quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Confissão de Fé Bíblica sendo grandemente aprimorada (12/11) - link retirado para atualização

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Última atualização: 12/nov 21h24 horário de Brasília


BREVE CONFISSÃO DE FÉ

 

 

 

Protestante

Evangélica

Ortodoxa

Interdenominacional

Interconfessional

Original

Bíblica

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ROBERTO FIEDLER ROSSI

 

12 DE NOVEMBRO DE 2025

 

 

PREFÁCIO

 

 

 

Procurei fazer uma confissão de fé pessoal, não ligada à denominação ou a alguma tradição teológica fixa, mas mais sucinta e bíblica do que minha Teologia Sistemática Interdenominacional, sem depender tanto da teologia humana e de ligações teológicas humanas, que não são inspiradas, mas mais baseado na Palavra inspirada e inerrante. O leitor poderá ver ao final dessas curtas páginas se o resultado foi satisfatório. Procurei tratar dos temas principais, deixando de lado temas como casamento, ordenança de ministros, ministérios na igreja, e assim por diante.

 

A maior ênfase e o maior cuidado foram dados ao plano da salvação apresentado nas Escrituras, com o qual procurei ter zelo, que compreende a maior parte deste documento.

 

 

Em Cristo,

 

Roberto


 

SUMÁRIO

1.       AS SAGRADAS ESCRITURAS. 4

2.       A CLAREZA DAS ESCRITURAS. 5

3.       DEUS. 6

4.       JESUS CRISTO, O FILHO DE DEUS, QUE SE FEZ VERDADEIRO HOMEM    7

5.       DA MORTE, RESSURREIÇÃO E ASCENSÃO DE CRISTO.. 9

6.       O ESPÍRITO SANTO.. 10

7.       DA CRIAÇÃO E DO PROPÓSITO HUMANO.. 11

8.       DO PECADO ORIGINAL.. 13

9.       DA SALVAÇÃO.. 14

10.          JUSTIFICAÇÃO, REGENERAÇÃO E SANTIFICAÇÃO. SIMULTANEAMENTE JUSTO E PECADOR   15

11.          DA EXPIAÇÃO SUBSTITUTIVA AOS ELEITOS POR CRISTO COMO CORDEIRO DE DEUS QUE TIRA O PECADO DO MUNDO.. 19

12.          EXPIAÇÃO DE CRISTO A TODOS E A CADA UM DOS HOMENS   20

13.          DOS DONS ESPIRITUAIS E DA EVIDÊNCIA DA SALVAÇÃO.. 23

14.          DEUS QUER QUE TODOS SEJAM SALVOS, MAS SOMENTE ALGUNS SÃO ELEITOS E SALVOS   24

15.          O PROCESSO DE CONVERSÃO: COMENTÁRIO ABREVIADO DE ROMANOS 7  28

16.          PERSEVERANÇA DOS SANTOS E EVIDÊNCIA BÍBLICA.. 34

17.          APOSTASIA.. 39

18.          A IGREJA, CORPO DE CRISTO.. 40

19.          O BATISMO E A CEIA DO SENHOR.. 44

20.          A SEGUNDA VINDA DE CRISTO, O JUÍZO FINAL E A ETERNIDADE   45

1.     AS SAGRADAS ESCRITURAS

 

A Bíblia Sagrada, também denominada Sagradas Escrituras, contém o Antigo ou Velho Testamento com 39 livros e o Novo Testamento com 27 livros, é inspirada pelo Espírito Santo de Deus tanto plenária (em suas partes, isto é, seus livros) como verbal (suas palavras nas línguas originais). Sendo inspirada pelo Espírito Santo em seu autógrafo, ou seja, manuscrito original, apenas nas línguas originais, é também nele inerrante. Boas e fiéis traduções da Bíblia, traduzidos por homens e mulheres de Deus, também são consideradas como inspirada “A Palavra de Deus”, mesmo lembrando que não existe tradução cem por cento inerrante, pois não existe equivalente de palavras e expressões de um a outro idioma.

Para embasar a declaração de fé acerca da Bíblia, a Palavra de Deus, vamos usar uma fonte do Corpo de Cristo para nos auxiliar. Portanto, como declara a declaração doutrinária da Convenção Batista Brasileira (Disponível em: “www.convençãobatista.com.br”, acesso em nov. 2025):

“A Bíblia é a Palavra de Deus em linguagem humana. 1 É o registro da revelação que Deus fez de si mesmo aos homens. 2 Sendo Deus seu verdadeiro autor, foi escrita por homens inspirados e dirigidos pelo Espírito Santo. 3 Tem por finalidade revelar os propósitos de Deus, levar os pecadores à salvação, edificar os crentes e promover a glória de Deus. 4 Seu conteúdo é a verdade, sem mescla de erro, e por isso é um perfeito tesouro de instrução divina. 5 Revela o destino final do mundo e os critérios pelo qual Deus julgará todos os homens. 6 A Bíblia é a autoridade única em matéria de religião, fiel padrão pelo qual devem ser aferidas as doutrinas e a conduta dos homens. 7 Ela deve ser interpretada sempre à luz da pessoa e dos ensinos de Jesus Cristo. 8

 

1. Sl 119.89; Hb 1.1; Is 40.8; Mt 24.35; Lc 24.44,45; Jo 10.35; Rm 3.2; 1Pe 1.25; 2Pe 1.21

2. Is 40.8; Mt 22.29; Hb 1.1,2; Mt 24.35; Lc 24.44,45; 16.29; Rm 16.25,26; 1Pe 1.25

3. Ex 24.4; 2Sm 23.2; At 3.21; 2Pe 1.21

4. Lc 16.29; Rm 1.16; 2Tm 3.16,17; 1Pe 2.2; Hb 4.12; Ef 6.17; Rm 15.4

5. Sl 19.7-9; 119.105; Pv 30.5; Jo 10.35; 17.17; Rm 3.4; 15.4; 2Tm 3.15-17

6.  Jo 12.47,48; Rm 2.12,13

7. 2Cr 24.19; Sl 19.7-9; Is 34.16; Mt 5.17,18; Is 8.20; At 17.11; Gl 6.16; Fp 3.16; 2Tm 1.13

8. Lc 24.44,45; Mt 5.22,28,32,34,39; 17.5; 11.29,30; Jo 5.39,40; Hb 1.1,2; Jo 1.1,2,14”

 

2.                 A CLAREZA DAS ESCRITURAS

 

As Escrituras contêm todas as coisas necessárias para a salvação. Para aquele que é humilde diante de Deus, nas coisas principais a Escritura é muito clara, e numa tradução adequada e em sua língua nativa ela é de muito fácil interpretação até a um jovem não discipulado, pois as coisas fáceis de entender são as coisas e mensagens principais da Bíblia, necessárias para a salvação.

Como escreveu Norman Geisler (Teologia Sistemática, 2 Vols., 2010), o próprio Evangelho quase é declarado em palavras monossílabas, e nenhuma delas tem mais de cinco letras: “Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida” (1Jo 5.12). Além disto, Jesus disse claramente: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).

Wayne Grudem (Teologia Sistemática, Atual e Exaustiva, 2010) complementa dizendo que mesmo os simples podem compreender as Escrituras corretamente, tornando-se sábios: “O testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices” (Sl 119.130).

 

3.                 DEUS

 

Há um único Deus (Deut 6.4, Isa 44.6, Isa 44.8, Isa 45.5a), isto é, uma essência divina, vivo e verdadeiro, sem corpo (Espírito), perfeito, de infinito poder, sabedoria, amor, santidade, bondade e justiça, Criador e Sustentador de todas as coisas visíveis e invisíveis. E na unidade desta Divindade há três Pessoas distintas, de mesma substância (essência divina citada acima), poder e eternidade: Deus Pai (1Co 8.6, Ef 4.4-6), não criado, nem gerado, mas fonte da Divindade; o Filho, Deus Filho – nosso Senhor Jesus Cristo (João 1.1-3, João 1.14, João 10.30-33, João 20.26-29, Hb 1.6-8, Fp 2.9-11 cf. Is 45.23, Is. 7.14, Is 9.6, Jo 1.18, Jo 8.58-59, At 20.28, Rm 9.5, Rm 10.9-13, Cl 1.15-16, Cl. 2.9, Hb 1.3, Hb 1.8, 2Pe 1.1, 1Jo 5.20), não criado, mas eternamente gerado do Pai, sendo o Verbo ou Palavra do Pai; e Deus Espírito Santo – Espírito Santo de Deus (Atos 5.3-4, 2Co 3.17-18), não criado, nem gerado, mas eternamente procedente do Pai e enviado do Filho conforme a literalidade das palavras da Escritura, isto é, o Espírito é procedente do Pai em sua divindade (João 15.26), e do Filho em matéria de ser dado, revelado, manifesto, e se dar conhecido a nós (João 20.22, 14.16,26).

Passagens bíblicas que mencionam as três Pessoas (Agência de Informações Religiosas, AGIR):

Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo. (Mateus 3:16-17)

Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; (Mateus 28:19)

A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós. (2 Coríntios 13:14)

Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos. (Efésios 4:4-6)

Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador (Tito 3:4-6)”

“Confira também as seguintes passagens: Jo. 3:34-35; 14:26; 15:26; 16:13-15; Rm. 14:17-18; 15:13-17; 30; 1 Co. 6:11; 17-19; 12:4-6; 2 Co. 1:21-22; 3:4-6; Gl. 2:21-3:2; 4:6; Ef. 2:18; 3:11-17; 5:18-20; Cl. 1:6-8; 1 Ts. 1:1-5; 4:2; 8; 5:18-19; 2 Ts. 3:5; Hb. 9:14; 1 Pe. 1:2; 1 Jo. 3:23-24; 4:13-14; Jd. 20-21.”

 

4.                 JESUS CRISTO, O FILHO DE DEUS, QUE SE FEZ VERDADEIRO HOMEM

 

Segundo o Credo ou Símbolo Calcedoniano (Declaração de Fé de Calcedônia) de 451 d.C., de acordo com a tradução do site Monergismo (2021) e da Teologia Sistemática de Grudem (2010):

“Todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, perfeito quanto à humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, constando de alma racional e de corpo; consubstancial ao Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; em todas as coisas semelhante a nós, excetuando o pecado, gerado segundo a divindade antes dos séculos pelo Pai e, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, gerado da Virgem Maria, mãe de Deus[*]; Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis e inseparáveis; a distinção da naturezas de modo algum é anulada pela união, mas, pelo contrário, as propriedades de cada natureza permanecem intactas, concorrendo para formar uma só pessoa e em uma subsistência; não dividido nem separado em duas pessoas. Mas um só e mesmo Filho Unigênito, Verbo de Deus, o Senhor Jesus Cristo, conforme os profetas desde o princípio a seu respeito testemunharam, e o mesmo Senhor Jesus nos ensinou e o Credo dos santos Pais nos transmitiu.”

*Observação necessária: dentro da doutrina de Cristo, encontra-se a parte da geração de Cristo dentro de Maria. Maria é, de fato, segundo a Escritura, Mãe de Deus apenas no sentido em que nasceu dentro dela o Filho de Deus (Lc 1.35). Esse título de Maria como “Mãe de Deus”, originalmente na Igreja, não exalta Maria, a não ser no máximo como “portadora de Deus” (Theotokos), mas exalta a Cristo, afirmando que Ele, desde a concepção (Lc 1.31), o início da gestação, antes de nascer, já era filho de Deus (Lc 1.35), e assim já possuía as duas naturezas (divina e humana), ou seja, não era filho de Deus apenas após nascer. Maria teve outros filhos também depois de Jesus (Mateus 13.55, Marcos 6.3). Maria não é mãe da Igreja, não foi imaculada, tampouco foi mãe espiritual de Jesus segundo as Escrituras Sagradas.

 

5.                 DA MORTE, RESSURREIÇÃO E ASCENSÃO DE CRISTO

 

Jesus Cristo, filho de Davi (Atos 2.29-30), verdadeiramente padeceu e morreu por nós na Cruz (1Pedro 3.18), sob a ordem de Pôncio Pilatos, em nosso lugar (1Pedro 2.24 cf. Isaías 53), e desceu à sepultura, tendo ido ao Pai em sua morte (João 16.28, 14.12, 14.28, 16.10, 16.16). O seu corpo não sofreu putrefação ou corrupção como os de outros seres humanos quando falecem, segundo as Escrituras (Atos 2.31).

Ao terceiro dia judaico (três dias e três noites, Mt 12.40), Cristo verdadeiramente ressurgiu dos mortos (Atos 5.30), ou seja, ressuscitou fisicamente com o mesmo que possuía (Jo 20.26-28), porém de matéria glorificada e perfeita, constituindo-se de parte física e espiritual, onde, mesmo com corpo glorificado, comeu com os apóstolos e discípulos (João 21.13-15) e transladava-se atravessando o tempo e o espaço com poder (1Co 15.20, cerradas as portas cf. João 20.19, 20.26).

Cristo após sua morte e ressurreição inaugurou a nova aliança (novo testamento), que é superior às outras alianças (Hebreus 8.6), inaugurada pelo seu sangue (Hebreus 12.24, 8.13, 9.15), o sangue do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (João 1.29).

Cristo destronou Satanás na Cruz (Colossenses 2.15, Apocalipse 12.10), tirou a autoridade de seu domínio mundial, tanto o domínio espiritual, como o Império Romano legalmente, que era o último império mundial satânico da estátua de Daniel, o último império mundial ao longo do tempo – pois o de Cristo é eterno, e após sua ressurreição recebeu todo o poder e autoridade no céu e na terra (Mateus 28.18), além de autoridade sobre a morte e o inferno (Apocalipse 1.8).

Daniel 2.44 Mas, nos dias desses reis [império Romano], o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre.

Cristo após sua morte e ressurreição ascendeu ao Céu à direita do Pai e recebeu um Reino Universal, o Reino do Pai, que não pode ser abalado.

Daniel 7.12-14 E, quanto aos outros animais [impérios], foi-lhes tirado o domínio; todavia foi-lhes prolongada a vida até certo espaço de tempo. Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem [Jesus]; e dirigiu-se ao ancião de dias [Deus Pai], e o fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído.

Cristo, após quarenta dias com os discípulos (Atos 1.3), tendo sido visto por mais de quinhentos irmãos (1Co 15.6), ascendeu ao Céu / Paraíso à vista dos apóstolos e discípulos (Atos 1.1-11), tendo comissionado a Igreja para fazer discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (e ordenando-os a fazer tudo o que Jesus lhes ensinou, cf. Mateus 28.18-20), que em Pentecostes (50 dias após a Páscoa judaica, lembrando que Jesus é nosso Cordeiro Pascoal cf. 1Co 5.7), dez dias depois da ascensão de Jesus, foram capacitados pelo Espírito Santo a testemunhar para todos os povos, tribos, nações e línguas acerca dessa salvação (Atos 2).

 

6.                 O ESPÍRITO SANTO

 

O Espírito Santo, Criador (Gênesis 1.2) com o Pai (Gn 1.1) e com o Filho (Col 1.16) de toda criação visível e invisível, procedente do Pai (Jo 15.26) e do Filho (Jo 20.22), é de mesma substância, majestade e glória que o Pai e o Filho, verdadeiro e eterno Deus (Atos 5.3-4, 2Co 3.17-18), que, na Nova Aliança / Novo Testamento em Cristo, após o evento do dia de Pentecostes de Atos 2, concedeu o dom / promessa do Espírito Santo a todos os salvos a partir daquele momento na história, ou seja, concedeu o novo nascimento com morada permanente do Espírito em nossos corpos (João 7.39 E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado), agora denominados templo do Espírito Santo, formando a partir daí o Corpo de Cristo, a Igreja (1Coríntios 12.13).

Atos 2.38-39 E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, em remissão de pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo [e recebereis: todos os salvos recebem o dom do Espírito Santo, isto é uma afirmação, colchetes meus]; Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.

1Co 12.13 Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito.

 

7.                 DA CRIAÇÃO E DO PROPÓSITO HUMANO

 

Deus Pai (Gn 1.1), por meio do Filho (da Palavra de Deus cf. Col 1.16, Jo 1.1-2), através do Espírito Santo (Gn 1.2), criou todas as coisas e seres invisíveis e visíveis do Universo (na Bíblia, céus e terra) em seis dias (Gn 1) a partir do nada material (Gênesis 1.1), mas sim a partir da Palavra de Deus para a finalidade do louvor da glória de Deus Triuno (Trino e Uno):

Hb 11.3 Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente.

A realidade é que a Trindade toda criou a criação: Gn 1.26 E disse Deus: “Façamos [plural: Pai, Filho, Espírito cf. o Novo Testamento] o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.”

Tudo o que Deus criou foi muito bom (Gênesis 1.31), não havia morte alguma (nem tampouco bilhões ou milhões de anos de morte e evolução), nem pecado, nem sofrimento. A morte veio após a desobediência (Rm 5.12).

Deus criou o homem Adão (Gn 2.7) e a mulher (Gn 2.21-23), depois chamada Eva (Gn 3.20), à sua imagem e semelhança (tanto o homem como a mulher cf. Gn 1.27) para eles viverem como uma família unida (Gn 1.28) em relacionamento com Ele, governarem a boa criação no nome do Senhor, refletindo o seu caráter.

 

Os seis dias da criação foram literais segundo a Bíblia:

1. Desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea (sendo que exatamente no princípio da criação não havia nada disso, mas a Terra estava informe);

Marcos 10.6 diz: “Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea”.

2. Haverá uma aflição tal, qual nunca houve desde o princípio da criação (sendo que no princípio da criação não havia aflição alguma);

Marcos 13.19 Porque naqueles dias haverá uma aflição tal, qual nunca houve desde o princípio da criação, que Deus criou, até agora, nem jamais haverá.

3. Desta geração seja requerido o sangue de todos os profetas que, desde a fundação do mundo, foi derramado: Desde o sangue de Abel... (sendo que Abel não foi criado no momento da fundação do mundo).

Lucas 11.50,51 Para que desta geração seja requerido o sangue de todos os profetas que, desde a fundação do mundo, foi derramado; Desde o sangue de Abel, até ao sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o templo; assim, vos digo, será requerido desta geração.

Compreendemos então que Jesus fala desta forma, pois o período desde o Princípio da Criação, desde o 1º dia, incluindo a fundação do mundo, não fica muito longe do período da Queda de Adão. Por isso, podemos pensar que desde o primeiro dia da criação (início da contagem do tempo, em que só Deus existia, apenas o Verbo cf. Gn 1.1; Jo 1.1), passando pela criação de Adão e Eva, macho e fêmea (Marcos 10.6), passando pela Queda (Marcos 13.19), e até a morte de Abel (Lucas 11.50,51) não se passaram muitos anos. Deste modo, segundo as Palavras de Cristo, chegamos ao raciocínio que os dias da criação de Gênesis não podem ser muito longos, mas foram certamente curtos, ou até de 24 horas, pois senão Jesus estaria fazendo um raciocínio incorreto colocando Abel próximo da fundação do mundo; a criação de Adão e Eva próxima do princípio da criação (1º dia); aflição (Queda) próxima do princípio da criação.

Portanto, concluímos que Jesus cria em dias literais da criação de Gênesis, e como Jesus é Deus e a Bíblia é inerrante (pois é inspirada e Deus não pode mentir cf. Nm 23.19), assim isso é um fato, o Universo não tem bilhões de anos, nem a Terra milhões de anos, mas a Bíblia dá a entender que o Universo e a Terra têm apenas milhares de anos, sendo, então, a Terra jovem.


A Terra é especial para Deus:

Isaías 45.18 Porque assim diz o SENHOR, que criou os céus, o Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu; que não a criou para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o SENHOR, e não há outro.

Isaías 66.1a Assim diz o Senhor: O céu é o meu trono, e a terra o escabelo [banco de apoio] dos meus pés...

 

8.                 DO PECADO ORIGINAL

 

Como Adão, nosso antepassado e cabeça da humanidade (1Coríntios 15.22, 21, 47), pecou com Eva no Éden (Gênesis 3), enganado pela serpente que era Satanás (Gênesis 2-3), o pecado passou a todos os seres humanos (Romanos 5.12), seus descendentes, e a morte passou a toda a criação terrena (Gn 3). Portanto, nós também pecamos com Adão e herdamos a natureza humana pecaminosa (carne), portanto nascemos inclinados ao mal (Eclesiastes 7.20, Romanos 3.10-18), culpados pelo pecado de Adão (Rm 5.12 todos pecaram) e pelo nosso próprio pecado desde tenra idade (Rm 6.23), estando no reino das trevas e sendo escravos do pecado (Efésios 2.1-3), sem ter recebido habilidade alguma de nosso antepassado Adão que porventura não tenha sido perdida na sua queda para nossa salvação (portanto ninguém nasce com livre-arbítrio, capacidade de aceitar a graça de Deus ou de crer no Senhor cf. Isaías 64.6).

Ainda assim, o propósito de Deus após a queda não mudou, é ter uma família de filhos semelhantes a Cristo (Rm 8.28-30), e Cristo é a plena imagem e semelhança de Deus, na glória, para louvor da graça de sua glória, tanto é que enviou o Salvador:

Romanos 8.28 “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. 29. Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos [este é o propósito do v. 28]. 30. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.”

 

9.                 DA SALVAÇÃO

 

Colossenses 1.13,14 [O Pai] “nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados;”

A salvação foi conquistada na cruz por Jesus Cristo, nosso Senhor, onde Cristo, através do seu sangue, cobre o custo do nosso resgate (Marcos 10.45), que inclui corpo e alma, e nos compra (1Co 6.20), satisfazendo a justiça de Deus, para a libertação e salvação eterna em santificação, unidos com Deus e com Cristo pelo Espírito Santo para sempre nesta vida e por toda a eternidade.

Cristo, por sua morte vicária, oferece justificação (Rm 5.18) diante de Deus para todos os que nele creem cf. Romanos 10.9-11 (o que não é só acreditar, mas sim confiar em Cristo para sua salvação), o confessam com sua boca e obras, e se arrependem dos seus maus caminhos (Marcos 1.15), convertendo-se a Deus, ao Deus da Bíblia, ao Jesus da Bíblia (pois há falsos cristos cf. Mateus 24.24), pelo Espírito Santo, o Consolador, que testifica de Cristo e das Sagradas Escrituras (1Jo 5.6).

 

Só há salvação em Jesus Cristo:

Atos 4.12 “E em nenhum outro [ser] há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.”

João 14.6 “Disse-lhe Jesus: Eu sou o Caminho, e a Verdade, e a Vida.”

Efésios 2:8,9 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;”

Em outra versão: “Vocês são salvos pela graça, por meio da fé. Isso não vem de vocês; é uma dádiva de Deus. Não é uma recompensa pela prática de boas obras, para que ninguém venha a se orgulhar.” Efésios 2:8,9

Cristo, Jesus Cristo Deus-homem, é o único mediador entre Deus e os homens. Cristo intercede por nós, é o nosso intercessor a Deus junto com o Espírito: “e o Espírito [também] nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos orar segundo a vontade de Deus, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos que não podem ser expressos em palavras. Romanos 8:26”

 

10.            JUSTIFICAÇÃO, REGENERAÇÃO E SANTIFICAÇÃO. SIMULTANEAMENTE JUSTO E PECADOR

 

Cremos que a salvação engloba, após o processo de conversão, a regeneração ou novo nascimento (Tt 3.5, Jo 3), instantânea e uma só vez, pela nova vida de Cristo pelo Espírito Santo em nós; e a justificação ao pecador (Rm 3.24) diante do tribunal de Deus, instantânea e junto com a regeneração, pelos méritos de Cristo conquistados na sua vida e na sua morte, pelo seu sangue (Rm 5.9), pela graça (Rm 3.24), tendo a fé como meio (Rm 5.1), e não as obras da lei (Gl 2.16), quando o pecador recebe o perdão dos pecados com declaração de inocência diante de Deus por receber a imputação da justiça de Cristo em nós sem as obras (Rm 4.3-8), e assim o Pai nos vê através de Cristo (somos revestidos de Cristo), resultando em paz com Deus (Rm 5.1).

Nossos pecados foram imputados a Cristo na cruz, e a justiça de Cristo é imputada a nós, pecadores, quando cremos, tornando-nos justos e santos aos olhos de Deus (1Pe 2.24). Não somos justificados pelas obras para a nossa salvação. As nossas obras nada alteram a nossa justiça. A nossa fé em si não tem mérito, ela é apenas o meio. O mérito é de Cristo. Jesus é o Salvador!

Romanos 4.16 “Portanto, a promessa vem pela fé, para que seja de acordo com a graça...”

Romanos 11.6 “Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra.”

A justificação não ocorre sem a regeneração, e a regeneração não ocorre sem a justificação, de modo que os pecadores são justificados e regenerados juntos por meio da graça apenas pela fé.

Após a regeneração e a justificação, ocorre, num verdadeiro salvo, que é um novo homem criado em verdadeira justiça e santidade (Ef 4.24), uma santificação eficaz e gradual (separação do pecado) que aumenta progressivamente, segundo o Espírito santifica a pessoa não resistente (pois o Espírito a quer santificar!) ao longo da vida (e assim a pessoa acha graça aos outros dando bom testemunho cf. Mt 5.16). Tiago, no cap. 2, complementa o fato de que, uma vez salvo, uma vez que Abraão foi justificado pela fé (salvo), Abraão também foi, depois, justificado pelas obras (obras após a salvação), uma vez que as obras são o fruto da fé, pois o salvo pratica boas obras produzindo o fruto do Espírito Santo (Gl 5.22), as quais o salvo não praticava antes de ser salvo (antes de ser regenerado e justificado pela fé), pois apenas praticava o mal (Hb 11.6), e porque não possuía a natureza de Cristo pelo Espírito, somente a carne (Rm 7.5).

Paulo e Tiago, falando sobre justificação, escrevem sobre eventos diferentes na vida de Abraão: Paulo, nas suas cartas, fala da justificação pela fé, em que ocorreu a salvação de Abraão, acerca do evento de Gênesis 15.6 (E creu ele no Senhor, e imputou-lhe isto por justiça). Já Tiago fala da justificação pelas obras em Tg 2.21-24, e escreve do evento de Gênesis 22, quando Abraão ofereceu a Isaque, obra que Abraão praticou depois de salvo!

Uma vez salvo (nascido de novo – regenerado, e declarado justo diante de Deus – justificado), o salvo, como dito, passa por uma santificação inicial no ato da salvação (1Co 6.11) e começa a praticar o bem, ou seja, dar bons frutos para Deus (Gl 5.22-25). Desta forma, depois de salvos, já tendo sido declarados justos e justificados pela fé para a salvação eterna (o que é um ato e não um processo), nós somos justificados continuamente pelas nossas obras de justiça (as quais não acrescentam em nada a nossa salvação, mas recompensas eternas), e assim porventura obteremos o favor e a aprovação dos homens descrentes, que irão glorificar a Deus pelas boas obras dos crentes (Mt 5.16). Todavia, nem por isso devemos nos gloriar diante de Deus. A santificação é aperfeiçoada mediante a obra de Deus na vida de cada um até nos tornarmos verdadeiros justos na glorificação na glória de Deus junto com Cristo, onde receberemos corpos glorificados (Rm 8.17) na ressurreição do corpo (explicado no capítulo de 1Co 15). Assim estaremos salvos, para sempre com o Senhor (1Ts 4.17-18).

Um detalhe é que o salvo nunca será totalmente santo na Terra, apenas no Céu, quando não tiver mais a natureza humana pecaminosa (carne). Como já dito, todos os homens são pecadores, até os mais santos (Eclesiastes 7.20), em maior ou menor grau. Jesus foi e sempre será a única pessoa sem pecado (Hebreus 4.14-15)!

O salvo é ainda pecador pois continua tendo a natureza pecaminosa (1João 1.8 “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós”), porém é também justo pois é revestido da justiça de Cristo (Gl 3.27). Assim, o salvo é simultaneamente justo e pecador.

De acordo com Wayne Grudem (2010, Teologia Sistemática: Atual e Exaustiva):

“No tocante à nossa posição legal perante Deus, qualquer pecado, mesmo aquilo que nos pareça um pecado leve, torna-nos legalmente culpados perante Deus, e, portanto, dignos de castigo eterno. Adão e Eva aprenderam isso no jardim do Éden... (Gn 2.17). [...]. Em termos de culpa legal, todos os pecados são igualmente maus, pois nos fazem legalmente culpados perante Deus e nos constituem pecadores.

Por outro lado, alguns pecados são piores do que outros, pois trazem consequências mais danosas para nós e para os outros e, no tocante ao nosso relacionamento pessoal com Deus Pai, provocam-lhe desprazer e geram ruptura mais grave na nossa comunhão com ele. [...]. O pecado de Judas era bem “maior” [do que de Pilatos, ver João 19.11], provavelmente por causa do conhecimento bem maior e da malícia associada a esse conhecimento.

No Sermão do Monte, ao dizer: “Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado o menor no reino dos céus” (Mt 5.19), Jesus sugere que há mandamentos menores e maiores, [...] sugerindo assim que alguns pecados são piores do que outros no tocante à própria avaliação divina da sua importância.

Nossa conclusão, então, é que em termos de consequências e em termos do grau do desprazer de Deus, alguns pecados são certamente piores que outros.”

 

11.            DA EXPIAÇÃO SUBSTITUTIVA AOS ELEITOS POR CRISTO COMO CORDEIRO DE DEUS QUE TIRA O PECADO DO MUNDO

 

1 João 4, o capítulo que exprime que Deus é Amor, mostra que Cristo recebeu sobre si os pecados dos eleitos:

1Jo 4.9-10 Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos. Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados [não todos os pecados].

 

Pedro diz que o fato de Cristo levar nossos pecados sobre o madeiro (tomar os pecados dos eleitos sobre si) leva à certa consequência de morrer para os pecados e viver para a justiça, o que mostra que aqueles que Cristo tomou os pecados certamente são justificados:

1Pe 2.24 Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, a fim de que morrêssemos para os pecados e vivêssemos para a justiça; por suas feridas vocês foram curados.

 

Isaías 53, o capítulo profético sobre o Messias, mostra que Jesus justificará a muitos [e não a todos], e mostra que Cristo levou sobre si o pecado de muitos, ou seja, de todos os que justificou:

11 Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si.

 

Deus não quer salvar apenas alguns: a porta da graça está aberta a todos:

Ap 22.17 E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.

1Jo 2.1 Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. 2 E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.

O versículo acima diz que, conforme o v. 1 (se alguém pecar), de acordo com o v. 2 (propiciação pelos pecados de todo o mundo), se todo o mundo hipoteticamente reconhecer o seu pecado e crer, Cristo terá sido a propiciação por este também, ou seja, tornará Deus favorável a essa pessoa também, será retirada da ira: a porta da graça está aberta, mas Cristo, de fato, na realidade, é a propiciação só pelos que creem, pois só estes estão fora da ira ou separação de Deus cf. João 3.36:

João 3.36 Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece.

 

12.            EXPIAÇÃO DE CRISTO A TODOS E A CADA UM DOS HOMENS

 

A culpa dos pecados de toda a humanidade foi imputada a Cristo quando Ele morreu. A imputação corresponde às exigências da lei no que diz respeito a cada pessoa. Cristo, em sua morte, remove as barreiras jurídicas que se colocam no caminho para qualquer pessoa ser perdoada por Deus. O Senhor quis que esta morte fosse uma provisão universal para toda a humanidade, a fim de que todos possam ser salvos, mas não desejou igualmente que todos sejam salvos. O comando para indiscriminadamente oferecer o evangelho a todos por meio do evangelho é baseado na disponibilidade real dessa suficiente satisfação para todo homem. Cristo realmente sofreu e morreu em Sua pessoa infinita a morte que era devida a todo homem” (Tony Byrne, blog Theological Meditations. Disponível em: <http://theologicalmeditations.blogspot.com/>.). Cristãos devem evangelizar porque Deus deseja que todos os homens sejam salvos [Deus deseja que todos creiam em Seu Filho] e fez expiação por todos eles, assim removendo as barreiras legais que exigem sua condenação (Allen, David e Lemke, Steve, Whosoever Will, 2010).

 

Embasamento:

Como Adão pecou, e por ele veio a morte, era necessário que, quem quisesse ser salvo, devia cumprir plenamente a lei mosaica, ou seja, desfazer os efeitos da queda de Adão nessa pessoa. Todos os seres humanos, em teoria, nasceriam sob essa pena, e assim, sem um Salvador, deveriam por si mesmos cumprir a lei para conquistarem a salvação para si. Mas isso é impossível, visto que a lei exigia perfeição, e como nós nascemos mortos, imperfeitos e com a carne (natureza pecaminosa), somos pecadores, não conseguimos cumprir a lei, sendo nós impedidos de sermos salvos sem cumprir a lei (exceto se outro a conquistar por nós).

MAS veio um, Cristo Jesus, que cumpriu a lei por nós, TODOS os mandamentos, adquiriu a salvação pelos próprios méritos, e disponibilizou a salvação, que se havia perdido, a todo homem. É o Salvador.

Se fosse possível que um de nós conseguisse obedecer toda a lei pelas obras, só conquistaria a salvação para si mesmo, pois já nasceu com a culpa do pecado de Adão, já nasceu pecador. Mas Cristo não só obedeceu toda a exigência de Deus, como, por ser imaculado (por ter nascido sem pecado), ainda disponibilizou a salvação para todos, segundo o critério escolhido por Deus, a fé nele.

Como Adão, um homem pecou, era necessário que outro homem conquistasse a salvação, por isso Cristo veio, que não é só Deus, mas também homem (assumiu a humanidade junto à divindade, o Verbo se fez carne, João 1). Com a morte de Cristo a nosso favor, nós não precisamos mais cumprir a lei para sermos salvos (o que seria impossível), pois Cristo já a cumpriu, ele reconquistou a salvação por nós na aliança da graça. A exigência do cumprimento da lei Mosaica (lei de Deus) era um impedimento à salvação de todo homem, pois todo homem nasce culpado do pecado de Adão, mas Cristo removeu as barreiras jurídicas (a imputação do pecado / culpa de Adão de Romanos 5.12-13), e, por isso, nós não precisamos mais cumprir a lei, não temos mais essas barreiras jurídicas, mas a salvação recebemos por um NOVO meio, segundo a justiça de Deus. Qual meio? A fé.

Por isso, ainda que a justiça de Deus demandasse que quem quisesse ser salvo devia cumprir a lei de Deus, isso era impossível, mas Deus fez assim para que Cristo fizesse o impossível para nós, sendo também homem perfeito. Deus Pai colocou esse critério, segundo a justiça de Deus para exaltar Deus Filho, Jesus Cristo, sobre tudo e sobre todos.

Assim, a justiça de Deus foi cumprida em Cristo, pois era necessário que o Salvador morresse pelo povo, e vertesse seu sangue a favor de quem fosse salvar, assim como os bodes e touros, sacrifícios do antigo testamento, eram sacrificados como meio de santificação do povo judeu na antiga aliança. Mas Cristo verteu seu sangue por nós, o sangue do Novo Testamento, de uma nova aliança. POR SEU SANGUE SOMOS SALVOS. Depois de Cristo não é necessário mais nenhum sacrifício de animal, nem outro sacrifício humano como o Dele, pois o sacrifício de Cristo foi cabal, terminado, vicário, completo, perfeito, único, celeste, e não precisa ser repetido. Sobre isso fala a epístola aos Hebreus.

Romanos 10.4 “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê.”

Por uma só ofensa, de Adão, veio o juízo sobre todos e cada um dos homens para condenação (veja que isso tem o sentido de ser de sentido jurídico, legal, pois Romanos 5.12-13 usa a palavra “imputação”), pois sabemos que toda humanidade, cada um deles foi afetado pela Queda. Assim também por um só ato de justiça, de Cristo, veio a graça sobre todos e cada um dos homens, abrindo caminho para justificação de vida de todas as pessoas do mundo, se elas crerem (pela fé). Assim, a Graça sobre todos os homens é a Graça de Deus que retira todo impedimento legal, jurídico, para que todos quantos crerem possam alcançar a vida eterna, segundo o critério Bíblico, que é Cristo.

Cristo morreu por todos os homens, dando chance a todos, por isso todo aquele que ouvir a mensagem do evangelho e crer é salvo. O sacrifício de Cristo não é limitado a alguns, como se só alguns pudessem ser salvos, mas a porta da graça está aberta. Já a eficácia e aplicação do sacrifício de Cristo no quesito e ato de salvar, justificar, de tomar os pecados das pessoas para Si e transmitir Sua justiça é apenas aos crentes, apenas aos que creem.

1 Timóteo 4.10 “Porque para isto trabalhamos e lutamos, pois esperamos no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis.”

 

13.            DOS DONS ESPIRITUAIS E DA EVIDÊNCIA DA SALVAÇÃO

 

O Espírito Santo concede aos que temem a Deus dons, mas de modo nenhum podem considerar-se salvos (justificados e regenerados) por exercer dons espirituais, ainda que sejam dons espirituais verdadeiros, pois eles não garantem a salvação (Mateus 7.21-23 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade). Como no tempo apostólico, alguns há que o Espírito Santo concede dons para o não salvo que busca a Deus (1Coríntios 13.1,2), pela graça, para que ele resista ao mal e reconheça a natureza dos dons, rendendo-se ao Senhor dos dons, a Cristo, renunciando a tudo pela graça (Lucas 14.33). A evidência principal da salvação é o fruto do Espírito (Gálatas 5.22) em amor, alegria, bondade, amabilidade, paciência, domínio próprio, fidelidade, mansidão e paz, características ou princípios de um ser transformado por Deus que anda em santidade e temor a Deus.

 

14.            DEUS QUER QUE TODOS SEJAM SALVOS, MAS SOMENTE ALGUNS SÃO ELEITOS E SALVOS

 

O Pai amou a todos e a cada um dos seres humanos dando-lhes oportunidade de salvação:

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3.16

 

Confirmando isso, Deus deseja que todos sejam salvos, não como decreto impositivo e forçado, claro:

“Pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.” 1 Timóteo 2:3,4

 

Porém, Deus elegeu somente alguns segundo Seu critério (a Escritura não declara qual é o critério de Deus na eleição, que é pela graça e pela Palavra):

“Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus: A vós graça, e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo! Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, Para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado, Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça...” Efésios 1.1-7.

 

A salvação, antes de ser recebida, pode ser resistida:

“Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais.” Atos 7.51

“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!” Mateus 23.37

 

O pecado de Adão atingiu a todos, e a graça de Cristo convida a todos dando-lhes oportunidade de justificação de vida:

“Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida.” Romanos 5.18;

“Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia.” Romanos 11.32.

 

A predestinação ou eleição individual para a vida eterna é bíblica, operação de Deus pela graça, pela PALAVRA (meio pelo qual vem a fé salvadora (Rm 10.17) e meio pelo qual, com o Espírito, convence o mundo do pecado, justiça, juízo e subjuga nossa liberdade de escolha, cessando a resistência do coração, para o amor voluntário a Deus). Isso é apenas aos eleitos – para o fim de ser conforme a imagem de Cristo cf. Romanos 8.28-30, para ser adotado na família de Deus, para a obediência cf. 1Pedro 1:2 (e não pela obediência) conforme também toda a Escritura em suas palavras explícitas, e não por interpretação humana. Lembre-se de que não há um versículo sequer na palavra revelada a nós que associe a eleição ou predestinação divina com algo visto de bom em nós, tampouco alguma obediência, mas condições assim na palavra revelada são explícitas apenas à salvação/justificação/regeneração em vida. Como a fé salvadora é anterior à justificação, e como a Palavra produz a fé salvadora, e como a pessoa precisa receber a Palavra em seu coração segundo as Escrituras antes da fé; e como a eleição é anterior à salvação (e não há versículo bíblico de condição à eleição), pelo contrário, a eleição é de Deus, assim como Seu Amor, portanto conclui-se que a não resistência da livre vontade do ser humano (com consequente amor voluntário) é pela Palavra, e também a fé, a justificação, regeneração e glorificação vêm todas de Deus pela Sua graça, natureza, bondade, palavra e amor. Como a eleição é a etapa anterior da salvação, assim isso é confirmado. Em Sua Mente, Deus pode ter um critério para a eleição não revelado na revelação da Palavra, o que faz sentido.

 

Em contrapartida, não há predestinação individual vinda de Deus na Bíblia para condenação eterna antes da fundação do mundo

Romanos 9:21-23 Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição, para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia que para glória já dantes preparou (Romanos 9.22.23).

Os versos acima, se com cuidado notados, não ensinam a fatalidade da dupla predestinação, que alguns são rejeitados e ignorados desde a eternidade sem chance de serem salvos. Na eleição à salvação desde a eternidade nós cremos. Mas Deus da chance a todos, conforme a Escritura, clara como cristal, e o Espírito Santo é que testifica. Ora, a diferença do verso 22 (preparados para a perdição) para o 23 (preparados para a glória) é que apenas os eleitos são predestinados: “para glória já dantes [elemento de tempo, colchetes meus] preparou” no v.23, ou seja, desde a eternidade). Os vasos preparados para a perdição no v. 22 não são ditos que são preparados para a perdição num tempo anterior (desde a eternidade) como é falado dos eleitos, e não se acha na Escritura frases como "dantes preparados para a perdição", ou "predestinados para a perdição" etc. Claro que os nomes deles desde a fundação do mundo não estão no livro da vida (Apocalipse 13.8), mas não, a Bíblia não fala de presciência, predestinação, condenação, eleição individual ao inferno desde a eternidade! Assim concluímos que os vasos preparados para a perdição são preparados durante suas vidas por terem rejeitado o Senhor, e Deus já sabia disso desde a eternidade (de modo que elegeu as suas ovelhas), e não por terem sido predestinados individualmente ao inferno, pois Deus quer salvar a todos, e a Escritura é inerrante.

Trechos bíblicos como: Judas 1:3,4 (“Porque se introduziram furtivamente alguns, os quais já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.”) e outros não falam que individualmente foram inscritos para o lago de fogo (condenação individual), mas esses versículos, assim como os vasos da perdição, quer dizer que Deus já sabia desde a eternidade que coletivamente alguns seriam condenados ao juízo, mas não por Deus em Si mesmo desde a eternidade (que seria condenação forçada por mero decreto divino), mas sim pela resistência à Palavra e ao Espírito em vida! Deus seriamente quer salvar a todos e chama a todos às bodas, lembre-se das palavras de Jesus!

O apóstolo diz claramente que Deus suportou com muita longanimidade os vasos da ira'. Não diz que fez vasos de ira. Pois se tal houvera sido sua vontade, não teria necessidade de grande longanimidade. Quanto a serem preparados para a perdição, disso é culpado o diabo e os homens, não Deus. Livro de Concórdia, 2016.

Lund e Nelson, em Hermenêutica (2007), afirma sobre Jacó a Esaú:

O uso do amar e aborrecer (ou amar e rejeitar) era para expressar preferência de uma coisa à outra. Tanto é assim que, por exemplo, ao lermos, "Amei a Jacó, e aborreci a Esaú" (Rm 9.13), devemos compreender: preferi Jacó a Esaú. (ver também Dt 21.15; Jo 12.25; Lc 14.26; Mt 10.37).

Isso não quer dizer: “condenei a Esaú desde a fundação do mundo”, tal não é bíblico!

Não quer também dizer: “Elegi a Jacó e condenei a Esaú desde a eternidade por meu conselho soberano” mas, sim: “Preferi a Jacó, elegi a Jacó.”

 

A condenação individual é causada pelo pecado da própria pessoa que não teme a Deus, que endurece o coração, tampa os ouvidos para não ouvir a Palavra, ou seja, resiste ao Espírito Santo cf. Atos 7.51 (vós sempre resistis ao Espírito Santo), e nem é humilde para recebê-la:

Mateus 5.1 Bem-aventurados os pobres em espírito [igual a ser humilde, não ter autossuficiência espiritual, colchetes meus], porque deles é o reino dos céus.

Esses ...de bom grado receberam a Palavra cf. Atos 2.41 e 17.11.

 

15.            O PROCESSO DE CONVERSÃO: COMENTÁRIO ABREVIADO DE ROMANOS 7

 

É necessário comentar aqui o capítulo sete da epístola de Paulo aos Romanos para esclarecimento geral da Escritura, e não dessa confissão em si, mas sim do que a Escritura quer nos transmitir nesse capítulo chave. Comentários meus abaixo dos versículos.

 

[...]

Romanos 7.4 Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus.

Comentário:

Assim também estamos nós, os crentes, mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejamos Dele para dar fruto a Deus.

 

5 Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte.

Agora Paulo fala da época de quando estava na carne (v. 5), antes de ser salvo, pois seus membros davam fruto à morte.

 

6 Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra.

Mas depois foi salvo da lei, tendo morrido para ela, para servir a Deus em novidade de espírito.

 

7 Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás.

A lei mosaica não é pecado, mas nós não conhecemos o pecado senão pela lei: os 10 mandamentos dizem: “não cobiçarás”, e eu conheci a cobiça (concupiscência). Os mandamentos dizem para não roubar, e aquele que roubou é condenado como transgressor da lei, pecador.

 

8 Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, operou em mim toda a concupiscência; porquanto sem a lei estava morto o pecado.

O pecado, através do mandamento, operou no velho Paulo toda a cobiça: se não houvesse lei não haveria pecado, mas agora não tem desculpa.

 

9 E eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri.

E Paulo, em algum tempo rebelde no início de sua vida, vivia sem conhecer a lei de Deus – era ignorante das coisas do alto, e desde criança depravado [Romanos 3.9b-12 tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado; Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.]. Era ignorante: [1Coríntios 12.14 Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.]. Paulo não desejava o bem porque não conhecia o bem de Deus. Mas sendo evangelizado, reviveu o pecado que ele cometia e ele percebeu que estava morto espiritualmente – o salário do pecado é a morte – Paulo estava na depravação total, mas algo aconteceu quando foi evangelizado (“quando veio o mandamento”).

 

10 E o mandamento que era para vida, achei eu que me era para morte.

E o mandamento dado por Deus para o bem, achou ele temporariamente que lhe era para morte. Por quê?

 

11 Porque o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enganou, e por ele me matou.

12 E assim a lei [mosaica] é santa, e o mandamento santo, justo e bom.

13 Logo tornou-se-me o bom em morte? De modo nenhum; mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem; a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno.

O que é bom não vira ou traz morte, mas já que Deus nos deu uma lei moral que fala para não matar (ou cobiçar, furtar, adulterar, fornicar etc.), esses crimes ficam muito mais malignos do que seriam se não houvesse essa lei divina.

 

14 Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.

Paulo no versículo 9 falou que em algum tempo vivia sem lei (homem natural, ignorante, que não compreende as coisas do Espírito de Deus), mas quando teve contato com o mandamento, chama-se de carnal, vendido sob o pecado. Compreendeu que a lei é espiritual, Paulo foi parcialmente iluminado, é carnal, vendido sob o pecado.

 

15 Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço.

Paulo não era o Paulo na velhice que dizia “Sede meus imitadores, como eu de Cristo”, mas era o Paulo que queria fazer o bem, mas não conseguia! – como éramos antes do novo nascimento – com liberdade de escolha restaurada pela pregação da Palavra (quero fazer o bem) – homem carnal em vez de homem natural – desejando o bem, mas não conseguindo pratica-lo, pois não tínhamos a natureza de Cristo que supera a pecaminosa! Só depois de nascer de novo que uma pessoa consegue fazer o verdadeiro bem (Hb 11.6) e ter uma consciência limpa diante de Deus.

 

Vale ressaltar que as pessoas quando nascem (Rm 7.9) não buscam automaticamente a Deus, ou seja, não querem fazer o bem diante de Deus ainda, pois não conhecem nada sobre as coisas de Deus (o bem) se ninguém os evangelizar. É por isso que primeiro a pessoa nasce ignorante e depravada, e somente depois que a Palavra é pregada para ela em verdade ela tem a liberdade de escolha espiritual restaurada (como se Paulo dissesse “quero o bem, quero ser salvo, mas não consigo fazer o bem”), Paulo estava buscando a Deus para sua salvação (quero o bem que não faço)! Assim, somente depois desse contato com a Palavra que a pessoa deseja o bem que vem de Deus, como Paulo em Romanos 7.

Desejar o bem não consiste em nada que possa salvá-lo, contudo. Somente está buscando a Deus, desejando o bem! Deus é quem salva, Ele é o Salvador! Ele salva aqueles que sabem que não podem se salvar (personagem “John Bunyan” em “Torchlighters”)!

 

16 E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.

A lei serve mesmo para condenar os maus. A lei mosaica serve para condenar os pecadores. A lei é boa, pois condenou a Paulo, quando era escravo do pecado, ou seja, não conseguia fazer o bem que ele queria, só fazia o mal/pecado.

 

17 De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.

Realmente escravo do pecado.

 

18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem.

19 Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.

20 Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.

21 Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.

Paulo é incapaz de com seu esforço se livrar do pecado e do mal que reconhece ter.

 

22 Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;

Como Paulo foi evangelizado pela lei, confrontado pela lei mosaica que escancarou seu pecado, Paulo estava sob a lei (perto de ser salvo): estando assim, ele quer ser salvo, tem prazer na lei de Deus, mas Deus ainda não o salvou, pois leva tempo, convencimento, livramento, amadurecimento, provisão, graça, enfim, ainda é escravo do pecado. Quando for salvo não será mais escravo do pecado, será livre para a justiça.

 

23 Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros.

24 Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?

25 Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado.

Paulo com a mente parcialmente iluminada servia à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado. Veja que isso é antes de Paulo ser salvo, frisando, pois o final do versículo fala que Paulo serve com a carne a lei do pecado, ou seja, Paulo nesse estado é servo do pecado.

Esse é o mesmo estado das pessoas, entre a depravação total (homem natural) e o novo nascimento (salvo): o homem carnal, que já foi renovado pelo Senhor, que provou o dom celestial, que se tornou participante do Espírito Santo, provou a boa palavra de Deus e os poderes do século futuro (Hebreus 6.4-6).

Esse é o processo de conversão de um crente, que pode levar anos até que a pessoa seja eficazmente e efetivamente salvo/justificado/regenerado pelo Senhor através da Palavra ou perca a oportunidade de salvação que o Senhor lhe disponibilizou pela sua própria desobediência segundo a Bíblia.

A pessoa, naturalmente, serve com a mente serve à lei de Deus, mas com o corpo à lei do pecado. Essa é a explicação do v. 25, mas, conforme Romanos 8 (ver capítulo todo depois), os que andam na carne não são salvos, e os que andam no Espírito são os salvos, portanto Romanos 7.25 (acima) fala obviamente de um estado antes de ser salvo, pelo qual todos passamos, e Paulo se fez exemplo desse estágio para nos explicar como funciona em Romanos 7.

Romanos 8.9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.

Romanos 8.14 Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.

Gálatas 5.24 E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.

 

16.            PERSEVERANÇA DOS SANTOS E EVIDÊNCIA BÍBLICA

 

Uma pessoa salva (uma vez que tem a natureza de Cristo) é, por natureza, em geral, perseverante, vigilante, obediente a Deus (1Jo 5.4 Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé), se arrependendo de todo deslize, pelo Espírito que nela habita, que sempre a constrangerá para arrependimento. Quem deixa a fé que tem (não-salvífica, crendo temporariamente cf. Lucas 8.13), ou se não houver arrependimento; e quem deixa o "caminho da salvação" mostra que não alcançou a verdadeira salvação, não sendo um salvo (entende-se por salvo o cristão que é perseverante, pois todo nascido de novo tem o seu fruto em perseverança cf. Lucas 8.15, é vigilante, justificado pela fé, regenerado pelo Espírito e que anda em santidade contínua), e não provou que Deus é bom, pois sua graça constrange a todo o homem. Devemos repreender o jargão infeliz "uma vez salvo, sempre salvo", que, embora correto, fica implícito nessa frase que o homem poderia fazer o que quiser (ainda que isto não correspondesse à vontade de Deus), e ainda morrer no pecado, e não ‘perderia a salvação’. A realidade da Escritura é que o salvo, em geral, persevera, vigia, é obediente, não faz o que quer, mas o salvo pratica a vontade de Deus e não permanece no pecado nem o pratica continuamente, nem morre no pecado (1Jo 3.9 Qualquer que é nascido de Deus não permanece no pecado, 1Jo 3.6 Qualquer que permanece no pecado não o viu nem o conheceu).

Aquele que permanece no pecado (apostata ou peca continuamente) não viu, nem conheceu Jesus, pois não é nascido de Deus. O que indica que não é uma salvação que foi perdida, como se tivesse conhecido Jesus anteriormente, antes de o deixar. Mas a realidade é que nunca o viu, nem o conheceu; a realidade é que nunca foi salvo, pois não praticou o fruto do Espírito, fruto perfeito. ‘Nunca vos conheci, apartai-vos de mim, vós que praticais a maldade’ (Mt 7).

 

A)               Uma árvore boa sempre dá bons frutos (Mt 7.16-19). Está dando espinhos? Você não é uma macieira, ou uma jabuticabeira, mas um espinheiro! Não é nascido de novo se permanece dando maus frutos!

B)                Romanos 8.14 Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus. Esse verso nos mostra que somos filhos de Deus, nascidos de novo tão somente se estivermos guiados pelo Espírito de Deus. Não adianta achar que é filho de Deus adotivo por Cristo se permanecerdes nos seus pecados ou se fizer continuamente a vontade da carne com suas paixões.

C)                Jeremias 32 fala da nova aliança, em que Deus vela pela preservação da nossa salvação: Jr 32.38 E eles serão o meu povo, e eu lhes serei o seu Deus; 39 E lhes darei um mesmo coração, e um só caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem, e o bem de seus filhos, depois deles. 40 E farei com eles uma aliança eterna de não me desviar de fazer-lhes o bem; e porei o meu temor nos seus corações, para que nunca se apartem de mim.

D)               João 10 nos mostra que as ovelhas de Jesus ouvem a Sua voz, ou seja, o seguem (inclui-se nisso o ato de evitar o pecado). Jesus lhes dá a vida eterna, como Ele é a vida, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da Sua mão. Será que esse verso não é convincente o suficiente? Ninguém arrebatará o salvo da mão de Cristo. Ninguém também arrebatará o salvo da mão do Pai: Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. João 10.27-29.

E)                Romanos 8.31-39 fala que nada, nada, nada poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus. Mas a própria Bíblia não fala que o pecado separa o homem de Deus? Sim, porém, para o nascido de novo (novo homem) o domínio permanente do velho homem é passado, as primeiras coisas são passadas, e até o pecado como senhor é ‘coisa passada’ para o nascido de novo (1Jo 3.6-9), isto é, o pecado junto com a natureza pecaminosa é controlado e suprimido pelo Espírito Santo, que faz com que o salvo não viva pecando continuamente!

F)                Em 2Co 10.4-5 (Porque as armas da nossa milícia não são carnais, [...] e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo), Paulo dá a entender que o servo, com suas armas espirituais, possui (ou deve possuir) todo o entendimento e obediência cativos em Cristo! Se nós queremos fazer o que quisermos, se isso não corresponder à vontade de Deus, não somos servos de Deus. O servo de Deus é livre do pecado (Jo 8.34-36), mas não livre para fazer o que bem entender (carne), pois é cativo de Cristo pelo Espírito! Assim, um salvo não é livre para pecar ou para apostatar da fé.

G)               João 8 mostra que os filhos fazem o que fazem os pais (filho de Deus agrada a Deus, filho do diabo agrada ao diabo, filho de Abraão faz as obras de Abraão);

João 8:38 Eu falo do que vi junto de meu Pai, e vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai. 39 Responderam, e disseram-lhe: Nosso pai é Abraão. Jesus disse-lhes: Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão. 40 Mas agora procurais matar-me, a mim, homem que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido; Abraão não fez isto. 41 Vós fazeis as obras de vosso pai. Disseram-lhe, pois: Nós não somos nascidos de prostituição; temos um Pai, que é Deus. 42 Disse-lhes, pois, Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou. 43 Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra. 44 Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.

Desta maneira, salvo faz, em geral, a vontade de Deus. Ímpio faz, em geral, a vontade do diabo. Por isso, o salvo é cativo de Cristo, constrangido pelo Espírito, e não pode apostatar da fé, porque Deus o guarda e há um amor mútuo entre Deus e o salvo, e entre o salvo e Deus.

H)               Romanos 8.30: E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou. Esse verso nos afirma que todos os que Deus escolheu antes da fundação do mundo ele chamou em vida. Todos esses que chamou em vida, segundo o propósito (ver Rm 8.28b), também justificou pela fé. E todos esses que Deus elegeu, todos esses que Deus chamou segundo seu propósito, e todos esses que Deus justificou também serão glorificados na vinda de Cristo. Portanto, se você é justificado / regenerado, você é salvo. Se é salvo hoje (nascido de novo), será salvo (glorificado – salvação final) na vinda de Cristo. O salvo não deve temer não subir na vinda de Cristo, pois o salvo com certeza subirá na vinda de Cristo.

I)                  1Co 3:8b em diante é mais uma evidência da perseverança dos santos.

“[...]. Mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. 9 Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. 10 Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. 11 Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. 12 E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, 13 A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. 14 Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. 15 Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo.”

Os salvos são edifício de Deus, e nesta construção o fundamento, que é a base, é Cristo, e edificam (constroem) sobre ele com as obras. Os salvos fiéis durante toda sua vida de cristãos constroem o seu edifício, em geral, com ouro, pedras preciosas e prata: esse edifício permanecerá de pé sob o fogo e o salvo receberá recompensa eterna, um grande galardão no céu. Os salvos não tão fiéis assim durante toda sua vida (como Davi, que sendo salvo (embora não nascido de novo pela nova aliança) pecou e sofreu juízo de Deus por todo o resto de sua vida) constroem o seu edifício em parte com materiais nobres e em parte com madeira, feno ou palha: esses sofrerão detrimento (dano, perda) de parte do seu edifício e galardão. Na realidade, mesmo que um nascido de novo tenha muitas falhas, ele, por causa do fundamento, que é Cristo, ainda irá para o gozo eterno, onde não terá mais choro, dor, tristeza, e onde estará com o Senhor. Portanto, ainda que não receba recompensa ou galardão por algo feito na terra, o nascido de novo, se realmente for um nascido de novo, e não um descrente aventureiro na fé ou domesticado do pecado achando ser cristão verdadeiro, será repreendido no tribunal de Cristo/juízo, porém verá a face de Deus em alegria na glória. Por Cristo e em Cristo todos os justificados serão glorificados.

 

17.            APOSTASIA

 

A Bíblia diz explicitamente que é possível perder a graça, fé e o Espírito. Acerca disto:

1 Tessalonicenses 5:19 “Não extingais o Espírito.”

Gálatas 5:4 “Separados estais de Cristo, vós que vos justificais pela lei; da graça tendes caído.”

1 Timóteo 4:1 “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores…”

Acerca destes:

1João 2.19 Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós.

Com a graça, a fé e o Espírito o crente tem contato antes de ser salvo. Não existe na Bíblia, entretanto, expressão alguma falando que “perderam a salvação / adoção / regeneração / justificação / eleição / glorificação etc.. Duvida? Procure com esses termos.

Perderam a graça, fé e o Espírito (antes do novo nascimento): trabalhemos melhor esse ponto.

É possível segundo a Bíblia que uma pessoa apostate da fé (como a parábola do semeador de Lucas 8.13 diz, crendo/acreditando temporariamente). É possível apostatar (Hebreus 6.4-6; 10.26-31) da fé não salvadora, como apenas acreditar sem confiar, uma vez que esta fé inicial iria levar ela gradativamente, crescendo de fé em fé (Rm 1.17), pela graça de Deus, pelo contato com a Palavra, até uma fé justificadora, a ser um verdadeiro salvo em Cristo, mas isso não se tornou uma realidade na vida da pessoa por culpa dela. O pecado para morte, imperdoável, a blasfêmia contra o Espírito Santo, a apostasia, “é cometida quando qualquer homem, com determinada malícia, resiste à verdade divina, ou seja, a verdade contida no Evangelho – contra a fé em Cristo e a conversão a Deus. Portanto, o tipo de pecado é uma repulsa e rejeição a Cristo, em oposição à consciência” (Armínio, Jacó, Obras de Armínio, 2015).

Acerca disso, a Bíblia não diz: “(des)nasceram” (perderam/anularam o novo nascimento); “perderam a justificação” (pelo contrário, Rm 8:28-30 fala que os que justificou, glorificou); não há na Biblia: “não são mais filhos de Deus”, “perderam a adoção”, “filhos abandonados” (obs. filhos bastardos de Hebreus são os ‘crentes’ carnais, filhos de Deus apenas por criação, que não aceitam a disciplina de Deus); não há na Bíblia “perderam a salvação” (escrito assim), etc.: “perderam a eleição”, “perderam a glorificação”, “não mais serão glorificados”... etc.

Portanto, amados irmãos, pode acreditar, como Cristo ressuscitou dos mortos, a justificação é eterna. A adoção é eterna. A regeneração é eterna. A Bíblia prova que não se perde salvação / regeneração / justificação / adoção / glorificação / eleição.

Ainda que não acreditem nas linhas teológicas humanas, fiquem com a Bíblia, ainda mais com o que ela diz explicitamente e muitas vezes!

As exortações, admoestações e repreensões bíblicas são verdadeiras: vigiai e orai para que não caiam em erro.

Todo aquele que vive pecando (sem arrependimento e sem perseverança) não o viu nem o conheceu (Jesus), 1Jo 3.6,9: precisa de conversão. Não há licença para pecar, somos escravos de Cristo, e não livres para fazermos o que quisermos. Somos livres para praticar a justiça.

 

18.            A IGREJA, CORPO DE CRISTO

 

A Igreja Universal de Jesus (Hb 12.23, Ef 5.25) é, num sentido mais amplo, a união dos salvos de todos os tempos e épocas (incluindo judeus e gentios crentes), no Céu e na terra, o Corpo de Cristo (Ef 5.23, Cl 1.18, 1Co 12.27). A Igreja num sentido mais específico teve início na celebração de Pentecostes (1Coríntios 12.13 cf. Atos 2.38-39) e compreende os salvos do Novo Testamento. Os salvos do Antigo Testamento, eram sim povo de Deus, estavam num casamento/noivado com Deus, mas não eram chamados de Igreja, mas Israel (Jeremias 2.2-3 Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz o Senhor: Lembro-me de ti, da piedade da tua mocidade, e do amor do teu noivado, quando me seguias no deserto, numa terra que não se semeava. Então Israel era santidade para o Senhor, e as primícias da sua novidade; todos os que o devoravam eram tidos por culpados; o mal vinha sobre eles, diz o Senhor).

A Igreja é atualmente a noiva do Cordeiro (Efésios 5.25), futura esposa do Cordeiro (esposa Apocalipse 21.9, identificada com a nova Jerusalém cf. Apocalipse 21.2,9-10) na glória sem ruga nem mácula (Ef 5.25-27, especialmente 5.27), composta dos crentes, sim, imperfeitos e pecadores na Terra, mas aos olhos de Deus, se justificados, sem defeito ou culpa, pois Cristo é nossa justiça. De acordo com John Bunyan (Graça Abundante para o Principal dos Pecadores, Vida, 2013), “...não era a boa atitude do meu coração que tornava melhor a minha justiça, nem a minha má atitude que a tornava pior, pois a minha justiça era o próprio Jesus Cristo, o mesmo ontem, hoje e para sempre” (Hebreus 13.8).

A Igreja, que é o novo Israel de Deus (pela fé), substituiu Israel (com seus moldes do Antigo Testamento) na nova aliança (significa que Deus trata Israel no período do Novo Testamento (que se inicia com a ressurreição de Cristo e termina na eternidade) da mesma maneira que trata a Igreja do Novo Testamento). Mateus 21.43 Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado [Israel na antiga aliança], e será dado a uma nação que dê os seus frutos [judeus e gentios crentes: Igreja].

1Pedro 2.9,10 Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia;

Os crentes devem se reunir regularmente na igreja local, congregação ou templo (Hb 10.25), em forma de culto racional (Rm 12.1) para, principalmente, adoração a Deus, evangelização e edificação dos santos.

A salvação é espiritual, não denominacional; não há igreja visível que a abrigue sozinha, mas é de um só Caminho que leva ao céu (Jo 14.6), Jesus Cristo.

Por isso, existem dois tipos de Igreja: A Igreja Mística, de união invisível, o Corpo de Cristo, união dos salvos da terra e do Céu; e Igreja física ou visível, as denominações, que possuem salvos e perdidos ligado a elas (trigo e joio) na terra conforme as parábolas de Jesus.

Mesmo as igrejas mais puras sobre a terra estão sujeitas a erros doutrinários e a comprometimentos. Algumas se degeneraram tanto, que deixaram de ser Igrejas de Cristo, e passaram a ser sinagogas de Satanás.” (Confissão de Fé Batista de 1689).

A Igreja está intimamente ligada ao Reino de Deus ou dos Céus, pois é formada de salvos que são reis e sacerdotes no Reino de Deus, cujo Rei dos Reis e sumo sacerdote é Jesus. O Reino de Deus ou dos céus (são sinônimos) é mais amplo que a Igreja, é o Reino em que Deus (quero dizer, a Trindade toda) é o (sumo) Rei, Senhor e Governador sobre tudo e todos, e governa tudo e todos com justiça e amor. Apesar de tamanha grandeza, Cristo nos fez assentar com Ele em seu reino, que se inicia desde essa vida como filhos adotados até a eternidade (onde entraremos em seu Reino Eterno na glória).

A Igreja é o Corpo de Cristo, que tem muitos membros (eu e você, por exemplo), mas que é Igreja / assembleia / comunidade / reunião de pessoas com mesmo propósito (e não pessoas isoladas), conforme o significado original na Escritura a partir das línguas originais.

Por isso, eu não sou Igreja sozinho, você não é Igreja sozinho. Eu não sou Igreja, mas faço parte da Igreja. Você não é Igreja, mas faz parte da Igreja. Não se diz: "Sou Igreja”, mas: “Somos Igreja."

Não existe ser Igreja sem os irmãos em Cristo (“Não deixando nossa mútua congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.” Hebreus 10:25).

Mesmo assim, a Bíblia declara que tanto individualmente como coletivamente somos templo do Espírito Santo, habitação de Deus. Enfatizando, nossos corpos, individualmente, também são templo ou habitação do Espírito.

Deus nos chamou, ao fazer parte de uma comunidade de fé, para suportar os outros, para amar os outros, para carregar o fardo uns dos outros, para ensinar os outros, para sermos admoestados e ensinados pelos outros, para crescermos juntos para parecemos mais com Cristo já nesta Terra e até chegarmos a ser conforme a plena imagem de Deus no Céu: até sermos como Jesus Cristo na glória de Deus Triuno.

Para isso, precisamos uns dos outros, e não só de Deus: pessoas também precisam de outras pessoas. Não somos seres humanos isolados, mas como disse Bavinck, “Cada pessoa é um membro orgânico da humanidade como um todo e, ao mesmo tempo, nesse todo, ocupa um lugar independente, preservando a unidade orgânica (física e moral) da humanidade, além de respeitar o mistério da personalidade individual. Deste modo, os seres humanos não são espécies [como animais], nem são indivíduos isolados como os anjos, mas são parte de um todo e também são indivíduos: pedras vivas do templo de Deus (1Pe 2.5).”

Se um ser humano sofre, o outro sofre também. Estamos ligados, a humanidade é uma unidade orgânica, não somos indivíduos isolados.

Assim, nos relacionando com Deus e uns com os outros, família, Igreja, amigos, colegas, conhecidos, vizinhos etc. cresceremos em sabedoria, graça, comunidade e no favor do Senhor:

E não vos esqueçais da beneficência e comunicação, porque com tais sacrifícios Deus se agrada. (Hebreus 13:16).

 

19.            O BATISMO E A CEIA DO SENHOR

 

Há dois sacramentos para a Igreja ordenados por Cristo: O Batismo e a Ceia. Não consideramos o batismo e ceia simplesmente ordenanças, ou que apenas possuem aparência exterior, mas sacramentos, pelos quais o fiel é certamente abençoado e agraciado pelo Senhor continuamente em obediência ao mandamento (e não pelo sacramento por ele mesmo).

“Só há dois sacramentos ordenados por Cristo, nosso Senhor, no evangelho, ou seja: o Batismo e a Ceia do Senhor [alguns a chamam de Santa Ceia]. Nenhum dos quais pode ser administrado senão por um ministro da Palavra, legalmente ordenado. Mt 28.19; 1Co 11.20,23; 4.1; Hb 5.4.” (Confissão de Fé de Westminster)

O método batismal mais adequado biblicamente é a imersão completa (conforme Mt 3.6, Mt 3.16 saiu logo da água) uma só vez na vida se ministrado corretamente (cf. Efésios 4.5), com imposição de mãos (Hb 6.2), em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, (Mt 28.19) sob a autoridade do Senhor Jesus (At 19.5).

Quem se batiza e participa da ceia indignamente o faz para sua própria condenação cf. 1Co 11.27-30 (sim, inclui-se nisto o batismo – quem o faz indignamente despreza o mandamento), mas quem se batiza e ceia de acordo com o que instruiu o Senhor Jesus e o apóstolo Paulo nas Escrituras certamente é abençoado e renovado (bênção da Ceia: 1Co 10.16, Lc 22.19-20; bênção do batismo: Gálatas 3.27 e 1Pedro 3.21).

A ceia, além de nutrir um relacionamento íntimo com Cristo pela fé, é fruto de comunhão e união da Igreja, dos membros do corpo de Cristo (1Co 10.16 Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão do corpo de Cristo?).

Além disso, pela Ceia declaramos que continuaremos tomando a Ceia nos novos céus e na nova terra, na festa de casamento da Igreja com Cristo no Reino de Deus:

Mateus 26.29 E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai.

Apocalipse 19.7,9 Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. [...] E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras palavras de Deus.

 

20.            A SEGUNDA VINDA DE CRISTO, O JUÍZO FINAL E A ETERNIDADE

 

Jesus voltará em glória a essa Terra como Ele prometeu (Mateus 25.31-46, Apocalipse 22.12-17,20), e isso será da mesma maneira como Ele ascendeu aos céus, isto é, não num cavalo, mas pessoalmente em glória com seus santos anjos (Atos 1.11).

1Tessalonicenses 4.16-17 fala sobre a vinda do Senhor Jesus na Terra, a Segunda Vinda: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.”

Os santos mortos ressuscitarão com novos corpos (e os vivos apenas serão transformados), de matéria espiritual e glorificada, corpos que nada mais eram do que pó (Gênesis 2.7, 3.19), mas o poder de Deus os vivificará, e transformará esse pó em corpos incorruptíveis, perfeitos, saudáveis e eternos (conforme 1Coríntios 15), com os quais reinaremos, sendo literalmente reis com Deus e com Cristo para sempre no novo Universo (novos céus e nova terra): reinarão em vida, reinarão para todo o sempre cf. Rm 5.17 e Ap 22.5. Após a vinda do Senhor brilharemos como as estrelas sempre e eternamente (Daniel 12.2-3).

Quando Jesus voltar ressuscitará fisicamente a todas as pessoas da história: ímpios e justos (João 5.29), e os atrairá a Ele. Ele fará uma solene separação. Os céus e a terra serão enrolados como um rolo de um livro e fugirão da presença Daquele que É (Apocalipse 20.11, Êxodo 3.14 LXX). Os ímpios/bodes estarão à esquerda e os salvos/justificados/ovelhas à direita. Será aberto um livro (livro das obras) com as obras de todos os homens e anjos caídos, que serão julgados por suas obras. Aquele que não estiver com o nome escrito no livro da vida do Cordeiro (que é outro livro, livro da vida), será condenado eternamente ao lago de fogo (inferno eterno) e de modo justo e imparcial, com castigo proporcional ao pecado que cometeu durante sua vida, testificado pela sua consciência, contra o único Deus eterno, justo, vivo e santo (Mateus 25.31-46, Apocalipse 20.11-15).

Aquele que foi justificado em sua vida terrena, ou seja, declarado justo, já foi na Terra declarado inocente frente a esse tribunal ou julgamento (Romanos 8.1), visto que a nossa justiça é Cristo, a nossa justiça é o próprio Senhor Jesus, ou seja, o nosso mérito é o que foi conquistado por Cristo em sua vida e morte, pois morreu em nosso lugar, em um sacrifício consumado de uma vez por todas no tempo e no espaço, como substituto da nossa pena, pois o nosso pecado foi cravado na Cruz e Cristo sofreu a pena de morte que cada um de nós merecia (Isaías 53), fazendo-nos livres e inocentes perante o juízo final (vivendo, frente a esse julgamento, em paz desde essa Terra cf. Romanos 5.1), por isso iremos à vida eterna (Rm 6.23), também chamada de glória eterna.

Os ímpios receberão galardão (recompensa) da injustiça (2Pe 2.13) por suas obras em vida (com níveis de condenação conforme a luz recebida e conforme a gravidade dos crimes contra a lei de Deus cometidos cf. Lucas 12.47-48), e os justos, se fiéis, galardão (recompensa) do Senhor conforme 1Coríntios 3, caso tenham edificado sobre o fundamento que é Cristo com boas obras.

Deixo um incentivo e advertência para o salvo continuar praticando boas obras pelo Espírito: 2João 1.8 Olhai por vós mesmos, para que não percamos o que temos ganho, antes recebamos o inteiro galardão.

Um novo Universo será criado, uma nova criação, dimensão separada do lago de fogo cf. Apocalipse 21.27 (pois nos novos céus e nova terra não haverá mais morte cf. Ap 21.4), onde habitaremos com Deus, com Cristo e com o Espírito, como herdeiros de Deus Pai e coerdeiros de Cristo sobre todas as coisas que existirão, e estaremos em júbilo, alegria, vida eterna, nos relacionando com a Trindade face a face, reinando eternamente com Cristo sobre os novos céus e nova terra, em uma nova realidade, conhecendo e prosseguindo em conhecer e nos aproximarmos de Yahweh (Êxodo 3.14-15), o Eu Sou, que é a própria realidade absoluta (cf. seu Nome) regida por amor e que permanece eternamente em amor (cf. 1João 4).

Deixo-vos um incentivo ao amor e ao serviço em humildade:

Mateus 25.34-40 “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes me ver. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? Ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? Ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.”

Amém