11 DOUTRINA DA IGREJA
11.1 Introdução
É notório,
porém, que Jesus faz somente duas referências à igreja (Mt 16.18; 18.17) e que,
no primeiro caso, ele fala do futuro dela (“edificarei a minha igreja”). O fato
de que Lucas nunca usa εκκλησία (ekklesia) no seu Evangelho, mas o emprega 24
vezes em Atos, também é significativo. Poderia dar a entender que ele não
considerava a igreja como presente até o período narrado em Atos. (Embora At
7.38 use εκκλησία com referência ao povo de Israel no deserto, é provável que o
termo seja usado aqui com um sentido não técnico.) Concluímos que a igreja se
originou no Pentecostes. Erikson (2015).
A Igreja, que é o novo Israel de
Deus (pela fé), substituiu Israel na nova aliança: 1Pedro 2.9,10 Mas
vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido,
para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz; Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de
Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes
misericórdia; Mateus 21.43 Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos
será tirado [Israel], e será dado a uma nação que dê os seus frutos [Igreja].
Os crentes devem se reunir
regularmente na igreja local, congregação ou templo (Hb 10.25), em forma de
culto racional (Rm 12.1) para, principalmente, adoração a Deus, evangelização e
edificação dos santos. A salvação é espiritual, não denominacional; não há
igreja visível que a abrigue sozinha, mas é de um só Caminho que leva ao céu (Jo
14.6), Jesus Cristo. Assunto da Igreja como sendo Corpo místico ou espiritual
de Cristo melhor explicado na seção “Respostas às 20 Razões Porque Não Sou
Protestante” depois da Conclusão.
Então, como o leitor pode
perceber, existem dois tipos de Igreja: A Igreja Mística, de união invisível, o
Corpo de Cristo, união dos salvos, de todas as épocas, da terra e do Céu; e Igreja física ou visível, as denominações, como os
batistas, presbiterianos, assembleanos, metodistas, etc. que possuem salvos e
perdidos ligado a elas (trigo e joio) na terra conforme as parábolas de Jesus.
Cremos em dois sacramentos para a
Igreja: O Batismo e a Ceia. Assim como a Confissão de Fé de Westminster (1643-1649), não consideramos o batismo e
ceia simplesmente ordenanças, ou simplesmente mandamentos, ou que apenas
possuem aparência exterior, mas sacramentos, pelos quais o fiel é certamente
abençoado e agraciado pelo Senhor continuamente.
11.2 Batismo
Cremos no sacramento do batismo
para a Igreja (Mt 28.19). O método batismal mais adequado biblicamente é a
imersão completa (conforme Mt 3.6, Mt 3.16 saiu
logo da água) uma só vez, com imposição de mãos (Hb 6.2), em nome do Pai,
do Filho e do Espírito Santo, (Mt 28.19) sob a autoridade do Senhor Jesus (At
19.5).
Chaimberlain,
Richard ‘Aharon’ (2018) traz muita luz sobre a herança
judaica do batismo por imersão, para um casamento com o Senhor:
"A palavra grega para batismo é Baptizma. O
equivalente em hebraico é Tevilah, que se refere a banhar-se em águas
correntes, ou seja, de rio, lago ou banheira cheia com água corrente.
“Batismo” (ou tevilah) não é uma
invenção do Novo Testamento. O ritual Judaico da imersão na água foi praticado
por muitos séculos, muito antes do início do Ministério de Jesus. A única
“Bíblia” que Jesus e os seus discípulos tinham era o Tanach (Velho Testamento).
Eles não poderiam mencionar o Livro de Romanos (Rm 6.1-13) para a imersão,
porque o Novo Testamento não tinha sido escrito ainda só em décadas após a
morte e ressurreição do Messias.
João o Batista, na realidade não era um
“batista”. Honestamente! Ele era um judeu observante e um filho de Israel. Ele
realizava Batismo para Arrependimento no rio Jordão.
Em Israel, para se juntar a comunidade
religiosa e converter-se ao judaísmo, o indivíduo tem que ser imerso (tevilah)
dentro de uma mikvê e renunciar a sua velha forma de viver, e então ser
considerado um judeu. Os judeus não creem em aspersões. O indivíduo entra
na água como Gentio e ressurge como Judeu, este ato de fé renunciando todas
idolatrias, e arrependendo-se de seus pecados, e prometendo obedecer aos
mandamentos e cumprir com a Halachah (O Caminho da Fé) exatamente como o nosso
pai Abraão o fez.
Para entrar no plano
da salvação nós concordamos em um contrato de casamento com o Deus de Israel: E
veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém,
dizendo: Assim diz o Senhor: Lembro-me de ti, da piedade da tua mocidade, e do
amor do teu noivado, quando me seguias no deserto, numa terra que não se
semeava. Jeremias 2.1,2.
Um dos costumes do Tevilah (Batismo) no
casamento Judaico é quando a noiva se torna santificada pela imersão na água. A
palavra Mikveh (Mikvê) significa um tanque ou depósito de água para ritual de
purificação. Para as noivas, a imersão em água representa uma demonstração
externa de uma realidade interna. Significa a necessidade de separar-se do
mundo para unir-se ao seu esposo. Significa que você tem deixado a sua vida passada
para continuar uma nova vida em matrimônio. Quando nós nos arrependemos dos
nossos pecados, nós aceitamos o batismo para anunciar a nossa união com Jesus.
O Corpo do Messias (a igreja) é a Noiva, ligada a Jesus como o Noivo. Portanto
nós devemos seguir a compreensão correta da imersão que tem sido entregue
a nós através da Torah, Profetas e Tradições Judaicas.
Nós devemos entender que de acordo ao tema
Bíblico Tevilah (imersão em águas) foi instituído do Êxodo e que a imersão poderia
ter sido feita mais de uma vez como também no ritual de purificação. Contudo,
nós devemos compreender que um relacionamento completo com o Deus de Abraão,
Isaque e Jacó é um casamento, e, portanto, o princípio da imersão torna-se
essencial porque é a maneira pela qual a noiva se prepara para encontrar com o
seu noivo, mostrando obediência desde o início."
Chaimberlain,
Richard ‘Aharon’ (2018).
Então, resumindo, assim como
ocorreu com o Pai Abraão, para se juntar à comunidade religiosa de cristãos, ao
Corpo de Cristo, o indivíduo é imergido nas águas, onde o batismo é um
casamento com Jesus, e a imersão representa uma demonstração externa de uma já
existente realidade interna (regeneração). Nessa demonstração externa ao mundo,
à Igreja e a Cristo, demonstra-se que já havíamos crido no Senhor e renunciado
a toda nossa vida passada, com o velho homem pecador. Demonstra-se que deixamos
o velho homem para, como uma nova criatura, continuar uma nova vida em
matrimônio com Jesus. O batismo é um ato de fé, em que é necessário fé anterior
para se batizar, pois não recebemos fé pelo batismo, mas pela Palavra que é
Cristo, e o servo renuncia a todas as idolatrias, arrepende-se dos seus
pecados, promete obedecer aos mandamentos e cumprir com ‘O Caminho da Fé’, que
se encontra em Cristo. Deste modo, como o batismo é um casamento com o Senhor,
e o Senhor tem ordenado que todos que quiserem ser salvos sejam batizados,
certamente, o fiel é abençoado pela graça de Deus e pela obediência ao
mandamento, em que, deste modo, ao fiel, o batismo é como um meio de graça, e o
descrente se batiza para sua condenação, tal como o que acontece na ceia com
aquele que quer se apropriar da bênção do Senhor sem passar pela porta
estreita, sem se sujeitar a Cristo e à Sua Palavra. O batismo não salva ninguém
pois o ladrão na cruz ao lado do Senhor (Lc 23.43) não precisou se batizar.
Como falei que o método mais
adequado biblicamente é a imersão completa do corpo, também digo que não
devemos fazer disso uma completa divisão de águas. Pois, como faremos com um
enfermo acamado nos seus últimos suspiros que deseja se batizar? Deste modo, deixo
registrado que, conforme o Didaquê – A Instrução dos Doze
Apóstolos (aprox. 60 d.C.) nos informa, o
procedimento que era realizado na Igreja Primitiva, assim seria bom segui-lo.
Ele diz que, na falta de água, derrame
água três vezes sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
11.2.1 Pedobatismo ou Credobatismo? O Batismo
Substituiu a Circuncisão?
Pedobatismo é o termo que significa
batismo de crianças. Credobatismo é o termo que significa batismo após uma
confissão individual de fé (credo).
Falemos da circuncisão e da
incircuncisão: Visto que Deus é um só, que justifica pela fé a circuncisão,
e por meio da fé a incircuncisão. Romanos 3:30
A circuncisão por natureza são os
judeus pela cortadura, filhos de sangue de Abraão. A incircuncisão (natureza
Rm 2.27) por natureza são os gentios que, quando creem, se tornam filhos de
Abraão segundo a fé, pois quando Deus fez aliança com Abraão ele era incircunciso
na carne. Portanto, Abraão é pai dos judeus e gentios crentes.
A nossa circuncisão é do coração e
não aliança da carne:
29 Mas é judeu o que o é no
interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo
louvor não provém dos homens, mas de Deus. (Romanos 2:29 acf)
Na nova aliança não tem valor a
circuncisão:
19 A circuncisão é nada e a
incircuncisão nada é, mas, sim, a observância dos mandamentos de Deus. (I
Coríntios 7:19 acf)
Os pedobatistas, como os
presbiterianos, batizam bebês e crianças muito novas pois creem que o batismo
substituiu a circuncisão na nova aliança. Mas, olhando com calma os textos
acima, os gentios crentes, como nós no Brasil, são chamados de incircuncisão por
natureza (Rm 2.27) – Deus é um só que justifica/salva pela fé a incircuncisão
também (Rm 3.30).
Nós não somos da circuncisão por
natureza pois não somos judeus na carne, e a verdadeira circuncisão é no
coração. Mesmo assim, a incircuncisão, ou seja, os gentios crentes também são
filhos de Abraão! Portanto nem todo filho de Abraão é da circuncisão, ou seja,
a circuncisão nem é mais necessária como aliança hoje, o que quer dizer que o
argumento de batizar bebês filhos de pais crentes pois o batismo substituiu a
circuncisão, que podia ocorrer desde bebê, é falso.
O correto é o credobatismo: à
medida que a criança compreende as Escrituras, tem um relacionamento pessoal
com Jesus, e crê em Cristo como Senhor e Salvador, deve ser batizada com
uma pública confissão de fé - e não só porque os pais (ou um dos pais) são
cristãos, mas como obediência ao mandamento.
É claro que nós gentios crentes, de
origem chamados incircuncisão somos circuncisão no coração, ou seja, nascidos
de novo, quando recebemos um novo Espírito e um novo coração:
Col 2.11 No qual também estais
circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos
pecados da carne, a circuncisão de Cristo [novo nascimento];
19 E lhes darei um só coração, e um
espírito novo porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e
lhes darei um coração de carne; 20 Para que andem nos meus estatutos, e guardem
os meus juízos, e os cumpram; e eles me serão por povo, e eu lhes serei por
Deus. (Ezequiel 11:19-20)
Jesus disse ... vai para meus
irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso
Deus. (João 20:17)
Os que creem no credobatismo,
entretanto, costumam apresentar a criança que nasceu na igreja para que os
ministros orem publicamente por ela e seja consagrada ao Senhor. Mas o batismo
em si, cremos que é apenas quando a criança ou adulto professa a fé e se
arrepende dos seus pecados (Atos 2.38 E disse-lhes
Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para
perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito
Santo). Não há idade mínima para batizar, o que ocorre é
que quando a criança já tem maturidade espiritual e comunhão com Cristo (não
quero dizer que fala em línguas) na Palavra e na oração, confessando sua fé, já
pode ser batizada. Meu filho João Marcos foi apresentado na igreja depois de
algum tempo que nasceu, aceitou a Jesus aos quatro anos e foi batizado aos oito
anos de idade.
Atos 18.8 E Crispo, principal da
sinagoga, creu no Senhor com toda a sua casa; e muitos dos coríntios,
ouvindo-o, creram e foram batizados.
Marcos 16.6 Quem crer e for batizado
será salvo; mas quem não crer será condenado.
Esses versículos dizem que quem
crer deve ser batizado, ou seja, mostram que já haviam nascido de novo anteriormente
e interiormente (creram) e depois confessaram sua fé publicamente.
Até os versículos de que “creram
ele e sua casa e todos foram batizados” denota crer, e bebês não conseguem crer:
é um argumento fraco em favor ao pedobatismo. Se quando “toda a sua casa creu, foi
salva e batizada” os bebês foram batizados, a Escritura simplesmente não afirma
isso. A igreja nos séculos seguintes ao dos apóstolos aceitou o pedobatismo,
mas também muito cedo começou a se distanciar da Bíblia em alguns costumes (no
século II já havia heresia). Todavia, guiamo-nos pela Bíblia, assim como muitos
cristãos, tais como os batistas, que também têm esse entendimento.
Como já disse, o batismo não salva
ninguém, não regenera ninguém, pois o ladrão na cruz não precisou de batizar.
Mas o batismo também não faz a pessoa ingressar no corpo de Cristo, visto que
se ingressa no corpo de Cristo pela fé no ato da salvação! Não adianta se
batizar sem ser nascido de novo (sem verdadeiramente crer/confiar em Cristo
para a salvação – crer não é só acreditar!), pois a Escritura não aconselha isso.
A Igreja do Senhor se iniciou em
Pentecoste, ou seja, os salvos do Antigo Testamento não eram Igreja (ainda que
a Igreja seja o Israel/novo povo de Deus!), por isso o pensamento de que o
batismo é a nova circuncisão que faz ingressar no Corpo de Cristo está
totalmente equivocado: o máximo é que uma denominação cristã (igreja física
local) aceite apenas os batizados como membros, o que racionalmente faz sentido
para mim.
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