça de Deus é o começo,
a continuação e o fim de todo o bem; de modo que nem mesmo o homem regenerado
pode pensar, querer ou praticar qualquer bem, nem resistir a qualquer tentação
para o mal sem a graça precedente que desperta, assiste e coopera. De modo que
todas as obras boas e todos os movimentos para o bem, que podem ser concebidos
em pensamento, devem ser atribuídos à graça de Deus em Cristo.
Armínio, Jacó (2015).
10.5.1 Introdução
Cremos na
eleição e predestinação em Cristo, pela bondade do Pai, conforme seus
atributos, desde a eternidade, para sermos filhos adotivos e glorificados do Pai
conforme a imagem do Filho, sendo a eleição de Cristo, para Cristo e por Cristo,
com Deus na glória, e para louvor da sua glória, Rm 8.29-30, Ef 1.5,11-12. Todo
o processo de salvação anterior à glorificação é providência de Deus pela graça
e consequências da eleição por Deus Pai, através de Cristo, e do Espírito Santo
dos que Deus sabia que não resistiriam ao poder do evangelho de amor e do
Espírito Santo pela presciência divina. Deus conhece os seus que não resistiriam,
mas pela graça se arrependeriam, creriam pelo dom da fé e consequentemente
perseverariam pelo Espírito Santo. A estes Deus elegeu. A eleição tem como
objetivo glorificar todos os fiéis em Cristo para louvor da sua glória.
10.5.2 A Eleição no Ponto de Vista
Arminiano Reformado
Deus Pai decide
eleger, em Cristo, O Eleito cf. Isaías 42:1, antes da fundação do mundo,
aqueles que Deus anteviu que se arrependeriam, creriam e perseverariam através
da graça do Santo Espírito, somente pelos méritos de Cristo. O homem natural
não possui livre-arbítrio, nem bem algum, nem capacidade de crer. É o Espírito
Santo que vai ao encontro dessa alma em sua vida, pois o homem não pode buscar
a Deus. Pela graça preveniente / anterior / preventiva, Deus concede ao homem
depravado, irresistivelmente (ver seção 10.3.1),
um livre-arbítrio libertário, no processo chamado de regeneração parcial, 100%
efetuado pelo Espírito, em que renova seu intelecto-mente, vontade e emoções
cf. Rom. 7. Assim, uma vez que o homem começa a ser iluminado pelo Espírito, pelo
qual é convencido do seu pecado, justiça e juízo cf. Jo 16.8, pela Palavra
através do Espírito, o Senhor o chama para uma vida entregue a Cristo. O homem
ainda não faz o bem pois não nasceu de novo, não está liberto do pecado. Para
ser salvo, o homem que já é renovado (parcialmente) deve se arrepender e crer
pela fé, que é um dom de Deus, pela graça somente: todavia, é o homem que
decide se arrepender e crer voluntariamente (não resistir à graça de Deus que o
chama) e não é Deus que o força se arrepender e crer, ou seja, a salvação não é
irresistível, e a eleição é condicional, e não incondicional. Ainda que o homem
decida pelo livre-arbítrio seguir ao Senhor, esse desejo veio anteriormente pelo
Espírito, e não do homem, ou seja, é Deus puríssimo que opera tudo isso no
homem, e nada do que foi feito é atribuído a alguma capacidade humana ou
livre-arbítrio à parte da graça, visto que tudo vem de Deus, e também porque o
homem ainda é totalmente dependente da graça, e não pode fazer bem algum fora
dela (inclusive a fé é um dom, segundo Armínio). Como Deus quer salvá-lo, e
quer que as pessoas se arrependam e creiam no evangelho, não se pode dizer assim
que o arrependimento e fé têm sua origem (lê-se início) no homem, visto que a
fé vem pela Palavra (Rm 10.17), e também, se o Senhor já está convidando-o para
se arrepender e crer (e assim ser regenerado), o homem simplesmente deve
não-resistir a Deus, ou seja, aceitar o presente oferecido, como da mão de um mendigo
a aceitar o presente de um Rei. Por este raciocínio, o homem simplesmente não
resiste a Deus (pois de Deus vem a iniciativa para o homem exercer a fé e o
arrependimento), e Deus lhe dá o arrependimento e a fé, um dom pelo qual o
homem crê através da graça do Espírito, ou seja, o homem crê capacitado pela
graça do Espírito Santo. A Escritura diz que “Quem crer e for batizado será salvo, quem não crê já está condenado
(Mc 16.16); Esta é a palavra da fé, que
pregamos, a saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu
coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo (Rm
10.8b-10)” mostrando que a salvação é pela fé: “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo (Rm
10.13)”.
O homem é
justificado e regenerado monergisticamente (100% por Deus), e condicionalmente:
monergismo condicional (Forlines,
2001, p. 235). Isto pois a justificação e a regeneração são atos de Deus, e não
do homem. Uma vez salvos, assim como pela graça preveniente creem, pela graça
subsequente perseveram. Todo o bem que o homem faz durante toda a sua vida deve
ser atribuído a Deus. Armínio nunca ensinou que um verdadeiro crente pode tanto
cair totalmente, distanciando-se da fé e perecer (Obras, vol. 1, Decl.
Sentimentos, pág. 233). "Confiando em Cristo e não em suas próprias
forças" não é possível que sejam
seduzidos ou arrancados das mãos de Cristo; a graça é o início, a continuidade
e a consumação de todo o bem (pág. 232). Resumindo, ao que continuamente
não resiste ao Espírito, Deus faz tudo. Como todo bem vem de Deus (O homem não pode receber coisa alguma, se
não lhe for dada do céu cf. João Batista em João 3:27; Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai
das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação cf. Tiago 1:17), e
a salvação é um bem, conclui-se que a salvação vem 100% de Deus, e o
não-resistir do homem não faz a salvação arminiana não ser apenas pela graça de
Deus, ou seja, é pela fé, e pela graça, e por Cristo. O próprio mérito da
não-resistência humana é de Cristo, assim como o homem antes de possuir a
capacidade de não resistir ou de aceitar a graça oferecida (antes da
regeneração parcial) era totalmente depravado (o homem deve se lembrar que
totalmente depravado era, e que até a capacidade de aceitar a Deus pelo
livre-arbítrio libertário veio Dele, de modo que o mérito é Dele, e a glória é
Dele em todo o processo de salvação). Ainda que haja sinergismo acerca da fé
(cooperação Deus-homem), a salvação e todo o bem de Deus são de forma
monergista condicional. Por quê? Pois Deus faz tudo sozinho, mas há uma
condição, uma vez que a Escritura claramente fala que o homem pode resistir a
Deus (Jerusalém, quantas vezes eu quis e tu não quiseste cf. Mt 23.37), e
também fala que a fé é o meio de se receber a salvação (pela fé Ef 2.8).
Acerca da fé,
que é um dom de Deus (Ef 2.8), mas ao mesmo tempo, o homem crê (Jesus disse
repetidamente: “a tua fé te salvou”
em Mt 9.22, 27.42; Mc 5.34, 10.52; Lc 7.50, 8.48, 17.19, 18.42):
A fé é um dom ativado pelo homem (Olson,
2013).
Fé é chamada um dom porque não pode
ser exercitada sem a operação do Espírito Santo. Forlines (2001).
Cremos,
ensinamos e confessamos que essa fé não é mero conhecimento da história de
Cristo, mas uma espécie de dom de Deus por meio de que reconhecemos retamente a
Cristo nosso Salvador, na palavra do evangelho e nele confiamos que somente por
causa da sua obediência temos, de graça, perdão dos pecados, somos considerados
santos e justos por Deus e somos eternamente salvos. Livro de Concórdia (2016).
Até Hernandes Dias Lopes
afirmou que a fé é a mão de um mendigo a receber o presente do Rei (Lopes,
Hernandes Dias, 2017).
Além disso, eu
pessoalmente uso as expressões “descobriu que era eleito”, “foi escolhido por
Deus”, “eleito de Deus”, “eleitos por Cristo”, etc. Permito-me usar essas
expressões mesmo sendo arminiano, e com isso crendo que cada um de nós foi
eleito individualmente segundo a presciência – o que poderia ser o mesmo para
alguém que cresse apenas numa eleição coletiva – porque Paulo usa essa
linguagem, é bíblica. Já que Paulo usou, a linguagem é válida.
Vejamos Pedro:
1Pe 1:2 Eleitos (escolhidos) segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a
obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam
multiplicadas.
Somos
escolhidos por Deus! Individualmente (Armínio afirmou a eleição individual,
também, em último lugar na sua ordem da predestinação)! Forlines (2001): Pelo contexto da Escritura, parece para mim
que ‘nós’ [nos elegeu nele] em
Efésios 1:4 é para ser admitido como um grupo de pessoas que foram escolhidas
individualmente.
Eleitos
individualmente, sim, porém pela presciência. Alguma contradição? Nenhuma. Isso
pois, além disso, se Deus não criasse os meios para sermos salvos desde a
eternidade, se Cristo não morresse na cruz por nós, ou se Deus não nos levasse,
cada um de nós, à Palavra, ou se não nos sustentasse quando éramos ímpios
(quando Deus teve paciência conosco, esperando nossa conversão), nunca seríamos
salvos. Deus merece a glória da eleição. Soli Deo Gloria.
O livro de Concórdia
diz que a eleição de Deus é completa, não é só, simplesmente, questão de quem
crê ou não, ou de quem não resiste à graça ou não:
A eterna eleição de
Deus, porém, não só vê e sabe antecedentemente a salvação dos eleitos, mas, por
graciosa vontade e beneplácito de Deus em Cristo Jesus, também é causa que
cria, opera, ajuda e promove a nossa salvação e tudo o que ela pertence.
Neste seu conselho,
propósito e ordenação, Deus não só preparou a salvação em geral, senão também
graciosamente considerou e elegeu para a salvação as pessoas dos eleitos – cada
qual e todas – que devem ser salvas por Cristo e também ordenou que, da maneira
que [Deus] quer, por sua graça, dons e operação, fazê-los chegar a isso,
ajudar, promover, fortalecer e conservar.
Livro de Concórdia
(2016).
10.5.2.1 Pontos de Vista de Armínio a
Respeito da Predestinação
Deixo registrada nesta seção a
posição de Armínio (esta teologia concorda com Armínio nos seus decretos de
eleição à salvação), que defendeu as doutrinas da eleição e reprovação
individuais também, no seu quarto decreto. Citações retiradas de Obras de
Armínio (2015, p.226-227).
Primeiro decreto de Deus segundo
Armínio: Exaltação e eleição de Cristo, o Senhor dos Senhores, e único
Salvador:
I.
O primeiro decreto integral
de Deus a respeito da salvação do homem pecador é aquele no qual Ele decreta a
indicação de seu Filho, Jesus Cristo, para Mediador, Redentor, Salvador,
Sacerdote e Rei que deve destruir o pecado pela sua própria morte, e que deve,
pela sua obediência, obter a salvação que se perdeu, devendo comunicá-la pela
sua própria virtude.
Segundo decreto de Deus
segundo Armínio: Receber os crentes em Cristo e condenar os descrentes
corporativamente (alguns wesleyanos param aqui na doutrina da eleição, pois
creem apenas na eleição corporativa: não concordo).
II.
O segundo decreto preciso e
absoluto de Deus é aquele em que Ele decretou receber aqueles que se
arrependerem e crerem, e, em Cristo, por causa dEle e por meio dEle, para
efetivar a salvação de tais penitentes e crentes que perseverarem até o fim,
mas deixar em pecado, e sob a ira, todas as pessoas impenitentes e incrédulas,
condenando-as como alheios a Cristo.
Terceiro decreto de Deus
segundo Armínio: Isso é idêntico ao que a Igreja Luterana aceitou na fórmula de
Concórdia (página anterior): O livro de Concórdia
(2016) diz que a eleição de Deus é completa, não é só questão de quem crê ou
não, ou de quem não resiste à graça ou não, pois ela – a eleição de Deus – cria,
opera, ajuda e promove a nossa salvação e tudo o que ela pertence; Deus
preparou a salvação e ordenou a maneira da qual quer salvar os eleitos, por sua
graça, dons e operação, ajudando, promovendo, fortalecendo e conservando-os.
III.
O terceiro decreto divino é
aquele pelo qual Deus administra, de formas suficientes e eficazes, os
meios que eram necessários para o arrependimento e a fé; e tal administração é
instituída, (1.) de acordo com a Sabedoria Divina, por meio da qual Deus
sabe o que é apropriado e torna-se tanto a sua misericórdia e a sua severidade,
e (2.) de acordo com a Justiça Divina, por meio da qual Ele se preparou
para adotar tudo aquilo que a sua sabedoria possa prescrever, colocando-o em
prática.
O quarto e
último decreto de Armínio diz respeito à eleição individual.
IV.
A estes sucede o
quarto decreto, pelo qual Deus decretou salvar e condenar certas pessoas em
particular. Este decreto tem o seu embasamento na presciência de Deus, pela
qual Ele sabe, desde toda a eternidade, que tais indivíduos, por meio de sua
graça preventiva, creriam, e por sua graça subsequente perseverariam,
de acordo com a administração previamente descrita dos meios que são adequados
e apropriados para a conversão e a fé; e, do mesmo modo, pela sua presciência,
Ele conhecia aqueles que não creriam, nem perseverariam.
Antes da criação dos céus e da
terra, Deus Pai, Filho e Espírito Santo juntos planejaram e decidiram o que
fariam ao, por exemplo, criar a criação [1], permitir a queda [2], escolher um
povo [3], “exaltar” a Cristo dentre esse povo [4] como Salvador para o mundo
todo e, finalmente, “exaltar” todo aquele que crê em Cristo [5] para viver com
ele, desde essa vida, até o céu, quando morarão com Deus Triuno na eternidade.
Essa ordem é a que eu encontro na história da Bíblia. Abaixo dou
outra alternativa mais longa. A lista elaborada por Armínio diz respeito à predestinação
bíblica.
Já acerca da ordem dos decretos de
Deus concernente à salvação elaborada por Armínio, não creio que é conflitante
com essa do parágrafo anterior, ou seja, creio que a Bíblia dá vazão a essas
duas ordens dos decretos de Deus, um exclusivo sobre salvação e eleição (Armínio)
em que Cristo está logo no primeiro decreto, e essa outra sobre “criar,
permitir a queda, etc.”, que é a ordem que eu observo na progressão da história
na própria Bíblia. Creio que a Bíblia dá vazão a essas duas variantes de
decretos de Deus que possuem propósitos diferentes, e, na Sua mente, de algum
modo, creio que essas duas ordens estão intercaladas. E se Deus, antes de
proclamar com a Sua Palavra o primeiro decreto já sabia o que iria acontecer no
último desses decretos, antevendo a consequência do próprio decreto? E se os
decretos de Deus não ocorrem como as pessoas acham que ocorrem? Faz sentido que
Deus planejou os decretos em conjunto, pois um bom projetista faz um projeto
completo, não seria surpreendido no meio do caminho pela queda de Adão, por
exemplo, para ter que mudar o projeto e só depois de visualizar isso, por
consequência, decretar a Cristo como Salvador! Tenho certeza que Deus Pai
decidiu exaltar a Cristo do começo!
Deus, ao mesmo tempo, decretaria um
Projeto completo: [1] O mais importante, Deus Pai decreta exaltar a Cristo, o
Eleito. [2] O segundo decreto mais importante, eleger indivíduos com um certo
critério, em Cristo, pela graça do Espírito Santo, pela fé e para louvor da Sua
glória no Amado. Veja que [1] e [2] compreendem os 4 decretos da predestinação
de Armínio da seção anterior, pois são os mais importantes. [3] O terceiro
decreto mais importante seria criar os meios para eleger a Cristo sobre tudo e
sobre todos, e os fiéis e santos filhos Nele. Os meios seriam: [3a] Criação. Criar
o Universo, o Paraíso, os anjos, o homem, os animais e plantas, matéria,
energia e tempo, etc.: nessa condição, nesses lugares e com essa companhia é
que Cristo encarnado e os homens e anjos eleitos vão viver. [3b] Liberdade de
escolha e queda. Criar a Criação com livre-arbítrio, e com tudo o que isso
significa. Permitir a queda de alguns anjos e de toda a humanidade. Fazer consequente
separação dos justos e dos injustos (homens e anjos) pelo relacionamento direto
com Deus (Deus mesmo faz a separação) com destinos eternamente separados. [3c] Providência
divina na história em todos os aspectos necessários, inclusive para a plenitude
dos tempos em que Cristo veio e foi glorificado; providência divina na história
para Israel, e depois para a Igreja do Senhor até a consumação, etc.
Veja que nessa lista temos [1] e
[2], exaltação de Cristo e dos eleitos, como se fosse os 4 decretos da seção
anterior, e todo o resto é consequência disso [3]. Essa lista não é perfeita
nem é exaustiva.
Ainda que escrevemos essa lista razoável
de decretos de Deus, Ele não está na lógica, na racionalidade, na teologia, nem
na filosofia, Deus é completamente infinito. Creio que a mente do Senhor é
muito mais profunda do que racionalizar com efeito uma ordem dos decretos de
Deus como essa, ou qualquer outra ordem das muitas que existem. Isso é apenas
uma tentativa de, pela Palavra revelada, esquematizar racionalmente o que
poderia ter ocorrido na mente de Deus, qual a ordem, etc. Mas longe de mim
esteja achar na realidade que Deus pensou desse modo. Entendemos o operar de
Deus na história, compreendemos parte das doutrinas do homem, da salvação, das
últimas coisas, da igreja, dos anjos, do pecado e assim por diante, mas ninguém
acessa a mente de Deus. De fato, essas ordens de decretos divinos para mim batem
com a Bíblia, é isso o que creio que realmente ocorreu e ocorre. Mas longe de
mim esteja crer que Deus pensou dessa forma na Sua mente, como se pela Bíblia alguém
porventura lesse o oculto da mente de Deus. Não, nós não chegamos a seus pés,
imagina à Sua mente! Pela Bíblia conhecemos a Deus, conhecemos o que Ele
realmente é pelo que Ele tem nos revelado de Si mesmo, mas buscar qualquer
coisa além disso nesta terra, seja em filosofia ou teologia, é um caminho
tortuoso. Deus é o Altíssimo Deus, e seus caminhos são inescrutáveis (Rm 11.33,
Is 40.28, Jó 42.3)! Quem compreendeu a mente do Senhor (Rm 11.23, 1Co 2.16)?
Somente Jesus Cristo, o próprio Verbo, Poder e Sabedoria de Deus (1Co 1.24).
Amém.
10.5.3 Reflexão
Da perspectiva
de Deus, Ele elege antes da fundação do mundo aos que sabe que, durante suas
vidas, não resistiriam ao Espírito Santo – que convence o mundo do pecado, da
justiça apenas satisfeita por Cristo, e do juízo para com todos (convencimento
este que ocorre muito antes de arrependimento e fé). Deus dá chance a todos os
seres humanos crerem (o que é explicado em uma outra seção), e Ele o fez mesmo
sob muito sacrifício (morte do seu Filho), nos testando a todos com sua graça
resistível, ainda que porventura na Mente de Deus (ou seja, conhece todas as
oportunidades, e pensa em todas as possibilidades possíveis de existência),
para provar e descobrir o que está no coração de cada um, pois sabemos que o
evangelho não chega a todas as pessoas do mundo por meios naturais (muitos, mas
nem todos são chamados). Deus sabe tudo, inclusive o fim de vidas que ainda não
nasceram, não limitamos a Deus, mas Deus já conhece quem não resistirá a Ele e
será salvo, em Cristo, ligado a Ele por arrependimento e fé, que são dons de Deus.
Da perspectiva eterna de Deus, claro, Ele já tem o número dos seus escolhidos.
Já da perspectiva humana, dizemos que quem se arrepender e crer será salvo, e
quem crer (e consequentemente perseverar) descobre e manifesta a todos que é um
eleito, coisa que só Deus sabia anteriormente (pois a eleição é de Deus e não
do homem, e Deus é anterior ao homem), e tomará posse do sacrifício de Cristo,
que está disponível a todos, não resistindo à graça resistível.
A eleição é
condicional a Cristo, pois se ele não tivesse morrido em nosso lugar ninguém
seria eleito, e também porque dEle e por Ele e para Ele são todas as coisas (Rm
11.36), inclusive o critério da eleição: primeiro Deus elege a Cristo como O
Eleito (Is 42.1) antes da fundação do mundo (Jo 17.24, 1Pe 1.20, Ap 13.8), e
somente depois a nós como eleitos Nele, também antes da fundação do mundo (Ef
1.4).
Quem se esforça
buscando a Deus, vigiando, orando, lendo a Palavra e perseverando está
mostrando que é um eleito, e não devemos ser amedrontados pelo temor de não
termos sido eleitos, pois Deus recebe a todos que o buscam, e que se achegam a
Ele.
Se fosse pelo
caráter de Deus, todos seriam salvos (1Tm
2:4 Deus quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade). Mas como são poucos, eu não digo
que Deus deixou de ajudar e escolher os outros – perdidos – e condena-os
eternamente sem chance para seu propósito. Pois se poucos são salvos, então não
é uma salvação forçada por Deus - pois fere seu caráter de Amor – mas o erro é
do homem resistente.
10.5.4 Ligação
de Graça Resistível e Eleição Condicional com a Graça Preveniente do Espírito
Santo na Conversão
E por que digo
que a graça não é irresistível (e a eleição é condicional)? Simplesmente porque
existiram pessoas, como está escrito em Hebreus 6:4-6, e Mateus 7.21-23, a quem
o Espírito Santo de Deus deu dons espirituais e foram condenados ao inferno, e
que nós dizemos, concordando com John Bunyan, que Deus, através dos dons
espirituais, queria amolecer os seus corações para os salvar de fato, e não que
aqueles que até o bendito Espírito Santo de amor deu dons nunca tiveram
oportunidade de salvação por causa de uma escolha soberana do Pai (o que seria
contraditório).
Dizemos que o
homem resistiu ao Espírito Santo que o queria salvar. Dizemos que o homem abriu
um pouco o coração a Deus num ‘primeiro encontro’, tanto é que recebeu dons
espirituais. Todavia, mais para a frente, durante o processo de conversão (em
que a conversão ocorre antes do novo nascimento), não abriu o coração totalmente,
aceitando toda a vontade de Deus, negando-se a si mesmo por amor a Cristo
(estou usando a linguagem bíblica de Jesus, pois sabemos que ninguém faz bem
algum de si mesmo, mas apenas pela graça do Espírito Santo). Como a Escritura
mostra pessoas ‘no meio do caminho’ (simbolicamente falando) para a salvação
que não resistiram no início, mas mesmo assim não chegaram à regeneração, tal
como o servo que recebeu um talento do seu senhor pela graça preveniente do
Espírito (e conhecia o seu Senhor), e como as virgens loucas que possuíam
lâmpadas e um pouco de azeite (que possuíam uma medida de graça-azeite, vindo
também da graça preveniente do Espírito), a mesma Escritura permite pensarmos
que existe um meio termo entre o ‘início e o fim’ da conversão, um processo de
conversão que pode levar até anos, como já dito anteriormente, como o de John
Bunyan e o meu, no qual Deus concede uma medida de graça – tal como uma graça
preveniente – através do Espírito Santo, através cruz de Cristo, e da bondade
do Pai para aquele que ainda não chegou à verdadeira regeneração e justificação
a alcance, ou pelo menos tenha oportunidade disso.
10.5.5 Romanos
9, João 10.26, Atos 13.48 e Isaías
45.7
Acerca do
significado desses três capítulos que aparentemente contradizem outras
Escrituras. Estes textos foram decisivos para que o Senhor me fizesse crescer
em conhecimento, pois orei bastante a Deus pedindo sabedoria. Estes textos
foram decisivos para deixar a eleição incondicional em direção à eleição
condicional. Tenho que dizer que agora estes textos fazem todo o sentido para
mim.
1. O “ANEXO
C – Uma Análise de Romanos 9 por Jacó Armínio” explica um pouco do real
significado de Romanos 9 conforme o contexto de toda a epístola de Paulo.
Calvinistas interpretam literalmente Romanos 9 (escolheu Jacó para a salvação,
e reprovou Esaú, condenando-o não importa o que fizesse), e arminianos, alegoricamente
(escolheu os que são da fé – Jacó, rejeitou os que tentam se justificar pela
lei – Esaú), coisa que acredito estar alinhada com a Bíblia como um todo, como
Armínio expõe, e como eu tento expor neste capítulo.
Os arminianos,
baseados em Armínio, explicam Romanos 9 por um paralelo em Gálatas 4, que fala
do mesmo assunto de Rm 9, e explica esse assunto dizendo que isso é uma
alegoria: Gálatas 4.22-24 Porque está escrito que Abraão teve dois filhos,
um da escrava, e outro da livre. Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a
carne, mas, o que era da livre, por promessa. O que se entende por alegoria;
porque estas são as duas alianças; uma, do monte Sinai, gerando filhos para a
servidão, que é Agar.
2. Castanha,
Lailson (2010) explana sobre a rejeição de Deus para com os judeus, de tal modo
que explica João 10:26 “mas vós não credes porque não sois das minhas
ovelhas”:
A Bíblia é enfática na
ressalva de que ninguém pode ir até Cristo, se o Pai não o enviar. Mas é clara
também, no fato de que, apenas serão salvos os que crerem e se submeterem a
Cristo. Quanto ao número das pessoas que irão até Cristo, declarado nas suas
palavras, “Todo aquele que o Pai me dá virá a mim” (Jo 6.37), as
Escrituras afirmam: “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a
mim” (Jo 12.32). Sobre a vontade do Pai, em relação a essas pessoas, Jesus
afirma: “Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna”
(Jo 6.40a).
Sobre essa questão,
vários pesquisadores das Escrituras, teólogos, e debatedores livres, afirmam
que o fato de Jesus afirmar: “Mas vós não credes porque não sois das
minhas ovelhas” indica que existem pessoas que, por serem rejeitadas por
Deus, foram, por conseguinte, impedidas de crer.
Segundo eles, a ordem
estabelecida seria: Deus rejeita, por isso impede as pessoas de crer.
Quando Jesus
afirma: “mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas” (Jo
10.26), com isso afirmava que a prova que os tais não eram participantes
de seu rebanho, era a ausência de fé, não a impossibilidade dada por Deus de
que cressem, tanto que, por não crerem, foram censurados por Cristo. Se Eles
não fizessem parte das ovelhas, como parte de um plano específico de Deus, os
tais não seriam censurados. Não se pode ignorar que estas palavras foram
direcionadas à grupos de judeus que já tinham anteriormente desprezado a Jesus,
chegando, até mesmo a afirmarem: “Tem demônio, e está fora de si; por que
o ouvis?” (Jo 10.20 [mesmo capítulo]). Esses judeus tentavam Jesus, com
toda sorte de provocações e não criam em suas obras, ademais, rejeitaram a
Cristo acusando-o de proferir blasfêmias: “Não te apedrejamos por alguma
obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo”
(Jo 10.33).
As Escrituras não
afirmam que os tais judeus já foram rejeitados de antemão, pelo contrário,
sobre os judeus as Escrituras afirmam: “Veio para o que era seu, e os seus
não o receberam...” (Jo 1.11). Isso deixa bem claro, que os judeus citados
por Cristo, não estavam entre as suas ovelhas porque, anteriormente eles mesmos
(os judeus incrédulos) já o tinham rejeitado, e não porque Cristo
precedentemente os rejeitou. Muitos textos sacros evidenciam o fato de que o
próprio Deus encerra os insubordinados na desobediência e endurece ainda mais
os já antes duros de coração, que não acolhem o amor da verdade para serem
salvos, enviando a “operação do erro, para darem crédito à mentira; a fim
de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade, antes, pelo
contrário, deleitaram-se com a injustiça” (2Ts 2.10,11). Reflitamos também no
texto seguinte de Rm 1.28: “E, como eles não se importaram de ter
conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para
fazerem coisas que não convém”.
O grupo descrito por
Jesus como "não pertencente as suas ovelhas” ao contrário da ideia de ser
um grupo absolutamente rejeitado, fazem parte daqueles judeus descritos por
João, aqueles a quem Jesus viera, filhos da mesma Jerusalém que “que mata
os profetas, e apedreja os lhe foram enviados!”, sobre a qual Jesus expressou o
conhecido lamento: “quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a
galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não
quiseste!” seguido do severo juízo: “Eis que a vossa casa vai
ficar-vos deserta; Porque eu vos digo que desde agora me não vereis mais, até
que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor” (Mt 23.37-39).
Castanha, Lailson
(2010).
Essas
afirmações estão de acordo com o “espírito” deste livro, de tal modo que de
Deus, 40 anos depois, veio a condenação de Jerusalém pela mão dos romanos, ou
seja, esses judeus não eram ovelhas mesmo.
3. Para
interpretar Atos 13:48: “E os gentios,
ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos
quantos estavam ordenados para a vida eterna”, argumenta-se que a palavra
traduzida deste modo “ordenados” foi traduzida a partir da Vulgata Latina,
dando um sentido de eleição, predestinação: praeordinati em Latim na Vulgata,
ou preordenados em uma tradução literal ao português, quando o correto seria
dispostos ou preparados. Ocorre que o contexto não trata desse assunto de
predestinação: o contexto mostra Paulo e Barnabé pregando em Antioquia em duas
etapas (primeiro sábado, em At 13.14, e segundo sábado, em At 13.42,44). No
primeiro sábado, tanto judeus como gentios ouviram a Palavra e, aparentemente,
não houve conversão, mas as pessoas foram impactadas e estavam dispostas e preparadas
a ouvirem ainda mais sobre Jesus. Então temos a segunda pregação em que houve
um maior número de pessoas do que a primeira, especialmente gentios. E os
judeus, como sempre, não creram e rejeitaram a Palavra. Assim, vem o versículo
48: todos os que estavam dispostos à vida eterna.
O que confirma
este fato? Textos paralelos em Atos! Veja, que Atos 13:48b (e creram todos quantos estavam ordenados
para a vida eterna) deve ser interpretado à luz de outros textos, como Atos
2:41 e 17:11, que dão a entender que uma parte do crer, ser batizado, e receber
a Palavra, é receber de bom grado. Quem recebe a Palavra de bom grado está
disposto ou preparado para a vida eterna:
Atos 2:41 De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam
a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas,
Atos 17:11 Ora, estes foram mais nobres do que os que
estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a
palavra...
4. Acerca de Isaías
45:7 “Eu formo a luz, e crio as
trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas
coisas.”:
Contudo, o original hebraico possui
quatro palavras diferentes para o “mal”, e nem todas elas representam o
mal moral. Aqui a palavra hebraica utilizada é “ra”, que tem como um de
seus significados “calamidade” (Concordância de Strong, 7451). Essa
interpretação é ainda mais reforçada pelo contexto, que traça um contraste
entre paz e guerra, e não entre bem e mal. Se a tradução correta fosse por
“mal”, o texto estaria contrastando o bem e o mal, e ficaria assim: “eu faço o
bem e crio o mal”. Mas ele está em contraste com paz, o que significa que está
no contexto de batalha, pois o inverso de paz é guerra.
CACP (2017).
Para efeitos de
conhecimento, nada confessional ou doutrinário, escrevo abaixo. Acerca do
sentimento que tive quando eu acreditava na eleição incondicional (até 2018), e
depois na condicional, a partir de 2019:
Na primeira, eu
louvava a Deus por ter sido escolhido, mas não deixava de interceder pelos
outros que não aparentavam sinais de sua eleição ainda. De fato, é mais
especial e forte o sentimento de ter sido escolhido incondicionalmente do que
condicionalmente (ainda que ambos pela graça de Deus). E inquiria, mesmo que
inconscientemente, por que Deus não escolhia a outros - bom, uma batalha pelo
mistério da eleição.
Quando mudei,
com ajuda de irmãos da Faculdade Teológica da Trindade, para a eleição
condicional arminiana, o sentimento que tive não foi tanto a alegria de ser
eleito/escolhido (olhando para mim), mas contemplar o lado do outro, do meu
próximo, que TODOS têm chance de aceitar a graça, não resistindo ao Espírito, e
serem salvos... mas o homem em geral é mau, e, tendo liberdade de escolha
restaurada, despreza Jesus, despreza o Espírito, despreza o evangelho – essa é
a causa de não serem eleitos.
A sensação de
ser eleito incondicionalmente é especial (a reprovação de Deus fica sendo um
mistério oculto), e a sensação de ver que Deus dá chance para todos pela
eleição condicional é tão boa quanto essa, onde pode-se enxergar melhor a
unidade da Escritura como um todo centrada no amor de Deus, e a reprovação
condicional é baseada na vontade do homem alcançado pela graça preveniente do
Espírito, pela Palavra, que mesmo assim não quer deixar sua prática pecaminosa,
perdendo a oportunidade de salvação, endurecendo seu coração. Nestes se cumprem
a justiça de Deus.
Devo terminar
dizendo que é quase impossível, na minha opinião, para um calvinista (eleição e
reprovação incondicionais) responder adequadamente as 100 questões que ateus
fizeram (estão neste livro, depois da Conclusão), por causa das brechas
na sua teologia, e da falta de clareza de pontos essenciais da sua teologia,
caráter de Deus, onde alguns geralmente citam versos autoritários do fim de
Romanos 9.
10.5.6 Uma Defesa ao Arminianismo
Deixo duas
críticas, que eram minhas, e estavam na primeira edição deste livro (2018), com
suas respectivas respostas.
Crítica #1.
Ainda que minha escolha a Deus seja sem mérito, pois o mérito da salvação não é
meu, estranho é dizer que “Deus nos escolhe (em Cristo) sem mérito algum da
nossa parte por causa da nossa aceitação ou escolha a Ele”. Isso é uma
contradição que transcende a nossa compreensão.
R. Nenhum
arminiano que consultei soube explicar essa aparente contradição. Mas agora
entendo, lendo a seção 10.5.2.1, que isso não é uma contradição: Armínio
descreve seus quatro decretos referentes à predestinação: O Primeiro é sobre
eleger a Cristo, o segundo é sobre eleger/reprovar um grupo com certas
qualidades (eleição corporativa), o terceiro enuncia sobre os meios para isso,
e apenas o quarto decreto é a escolha de certos indivíduos para a salvação ou
danação baseado na fé e perseverança (eleição individual). Quando Cristo havia
conquistado a salvação (1ª decreto), ainda não havia os meios para fé (3º
decreto, posterior), portanto, os méritos da salvação são de Cristo. Quando eu
aceito o presente de Deus, como a mão de um mendigo estendida a receber um
presente de um Rei, isso significa: Para eu aceitar o presente de Deus
individualmente (4º decreto), estendo a mão como mendigo (3º decreto – meios
para aceitar), em Cristo (2º decreto), da salvação que o Rei já havia
conquistado antes (1º decreto). Como o primeiro decreto vem antes do segundo, o
segundo antes do terceiro, e o terceiro antes do quarto, a crítica “Deus nos
escolhe (em Cristo) sem mérito algum da nossa parte por causa da nossa
aceitação ou escolha a Ele” não faz sentido algum, pois supõe tudo ao mesmo
tempo, sem uma ordenação específica, ainda que Deus sabia o que ia acontecer no
quarto decreto desde o primeiro!
Portanto, Deus
nos escolhe por Cristo (2º decreto), e pelo Seu plano/meios (3º decreto), e não
por causa da nossa aceitação a Ele (o que é secundário, 4º decreto, posterior
ao 3º). Ou seja, não adiantaria eu crer e me arrepender
sem que Cristo morresse na cruz por mim anteriormente ou se o Espírito Santo não
nos regenerasse depois. Não adianta o mendigo estender a mão sem o Rei presente.
Nada aconteceria.
Nós não somos
salvos pelo nosso livre-arbítrio. Jesus é o Salvador! Se o livre-arbítrio e a
fé são o meio, isso é outro assunto, mas somos salvos e escolhidos por Cristo!
Claro que somos salvos/eleitos pela fé, mas quem é o autor da fé? Jesus. Então
somos eleitos primeiramente em Cristo, e depois pela fé.
Crítica #2.
“Minha última crítica ao arminianismo é que, se Deus elege ao que crê, quem crê
pode, talvez algum dia na sua vida, evangelizar outro falando assim: ‘Creia em
Deus, assim como eu fiz, e será salvo’. Essa parte, faça como eu fiz, não resista,
mas se arrependa e creia, coisa que o arminianismo fala que são as pessoas, ou
seja, a parte humana que o faz, dá chance para glória humana. ‘Eu cri, ainda
que capacitado pela graça, e por isso fui eleito’. ‘Faça como eu fiz e se dará
bem’. O que diz a Escritura? Efésios 2.8. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de
vós, é dom de Deus. Ef 2.9. Não vem das obras [1],
para que ninguém se glorie [2]; A Escritura parece dizer que Deus não
permite que ninguém se glorie para a salvação (v.9). ‘Como eu [arminiano] cri,
e o outro não creu, eu digo, faça como eu fiz’. Isto é glória própria para
salvação [2]. Então, voltando atrás no início do verso 9 [1], talvez dê brecha
para o raciocínio que diz que o se arrepender e acreditar pelo seu
livre-arbítrio seja alguma obra [não vem
das obras, para que ninguém se glorie], ou seja, talvez, se há glória
própria, será que vem das obras? Se existe uma chance de a teoria arminiana
estiver equivocada e manchada por glória própria, ou pelas obras, mesmo 1%,
isso deve ser levado em consideração”.
R. De fato,
essa crítica deve ser levada em consideração, pois se alguém se gloriar na
salvação – “sou demais” – mostra que não nasceu de novo. A glória é de Deus!
Sem ser humilde ninguém é salvo, como está em Mateus 5, é dos humildes o Reino
dos Céus.
Nenhum nascido
de novo é bom, apenas Deus. Ray Comfort gosta de perguntar às pessoas se elas
se acham boas. Quando algumas dizem sim, mostram que não são nascidas de novo,
não tem o conhecimento de que são pecadoras, e é pela graça de Deus em Cristo
somente que estão de pé.
10.5.7 O
Amor e Propósito de Deus versus a Eleição Calvinista
Acredito que
muitos calvinistas acusam a não-resistibilidade da graça, como defendida aqui,
de mérito humano. Porém, se não há responsabilidade humana alguma no processo
de salvação, não que a salvação não seja totalmente da parte de Deus, mas
expressando em relação à escolha de Deus, então não há verdadeiro amor
voluntário da parte de Deus. Pois se Deus nos constrange a amá-lo sem que
pudéssemos resistir, ao mesmo tempo de que algum réprobo ao nosso lado é
condenado sem condição alguma de aceitar a Cristo, isso não representa um
verdadeiro amor. Além disso, se Deus nos salva e não pergunta nada para ninguém,
e pelo mesmo impulso condena o injusto que criou, para que criar o injusto?
Para criar um vaso de barro para ter o prazer de destruí-lo (uma vez que não
deu chance para ele)? Ou, como mostra a parábola curiosa em Ricardo Reis, 2018,
Eleição por Graça, “mostrar aos outros
que é Deus forte, Soberano, através da condenação eterna dos vasos preparados
para perdição, para que seja temido por um ato terrível?” Será que Deus
cria algo e esse algo não é bom? Eu não creio nisso, pois tudo o que Deus criou
é bom, ou, pelo menos, tem/teve a possibilidade de alcançar o bem algum dia. De
acordo com a confissão de fé da Comunidade da Graça, 2018, o homem foi criado
para a glória de Deus: No Propósito
Eterno de Deus, que criou o homem à sua imagem e semelhança, para que este
expressasse a glória divina perante o universo, governasse toda a criação
implantando o Reino de Deus na terra e se multiplicasse para realizar o sonho
do coração do Pai: “ter uma família com muitos filhos semelhantes a Jesus”
(Gn 1.26-28). Assim, sendo o homem criado para Deus, a Queda de Adão, por
acaso, impediu o plano de Deus à humanidade, como este referido acima, uma vez que
Deus queria originalmente que todos fossem parte do plano de Deus na terra? Ou
não foi Cristo o Segundo Adão, que morreu para dar chance a todos e a cada um,
uma vez que a Queda levou a morte a todos e a cada um? Assim, mesmo depois da
Queda, o propósito de Deus foi o mesmo de antes, não frustrado, mas todos os
homens são criados na desobediência para com todos agir de misericórdia
(Romanos 11.32). Assim, o Deus da Bíblia age com misericórdia a todos os seres
humanos, e como disse Walls e Dongell, 2014, amar não é só suprir com bênçãos temporais
(graça comum), mas amar é dar oportunidade para a maior bênção, eterna, à graça
salvadora pois, se Deus ama, deseja o bem de suas criaturas caídas. Como disse,
se fosse pelo caráter de Deus, todos seriam salvos, conforme a Escritura em 1Tm
2:4.
As palavras de
Cristo dizem, e isto está acima de Calvino, Armínio e Lutero, aquele que não renuncia a tudo quanto tem
não pode ser seu discípulo. Se isso é mérito humano, talvez devamos ver a
teologia com olhos mais críticos, e voltar a confiar mais no Espírito da
Escritura.
Voltando ao
assunto do amor, realmente Deus amou a todos e a cada um com uma postura
salvífica quando enviou Jesus, o Cordeiro que morreu desde a fundação do mundo,
amou a todos e a cada um para a salvação das suas almas! Os calvinistas Peterson
e Williams (Why I am not an Arminian, 2004), no seu livro “Por Que Não Sou
Arminiano”, comentam sobre isso:
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna. O que motivou o Pai para mandar
seu Filho para morrer por pecadores foi seu grande amor. Calvinistas nem sempre
têm entendido corretamente João 3.16. Nós rejeitamos tentativas para limitar o
significado de ‘mundo’ aqui para ‘mundo dos eleitos’, por exemplo. É melhor seguir os passos de D. A. Carson (Carson, D.
A. The Difficult Doctrine of the Love of God. Wheaton,
Ill.: Crossway, 2000), que vê esse verso como indicando ‘a postura [stance] salvífica de Deus em relação ao
seu mundo caído.
Pode-se ver que
os autores, citando D. A. Carson, colaboram com o fato de que Deus Pai tem uma
postura de amor, salvífica, em relação a todo o mundo caído. Isso talvez comece
a iluminar muitos calvinistas para ver que Deus se importa com a salvação de
todas as suas criaturas caídas, que, de acordo com o bom entendedor, é o
espírito da Escritura e do evangelho.
O amor de Deus
é condicional ou incondicional?
Ambos. Falando
do amor de Deus para o ser humano, é fato de que a Trindade tem amor incondicional
por todos os homens com intenção de salvá-los em Cristo (amou o mundo, Jo 3.16),
porém aos salvos Ele ama com amor íntimo e especial, pois o seu amor, em João
14.21, é condicional: Aquele que tem os
meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será
amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele. Deste modo, Deus
ama intimamente aquele que tem os seus mandamentos e os guarda. Como apenas os
nascidos de novo podem guardar os mandamentos de Deus (não por si mesmos),
conclui-se que apenas os nascidos de novo são amados intimamente por Deus. Se
Deus amasse a todos, justos e ímpios com o mesmo amor, por exemplo,
incondicional, esse verso não faria sentido, pois fala de um momento em que “será amado de meu Pai, e eu [Jesus] o amarei”.
O amor íntimo
de Deus ao salvo não é um amor condicional de um modo que precisaríamos fazer
algo para merecer o amor de Deus, mas Deus nos ama intimamente por causa de
Cristo: é condicional a Cristo. Em Cristo e por Cristo somos amados.
10.5.8 Contra a Dupla Predestinação e a
Condenação de Bebês; Acerca da Salvação de Pessoas que Nunca Ouviram o
Evangelho
Esta seção está
dividida em alguns raciocínios separados entre si:
1. Acerca da
dupla predestinação (com a qual não concordo). Com minhas palavras, “se Deus
não quisesse salvar ninguém, Ele não seria injusto, pois todos merecemos o
inferno. Porém, como Deus salvou [forçadamente] alguns, ele mostrou a sua
misericórdia nestes vasos. Mostra sua graça e amor nos eleitos vasos de
misericórdia, e mostra sua ira e justiça nos reprovados vasos de perdição.
Assim, Ele é amor, e Ele é justo. Não foi injusto com ninguém”.
Esta
justificativa acima não parece concordar com o caráter e os atributos do Deus
da Bíblia. Deus não é apenas soberano. É amor, bondade e misericórdia também.
Para criaturas como nós, seres humanos, colocarmos o Senhor nosso Deus dentro
de uma caixa teológica como essa, nossa visão da Deidade com certeza estaria
com sérias incoerências. Por exemplo, o Deus Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo é
misericórdia e amor, justiça e bondade com todos, independentemente de uma
criatura ser boa ou má. Tanto é que somos conquistados por seu amor, e não por
sua ira. Ainda que nós sejamos maus, Ele sempre será Bom. Se um nascido de novo
deve tratar tanto os irmãos como os inimigos com amor, quanto mais Deus, que
ordenou através de Cristo o mandamento de amar uns aos outros e também aos
inimigos? Deus não será menos misericordioso, justo, bom e amoroso por causa da
criatura. Ele é imutável, e nenhuma criatura o fará mudar o seu caráter, ou o
seu tratamento cordial com os maus e com os bons. Ninguém tem maior amor do que
este: de dar a sua vida pelos seus amigos (João 15.13). Todavia, Jesus morreu
por nós, sendo nós ainda pecadores (Romanos 5.8), inimigos de Deus (Rm 5.10)!
A Bíblia diz em
Tiago 4.17 Aquele, pois, que sabe fazer o
bem e não o faz, comete pecado. Assim, é pecado alguém deixar de fazer o
bem a outra pessoa, quando isso poderia ter sido feito. A Bíblia, com sua lei
moral, com os mandamentos e com o amor de Cristo, compõe o retrato do caráter
do Deus Santo, que não pode pecar. Se dar oportunidade de salvação a todos é
uma boa coisa (o bem), e se Deus não se contradiz, logicamente Deus estaria
pecando se não desse oportunidade de salvação a todos, conforme a Sua própria
Palavra. Além disso, um filho de Deus que conhece a Deus daria a chance a outra
pessoa de conhecer o Senhor: e não é Deus melhor do que nós, não é Ele Perfeito
em Amor? Por essa lógica, Deus não age com misericórdia dando oportunidade
apenas a um grupo seleto, que seria dos eleitos, a crer no Senhor e chegar aos
pés de Jesus, mas o Pai leva a todos ao evangelho de Cristo para ter
misericórdia de todos (Rom 11.32), pois Deus não pode ir contra seu próprio
mandamento e deixar de fazer o bem, mas Ele traz pecadores incapazes a ouvir o
evangelho para que todos aqueles que aceitam a Cristo, que é a Palavra, achem
misericórdia e sejam salvos. Assim, conhecemos o verdadeiro caráter de Deus
encontrado na Bíblia, e num contato diário com o Espírito Santo, em humildade e
oração.
Jó 36.5: Eis que Deus é mui grande, contudo a ninguém
despreza [...]. Deus dá a chance da salvação a todos, e não despreza nenhum
pecador.
2. Acerca de condenar
crianças não-regeneradas que morrem na infância ao inferno. Contrariando isso,
a Confissão de Fé de Westminster expressa:
As crianças eleitas, morrendo na
infância, são regeneradas e por Cristo salvas, por meio do Espírito (Lc 18.15,16;
At 2.38.39; Jo 3.3,5; 1Jo 5.12; Rm 8.9 – todos estes textos comparados juntos)
que opera quando, onde e como quer (Jo 3.8). Do mesmo modo são salvas todas as
outras pessoas incapazes de serem exteriormente chamadas pelo ministério da
Palavra (1Jo 5.12; At 4.12). Confissão de Fé de Westminster, 1643-1649.
Assim, crianças
que falecem sendo ainda incapazes de entender a Palavra são eleitas. Deste modo
também algumas pessoas com deficiência mental podem estar incluídas neste
critério.
3. Olhe a
consequência da eleição calvinista. Piper, John (1983), em “Como um Deus
Soberano Ama?”, fala dos seus três filhos, que, todas as noites depois que eles
dormem, ele acende a luz da sala, abre as portas dos seus quartos, anda de cama
em cama, estendendo suas mãos sobre eles e orando. Muitas vezes é movido em
lágrimas de alegria e saudade. Ele ora pelos seus filhos para que Deus os
exalte e para que sejam sua mão direita no evangelho, deem a glória a Deus à
medida que eles crescem na fé [...]. Ele continua: “Mas não sou ignorante que Deus talvez não tenha escolhido meus filhos
por seus filhos. E, embora eu ache que eu daria minha vida pela sua salvação,
se eles se perdessem para mim, eu não me iria contra o Todo-Poderoso. Ele é
Deus. Eu só apenas um homem. O oleiro tem direitos absolutos sobre a argila.
Meu direito é me curvar sobre seu caráter impecável e acreditar que o Juiz de
toda a terra tem sempre feito e sempre fará o que é certo.”
Embora John
Piper seja, na minha opinião, um homem de Deus, o leitor pode perceber que a
consequência dessa eleição teórica calvinista é dura. É um fardo que,
convenhamos, muito provavelmente, não foi dado pelo Senhor. A Bíblia diz que se
ensinarmos o menino no caminho que deve andar (entenda, não ensinarmos às
crianças o caminho, mas no caminho, ou seja, andando junto com elas nesse
caminho, para que elas provem da graça de Deus), o Pai terá misericórdia delas
e as tem eleito. Jesus recebeu a todos os que chegaram perto dele, pode ver a
Escritura, Jesus teve misericórdia de todos quantos o Pai trouxe a Ele! E Deus
Pai leva a Jesus as almas pela Palavra! Assim, quando pregamos a Palavra aos
nossos filhos, somos vasos usados pelo Espírito de Deus para levar os nossos
filhos ao próprio Jesus! Deste modo, pelo evangelho, o Pai leva as almas a
Cristo! Inclusive quando o Pai toma um pai de família para, como vaso usado
pela Palavra, levar os filhos a Cristo. E Cristo recebe a todos quanto o Pai
lhe trouxer. E Cristo ama os meninos. E os meninos são humildes, ou seja,
recebem a Palavra! Mas Jesus, chamando-os
para si, disse: Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais, porque dos tais
é o reino de Deus (Lc 18.16). E a
vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que
me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia (Jo 6.39). Romanos 10.14 mostra o meio usual do Pai levar uma alma ao Filho: A pregação da
verdadeira Palavra de Deus, o evangelho genuíno: Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele
de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? Verso 17: De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir
pela palavra de Deus.
4. Como
evangelizar seu bebê ou criança pequena para que, quando crescer, o Senhor
confirme a sua eleição, que foi através da Palavra?
Primeiramente,
aquele que diz como se deve andar deve agir como tal. Não adianta evangelizar e
querer que surja efeito sem testemunho de vida, sem ser nascido de novo. O
nosso testemunho fala mais do que as nossas palavras.
Deixo este
trecho como modelo:
Deuteronômio 6:4
Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o
único Senhor. 5 Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. 6 E estas
palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; 7 E as ensinarás a teus
filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e
deitando-te e levantando-te. 8 Também as atarás por sinal na tua mão,
e te serão por frontais entre os teus olhos. 9 E as escreverás
nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.
Infelizmente,
alguns hoje acham que criança pequena não entende as coisas e vai evangelizá-la
apenas na pré-adolescência. Este é um equívoco tremendo. Invista no seu filho,
e a Palavra de Deus criará, no tempo certo, uma fé salvadora no coração dele.
Esta fé vence o mundo (1Jo 5.4). Esta fé resiste qualquer coisa: resiste
pecado, tentação, perseguição, morte cruel, fome, nudez, espada. Sei estar abatido, e sei também
ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto
a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer
necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece
(Filipenses 4:12,13).
5. Salvação de
pessoas que nunca ouviram falar do evangelho nos tempos do Novo Testamento ou
não conheceram o testemunho do Deus de Israel no tempo do Antigo Testamento.
Rm 2.13-16 Porque os que ouvem a lei não são justos
diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Porque,
quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da
lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; Os quais mostram a obra da lei
escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus
pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os; No dia em que Deus há de
julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho.
Os gentios, que não conhecem o pecado pela lei [mosaica], e assim não têm lei [divina
como base], fazem naturalmente as coisas que são da lei [de Deus – Bíblia], não
tendo eles lei [de Deus], para si mesmos são lei [norma, regra]. Os quais
mostram a obra da lei [amor ao próximo e a Deus, pois o fim da lei é o amor,
conforme Jesus disse] escrita em seus corações, através do conhecimento e do
senso comum da consciência, quer acusando-os, quer defendendo-os.
Complementando com Romanos 1.20 [Pois
desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e
sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio
das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis], se, pela
revelação de Deus na natureza crerem em Deus, o Criador, e seguirem a sua
consciência, serão justificados. Não serão justificados em suas vidas, mas no
dia do juízo (Rm 2.16 no dia em que Deus
há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho).
Serão justificados todos os que, com sinceridade, sem conhecimento da lei de
Deus, sem conhecimento da graça e do Nosso Senhor Jesus Cristo, pela graça
infinita de Deus, seguem as boas pistas da sua consciência que veio de Deus.
Estes, que obedecem à consciência, que obedecem aos dez mandamentos, que quando
erram se arrependem, sem conhecer o Senhor pela revelação especial (Palavra de
Deus), mas pela revelação natural crerem, serão salvos naquele dia. Se algum
desses ouvisse falar sobre a Palavra e sobre o Evangelho de Cristo, Deus sabe
que eles o aceitariam, pois escolhidos são de Deus. Ainda que falte, talvez,
pregadores e missionários, essas pessoas não deixarão de ir ao céu, pois Deus é
justo e bom, não ignorando alma nenhuma à perdição. Então, se alguém porventura
disser: “não mato, não roubo, não minto, não adultero... será que o Senhor me
aceitará no dia do juízo?” Não. Você que conhece a Deus, já ouviu falar na
Bíblia, e não o obedeceu em Cristo, não é como um deles. A salvação não é pelas
obras, obediência, rituais, sacrifícios ou caridade, é pela fé em Cristo.
Todavia, assim como, na minha opinião, o Senhor não condena bebês que falecem
ao inferno, ao Senhor também aprouve ter misericórdia de alguns dentre a humanidade
que nunca ouviu falar de fé, de Cristo ou de Bíblia. E isso significa salvação
pelas obras? Não, pois eles não são salvos-justificados nesta vida. E também, Porque dele [de Cristo] e por ele, e para ele, são todas as coisas;
glória, pois, a ele eternamente. Amém. Romanos 11.36.
Por que eu
coloquei este tópico aqui sobre a salvação de uma pequeníssima minoria? Pois,
assim como ocorre contra o calvinismo, em que muitos teólogos sentem-se mal com
a teoria da condenação de ímpios pelo mero conselho e determinação da parte
divina por parte da teoria calvinista, alguns também sentem-se mal ao pensar
sobre uma eventual condenação de uma pequeniníssima minoria que nunca ouviu
falar de Deus e do evangelho. Assim, sabendo que Deus é justo e bom, e não
condena ninguém injustamente, a consciência destas pessoas pode descansar em
paz sabendo que, por exemplo, mesmo sem missionário nas Américas até a época de
Cristóvão Colombo, creio que o Senhor certamente salvou alguns índios crentes
da condenação eterna, por Jesus Cristo (Rm 2.16), nosso Senhor.
Obras de
Armínio (2015, p. 301): Não é heresia nem
erro dizer: “Mesmo sem esses meios [a pregação da Palavra], Deus
pode converter algumas pessoas.”
Assim, também,
na ordem de Deus a destruir totalmente os cananeus, a vida deles na terra foi
terminada, mas creio que certamente alguns foram admitidos à vida eterna, e os
injustos, que já iriam à condenação eterna, simplesmente foram antes da hora
que esperavam. Quando Deus interrompe a vida de alguém aqui na terra, isso não
quer dizer que irá mudar o seu destino eterno. Se Deus recolhe algum jovem, por
exemplo, o destino dele traçado já durante sua vida simplesmente é alcançado
antes do tempo em que ele esperava. Não há injustiça da parte de Deus, que dá a
vida e tira a vida quando quer. Porém, se muitos rejeitam a Palavra, não
importa se morrerão jovens ou velhos, se a condenação permanece. Importa viver
o hoje, e hoje se converter dos maus caminhos, para que, ainda que Deus recolha
novo [Estêvão e Tiago], idoso de morte não natural [Pedro e Paulo] ou de morte
natural [João], esteja na multidão celeste adorando a Deus na outra vida. A
nossa vida é de poucos anos, geralmente uns 95 anos..., mas a eternidade é para
sempre. Imagine um “trilhão” de anos, com alegria, adoração e novidades todos
os dias que Deus nos surpreenderá. Se não for uma eternidade contínua, imagine
viver, no céu (quando falamos céu queremos dizer “novos céus e nova terra”),
modelando o espaço-tempo como bem entender com a capacidade que Deus deu! E se
for um momento de plenitude infinita, sem ter um tempo corrido, amém também!
Esta vida é um teste a todos, e Cristo venceu, e Nele somos mais do que
vencedores. E esta é a vitória que vence
o mundo, a nossa fé. 1Jo 5.4.
10.5.9 O Perfil dos Eleitos de Deus
Mateus 25.34-36,40
mostra que o perfil dos eleitos de Deus é ajudar o próximo, um cristianismo
prático, e não teórico:
Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde,
benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a
fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e
destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e
vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver [...]. E,
respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um
destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
Tiago 1.27
mostra que o verdadeiro cristianismo é a prática: A religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os
órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.
Aquele que fica
em teorias, que conhece e ouve a Palavra, mas não a pratica, não tem a sua casa
na rocha (Mateus 7.24-29).
Tiago 4.17 Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o
faz, comete pecado.
Mateus
5 fala o perfil dos eleitos de Deus:
Bem-aventurados os pobres de
espírito, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados os que choram,
porque eles serão consolados;
Bem-aventurados os mansos, porque
eles herdarão a terra;
Bem-aventurados os que têm fome e
sede de justiça, porque eles serão fartos;
Bem-aventurados os
misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
Bem-aventurados os limpos de
coração, porque eles verão a Deus;
Bem-aventurados os pacificadores,
porque eles serão chamados filhos de Deus;
Bem-aventurados os que sofrem
perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Mateus 5.3-10.
Os pobres de espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de
justiça, os misericordiosos, os limpos de coração, os pacificadores, e os
perseguidos são os elementos que se encontram nos verdadeiros cristãos, em
algum grau, pois uma árvore boa dá bons frutos (Mt 7.17)!
10.6.1 Evidência
da Perseverança #1: 1João 3.6,9
Cremos que uma
pessoa salva (uma vez que tem a natureza de Cristo) é, por natureza,
perseverante, vigilante, obediente a Deus (1Jo 5.4 Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória
que vence o mundo, a nossa fé), se arrependendo de todo deslize, pelo
Espírito que nela habita, que sempre a constrangerá para arrependimento. Quem
deixa a fé que tem (não-salvífica, crendo temporariamente cf. Lucas 8.13), ou
se não houver arrependimento; e quem deixa o "caminho da salvação"
mostra que não alcançou a verdadeira salvação, não sendo um salvo (entende-se
por salvo o cristão que é perseverante, pois todo nascido de novo tem o seu
fruto em perseverança cf. Lucas 8.15, é vigilante, justificado pela fé,
regenerado pelo Espírito e que anda em santidade contínua), e não provou que
Deus é bom, pois sua graça constrange a todo o homem. Devemos repreender o
jargão infeliz "uma vez salvo, sempre salvo", pois fica implícito
nessa frase que o homem poderia fazer o que quiser (ainda que isto não
correspondesse à vontade de Deus), e ainda morrer no pecado, e não ‘perderia a
salvação’. A realidade da Escritura é que o salvo persevera, vigia, é
obediente, não faz o que quer, mas o salvo pratica a vontade de Deus e não
permanece no pecado nem o pratica continuamente, nem morre no pecado (1Jo 3.9 Qualquer que é nascido de Deus não permanece
no pecado, 1Jo 3.6 Qualquer que
permanece no pecado não o viu nem o conheceu). Bíblia ACF 2011 SBTB.
Esse mesmo
verso citado acima nos mostra que aquele que permanece no pecado (apostata ou
peca continuamente) não viu, nem conheceu Jesus, pois não é nascido de Deus. O
que indica que não é uma salvação que foi perdida, como se tivesse conhecido
Jesus anteriormente, antes de o deixar. Mas a realidade é que nunca o viu, nem
o conheceu; a realidade é que nunca foi salvo, pois não praticou o fruto do
Espírito, fruto perfeito. ‘Nunca vos conheci, apartai-vos de mim, vós que
praticais a maldade’ (Mt 7).
1João 3.6 “Todo aquele que permanece no pecado não o
viu nem o conheceu.” Tem um pecado na sua vida que o Espírito lhe quer
santificar, e você não deixa a sua fornicação, a sua mentira, o seu adultério
no coração, o seu pensamento homicídio, o seu ódio? Nunca o viu nem o conheceu!
Se você tivesse Jesus no coração, não permaneceria no pecado!
Lund e Nelson, em Hermenêutica
(2007), explica 1Jo 3.9, nas páginas 62 e 63: João diz que, ao contrário desses
“filhos do diabo” que, por natureza, cometem pecado, os “filhos de Deus” não
podem viver pecando. Cada um se ocupa com as obras do próprio pai: os filhos de
Deus se ocupam em manifestar seu amor a Deus, obedecendo aos seus mandamentos
(1Jo 5.2); os filhos do diabo se ocupam em imitar o pai deles, que está pecando
desde o princípio. [...]. João afirma que os nascidos de Deus, tendo
repugnância e ódio pelo pecado, não podem pecar; quer dizer, não podem praticar
o pecado, ou continuar pecando, como indica o texto original. Em razão de terem
nascido de Deus, e aspirando, como aspiram, à perfeição moral completa, é
contra a nova natureza deles praticar o pecado: não podem continuar pecando.
10.6.2 Evidências
da Perseverança #2 - #12
2. Cremos que,
ao crer na perseverança dos santos, o salvo, uma vez que é regenerado, pode
resistir a graça apenas temporariamente, mas Deus acaba, com seu amor,
convencendo e sempre reconquistando com constrangimento as pessoas que são
verdadeiramente Dele, com a sua graça. Deste modo, nesse sentido, o salvo
deseja o bem, não se afasta de Deus de verdade, mas tem uma tendência não
forçada, mas espiritual, para praticar o bem. Uma árvore boa sempre dá bons frutos (Mt 7.16-19). Está dando
espinhos? Você não é uma macieira, ou uma jabuticabeira, mas um espinheiro! Não
é nascido de novo se permanece dando maus frutos!
3. Romanos 8.14
Porque todos os que são guiados pelo
Espírito de Deus esses são filhos de Deus. Esse verso nos mostra que somos
filhos de Deus, nascidos de novo tão somente se estivermos guiados pelo
Espírito de Deus. Não adianta achar que é filho de Deus adotivo por Cristo se
permanecerdes nos seus pecados ou se fizer continuamente a vontade da carne com
suas paixões.
4. Jeremias 32
fala da nova aliança, em que Deus vela pela preservação da nossa salvação: Jr
32.38 E eles serão o meu povo, e eu lhes
serei o seu Deus; 39 E lhes darei um mesmo coração, e um só caminho, para que
me temam todos os dias, para seu bem, e o bem de seus filhos, depois deles. 40
E farei com eles uma aliança eterna de não me desviar de fazer-lhes o bem; e
porei o meu temor nos seus corações, para que nunca se apartem de mim.
5. João 10 nos
mostra que as ovelhas de Jesus ouvem a Sua voz, ou seja, o seguem (inclui-se
nisso o ato de evitar o pecado). Jesus lhes dá a vida eterna, como Ele é a
vida, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da Sua mão. Será que esse
verso não é convincente o suficiente? Ninguém arrebatará o salvo da mão de
Cristo. Ninguém também arrebatará o salvo da mão do Pai: Meu Pai, que mas
deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.
João 10.27-29.
6. Romanos
8.31-39 fala que nada, nada, nada
poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus. Mas a própria
Bíblia não fala que o pecado separa o homem de Deus? Sim, porém, para o nascido
de novo (novo homem) o velho homem é passado, as primeiras coisas são passadas,
e até o pecado é ‘coisa passada’ para o nascido de novo (1Jo 3.6-9), isto é, o
pecado junto com a natureza pecaminosa é controlado e suprimido com o Espírito
Santo, que faz com que o salvo não viva pecando continuamente!
7. Em 2Co
10.4-5 (Porque as armas da nossa milícia
não são carnais, [...] e levando cativo todo o entendimento à obediência de
Cristo), Paulo dá a entender que o servo, com suas armas espirituais,
possui (ou deve possuir) todo o entendimento e obediência cativos em Cristo! Se
nós queremos fazer o que quisermos, se isso não corresponder à vontade de Deus,
não somos servos de Deus. O servo de Deus é livre do pecado (Jo 8.34-36), mas
não livre para fazer o que bem entender (carne), pois é cativo de Cristo pelo
Espírito! Assim, um salvo não é livre para pecar ou para apostatar da fé.
8. João 8
mostra que os filhos fazem o que fazem os pais (filho de Deus agrada a Deus,
filho do diabo agrada ao diabo, filho de Abraão faz as obras de Abraão):
Jo 8:38 Eu falo do que vi junto de meu Pai, e vós
fazeis o que também vistes junto de vosso pai. 39 Responderam, e disseram-lhe:
Nosso pai é Abraão. Jesus disse-lhes: Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as
obras de Abraão. 40 Mas agora procurais matar-me, a mim, homem que vos tem dito
a verdade que de Deus tem ouvido; Abraão não fez isto. 41 Vós fazeis as obras
de vosso pai. Disseram-lhe, pois: Nós não somos nascidos de prostituição; temos
um Pai, que é Deus. 42 Disse-lhes, pois, Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai,
certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo,
mas ele me enviou. 43 Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes
ouvir a minha palavra. 44 Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os
desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na
verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que
lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.
Desta maneira,
salvo faz, em geral, a vontade de Deus. Ímpio faz, em geral, a vontade do
diabo. Por isso, o salvo é cativo de Cristo, constrangido pelo Espírito, e não
pode apostatar da fé, porque Deus o guarda e há um amor mútuo entre Deus e o
salvo, e entre o salvo e Deus.
9. E deixo aqui
a “corrente de ouro” de Romanos 8.30: E
aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também
justificou; e aos que justificou a estes também glorificou. Esse verso nos
afirma que todos os que Deus escolheu antes da fundação do mundo ele chamou em
vida. Todos esses que chamou em vida, segundo o propósito (ver Rm 8.28b),
também justificou pela fé. E todos esses que Deus elegeu, todos esses que Deus
chamou segundo seu propósito (pois Deus já sabia quais eram eleitos, quais
resistiriam e quais aceitariam a graça), e todos esses que Deus justificou
também serão glorificados na vinda de Cristo. Portanto, se você é justificado /
regenerado, você é salvo. Se é salvo hoje (nascido de novo), será salvo
(glorificado – salvação final) na vinda de Cristo. O salvo não deve temer não
subir na vinda de Cristo, pois o salvo com certeza subirá na vinda de Cristo.
10. Raciocínio
muito simples, porém profundo. Como Deus, nosso Pai, sempre nos alimenta, nos
dá o que beber e nos veste (Salmos 37.25 “Já fui jovem e agora sou velho,
mas nunca vi o justo desamparado, nem seus filhos mendigando o pão.” e
Mateus 6.30-33 “Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que
beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios
procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas
coisas; Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas
coisas vos serão acrescentadas.”), certamente cuidará de sempre guardar a
nossa salvação, que é muito mais importante do que comida, bebida ou roupas,
Deus o sabe. Lembre-se: Não te deixarei, nem te desampararei, todos os dias da
tua vida (Josué 1).
11. 1Co 3:8b em
diante é mais uma evidência da perseverança dos santos. Raciocínio duplicado na
seção 12.18 (Galardão).
“[...].
Mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. 9 Porque nós
somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. 10
Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o
fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele.
11 Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é
Jesus Cristo. 12 E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro,
prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, 13 A obra de cada um se
manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e
o fogo provará qual seja a obra de cada um. 14 Se a obra que alguém edificou
nessa parte permanecer, esse receberá galardão. 15 Se a obra de alguém se
queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo.”
Os salvos são
edifício de Deus, e nesta construção o fundamento, que é a base, é Cristo, e
edificam (constroem) sobre ele com as obras. Os salvos fiéis durante toda sua
vida de cristãos constroem o seu edifício, em geral, com ouro, pedras preciosas
e prata: esse edifício permanecerá de pé sob o fogo e o salvo receberá
recompensa eterna, um grande galardão no céu. Os salvos não tão fiéis assim
durante toda sua vida de cristãos nascidos de novo (como Davi, que sendo
nascido de novo pecou e sofreu juízo de Deus por todo o resto de sua vida)
constroem o seu edifício em parte com materiais nobres e em parte com madeira,
feno ou palha: esses sofrerão detrimento (dano, perda) de parte do seu edifício
e galardão. O que sobra nesse salvo fraco na fé sem as obras na terra? O
fundamento, que é Cristo: esse também, já que é nascido de novo, vai pro céu,
com um galardão menor (ou nenhum). Claro que Davi recebeu um grande galardão,
não é disso que estou falando. Na realidade, mesmo que um nascido de novo tenha
muitas falhas, ele, por causa do fundamento, que é Cristo, ainda irá para o
gozo eterno, onde não terá mais choro, dor, tristeza, e onde estará com o
Senhor. Portanto, ainda que não receba recompensa ou galardão por algo feito na
terra, o nascido de novo, se realmente for um nascido de novo, e não um
descrente aventureiro na fé ou domesticado do pecado achando ser cristão
verdadeiro, será repreendido no tribunal de Cristo, porém verá a face de Deus
em alegria na glória. Por Cristo e em Cristo todos os nascidos de novo serão
glorificados.
12. Pequeno
sermão dado ao meu filho em Fevereiro de 2020.
Por que você
obedece a Deus hoje, depois de sua conversão? Qual o motivo? Bom, muitos
obedecem a Deus guardando os mandamentos para não irem ao inferno, ou com medo
de punição terrena, espiritual ou eterna. Isso está errado, implica indiretamente
que conseguimos guardar nossa salvação deste jeito. Mas não dá, nossas obras
não nos salvam. As boas obras que os homens fazem nunca salvaram ninguém. O
único Salvador é Jesus, que por seus próprios méritos, pagando o preço máximo
pelo pecado, isto é, a Sua morte, salva a todo aquele que nele crê (confia), e
muda de vida, do pecado para a santidade, pelo Espírito e pela graça de Deus. Portanto,
se a salvação não foi conquistada pelas obras de homens terrenos, ela não pode
ser perdida por obras de homens terrenos. Portanto, irmãos, se somos nascidos
de novo, nós obedecemos aos mandamentos de Deus por Amor a Ele, por causa Dele,
e pelo que o Pai, Filho, e o Espírito Santo fizeram a nós, especialmente nos
poupando do inferno, e nos dando a certeza que vamos para o céu, não importa o
que façamos (é claro que o nascido de novo não permanece continuamente na
prática do pecado (1Jo 3.6,9 ACF), mas tem uma vida de arrependimentos e
superações gradativas conforme somos moldados a ter os mesmos sentimentos que
Cristo Jesus). Assim, um nascido de novo não mais obedece a Deus para não ir ao
inferno (antes de ser nascido de novo é claro que reconheceu sua malignidade e
perdição eterna, esta por seus próprios pecados, e obedeceu com muito temor),
mas um nascido de novo obedece (ou deve obedecer) a Deus por amor. E, de fato,
essa também é uma estratégia para detectar se alguém é nascido de novo: Quem
obedece a Deus, através das virtudes que Paulo chama de o fruto do Espírito (e
não se desvia nem defende heresias de perdição etc.), é nascido de Deus. Assim,
se alguém vive uma vida de desobediências ou rebeldia, não obedecendo a Deus
continuamente, não é nascido de Deus. Alguém diz: Sou nascido de novo. Então
seja íntegro, por ex. não mentindo (não dirás falso testemunho, Êx 20) mas
cumprindo a sua palavra, eventualmente pagando o preço e aceitando a
consequência por ser um homem ou mulher de honra, sofrendo por amor à verdade
ao não mentir (fale a verdade mesmo com dano seu! O Senhor está no céu e te
vê!). É nascido de Deus? Então vista-se com honra, decência, pudor e modéstia.
É nascido de novo? Honre seus pais. Seja pacificador. Leia a Bíblia continuamente.
Ore continuamente, várias vezes ao dia. Não ore uma oração “vapt-vupt”, mas
converse com seu Pai que te alimenta, te deu tudo o que você tem, inclusive a
respiração e a família, prazeres e segurança. Converse com Jesus que nos
ensinou a verdade, nos salvou, e que sofreu sofrimento semelhante ao que você
está sofrendo. Converse com o Espírito Santo que te gerou de novo, que te deu
talentos e dons, que enxuga tuas lágrimas e que guarda tua salvação. Amém.
10.6.3 Certeza da
Salvação
Cremos que um
salvo (eleito) pode ter certeza da sua salvação. A primeira epístola do
apóstolo João tem como propósito que o povo de Deus tenha a certeza da
salvação, de maneira que propõe diversas maneiras de sabermos que estamos
salvos como crentes em Jesus Cristo (Bíblia de Estudo Pentecostal, 1995):
Temos a certeza da vida eterna
quando cremos no nome do Filho de Deus (1Jo 5.13);
Temos a certeza da vida eterna
quando temos Cristo como Senhor da nossa vida e procuramos sinceramente guardar
os seus mandamentos (1Jo 2.3-5);
Temos a certeza da vida eterna
quando amamos o Pai e o Filho, e não o mundo (1Jo 2.15);
Temos a certeza da vida eterna
quando habitual e continuamente praticamos a justiça e não o pecado (1Jo 2.29);
Temos a certeza da vida eterna
quando amamos os irmãos (1Jo 3.14);
Temos a certeza da vida eterna
quando temos consciência da habitação do Espírito Santo em nós (1Jo 3.24,
4.13);
Temos a certeza da vida eterna
quando nos esforçamos para seguir o exemplo de Jesus e viver como ele viveu
(1Jo 2.6);
Temos a certeza da vida eterna
quando cremos, aceitamos e permanecemos na Palavra da vida, o Cristo vivo (1Jo
1.1), e de igual modo procedemos com a mensagem de Cristo e dos apóstolos,
conforme o NT (1Jo 2.24).
Grudem (2010)
também nos informa do que pode dar ao crente a plena segurança:
Será que hoje confio em que Cristo
perdoará os meus pecados e me levará inculpável ao céu, para a eternidade? Será
que tenho no meu coração a fé de que ele já me salvou? Se eu fosse morrer hoje
à noite e comparecesse perante o tribunal de Deus, e se ele me perguntasse por
que haveria de me admitir no céu, será que eu pensaria nas minhas boas ações,
confiando nelas, ou sem hesitar diria que confio nos méritos de Cristo, com
absoluta certeza de que ele é o meu pleno Salvador? Grudem (2010).
Essa ênfase na fé presente em
Cristo contrasta com a prática de “testemunhos” que se verifica em algumas
igrejas, segundo a qual as pessoas repetidamente recitam detalhes de uma
conversão que pode ter ocorrido vinte ou trinta anos antes. Para ser autêntico,
o testemunho da fé salvífica deve estar atuante no presente. Grudem (2010).
A fé verdadeira
sempre vem acompanhada de boas obras após a salvação. Uma pessoa que foi salva
há tantos e tantos anos deve mostrar, no presente, o testemunho da fé
salvadora.
Existem muitas provas da obra
autêntica do Espírito Santo no coração da pessoa: Há a ação subjetiva do
Espírito Santo dentro do nosso coração, testemunhando que somos filhos de Deus;
Se o Espírito Santo estiver realmente ativo em nós, ele produzirá as virtudes
que Paulo chama de “fruto do Espírito” (Gl 5.22). Grudem (2010).
Quando sentimos
o Espírito Santo dentro de nós, testificando com nosso espírito que somos
salvos, eleitos... quando o Espírito Santo, por mais difícil que pareça a
situação, sempre está conosco e nos visita, nunca nos deixa, nos conforta, nos
abraça, cremos que é porque nos rendemos a Deus e somos Dele.
Outro tipo de fruto – a influência
da vida e do ministério da pessoa sobre os outros e na igreja. Há alguns que se
confessam cristãos, cuja influência sobre os outros só serve para desanimar,
arrastar para baixo, reduzir a fé e provocar polêmica e divisão. A consequência
da sua fé [...] é derrubá-los. Por outro lado, há aqueles que parecem edificar
os outros em cada conversa, cada oração, cada obra do ministério em que
colaboram. Disse Jesus: “Pelos frutos os conhecereis” (Mateus 7.16-20). Grudem
(2010).
Esse ponto
também é importante. Existem pessoas que parecem que são envoltas em um
sentimento ruim, e passam-se anos, e isso não muda. A consequência da fé não
salvadora deles é derrubá-los. Havia uma pessoa que conhecíamos, que toda vez
que a visitávamos, nos dizia alegremente: “Sabe quem pecou [dessa vez]?” Mas
isso é motivo de tristeza, motivo torpe de uma conversa, motivo para ficar
oculto e não espalhar “gritando nos telhados”. Provavelmente não eram nascidas
de novo naquela época.
Mas existem
pessoas que marcam a nossa vida: falam com amor, com cuidado. Agem com amor,
são íntimos de Deus na oração, pessoas benditas, destacadas entre os crentes,
que mudam como nós vemos a vida: essas pessoas têm evidências que são nascidas
de novo.
Outra prova da obra do Espírito
Santo é continuar a crer e aceitar o bom ensinamento da igreja. Aqueles que
começam a negar importantes doutrinas da fé dão graves sinais negativos a
respeito da sua salvação (1Jo 2.23-24, 1Jo 4.6). Quem conhece a Deus continua a
ler e a se alegrar na Palavra de Deus, e continuará a crer plenamente nela.
Aqueles que não creem e não se alegram na Palavra de Deus dão mostras de que
não são “da parte de Deus” (1Jo 4.6). Grudem (2010).
Jesus disse que
aquele que o ama guardará a sua Palavra. Portanto aqueles que não aceitam as
doutrinas fundamentais da fé cristã, como a inspiração, conservação e
inerrância da Palavra dão graves sinais negativos a respeito da sua salvação.
Não, a Bíblia não foi adulterada por Constantino (para esses digo: estudem
teologia, e voltem ao primeiro amor, deixem essa heresia). Deus preservou a Sua
Palavra a nós até hoje.
Outra prova de autêntica salvação é
a relação contínua e presente com Jesus Cristo (Jo 15.4,7). Esse permanecer em
Cristo implica não só a confiança cotidiana nele em várias situações, mas
também sem dúvida a comunhão regular com ele na oração e na adoração. Grudem
(2010).
Aquele que ora,
medita na Palavra e adora a Deus constantemente dá sinais de que tem uma
relação “autossuficiente” com Deus (soprada pelo Espírito), que não precisam
ser cobrados para orar e glorificar a Deus, pois já tem a chama do Espírito
dentro deles. Mas muitos que não tem costume de orar, congregar (ir à igreja) e
adorar frequentemente a Deus podem estar sendo enganados nisto.
Finalmente, um importante elemento
comprovador de que somos crentes autênticos se encontra na vida de obediência
aos mandamentos de Deus (1Jo 2.4-6). Quem exibe genuína fé salvífica, exibirá
também uma evidente obediência (ver também 1Jo 3.9-10, 24; 5.18).
Além disso, será que percebo uma
tendência constante de crescimento na minha vida cristã? O modo de confirmar a
vocação e eleição (2Pe 1.10, 1.5-7) é, então, continuar crescendo nessas
coisas: virtude, conhecimento, domínio próprio, perseverança, piedade,
fraternidade, amor. Grudem (2010).
A
vida cristã é um aperfeiçoamento contínuo, e o apóstolo Pedro, na sua segunda
epístola, no capítulo primeiro, nos informa sobre um princípio para o nascido
de novo, que escapou da corrupção que pela concupiscência [desejo carnal] há no
mundo:
2Pedro 1.3-11 Visto
como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo
conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude; Pelas quais ele
nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis
participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela
concupiscência há no mundo. E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência [esforço],
[depois de ter recebido a fé] acrescentai à vossa fé a virtude [poder], e
à virtude o conhecimento [pela Bíblia], e ao conhecimento a
temperança [moderação], e à temperança a paciência, e à paciência a
piedade [segundo Calvino (2018) piedade designa a atitude correta de um
homem para com Deus – é uma atitude que inclui conhecimento verdadeiro,
adoração sincera, fé salvadora, temor filial, submissão e amor reverentes], e
à piedade o amor fraternal [amor entre irmãos], e ao amor fraternal o
amor [amor no seu mais alto grau]. Porque, se em vós houver e
abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no
conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Pois aquele em quem não há
estas coisas é cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação
dos seus antigos pecados. Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme
a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis.
Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno de nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Esse é o modo
de confirmar o seu chamado, vocação, salvação e eleição no Senhor: crescendo na
fé. O nascido de novo sempre terá uma tendência de crescimento espiritual ao
longo dos anos. Pedro fala que a vida cristã, depois do novo nascimento, é uma
caminhada em que se pode crescer, e crescer muito! E o final deste crescimento
não é o poder (dons), mas o fruto do Espírito que é em amor! E o maior em amor
foi nosso Senhor, que disse: amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei.
O resultado dessas perguntas que
podemos fazer a nós mesmos deve ser uma certeza mais firme para os verdadeiros
crentes. Dessa forma a doutrina da perseverança dos santos será uma doutrina
tremendamente tranquilizadora.
Por outro lado, essa doutrina,
desde que corretamente compreendida, deve causar sincera preocupação, medo até,
no coração de todos os que “regridem” ou se desviam de Cristo. Essas pessoas,
[...] se deixarem de confiar em Cristo e de obedecer a ele em sentido de provas
exteriores, perdem a certeza da salvação e devem, portanto, considerar-se não
salvas, buscando a Cristo em arrependimento e rogando-lhe o perdão dos pecados.
Grudem (2010).
Se o leitor não
se encaixou no padrão das Escrituras, em que esse livro se baseou, mesmo se
tiver 30 ou mais anos de crente, deve buscar novamente o perdão dos pecados em
arrependimento e fé, até que o Senhor lhe faça dar frutos.
Mensagem da
Palavra acerca da Certeza da Salvação
Jo 6:29 Jesus
respondeu e disse-lhes: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que ele
enviou.
Amados o nosso
crer é obra de Deus e não obra de homem, assim como a fé é um dom de Deus e não
capacidade do homem. Deus quer salvar a todos, mas conforme a mesma Bíblia,
muitos são chamados, mas poucos escolhidos por Deus. Você irmão, irmã, nascido
de novo, zeloso pelas coisas de Deus, que não pratica as obras da carne
habitualmente, antes tem o prazer no Espírito Santo naturalmente, de acordo com
sua nova natureza, que sabe de onde veio e para onde vai, não tema. Se o
Espírito Santo testifica com o seu espírito que você é filho/filha de Deus, ou
se você tem inteira certeza que Cristo morreu no seu lugar, por você, na cruz,
pode ter certeza que essas duas coisas são sinais da sua eleição. Entretanto,
se você que lê essa mensagem não tiver alguma confirmação dessa ainda, saiba
que uma árvore boa dá bons frutos. Se você nasceu de novo, você sabe, sim, sabe
que era um espinheiro e agora é uma macieira espiritual, pois não dava fruto, e
agora pratica o fruto do Espírito Santo de Gálatas 5.22-23. Se você ainda assim
não tem alguma dessas confirmações que é nascido de novo e com certeza chegará
ao céu, digo-lhe: Ore, busque, peça, bata, persevere, vença, lute, humilhe-se,
e Deus te dará a confirmação com certeza, ainda que Ele precise te
'transformar' mais um pouco conforme a imagem do Filho nesta terra, e ainda que
a confirmação da sua eleição demore alguns anos para chegar. Deus é fiel e quer
que todos os seus escolhidos cheguem até o fim, como de fato chegarão na glória
de Deus.
Se somos
liberais muitas vezes não temos a confirmação da eleição, pois sem santidade
ninguém verá o Senhor; mas aquele que é separado para Deus tem mais intimidade
com Deus, pois o Senhor fica sendo o seu tesouro exclusivo.
Genesis 15.1
"Não temas, Abraão, EU SOU o teu grandíssimo galardão."
Não temas, irmã
e irmão fiel, o Senhor é o teu grandíssimo galardão. Se não, “venda” tudo o que
você tem.
10.6.4 Evidência
da Perseverança #13: Lucas 14.26-33
Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e
mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não
pode ser meu discípulo. E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após
mim, não pode ser meu discípulo. Pois qual de vós, querendo edificar uma torre,
não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a
acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a
podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, Dizendo: Este
homem começou a edificar e não pôde acabar. Ou qual é o rei que, indo à guerra
a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se
com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil? De outra
maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores, e pede condições de
paz. Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode
ser meu discípulo.
Se alguém
considera que é fácil obter sua salvação, tem que acreditar que pode ser
perdida. Nós sabemos da grande profundidade, complexidade, importância e
magnitude da salvação, e que muito mais do que aceitar a Jesus na frente de uma
igreja por uma linda mensagem evangelística deve ocorrer. Veja o custo de ser
um discípulo, acima: Lucas 14.26-33. A conclusão é: se alguém não renuncia 100%
de tudo quanto tem, mas 90%, não é digno de receber a salvação pelo Senhor,
pois não suportaria a provação e não perseveraria. Deus regenera apenas homens
com condição de, pela graça de Deus, perseverarem até o fim. Deus fez assim, e
Cristo explicou: Deus é tão sábio como esse rei que sabe se com um exército
menor, de dez mil, venceria o de vinte mil, tomando conselho. Enfim, Deus não
precisa de conselho, então, Deus não salva ninguém que não deixou tudo, pois
pereceria na guerra, mas salva aquele que é capaz de vencer a guerra de dez mil
contra vinte mil. Deus é como o edificador da torre que faz as contas dos
gastos antes, para ver se tem condição de acabar a torre, para que ninguém
escarneça dele. Bom, se Deus salvasse uma pessoa que não deixou tudo, se ela
não perseverasse, ou se a torre nela, com o fundamento que é Cristo, não fosse
construída, o servo pereceria, e Deus seria escarnecido. Todavia, Deus não se
deixa verdadeiramente escarnecer, por isso Deus faz as contas, desde a
eternidade, para ver se uma pessoa chamada pelo evangelho levará a cruz,
seguirá a Jesus e deixará tudo o que Deus requer que atrapalha a obra de Deus
na sua vida, seja casas, família, dinheiro, e assim por diante, pela graça do
Espírito Santo, e só a estes Deus salva, aos perseverantes e não resistentes em
Cristo Jesus. Assim, a salvação não pode ser perdida.
Mensagem aos
jovens de hoje baseada nesse versículo de Lucas 14.33:
Santificação
Amados jovens
que se chamam pelo nome de cristãos, ouvi-me. A geração hoje de jovens cristãos,
em geral, é descolada, praticamente faz tudo o que fazia no mundo, não precisou
deixar as coisas seculares que não são de Deus para serem frequentadores de uma
igreja, que tem muitas vezes festa junina gospel, às vezes balada gospel, às
vezes carnaval gospel... reúnem-se às vezes para ver filmes diabólicos como
filmes que pregam bruxaria, filmes de terror, shows seculares com mensagens
anticristãs como heavy metal, cantam no estádio junto com homens e mulheres
depravados em jogos (isso se não falam palavrões lá) e shows,
"evangelizam" no carnaval (tomara que não sejam
"evangelizados" por eles), flertam com o pecado, andam quase na
fornicação em namoros, um pé na igreja e um pé no mundo.... fácil ser cristão
assim. Mas Lucas 14.33 diz que quem não renuncia tudo o que tem não pode ser
discípulo de Jesus. Se não houve uma ruptura em seu modo de vida, em algum
momento de sua vida, de escravo do pecado para filho de Deus, de deixar de
praticar muitas coisas e mudar o seu estilo de vida: conversão... não houve
salvação. E não me venha com papo furado de: é cultura... Crianças e jovens,
sejam futuros homens e mulheres de oração, de intimidade com Deus, separados
para Deus!
Deus vos ama.
Amém.
10.6.5 Revelações
Divinas Acerca da Perda da Salvação
Muitos daqueles
que falam que a salvação pode ser perdida falam isso pois receberam revelações
divinas de Deus. Mas Deus chama na revelação as coisas que não são como se já
fossem (Rm 4.17):
Gn 20.3-6: Deus, porém, veio a Abimeleque em sonhos de
noite, e disse-lhe: Eis que morto serás por causa da mulher que tomaste; porque
ela tem marido. Mas Abimeleque ainda não se tinha chegado a ela; por isso
disse: Senhor, matarás também uma nação justa? Não me disse ele mesmo: É minha
irmã? E ela também disse: É meu irmão. Em sinceridade do coração e em pureza
das minhas mãos tenho feito isto. E disse-lhe Deus em sonhos: Bem sei eu que na
sinceridade do teu coração fizeste isto; e também eu te tenho impedido de pecar
contra mim; por isso não te permiti tocá-la.
Deus nos dá
esses alertas para nos impedir de pecarmos contra Ele (Gn 20.6). Aquele que
negligencia os sinais de Deus está mostrando que ainda não nasceu de novo. Deus
é Bom. Deus é Amor. Deus é Justo. A salvação não pode ser perdida, pois a Vida
é Eterna.
10.6.6 Pequena Fé
Ainda que a
nossa fé seja tão pequena quanto um grão de mostarda (pois sabemos que alguns
receberam mais fé do que outros), não é apenas pela ‘nossa fé’ que ficamos de
pé, mas também pela providência e pela graça e pelo poder sustentador de Deus
pelo Selo do Espírito Santo. Assim, mesmo que tenhamos pequena fé, se ela é uma
fé salvífica, justificadora, ainda que pouca, é uma fé que vence o mundo (1Jo
5.4). Temos sabido que todo aquele já
tendo sido nascido proveniente de dentro de Deus não está pecando, mas aquele havendo
sido nascido proveniente de dentro de Deus vigilantemente guarda a si mesmo, e
o Maligno não lhe está tocando. Bíblia LTT – Silva, Hélio de Menezes, 2017.
10.6.7 O Esfriar
na Fé
Coloco tal
seção aqui pois é notável que alguns cristãos esfriam na fé durante algum
percurso ou dificuldade nas suas vidas. Todavia, pode-se afirmar claramente
que, ainda que os últimos dias não sejam como os primeiros, se a pessoa que
esfriou não se desviar, e, mesmo que pouco quente, se tiver o testemunho de
Cristo e do Espírito Santo interiormente, não se desviará de fato, mas na sua
humilde fé irá à glória. Ou, será novamente aquecida durante sua vida mediante
o buscar a Deus em oração e mediante o avivamento do Senhor. Se alguém
realmente se desviar da fé, dá sinais que não nasceu de novo, que precisa de
transformação. Acreditem. O Senhor nos sustenta. Como Deus, nosso Pai, sempre
nos alimenta, nos dá o que beber e nos veste (Mt 6.25), certamente cuidará de
sempre guardar a nossa salvação, que é muito mais importante do que comida,
bebida ou roupas. Lembre-se: Não te deixarei, nem te desampararei, todos os
dias da tua vida. Grudem (2010) complementa: Pela perseverança dos santos, todos aqueles que verdadeiramente
nasceram de novo serão guardados pelo poder de Deus e perseverarão como
cristãos até o final da vida, e só aqueles que perseverarem até o fim realmente
nasceram de novo. Aqueles que acabam se afastando podem dar muitos sinais exteriores
de conversão.
O Senhor vela
pela nossa salvação! E ainda que esfriemos, por um pouco de tempo, nunca nos
desviaremos! Olhemos como atletas ao nosso grande galardão, e o estar mais
perto de Cristo na terra e no céu seja nosso motivo para ficarmos quentes,
fervorosos, cheios do Espírito. Assim, nunca perderemos o nosso galardão.
2Pe 1.3-8 (NVI) Seu divino poder nos deu todas as coisas de
que necessitamos para a vida e para a piedade, por meio do pleno conhecimento
daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude. Por intermédio
destas ele nos deu as suas grandiosas e preciosas promessas, para que por elas
vocês se tornassem participantes da natureza divina e fugissem da corrupção que
há no mundo, causada pela cobiça. Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar
à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; ao conhecimento o domínio
próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade; à piedade
a fraternidade; e à fraternidade o amor. Porque, se essas qualidades existirem
e estiverem crescendo em suas vidas, elas impedirão que vocês, no pleno
conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam inoperantes e improdutivos.
Pedro nos
exorta para que não nos deixemos ociosos ou estéreis no conhecimento de nosso
Senhor Jesus Cristo, pois, como dito na seção acerca disso, na 5 Doutrina do
Espírito Santo (5.5 Aplicação para nós hoje, depois de Pentecostes),
a fé cristã é uma caminhada progressiva, que deve-se crescer em santidade e
intimidade com Deus a ponto de parecermos mais com Cristo dia a dia, ou talvez
domingo-a-domingo. Paulo não ficou estéril ou ocioso também, mas disse: Sede
meus imitadores, como eu de Cristo. Os apóstolos foram exemplos para nós,
baseados no Nosso Senhor, nosso Deus perfeito. Sede vós perfeitos, como é
perfeito vosso Pai, que está no céu (Mt 5.48). É impossível ser totalmente
perfeito na terra, mas o que Jesus nos diz é para estarmos, em tudo, conforme a
vontade de nosso Pai celestial, com o coração segundo a vontade de Deus,
maleável ao Espírito Santo, se arrependendo rapidamente de todo deslize, em
humildade, temor e amor, pois o Senhor é Santo, ou seja, é uma perfeição
relativa, não absoluta. O ideal de Deus é que sejamos santos como Ele é Santo.
Todos
tropeçamos em muitas coisas (Tg 3.2), mas 2Pe 1.10 diz que quando procuramos
fazer cada vez mais firme a nossa vocação e eleição, não tropeçaremos (não
quero dizer perfeição absoluta, claro). Por quê? Porque assim, vigilantes, Deus
nos impedirá até de esfriarmos na fé, mas estaremos crescendo em fé, virtude,
conhecimento, temperança, paciência, piedade, amor fraternal, e amor ágape, ou
seja, sendo renovados sempre.
Importa
escrever algo a mais. Se algum nascido de novo se desviar temporariamente, e
pecar contra o Senhor, como fez o rei Davi com um adultério e um homicídio,
pode vir a sofrer a consequência do seu pecado em vida (o que se planta se
colhe – lei da semeadura), pode vir a sofrer também juízos temporais de Deus
para leva-lo ao arrependimento (o que pode estar junto ou não com a lei da
semeadura), e pode vir a perder parte do seu galardão, da sua recompensa
eterna, pois o galardão será dado conforme as obras de cada um. Se algum
nascido de novo peca gravemente, certamente será repreendido pelo Senhor, e
ouvirá a repreensão, cedo ou tarde. Pecando, suas obras não foram tão boas como
seriam se não pecasse tal grave pecado. Portanto, o salvo pode vir a perder o
galardão, mas não a salvação. Ninguém perderá todo o galardão no sentido comum
a todos no céu, pois todos andarão com o Senhor em alegria, paz, amor, vida,
união, de eternidade a eternidade, mesmo os que não receberem grande galardão.
Vou dar um
exemplo: se um nascido de novo comete um grave crime diante da lei civil, ele
deve primeiro se arrepender diante de Deus (confissão do pecado), depois se
entregar à polícia para ser, eventualmente, preso. Cumprirá a pena, e sairá, e
será livre novamente. A prisão pode ser considerada um juízo de Deus, usando-se
da autoridade. Embora saia da prisão, terá suas ‘cicatrizes’, pois terá sofrido
a consequência do seu pecado. Diante do juízo eterno de Deus, também, dará
conta do sangue derramado. Se até das palavras ociosas daremos conta no juízo,
imagine dos graves pecados? Portanto, que ninguém seja motivo de escândalo
pois, além de sofrer na terra, arcará com o juízo de Deus na vinda do Senhor, no
qual perderá galardão. Temamos a Deus. Deus é um Deus terrível, no bom sentido.
Deus é infinitamente Santo. Andemos em temor e tremor, na presença de Deus,
todos os dias das nossas vidas.
Devemos ainda
considerar:
Aqueles que acabam se
afastando podem dar muitos sinais exteriores de conversão: descrentes em
aparente comunhão com a igreja podem dar alguns sinais ou indicações exteriores
que os façam parecer cristãos verdadeiros. Por exemplo, Judas. Paulo também
fala dos falsos irmãos (Gl 2.4, 2Co 11.26). Alguns descrentes dentro da igreja
são falsos irmãos e irmãs enviados para perturbar a comunhão, enquanto outros
são simplesmente descrentes que acabarão alcançando a genuína fé salvífica. Grudem
(2010).
10.6.8 Explicando
Êxodo 32.33
Existem pessoas
que, baseadas em Êxodo 32.33, acreditam que Deus pode riscar nomes do livro da
vida, se pecarmos. Coloquei Apocalipse 22.19 para complementar.
Êx 32.33: Respondeu o Senhor a Moisés: "Riscarei
do meu livro todo aquele que pecar contra mim.
Ap 22.19 E, se alguém tirar quaisquer palavras
do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte
do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão
escritas neste livro.
Simples, Deus,
desde a eternidade, antes da fundação do mundo, sabe quem resistiria a Ele,
pecando contra o Senhor (ou tirando palavras do livro desta profecia), no
futuro distante, que é o nosso tempo, e Deus já o tem riscado do Seu livro,
desde a fundação do mundo, que é a eternidade, quando Ele elegeu a todos os
crentes em Cristo.
Apocalipse 17.8
mostra que os nomes no livro da vida do Cordeiro estão definidos desde a
fundação do mundo:
Ap 17.8 A besta que viste foi e já não é, e há de
subir do abismo, e irá à perdição; e os que habitam na terra (cujos nomes não
estão escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se
admirarão, vendo a besta que era e já não é, mas que virá.
Assim, Deus não
riscará nome de nenhuma ovelha do livro da vida, nem precisa acrescentar nome
algum de ovelha que se converte, pois Deus é Deus.
Hebreus
6.4-6 Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram
o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, E provaram a boa
palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, E recaíram, sejam outra vez
renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o
Filho de Deus, e o expõem ao vitupério.
Esse
trecho, se somente olharmos esses três versículos, parece obscuro. Mas olhando
o contexto, fica claro. Devemos começar pela perícope do final de Hebreus 5,
pois no original não havia divisão de capítulos:
Hebreus
5.11-6.8:
...porquanto
vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo,
ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros
rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de
leite, e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de
leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o
mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os
sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal. Por isso, deixando
os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até à perfeição, não lançando
de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, e da
doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e
do juízo eterno. E isto faremos, se Deus o permitir. Porque é impossível que os
que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram
participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e as
virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para
arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus,
e o expõem ao vitupério. Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes
cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe
a bênção de Deus; Mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, e perto
está da maldição; o seu fim é ser queimada.
Então, a Palavra interpreta a si mesma: Hebreus 5 diz que o público dessa
carta se fez negligente para ouvir as coisas mais complexas, e necessitam de
leite materno, leite racional, pois não está experimentado na fé, pois são
meninos e não maduros na fé. Hebreus 6 continua: Portanto, deixando os
rudimentos da doutrina (o básico, leite materno, no qual o público de Hebreus
está...) prossigamos até a perfeição.
O
autor de Hebreus diz que esse menino na fé pode ter dons de Deus, ser iluminado
pelo Espírito, ter provado as virtudes do século futuro, mas podem recaírem
também, como a porca ao espojadouro de lama e como o cachorro ao vômito como
disse Pedro, pois a fé não é uma fé justificadora. Esse menino na fé (como uma
criança de 4 anos, não mais, pois não come mantimento sólido) está provando dos
primeiros passos na fé, conhecendo a Cristo, e leva um tempo para a pessoa ser
salva pelo Senhor com uma fé justificadora. Os que provam leite materno podem
apostatar da fé, mas as pessoas que são verdadeiramente experimentadas com a
graça de Cristo não podem mais apostatar da fé.
Hebreus
10 continua com o mesmo assunto, falando com pessoas não experimentadas na
graça, sem conhecer profundamente o Senhor, mesmo com dons espirituais e
experiências, conhecimento e virtude:
Não
deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos
uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.
Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento
da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, Mas uma certa
expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os
adversários. Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só
pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós
será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o
sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?
Hebreus 10:25-29
Acerca
do final de Hebreus 10: De quanto maior castigo cuidais vós será julgado
merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da
aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça? Hebreus
10:29
O
que isso quer dizer? Fala da perda da salvação? Sim, da perda da oportunidade
de salvação de uma pessoa que bebe leite materno, menino na fé, que começou
pela graça a se separar dos costumes e práticas mundanos (algo como uma
santificação inicial na conversão), que ia hipoteticamente ser salva, mas que
deixou a fé, abandonou a congregação, etc.
Como
pode ser isso? Ora, todo aquele que se achega perto do Senhor recebe uma medida
de graça pela graça preveniente do Espírito, que chega a todos, neste caso
derramando dons e conhecimento da Palavra, para que essa alma se renda a Deus,
não resistindo ao Espírito Santo, e seja mais para frente salva, justificada,
de modo que Romanos 8.30 diz que todos os justificados serão glorificados
(todos os salvos alcançarão a salvação final). Mas se aquela pessoa, talvez um
aventureiro da fé (ainda provando a fé), talvez um domesticado do pecado (sem
arrependimento genuíno), depois do primeiro contato com o Espírito, joga tudo
ao alto (os dons recebidos, o conhecimento, a virtude, a Palavra, a
congregação), ou seja, abandona a fé não salvadora que tinha, está blasfemando
do Espírito Santo que veio pela graça preveniente que veio através do sangue de
Jesus na cruz do Calvário! Está pisando no Filho de Deus, e não pode mais ser
chamado para arrependimento. Mas, a todos que têm arrependimento, podem ainda
ser salvos, pois se há arrependimento é Deus puríssimo chamando a alma de volta
para si. Cremos que enquanto há vida há esperança, já que não sabemos quais
pessoas estão nesse estado de um anticristo de 1João (saíram de nós, mas não
eram de nós).
E
João 15? Fala da perda da salvação?
Vejamos
o trecho inteiro de João 15.1-7:
1.
Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.
2.
Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto,
para que dê mais fruto.
3.
Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado.
4.
Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não
estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim.
5.
Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito
fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
6.
Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os
colhem e lançam no fogo, e ardem.
7.
Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo
o que quiserdes, e vos será feito.
Se
alguém não estiver em Cristo será lançado fora e irá à condenação eterna (João
15.6), pois a salvação é somente em Cristo. Agora, João 15.2 (toda vara em mim
que não dá fruto a tira) está falando daqueles que são chamados pelo evangelho
pela graça preveniente. Muitos são chamados em Cristo mas poucos são
escolhidos, poucos não resistem ao Espírito Santo, e perseveram até o novo
nascimento. Foram chamados a Deus, receberam uma medida de graça pelo Espírito,
talvez dons espirituais, iluminação, virtudes do século futuro, mas não deram
fruto, pois não nasceram de novo, mas perderam sua fé não salvífica ao
desistirem de Cristo em suas vidas com a perseguição conforme a parábola do
semeador. Foram arrancados da videira e perderam a oportunidade de salvação.
10.6.10 Acerca do Aceitar Jesus e uma
Exortação à Verdadeira Salvação
Muitos
acham que é fácil ser salvo. “Venha aceitar Jesus!”, depois de uma linda
mensagem evangelística. “Arrependa-se e confie em Cristo como seu Salvador!” –
Isso, de fato, é verdade, bom e necessário. Todavia, muitos vão aceitar a Jesus
sem saber que são pecadores; muitos se batizam sem saber que a salvação é pela
fé e não por caridade ou obras; muitos vão aceitar Jesus e nem sequer fazem uma
oração de fé com eles, mas apenas o pastor ora.
Muitos
vão aceitar Jesus, mas não sabem que Jesus é Deus! Muitos vão aceitar Jesus,
mas não sabem (!!) que devem renunciar a tudo (100%) quanto tem que Deus requer
que atrapalha sua vida (Lc 14.33); renunciar a toda a sua vida pecaminosa (Atos
2.38; 3.19); carregar a sua cruz até a morte (Mt 10.38); negar-se a si mesmo
(Mt 16.24); amar mais a Cristo do que o seu namorado, sua mulher, seu dinheiro,
seus bens, seus prazeres, e mais do que a si mesmo (Mt 10.37), pela graça do
Espírito Santo. Quem não faz isso não é digno de mim, disse o Senhor (versos
acima)!
É
a Bíblia, não é a minha teologia, quem diz isso. É Cristo quem falou essas
palavras. Agora, você realmente acha que o simples fato de “aceitar a Jesus”
realmente salva? Não, por si só. Muitas coisas têm que acontecer por Deus na
vida de alguém para que ela renuncie a tudo (mudança de 180 graus), e assim,
sim, ser salvo a aceitar a Jesus (confessar seu arrependimento e fé a Deus, em
oração).
Parece
impossível para um ser humano normal deixar tudo para o Senhor, perseverar,
renunciar, carregar seu fardo até a morte, negar-se a si mesmo, amar mais a
Cristo do que tudo. É mesmo impossível para o homem natural, porém o que é
impossível aos homens é possível para Deus. Graças a Deus pela graça do Seu
Espírito Santo que opera isso em nós, os não resistentes.
Se
os pastores falassem tudo isso acima, mais da metade dos que aceitaram a Jesus
iriam voltar para casa sem aceitar Jesus (Duro
é este discurso; quem o pode ouvir, Jo 6.60). Mas aceitaram e muitos não
foram salvos (Jo 6.66 Desde então muitos
dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele). Na época
do Novo Testamento, era diferente. Aceite Jesus, e provavelmente será mártir (carregar a sua cruz, como Cristo carregou,
podia significar uma morte dolorosa). Só aceitava quem estava disposto a
tudo (Lc 21.16 e matarão alguns de vós).
A salvação é como vender tudo para, com alegria, adquirir o tesouro no campo
escondido, sabendo que é a coisa mais preciosa:
O Reino dos céus é como um tesouro
escondido num campo. Certo homem, tendo-o encontrado, escondeu-o de novo e,
então, cheio de alegria, foi, vendeu tudo o que tinha e comprou aquele campo (Mateus 13.44). Tem
que vender tudo o que impede, senão não é digno do Senhor (Mt 10.37-38)!
Conclusão:
Muitos se acham salvos, mas não são. Muitos são irmãos na igreja, mas uma
porcentagem pequenina é nascida de novo. Muitos são teólogos sem o Espírito
Santo.
Olhe
o relativismo na doutrina da salvação. Os pais comem legumes, os filhos comem
legumes. Muitos pais confiam na igreja para ensinar seus filhos sobre Deus, mas
eles mesmos perdem os filhos para Satanás pois a educação, a verdadeira
doutrina, dura, sobre o pecado, graça, salvação, cruz de Cristo é para ser
pregada em casa, e vivida no amor e paz do fruto do Espírito Santo, e na guia
da Palavra de Deus, e no temor a Deus. Se a escolinha das crianças ou Escola
Bíblica Dominical é fraca, e se porventura os pais confiam (o que é errado) a
educação espiritual dos filhos a eles, os filhos serão ímpios.
Assim,
se renunciarmos a tudo, como Ele requer, certamente o Senhor não permitirá que
ninguém pereça e perca sua salvação. Todavia, os renovados pela graça
preveniente, iluminados pelo Espírito, antes de serem nascidos de novo, podem
recair, perder a fé, e perder a chance da salvação, voltando-se o cão ao
vômito, e ao pecado voluntário (Hb 10.26), em que não há chance de
arrependimento (Hb 6.4-6), e o que resta é uma certa expectação horrível de
juízo. Graças a Deus, Ele é Bom e, enquanto há vida, cremos que há esperança,
com sincero arrependimento e humilhação do pecador. Este parágrafo é bem
trabalhado também nas seções 9.8 Graus
de Pecado e 9.9 Apostasia.
Regozijem-se,
ó Servos de Deus que pelo Espírito se abnegaram para o Senhor os salvar. Eis
que a vossa salvação e o vosso galardão estão guardados em Deus!
Ai
daquele que come legumes, que pensa: “Ai de mim que sou fraco! Se o inimigo me
tomar num futuro distante, e eu perder a minha salvação!”. Por isso, digo,
durma em paz, ó cristão, durma em paz sabendo que “Nunca de Deixará nem te
Desamparará” (Josué 1). Deixe esse fardo pesado que a teologia “liberal” lhe
deu, e tome o fardo leve de Jesus, estando em obediência ao Espírito e à
Palavra.
Serão
introduzidas duas subseções importantes teologicamente. A primeira subseção
pode ser vista também como uma continuação de 10.6 Perseverança dos Santos.
10.7.1 Panorama da
Salvação
Os quadros a
seguir são etapas do processo de salvação, em que apenas não está incluída
nisso a glorificação, e nessas etapas pode-se ver que o Pai, o Filho e o
Espírito Santo têm o mesmo intento: Dar a chance da salvação por amor a todos. As
passagens bíblicas colocadas são para um primeiro contato da ideia mencionada
com as Escrituras, elas não estão colocadas para encontrar um raciocínio
profundo na Palavra, pois não há espaço nesta seção. Com muita humildade
escrevemos sobre Deus.
Antes
da fundação do mundo (eternidade)
Cristo morre
antes da fundação do mundo e é exaltado como o Eleito (Is 42.1, 1Pe 1.20);
-Cristo se
sacrificou com uma morte substitutiva pelos escolhidos, os justificados (Isaías
53);
-Cristo toma a
culpa de toda a humanidade (culpa que veio de Adão) sobre si na sua morte
tirando os impedimentos à conversão de cada uma das pessoas (Rm 5.18), ou seja,
da expiação de Cristo a todos é originada a Graça preveniente – graça anterior
à salvação, especial, a todas as pessoas;
O Pai elege aos
seus Em Cristo antes da fundação do mundo (Ef 1.4), colocando seus nomes do
livro da vida do Cordeiro (Ap 17.8);
O Pai, o Filho
e o Espírito Santo amaram a todos e a cada um através da Sua Criação e da Obra
de Cristo (1Jo 4.11, Jo 3.16).
Na vida de cada
um (presente)
O Pai leva a todos
à Palavra, pelo Evangelho, chamando a todos a Cristo (Rm 1.8), por quaisquer
meios necessários;
O Espírito, que
veio para não nos deixar órfãos, sustenta a todos pela Sua Graça (Jo 1.9,
12.32), que vai às pessoas que invocarem a Deus (Jr. 29.13);
O Espírito
Santo pela graça preveniente vai de encontro a todo o homem (Jo 12.32),
removendo-lhes da depravação total irresistivelmente (Rm 7), restaurando-lhes a
capacidade de não resistir ao Espírito Santo (ou de aceitar a graça oferecida,
através de uma mente, emoções e vontade renovados – livre-arbítrio libertário
restaurado).
Ao Nascido de
Novo
O Pai confirma
a eleição desse filho de Deus para a vida eterna, uma vez que a alma não
resiste a Deus, mas se arrepende (2Tm 2.25 a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para
conhecerem a verdade) e crê pelo dom da fé (Ef 2.8) através da graça do
Espírito Santo.
O Pai opera a
justificação pela fé, ou seja, a justiça de Cristo é imputada sobre a pessoa
aos olhos de Deus (Rm 1.17);
O Pai tira suas
vestes sujas, veste-o de vestes brancas, e o faz triunfar sobre Satanás que o
acusava (Zc 3.1-5);
O Filho: A alma
se apropria da morte de Cristo por ela (nesse aspecto, apenas aos eleitos),
substitutiva, que resulta sempre em justificação de vida (1Pe 2.24, Is 53.11);
O Filho lava os
pecados dessa alma com o seu sangue vertido na cruz (1Jo 1.7, Ef 1.7);
A Palavra
(Cristo) dá o dom da fé a essa alma, para que essa alma creia através do dom de
Deus (Ef 2.8, Jo 17.20, Rm 10.17);
O Espírito Santo
aplica a salvação em nós, quando nos regenera, operando o novo nascimento (Tt
3.5);
O Espírito
Santo sela essa alma de modo que é propriedade sua, Seu templo (1Co 3.16, 6.19);
O amor de
Cristo nos constrange para arrependimento pelo Espírito Santo, 2Co 5.14, Rm 5.5;
O Espírito
Santo mora em nós e, assim, temos a natureza de Cristo em nós (Fp 1.19);
O Pai adota
como filho de Deus adotivo por Cristo (Rm 8.15), sem arrependimento (Rm 11.29);
O Pai leva a
situações e forma o futuro de forma que a pessoa não seja tentada além do que
pode suportar (1Co 10.13);
O Pai leva a
situações e forma o futuro de modo especial para o bem dos que amam a Deus (Rm
8.28);
O Pai cumpre a
Palavra que diz que todos os justificados serão glorificados (Rm 8.29);
O Pai assegura
que nenhuma ovelha será retirada das mãos dele (Jo 10.28);
O Filho
assegura que nenhuma ovelha será retirada das mãos dele também (Jo 10.29);
O Espírito
selou a alma para o dia da redenção (Ef 4.30), e é a garantia (penhor) de que
chegaremos à glória (2Co 1.22);
O Espírito
começa uma obra progressiva de santificação até que sejamos a completa imagem
de Jesus na glória (Rm 8.29);
O Pai, o Filho
e o Espírito Santo amam essa alma intimamente (amor forte e íntimo, Jo 14.21);
Compreendemos a
graça maravilhosa que perdoa um miserável como nós (Rm 7.24-25);
Compreendemos o
imenso amor do Pai, do Filho e do Espírito para nós (Ef 3.18-19), e queremos
compartilhar essa mensagem conforme o mandamento (Mc 16.15);
Somos filhos de
Deus e, por isso, obedecemos ao nosso Pai (Jo 8.42,44), pelo Espírito que em
nós habita, e pela natureza de Cristo (2Pe 1.4);
A natureza de
Cristo supera a natureza pecaminosa, ou seja, o Espírito supera a carne (1Jo
3.6,9). Se somos guiados pelo Espírito, somente assim somos filhos de Deus (Rm
8.14);
O Espírito
Santo testifica que somos filhos de Deus (Rm 8.16).
Quando erramos
O Pai leva a
situações para que compreendamos nosso pecado para arrependimento (Rm 2.4);
O amor de
Cristo nos constrange para arrependimento pelo Espírito Santo (2Co 5.14, Rm
5.5);
O Filho nos
lava com Seu sangue (Ef 1.7, 1Jo 1.7), e nos dá vestes brancas novamente (Ap
3.5);
Deus impede que
um salvo permaneça em pecado (1Jo 3.6,9).
Acerca da
última afirmação: Deus impede que um salvo permaneça em pecado. Deus
verdadeiramente impede, e é bom que o crente acate a boa e justa repreensão de
Deus, que repreende e castiga a todos os que ama, pois, senão, talvez descubra
que nunca nasceu de novo. Com a repreensão e com o julgamento de Deus, por
exemplo, se Deus falar que alguém está indo ao inferno, e essa pessoa achar que
é eleita, salva, e pisar na admoestação do Senhor, certamente se cumprirá a
Palavra do Senhor e essa alma será condenada. Todavia, com grande
arrependimento, prudência para acatar os conselhos do Senhor, humilhação e
mudança de vida, como ocorreu com o Rei Manassés, a revelação de Deus não se
cumpre, e a alma não é condenada, pois Deus é um Deus perdoador e
misericordioso, que não condenou Nínive pela pregação de Jonas, mas, com o seu
grande arrependimento, o Senhor voltou atrás e não trouxe juízo a Nínive.
Vou dar um
exemplo. O Senhor mostrou meu filho, quando ainda estava engatinhando, caindo
de uma escada de uns 14 degraus numa casa que ele frequentava quando eu estava
cuidando dele. Bom, acatei a advertência, dobrei o cuidado, e o meu filho não
se machucou graças à advertência do Senhor. O Senhor falou que eu iria ao
inferno, ao lago de fogo, conforme está escrito sobre a minha conversão no APÊNDICE D, e parei minha vida, me
humilhei no pó, verdadeiramente ouvi a dura repreensão do Senhor, e o Senhor me
salvou e confirmou a minha eleição no Senhor.
Assim, Deus
impede que um salvo permaneça em pecado, se verdadeiramente este for um salvo.
10.7.2 TULIP, FACTS ou o quê? Como Resumir
Teologicamente esta Soteriologia? PRIDED.
A TULIP
calvinista é uma sigla em inglês que engloba o calvinismo do Sínodo de Dort em
diante. Ela engloba o T, depravação total (em inglês, total depravity); U, eleição incondicional (unconditional election); L, expiação limitada (Cristo morreu apenas
pelos eleitos), limited expiation; I,
graça irresistível (irresistible grace);
P, perseverança dos santos (perseverance
of the saints).
A depravação
total (seções 9.3 e 9.4) e a perseverança dos santos (seção 10.6)
são explicadas neste livro e usadas na minha soteriologia.
O FACTS
arminiano, é outra sigla em inglês, que engloba o arminianismo dos
remonstrantes em diante. Não cabe aqui explicar com detalhes, porém o F é livre
pela graça (para crer), ou freed by grace
to believe; A, expiação ilimitada (Cristo morreu por todos), atonement to all; C, eleição
condicional, conditional election; T,
depravação total, total depravity; S,
segurança eterna, eternal security.
Neste livro,
compartilho do arminianismo no F, livre pela graça para crer, em que a pessoa
depravada é liberta pela graça do Espírito Santo e capacitada a crer em Cristo
(conforme a seção 10.3 inteira – Conversão,
especialmente 10.3.1) totalmente pela graça do Espírito Santo, e pela
Palavra, anterior à fé (Rm 10.17); compartilho da depravação total também (bem
parecida com a calvinista), como já dito na subseção 10.3.3 (Como faço a ligação teológica entre a
depravação total calvinista, a expiação calvinista moderada e a graça
preveniente armínio-wesleyana acerca da culpa herdada?); compartilho
inclusive da eleição condicional, conforme explicado em 10.5 Da Eterna Eleição de Deus.
Apesar de estar
escrito segurança eterna, o arminianismo, em geral, acredita que alguém pode
perder a sua salvação, argumento que combato na seção 10.6.
Compartilho da
graça resistível do arminianismo antes do novo nascimento, e da graça
irresistível do calvinismo depois do novo nascimento.
Portanto, posso
resumir esta soteriologia assim, PRIDED:
1, P,
Perseverança dos Santos (o nascido de novo perseverará até o fim), perseverance of the saints;
2. RI; Graça
resistível-irresistível (Resistible-Irresistible
Grace);
3; D, Expiação
Dual (Dual Aspect Expiation);
Expiação substitutiva limitada (Cristo tomou os pecados dos eleitos apenas
sobre si, o que ocasiona sempre justificação de vida); Expiação ilimitada em
outro aspecto - Graça preveniente irresistível - Cristo tomou sobre si toda a
culpa Adâmica; a expiação de Cristo no seu sentido amplo, não substitutivo, nos
trouxe a graça preveniente irresistível, que tira-lhe a culpa herdada e começa
a iluminar o pecador e mostra-lhe a verdade do evangelho;
4. E, Eleição
condicional – Conditional Election
(Há um critério para a escolha de Deus, desde a eternidade, que é a fé – mas
não é simples assim o conceito trabalhado);
5. D,
Depravação total, Total Depravity;
Prided é uma
palavra em inglês, ainda que os componentes que uso da sigla estejam em
português. O YourDictionary.com (Acessado em Jan. 2020) define a palavra
“prided”, em seu primeiro significado, de algo em que você se deleitou, de algo
em que você recebeu grande satisfação (“something
you delighted in / something you took great satisfaction in”). Pode-se ver também que está ao
contrário da TULIP e do FACTS, pois estes terminam com a perseverança dos
santos e a segurança eterna, e o acróstico PRIDED começa com a perseverança dos
santos, e termina com a depravação total.
Não incluí
nesta lista o F, livre pela graça para crer, pois a liberdade em que acredito é
mais limitada do que acredita o arminianismo (ver 13 Capítulo Extra, Como Deus lida com o Futuro para uma abordagem
completa, especialmente 13.6).
Privei-me de
colocar uma explicação mais detalhada do PRIDED nesta seção, pois são umas cem
páginas neste capítulo 10 Doutrina da
Salvação para explicá-la.
Ainda, vale a
pena ressaltar que o calvinismo é monergista, ou seja, apenas Deus atua na
salvação, o arminianismo, em geral, é sinergista, ou seja, ainda que a salvação
seja um ato apenas de Deus, o homem também crê, capacitado pela graça do
Espírito Santo. No PRIDED, a justificação e regeneração é monergista
condicional, porém a fé, anterior à justificação e regeneração, é sinergista
(melhor explicado em 10.5.2 A Eleição no
Ponto de Vista Arminiano Reformado).
Procurei expor
essa soteriologia na forma de seu acróstico PRIDED, explicando letra por letra.
Deixo abaixo uma figura ilustrativa sobre o processo de salvação:
Essa
soteriologia tem como base a Escritura Sagrada e a teologia ortodoxa: um pouco
arminiana, um pouco calvinista, um pouco luterana e um pouco wesleyana.
Pode-se
observar que outras bases dessa soteriologia compreendem a total incapacidade,
inabilidade (etc.) e depravação humana; e a salvação, e perseverança (ou
preservação) de todos os verdadeiros nascidos de novo apenas pela graça de
Deus. Nascido de Deus, em geral, faz a vontade de Deus. Nasceu ímpio, mas teve
transformação, um antes e depois na sua vida. Não é mais um espinheiro ou
árvore daninha, mas é uma árvore frutífera que dá bons frutos para Deus. Em
geral, o nascido de novo faz o bem, naturalmente. Em geral, ímpio faz o mal,
naturalmente.
Além disso,
essa soteriologia faz jus ao caráter amoroso de Deus encontrado na Escritura
que diz que Deus que quer que todos sejam salvos (não como um decreto
impositivo, claro), e, portanto, logicamente Deus não cria nenhuma pessoa sem
dar-lhe oportunidade de salvação. Também faz jus à grande abundância de
versículos na Escritura acerca da doutrina da perseverança dos santos, onde os
poucos versículos que indicam a perda da salvação são entendidos quando o homem
regenerado parcialmente (ainda não nascido de novo – ainda pratica o mal),
parcialmente iluminado, eventualmente também parcialmente capacitado com dons
espirituais e virtude (etc.) não se rende ao Senhor dos dons, virtude e
iluminação recebida para receber a gloriosa salvação, mas resiste ao Espírito
Santo e perde a oportunidade da salvação, se tornando um ímpio sem
arrependimento ou um tipo de anticristo (saíram de nós mas não eram de nós; a
porca voltou ao espojadouro de lama, etc.). Mas, graças a Deus, enquanto há
vida cremos que, na grande maioria dos casos, há esperança, e Deus é longânimo
e paciente com todos, portanto, se há verdadeiro arrependimento da pessoa que
está num estado lastimável, Deus é quem está lhe levando ao arrependimento e a
fé... Deus é o dono da sua obra.
A queda de Adão
tirou toda a salvação do homem, e o homem não nasce com bem algum ou capacidade
alguma, mas Cristo obteve a salvação que se havia perdido pelos seus méritos e
a disponibilizou a todo aquele que crê. Todo o mal da humanidade vem pelo pecado
de Adão, e todo bem vem pela graça de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito
Santo. Nenhum bem tem origem no homem, pois todo bem vem de Deus, o único Bom.
10.7.4 Curiosidade: O Que Ocorre se o
Homem Nascer com Alguma Habilidade às Coisas Espirituais? Apelo
Interdenominacional.
Falando de
teologia (teoria). Talvez poucos saibam disso. Se o homem nasce com alguma
habilidade que é usada na salvação (livre-arbítrio, capacidade de crer, de
fazer o bem, de aceitar a Jesus verdadeiramente, etc.) mesmo que capacitado
pelo Espírito, ocorre que, tecnicamente, quando a pessoa fosse salva, ela
usaria esse resquício de livre-arbítrio e capacidade que não perdeu na queda
para ser salva. Obs. foi Adão o homem que encerrou a todos na desobediência, e
não Deus. Ou seja, se alguma teoria evoca que o homem nasce com alguma
habilidade que veio da queda (que veio do homem Adão), e se essa mesma
habilidade é, mesmo que 1%, usada para a salvação, mesmo com a capacitação do
Espírito, essa teoria macula a salvação, e a glória não é de Deus em todo o processo
de salvação! Não há Soli Deo Gloria (Glória Somente a Deus)! Não há Sola Gratia
(somente a graça de Deus)! Portanto, aos arminianos que não creem na depravação
do ser humano, sabia que para Deus ser totalmente glorificado na vossa teologia
(e para que seja bíblica), o homem não deve nascer com nenhuma capacidade na
teoria (pois nasce morto em seus delitos e pecados, como um corpo que respira,
como um zumbi segundo o que aprendi com o professor Geraldo de Azevedo). Deus,
monergisticamente e irresistivelmente, restaura qualquer capacidade pela graça
preveniente (essa afirmação serve para calvinismo (para alguns) ou arminianismo
(para todos)). Com essa capacidade restaurada pela graça, somente com ela,
capacitada pela graça do Espírito Santo, através do contato com a Palavra, sim,
o homem pode ser salvo, pela fé, dom de Deus. A salvação é um dom de Deus, Deus
sozinho realiza a regeneração e a justificação (100%). Cristo é o único
Salvador, o mérito é apenas Dele! Ponto. Agora que falamos do início e do fim
do processo de conversão/salvação (sem contar a glorificação, claro), falemos
do meio. Para finalizar, pode-se ver que, no MEIO do processo da salvação
(depois da depravação total e antes da justificação/regeneração), pode se optar
por duas teorias ORTODOXAS: o arminianismo crê numa sinergia/cooperação na fé
(além do livre-arbítrio 100% restaurado pela graça preveniente), ou seja, ao
que não resiste ao Espírito (obs. capacidade que veio de Deus), Deus faz tudo
(justifica e regenera). Já o calvinismo, que Deus dá a fé salvadora
monergisticamente (obra apenas de Deus) sem precisar de algum livre-arbítrio
(graça preveniente apenas aos eleitos, irresistível), regenera e justifica. Que
os ortodoxos arminianos e calvinistas se unam a favor disso, que lutem a favor de
teorias que sejam para a glória de Deus, e que não deem brecha para que a fé
cristã protestante seja blasfemada por contendas ou por teologias que não
glorificam a Deus como o Único Salvador, como o supralapsarianismo (linha
calvinista que diz, resumidamente, que Deus teria decretado a queda – autor do
pecado?) ou arminianismo contemporâneo (que diz que o homem nasce com capacidade
para crer, livre-arbítrio à salvação, etc. – Deus não é 100% Salvador nesta
teoria). Deste modo, deixando de lado a teologia do meu livro (com as suas
críticas ao calvinismo), mas apelando a um aspecto interdenominacional, clamo
pela defesa da Escritura para defender tanto o infralapsarianismo (linha
calvinista que diz que Deus decretou permitir a queda) como o arminianismo de
coração (especialmente de Armínio, pois alguns wesleyanos negam a depravação
total), linhas saudáveis que defendem a total incapacidade humana do homem
natural e que Deus é o Único autor da salvação
(regeneração/justificação/glorificação). O que ocorre entre a depravação total
e o novo nascimento é opcional pelos teólogos. Amém.
Como foi
escrita a Teologia Sistemática Interdenominacional? Porventura não foi sobre os
ombros de teólogos do passado?
Na doutrina da
salvação e pecado, não uni partes do calvinismo, com partes do arminianismo e
com partes da expiação calvinista moderada? Essas teorias não existem por mais
de 300 anos? Ora, não teria calvinismo sem Calvino, mas muito evoluiu até
Bavinck, Berkhof e Grudem, e algo foi destacado em Peterson e Williams. Não
haveria arminianismo sem Armínio, mas alguma coisa foi aperfeiçoada por Wesley,
Roger Olson, Jerry Walls e Dongell, Forlines e Stanley Grenz. Não haveria
reforma sem Lutero, e nem Fórmula de Concórdia sem Filipe Melâncton. Não
conheceria o calvinismo moderado sem as pregações de Spurgeon, e sem Iain
Murray. De onde vieram as teologias de Calvino e Armínio, e muita coisa de
Lutero? De Agostinho, seja jovem (arminianismo) ou velho (calvinismo).
Agostinho baseou-se em quem? Paulo (A Bíblia) e Platão (Agostinho
“cristianizou” Platão). E Paulo? Baseou-se na doutrina dos apóstolos, que veio
de Jesus Cristo, além da revelação de Cristo pessoal a ele, e pela inspiração
do Espírito escreveu. E eu? Só orei e fiz algumas ligações teológicas, o que
não significa nada sozinho. Teria feito o PRIDED, o ápice dessa soteriologia,
sem a ajuda de Lucas Pereira Rezende? Conheceria Lucas sem o seminário e igreja
do Paulo Romeiro? Como me aperfeiçoaria no arminianismo sem o conselho de Marco
Antônio Correia e Tiago Alencar? Como continuaria escrevendo sem a ajuda de
Franklin Dantas? Como escreveria melhor se não fosse por ter sido impedido de
defender minha dissertação de mestrado na Poli-USP (engenharia mecânica) pelo
meu orientador rígido, mesmo sendo bolsista tempo integral, depois de 3 anos
escrevendo, em 2013, e treinado muito depois? Como escreveria melhor português
se não fosse pelo Adryel Romeiro?
Na doutrina das
últimas coisas, já dando uma antecipada no raciocínio, criei tudo da minha
cabeça? Ou não me baseei no amilenismo preterista-parcial de Jay Adams
complementando com os escritos de Kenneth Gentry? Conheceria Jay Adams se não
fosse pelos grupos amilenistas do Facebook (confesso)? Como também conheceria
Jim Gibson e suas citações de Flávio Josefo? Conheceria Kenneth Gentry se não
fosse pelo André Galvão Soares, que também escreveu o prefácio com a autoridade
que Deus lhe deu? Só fiz algumas ligações teológicas, mas as grandes teorias
existem há décadas. E se não fosse o Espírito Santo para me iluminar nas
Escrituras para sair do pré-milenismo dispensacionalista, e depois sair do
pós-tribulacionismo entendendo Mateus 24 e um pouco de história da igreja? Como
conheceria história da Igreja sem Justo González e Fábio Araújo? Conheceria
André e Fábio como? Como ingressaria e cursaria por mais de um ano o seminário
FATET sem o Silvio Silveira da Silva e Geraldo de Azevedo que juntos me
convenceram que a teologia de lá é séria? Conheceria a Fatet sem a Igreja
Cristã da Trindade? Ficaria na ICT se não tivesse uma boa escola infantil do
casal da Valeria Sponhardi, e apoio de Gerson Lopes e André Enrique de Souza, e
abraços e sorrisos inesquecíveis de Paulo Little de Oliveira? Chegaria aqui sem
o apoio do Wagner Rocha Drigue e Gabriel Elias, também de Michel Santos e
muitos outros do Facebook, da igreja, amigos, conhecidos e familiares?
Conheceria a ICT sem o conselho de Tiago Ferreira de Alencar? (Atualmente o Senhor nos tem levado a outras denominações,
para aprendermos outras habilidades).
Voltando mais,
como seria completamente realizado e agraciado sem minha esposa e companheira Suzi
Ariel e meu filho João Marcos? Como seria salvo se a minha esposa, enquanto era
minha noiva, não me ganhasse verdadeiramente ao Senhor quando retirou de mim
uma heresia de perdição na qual eu acreditava? Como teria o primeiro contato
com a Bíblia na infância se não fosse pelo meu avô materno? E assim por diante.
Não sei. Mas a
obra de Deus é linda, complexa e perfeita. Obs. Desculpe não ter citado a todos
os teólogos e pessoas ao meu redor que contribuíram com a obra.
Glória a Deus!
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em:
<https://yrm.org/use-name-yahweh-dont-know-name-invented-catholic-monk-1725-ad/>.
Acesso em: Mar. 2024.
Atualmente
tenho publicado dois livros físicos além da Teologia Sistemática no
www.clubedeautores.com.br, e diversos ebooks no site www.smashwords.com.
1. 1. Comentário Abreviado
da Epístola de Paulo aos Romanos, cópia física (clubedeautores.com.br) e ebook
(smashwords.com), 91p.
2. 2. É Melhor SER do que
TER: Provérbios Selecionados e Comentados, cópia física (clubedeautores.com.br)
e ebook (smashwords.com), 109p.
3. 3. A Santidade do
Cristão: Teoria e Aplicações, ebook, 28p.
4. 4. A Inerrância da Bíblia
e algumas supostas contradições no Novo Testamento, ebook, 36p.
5. 5. Comentário Bíblico do
Sermão do Monte, ebook, 37p.
6. 6. A Vitória do Senhor
Deus sobre os deuses, ebook, 17p.
7. 7. Uma Comparação entre
Bíblias Protestantes na Língua Portuguesa, ebook, 34p.
8. 8. “Amarás ao teu próximo
como a ti mesmo” e o Amor-Próprio, ebook, 23p.
9. 9. A Bíblia e a
Homossexualidade, ebook, 38p.
10. 10. Teologia do Deus
Perfeito, ebook, 17p.
11. 11. O Crente e a
Depressão, ebook, 35p.
Meus outros dezesseis
ebooks que não estão listados acima são capítulos dentro desta teologia
sistemática, divididos em livretos ou livros menores para melhor divulgação.
Para contato
com o autor, envie um e-mail para: “roberto.frossi.rr@gmail.com”, sem as aspas,
obrigado.
Meu
blog com atualizações dos livros: http://pontosdefeedoutrina.blogspot.com.br/
Graça e Paz,
Roberto Fiedler Rossi